Ação do órgão ambiental reconhece os impactos da instalação da hidrelétrica para os povos indígenas do rio Tapajós
Rio Tapajós (© Valdemir Cunha)
No mesmo dia 19, a Funai publicou o relatório que reconhece a ocupação tradicional dos Munduruku na Terra Indígena Sawré Muybu,
localizada na região onde a hidrelétrica está prevista. Segundo o
Artigo 231 da Constituição Federal, é vedada a remoção de grupos
indígenas de suas terras, salvo em caso de catástrofe ou epidemia que
ponha em risco sua população, e garantindo o retorno imediato logo que
cesse o risco.
Além dos impactos sociais, a hidrelétrica também
destruiria uma área de floresta considerada pelos especialistas como de
biodiversidade excepcional até para os padrões amazônicos.
Uma análise independente sobre
o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA) da hidrelétrica, realizada por nove especialistas a pedido do
Greenpeace, já havia apontado os potenciais impactos negativos de São
Luiz do Tapajós sobre a biodiversidade e os povos indígenas da região. A
análise recomendou explicitamente que o Ibama rejeitasse os estudos e,
por consequência, o licenciamento da obra.
"O relatório da Funai e a decisão do Ibama são
vitórias importantes, mas apenas sinalizam que a luta deve continuar.
Junto com os Munduruku queremos que o governo cancele definitivamente o
projeto da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e realize a efetiva e
imediata demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu", diz Danicley de
Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
O Greenpeace exige ainda que as empresas fornecedoras
de equipamentos para construção de barragens não se envolvam no projeto
devido aos seus gravíssimos problemas socioambientais.
"Vamos continuar com nossa campanha para
obter o compromisso definitivo dessas empresas e também do governo
brasileiro com o Tapajós. Mais de 224 mil pessoas já juntaram suas vozes
ao nosso apelo para que empresas e governos mantenham o rio livre de
barragens", finaliza Aguiar.
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