Empresa de varejo atende a pedido de consumidores e anuncia
publicamente sua nova política de compra de carne bovina. Agora,
restante do setor precisa se mover
Em resposta ao pedido de mais de 28 mil consumidores, o Pão
de Açúcar anuncia sua nova política de compra de carne bovina. (©Geraldo
Pestalozzi/Greenpeace)
“O Grupo Pão de Açúcar está dando um importante passo na direção correta ao se comprometer com o Desmatamento Zero. Esta é uma clara sinalização a todos os seus fornecedores, e ao mercado como um todo, de que a carne que vem do desmatamento não é mais aceita pela sociedade”, reconhece Adriana Charoux, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Vamos continuar monitorando o GPA para garantir o cumprimento da promessa. Falta agora que o restante do setor siga na mesma direção”, pondera.
No final do ano passado o Greenpeace publicou um relatório no qual analisou e ranqueou os maiores supermercados do país de acordo com suas políticas de aquisição de carne bovina da Amazônia. Dentre os três líderes do mercado, o GPA obteve a pior avaliação. Por isso, ativistas de todo o Brasil foram às lojas do Grupo para expor a ligação entre a carne vendida em suas gôndolas com a destruição da floresta, trabalho escravo e invasão de terras indígenas. A campanha contou com a participação dos próprios consumidores da rede, que foram cruciais para convencer a empresa a passar a exigir carne sem desmatamento de seus fornecedores. Foram 28.695 e-mails enviados para a companhia.
Em novembro do ano passado ativistas do Greenpeace
realizaram uma série ações nas lojas da rede. (© Zé Gabriel/Greenpeace)
No documento, a rede deixa claro que o desmatamento, seja legal ou ilegal, não será mais tolerado. Os fornecedores deverão oferecer “apenas carne bovina de origem responsável, que entende-se como aquela que não esteja diretamente envolvida com nenhum tipo de desmatamento”, detalha o plano.
Agora, o desafio está lançado para os outros supermercados que lideram o setor, como o Carrefour, segunda maior rede do país. A empresa obteve a segunda pior avaliação na pesquisa do Greenpeace e diz rejeitar somente carne de origem ilegal, nada além do que pede a lei em um contexto em que somente cumprir a lei não é suficiente para assegurar a devida proteção da floresta amazônica
“Os supermercados não podem mais alegar desconhecimento sobre o fato da pecuária continuar sendo a atividade que mais desmata a floresta e a que historicamente mais se vale de trabalho escravo. Já passou da hora de assumirem publicamente compromissos mais ambiciosos para salvar a floresta. Enquanto houver supermercados que admitam a entrada de carne contaminada com destruição da Amazônia em nossas casas, as condições climáticas severas relacionadas ao desmatamento irão se agravar e isso pode afetar todos os itens que abastecem a casa de milhares consumidores”, completa Adriana Charoux.
Entenda a campanha
Nas últimas décadas, mais de 750 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica brasileira foram destruídos. Hoje em dia, a pecuária ocupa cerca de 60% das terras que antes abrigavam florestas ancestrais.
Há mais de dez anos o Greenpeace acompanha e monitora o avanço da Pecuária na Amazônia. Em 2009, graças a uma intensa campanha do Greenpeace, os três maiores frigoríficos do país assinaram o Compromisso Público da Pecuária, onde se comprometeram a tirar o desmatamento da Amazônia de suas cadeias produtivas. E, em novembro do ano passado, lançamos uma nova fase da campanha, com o relatório “Carne ao Molho Madeira – Como os supermercados estão ajudando a devastar a Amazônia com a carne que está em suas prateleiras”.
Gado flagrado em área embargada pelo Ibama em Aripuanã (MT),
durante expedição de monitoramento de Paisagem do Greenpeace em
novembro de 2015. (© Bruno Kelly/Greenpeace).
Atualmente existem mais bois do que seres humanos no Brasil: são mais de 212 milhões de cabeças de gado – só na Amazônia o rebanho é de aproximadamente 80 milhões de animais.
Os supermercados têm a força e a oportunidade de gerar impacto no setor e promover uma enorme mudança na cadeia de carne bovina, e nós, como consumidores, temos o poder de pressioná-los.
Exija isso do supermercado onde você costuma fazer compras. Você tem este direito.
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