Relatório do Greenpeace mostra por que as hidrelétricas na Amazônia não
são uma solução de energia limpa e traz cenários alternativos à usina
de São Luiz do Tapajós a partir de fontes como eólica, solar e biomassa
Munduruku no rio Tapajós, no Pará (Valdemir Cunha/Greenpeace)
Atropelamento de direitos humanos, impactos profundos
na biodiversidade e nas comunidades tradicionais, violação de leis e
acordos internacionais e denúncias de corrupção generalizada (como se
viu a partir de depoimentos da Operação Lava Jato sobre a usina de Belo
Monte, no Rio Xingu) são alguns exemplos que têm caracterizado a
construção de hidrelétricas na região. Além de todos esses problemas, as
usinas instaladas em áreas de floresta tropical emitem quantidades
consideráveis de gases de efeito estufa – dióxido de carbono e metano –
como resultado da degradação da vegetação alagada e do solo. Com todos
esses impactos na balança, é impossível classificar as hidrelétricas
como energia limpa.
Em busca de verdadeiras soluções , o Greenpeace
Brasil lança nesta quarta-feira, 13 de abril, o relatório “Hidrelétricas
na Amazônia: um mau negócio para o Brasil e para o mundo”, que
apresenta cenários de geração de eletricidade utilizando fontes
renováveis mais limpas e menos prejudiciais, como a combinação de
eólica, solar e biomassa. Esses cenários mostram que, se aliando
investimento nessas fontes e medidas de eficiência energética, é
possível garantir a energia que o Brasil precisa sem destruir a
Amazônia.
Utilizando como exemplo a hidrelétrica de São Luiz do
Tapajós, cuja capacidade instalada é de 8.040 MW, com uma média de
energia firme esperada de 4.012 MW, é possível que uma combinação dessas
novas fontes renováveis gere a mesma quantidade de energia firme
prevista (4.012 MW) em um mesmo período de tempo e com um patamar
similar de investimento, caso o nível atual de contratação dessas fontes
por meio dos leilões aumentasse em 50%.
Cenários de fontes renováveis para substituir o projeto da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós
Combinação de usinas
|
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Garantia Física (MW médios)
|
Período total de contratação + instalação (anos)
|
Investimento (R$ bilhões)
|
|
Fotovoltaicas + eólicas
|
4.425
|
8
|
50,51
|
Fotovoltaicas + eólicas + biomassa
|
4.093
|
7
|
45,23
|
Eólicas + biomassa
|
4.185
|
8
|
35,61
|
Tabela mostra a combinação de energias renováveis capazes de substituir hidrelétrica no Tapajós
São Luiz do Tapajós – Prevista para
ser construída no rio Tapajós, em uma área que abrange o território
ancestral do povo indígena Munduruku, ela será a maior usina prevista
para a Amazônia depois de Belo Monte, no Xingu. Se construída, irá
alagar 376 km² de floresta em uma região classificada por especialistas
como de biodiversidade excepcional até para padrões amazônicos. “A
aposta em novas hidrelétricas na Amazônia tem causado enorme destruição e
se mostrado um erro desastroso para o país e para o mundo”, afirma
Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
Empresas internacionais de olho na Amazônia – Hoje
ativistas do Greenpeace na Alemanha estiveram na sede da Siemens em
Munique durante a reunião anual da empresa para informar os executivos e
trabalhadores a respeito dos potenciais problemas envolvidos na
construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. A Siemens é uma das
empresas que poderá participar do projeto fornecendo tecnologia para a
geração e transmissão de energia. Associada à Voith Hydro a empresa já
esteve envolvida em outros projetos danosos, como o de Belo Monte,
marcado por violações aos direitos humanos e cercado por escândalos de
corrupção. “A Siemens está próxima a se envolver em um novo projeto que
vai causar ainda mais destruição no coração da Amazônia. Em vez de
contribuir com isso, tanto ela como as outras empresas interessadas
deveriam ajudar o Brasil a desenvolver um futuro de energia
verdadeiramente limpa”, afirma Aguiar. “Já o governo brasileiro deve
cancelar seus planos para novas hidrelétricas na Amazônia e investir nas
energias verdadeiramente limpas”, completa ele.
Em breve: link para relatório
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