Na última sexta-feira, dia 9 de janeiro, milhares de
manifestantes voltaram às ruas de São Paulo em ato convocado pelo
Movimento Passe Livre contra o novo aumento das tarifas do transporte
público.
E, como ocorrido em protestos anteriores, a Polícia Militar reagiu de
forma desproporcional e violenta, ferindo gravemente o direito à
manifestação.
O ato teve início no Teatro Municipal, de onde já partiu cercado por policiais - atitude condenada previamente
pelas organizações Conectas, Artigo 19 e pelo Núcleo Especializado em
Direitos Humanos da Defensoria Pública, que apontaram o fato de tal
cerco ser um atentado às liberdades e garantias da Constituição e dos
tratados internacionais firmados pelo Brasil.
Ao se aproximarem da Avenida Paulista pela rua da Consolação, os
milhares de integrantes da marcha foram atacados e encurralados de forma
brutal pela polícia com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e
balas de borracha. Diversos vídeos do ocorrido já circulam na internet
(como o abaixo), mostrando quão agressiva e desnecessária foi a ação policial.A polícia justifica sua atitude pelo fato de um grupo de indivíduos ter optado por abandonar a postura pacífica que caracterizou a marcha, e depredar vitrines e portas de bancos e lojas. Contudo, como já apontado pelo jornalista Leonardo Sakamoto e outros, policiais são treinados para agir de forma controlada em situações como essa, neutralizando possíveis manifestantes violentos sem a necessidade de atacar todos os presentes ou gerar pânico e condições para tragédias.
Ficou mais uma vez clara a intenção de calar a população, reforçada pelas detenções arbitrárias de muitos manifestantes sem evidência de descumprimento à lei.
Não existe democracia se não há espaço para manifestação pacífica, diálogo e participação popular, sempre que o povo julgar necessário. O Greenpeace segue junto na luta pela garantia de direitos dos cidadãos, e soma sua voz à de todas e todos que lutam por uma democracia real.
Como organização fundada sob o princípio da não-violência e
do ativismo, seguiremos nas ruas apoiando o direito da população de
expressar seus anseios por mudanças e também para condenar qualquer
tentativa de criminalizar movimentos sociais e indivíduos. E cobramos
publicamente do Governo do Estado de São Paulo medidas para acabar com
os abusos cometidos por sua força policial.
*Pedro Telles é coordenador da campanha de Transportes do Greenpeace Brasil
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