Retrato do setor energético do Brasil. De um lado, a maior
usina solar do Brasil, em Tubarão (SC). Atrás dela está uma poluente
usina térmica a carvão. (©Greenpeace/Otávio Almeida)
Dos 528,87 MW
transacionados, 58,7% vieram de hidrelétricas – em sua grande maioria
pequenas centrais hidrelétricas (PCH) –, 40% de térmicas a biomassa e
biogás e o restante de gás natural. Mais de 70% dos empreendimentos são
localizados no Sudeste do país.
Por um lado, o leilão foi positivo ao manter a
tendência do Brasil no tocante à não contratação de novas termelétricas a
carvão. Por outro, trouxe uma má notícia para a energia dos ventos:
apesar de ter sido presença forte entre os projetos habilitados (dos 802
projetos, mais de 85% vieram das eólicas) e de ter sido ofertada com um
dos preços mais baixos, passou pelo certame sem nenhuma contratação.
A indústria eólica segue em expansão no Brasil e as perspectivas no
médio e longo prazo são muito otimistas. Ainda assim, desde os últimos
leilões, os projetos de energia dos ventos estão enfrentado dificuldades
por conta de uma alteração na regra de contratação.
A nova norma obriga que os projetos eólicos garantam o
acesso às linhas de transmissão, hoje um gargalo no país. “O Governo
precisa ajustar esse problema o quanto antes. Assim, a energia eólica
poderá se expandir em ritmo mais acelerado e voltar aos padrões de
contratação vistos em 2013 e 2014”, disse Bárbara Rubim, da campanha de
Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Em 2015, a fonte contratou 50% do
montante de 2014 e, agora em 2016, inicia o ano no zero a zero.
“A energia eólica possui um papel essencial no país: o
de ser o carro chefe que puxará a expansão da matriz elétrica
brasileira, sem trazer sérios prejuízos socioambientais – como as
grandes hidrelétricas – ou aumentar significativamente as emissões de
gases de efeito estufa do Brasil”, continua Rubim.
Vale lembrar que há exatamente uma semana, a
Presidente Dilma Rousseff esteve em Nova Iorque para assinar o Acordo de
Paris, resultado das negociações durante a COP 21, no final do ano
passado. Nesse acordo, o Brasil se compromete a reduzir suas emissões de
gases de efeito estufa e unir forças para combater o aquecimento
global. Se não apostar fortemente na energia eólica, o país estará
perdendo uma boa oportunidade de cumprir o que está no acordo. E, estará
colocando em risco o nosso futuro seguro por aqui.
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