Não deu nem tempo de chorar a morte da liderança indígena Simião
Vilhalva: ruralistas aprovam PEC 71 na CCJ do Senado e encaminham
votação da PEC 215 na Câmara
Indígenas levam o caixão simbólico em frente ao Palácio do
Planalto na terça-feira, dia 1 de setembro (© Alan Azevedo / Greenpeace)
A resposta ao ataque covarde de ruralistas à Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, no município de Antônio João, veio na terça-feira, na Esplanada dos Ministérios em Brasília. Lideranças Guarani Kaiowá, em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organizaram uma coletiva de imprensa em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) – que tem parada nas mãos a homologação da terra em questão desde 2005.
Indígenas seguindo para o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 1º de setembro (© Alan Azevedo / Greenpeace)
O estado, que abriga a segunda maior população indígena do país, com 75 mil pessoas, é o que tem menor número de terras demarcadas, sendo que as reivindicações indígenas representam apenas 2% do território do Mato Grosso do Sul e não estão em faixa contínua. Além disso, segundo relatório do CIMI, apenas em 2014 foram 41 ocorrências de violência contra indígenas na região, quase 30% do total nacional, o que torna o Mato Grosso do Sul o campeão de violência contra índios no País.
Ruralistas não aliviam
Nesta quarta-feira, no Congresso Nacional, novas baixas. A CCJ do Senado aprovou, com apenas um voto contra, a PEC 71, que prevê a indenização pela terra nua de produtores rurais com áreas incidentes em Terras Indígenas. O próximo passo é a proposta ser votada por todos os senadores no plenário.
O senador Blairo Maggi (PR-MT), relator da PEC 71 na CCJ do
Senado, e a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) (© Geraldo Magela / Agência
Senado)
A PEC 215/00, que dá ao Legislativo o direito de apreciar as demarcações de áreas indígenas, também volta a ser encaminhada para votação após resistência manifestada por 48 senadores de um total de 81 contra a proposta no último semestre.
À esquerda, presidente da Comissão Especial da PEC 215,
Nilson Leitão (PSDB/MT), e ao seu lado direito está o relator Osmar
Serraglio (PMDB/PR) (© Alan Azevedo / Greenpeace)
Vale ressaltar que o texto original da PEC 215 foi alterado. A bancada ruralista incluiu as indenizações a fazendeiros assim como prevê a PEC 71. Se aprovada, a proposta à Constituição vai para o plenário da Câmara.
Velório na Esplanada e investigação imediata
Em repúdio ao assassinato de Simião Vilhalva, estudantes da UnB organizaram uma marcha em Brasília para velar um caixão simbólico representando a liderança indígena morta com um tiro no rosto.
O cortejo passou pelo Ministério da Agricultura, pelo STF e terminou em frente ao Congresso Nacional, onde se ateou fogo ao caixão, que ali ficou.
Na quinta-feira, dia 3, indígenas e estudantes da UnB
fizeram uma marcha em repúdio ao assassinato de Simião VIlhalva Guarani
(© Alan Azevedo / Greenpeace)
A presidente do Sindicato Rural do município de Antônio João, Sra. Roseli Maria Ruiz, os deputados federais Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS) e Tereza Cristina (PSB/MS), além do senador Waldemir Moka (PMDB/MS), estiveram presentes na reunião que incentivou produtores rurais a organizarem o ataque na comunidade indígena.
Na hora da investida, o deputado federal Mandetta chegou a postar nas redes sociais que “na fronteira a chapa é quente”, tendo apagado todos seus posts após cair por terra a versão que sustentava que Simião Vilhalva já estivesse morto horas antes do ataque.
Leia a nota pública na íntegra no blog da Mobilização Nacional Indígena.
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