Desde que o acordo foi assinado pela primeira vez, há quase dez anos, o
desmatamento da Amazônia caiu 86% nos municípios alcançados pela
Moratória
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Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente; Carlo
Lovatelli, presidente da Abiove; Sergio Mendes, diretor geral da ANEC e
Paulo Adario, do Greenpeace, assinam renovação da Moratória da Soja. (©
Alan Azevedo/Greenpeace)
O compromisso, que garante acesso ao mercado apenas à soja que não esteja envolvida com desmatamento, trabalho escravo ou ameaças a terras indígenas, foi ratificado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e pelos coordenadores do Grupo de Trabalho da Soja (GTS) - Carlo Lovatelli, presidente da Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais); Sergio Mendes, diretor geral da ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) e Paulo Adario, coordenador da sociedade civil no GTS e estrategista sênior de florestas do Greenpeace.
“A renovação da Moratória por tempo indeterminado dá segurança a produtores e empresas comercializadoras de que o diferencial positivo da soja nacional, que é a contribuição dada pela Moratória para a queda espetacular nas taxas anuais de desmatamento da Amazônia, continuará a manter abertas as portas do mercado global ao produto brasileiro mesmo em tempos de crise ambiental e político-econômica”, disse Paulo Adario ao assinar o termo de compromisso em nome das ONGs do GTS. “A floresta agradece. E nós, do GTS, ganhamos mais fôlego para continuar a trabalhar em busca de uma ferramenta permanente que alie produção e conservação de florestas e a proteção dos povos que nelas vivem.”
Sociedade civil e o mercado mudam as regras do jogo
No ano de 2004 o Brasil conquistava um triste recorde, com o segundo maior índice de desmatamento já registrado na Amazônia. No mesmo ano, a Cargill inaugurava um porto de 20 milhões de dólares em Santarém, abrindo as portas do mercado internacional para a soja produzida a partir do desmatamento da floresta. Um cenário trágico, com implicações irreversíveis, estava prestes a tomar forma. Na época, até 30% da soja plantada na região vinha de áreas desmatadas.
Floresta desmatada, no Pará, sendo preparada para receber plantação de soja. (© Daniel Beltrá/Greenpeace)
Trata-se de um acordo assumido pelas empresas comercializadoras onde as companhias tem a responsabilidade de não comprar o grão de áreas que foram desmatadas após a assinatura do termo ou que estejam relacionadas com invasão de Terras Indígenas e uso de trabalho escravo. A data de referência da Moratória foi mudada posteriormente para 2008, em alinhamento ao novo Código Florestal. Esse compromisso é rigorosamente monitorado pelo GTS utilizando metodologia baseada na análise de imagens de satélite fornecidas pelo INPE e análise estatística desenvolvida em visitas de campo e sobrevoos, apoiada por auditagem dos contratos entre fazendeiros e empresas compradoras.
Prestes a completar dez anos de existência, o acordo vem ajudando a mudar a realidade do campo nos 76 municípios onde é válida. Um estudo publicado em 2015 na revista Science mostra que a Moratória da Soja foi cinco vezes mais eficiente em reduzir o desmatamento que todas as leis florestais existentes no Brasil. Desde de sua criação, em 2006, até hoje o desmatamento da Amazônia caiu 86% nos municípios alcançados pelo acordo, enquanto a produção de soja cresceu 200% no mesmo período nessas localidades.
Nesse período a área ocupada por soja no bioma Amazônia aumentou de pouco mais de 1 milhão de hectares para 3,6 milhões. Essa enorme expansão não resultou, no entanto, em aumento exponencial de área desmatadas. Na safra passada, a área plantada com o grão em desmatamentos ocorridos após 2008 correspondeu a apenas 0,8% da área total de soja no Bioma Amazônia. “Isso prova que é possível produzir mais sem destruir a floresta”, afirma Adario.
Acabar com o desmatamento está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, assinado por diversos países, incluindo o Brasil, e é o desejo de mais de 1,4 milhão de brasileiros que assinaram pelo projeto de lei do Desmatamento Zero, entregue no Congresso no ano passado. A Moratória da Soja é um dos melhores exemplos de como o Desmatamento Zero pode ser colocado em prática e a prova de que acabar com a destruição da Amazônia é vantajoso para todos.
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