Postado por icrepald
Arsesp acaba com programas de incentivo à uso racional de água
Estamos no primeiro quadrimestre de 2016, e já acumulamos uma carga
preocupante de notícias negativas para o meio ambiente e para a água. Na
semana passada, a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do
Estado de São Paulo) autorizou a Sabesp a acabar com os dois únicos
mecanismos criados em prol do consumo racional da água – a tarifa de
contingência e o Programa de Incentivo à Redução de Consumo de Água da
SABESP.
O fim desses dois programas essenciais para incentivar a economia de
água demonstra que, para o governo do estado de São Paulo, o problema da
água está inteiramente resolvido. O fim do período chuvoso acabou
agora, e tempos de escassez de chuvas devem ser enfrentados até o início
do próximo verão, em dezembro. É no mínimo irresponsável repetir os
erros anteriores de não atuar preventivamente para conter os malefícios
para a população advindos da falta de água.
O Greenpeace, em conjunto com a Aliança pela Água, publicou, em setembro um relatório de violação de direitos humanos na crise hídrica
resultado dos descasos do governo do estado de São Paulo, representado
pela Sabesp, na gestão da água, com consequências maléficas para a
população. A atitude violatória deveria ser evitada após a crise pela
qual passou o estado, mas, infelizmente, a falta de água em São Paulo
continua sendo entendida pelo gestores como um problema meteorológico –
interpretação que vai de encontro aos princípios definidos pela ONU.
Somando-se a isso, o encerramento dessas medidas regulatórias de
consumo, que incentivavam a economia de água, aponta para uma visão da
Sabesp de que a água é entendida como uma mercadoria, já que um maior
consumo do bem pode reequilibrar a conta da empresa, sem considerar que a
água é um direito e deve ser tratada como um recurso escasso que deve
ser preservado.
O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, declarou que a população já
está consciente do uso racional da água após a crise, sem considerar que
a medida é precoce se for levado em conta que o Sistema Cantareira está
com apenas 36% de sua capacidade.
As atitudes do governo e da Sabesp demonstram repetidamente a falta
de gestão, planejamento e cuidado com a água e a população. O Greenpeace
repudia a decisão da Arsesp de acabar com dois dos poucos programas de
incentivo à economia da água em um momento em que ainda não há segurança
hídrica. A prioridade deveria ser preservar o recurso e evitar que a
população do estado volte a sofrer com os extremos cortes de água, que
ainda acontecem onde os olhos dos que detêm o poder não veem.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.