Retrato do setor energético do Brasil. De um lado, a maior usina solar do Brasil, em Tubarão (SC). Atrás dela está uma poluente usina térmica a carvão. (©Greenpeace/Otávio Almeida)

O ano começou nesta sexta-feira, dia 29 de abril, para o setor energético no Brasil. Foi quando aconteceu primeiro leilão de energia de 2016. Participaram projetos de fonte eólica, hidrelétrica e de térmicas a biomassa, biogás, gás natural e carvão.
Dos 528,87 MW transacionados, 58,7% vieram de hidrelétricas – em sua grande maioria pequenas centrais hidrelétricas (PCH) –, 40% de térmicas a biomassa e biogás e o restante de gás natural. Mais de 70% dos empreendimentos são localizados no Sudeste do país.
Por um lado, o leilão foi positivo ao manter a tendência do Brasil no tocante à não contratação de novas termelétricas a carvão. Por outro, trouxe uma má notícia para a energia dos ventos: apesar de ter sido presença forte entre os projetos habilitados (dos 802 projetos, mais de 85% vieram das eólicas) e de ter sido ofertada com um dos preços mais baixos, passou pelo certame sem nenhuma contratação.
A indústria eólica segue em expansão no Brasil e as perspectivas no médio e longo prazo são muito otimistas. Ainda assim, desde os últimos leilões, os projetos de energia dos ventos estão enfrentado dificuldades por conta de uma alteração na regra de contratação.
A nova norma obriga que os projetos eólicos garantam o acesso às linhas de transmissão, hoje um gargalo no país. “O Governo precisa ajustar esse problema o quanto antes. Assim, a energia eólica poderá se expandir em ritmo mais acelerado e voltar aos padrões de contratação vistos em 2013 e 2014”, disse Bárbara Rubim, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Em 2015, a fonte contratou 50% do montante de 2014 e, agora em 2016, inicia o ano no zero a zero.
“A energia eólica possui um papel essencial no país: o de ser o carro chefe que puxará a expansão da matriz elétrica brasileira, sem trazer sérios prejuízos socioambientais – como as grandes hidrelétricas – ou aumentar significativamente as emissões de gases de efeito estufa do Brasil”, continua Rubim.
Vale lembrar que há exatamente uma semana, a Presidente Dilma Rousseff esteve em Nova Iorque para assinar o Acordo de Paris, resultado das negociações durante a COP 21, no final do ano passado. Nesse acordo, o Brasil se compromete a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e unir forças para combater o aquecimento global. Se não apostar fortemente na energia eólica, o país estará perdendo uma boa oportunidade de cumprir o que está no acordo. E, estará colocando em risco o nosso futuro seguro por aqui.