Segundo o estudo, o acordo voluntário de mercado tem sido mais eficaz para coibir o desmatamento do que a legislação brasileira.
Antes da Moratória, até 30% da expansão da produção agrícola
de soja na
amazônia ocorria a partir do desmatamento. Agora,
este índice não passa
de 1%. (© Chico Batata/Greenpeace)
A revista Science, uma das mais importantes referências da literatura
científica, publicou nesta quinta-feira (22) um artigo sobre a eficácia
da Moratória da Soja no combate ao desmatamento da Amazônia. O estudo,
assinado por cientistas brasileiros e norte-americanos, defende que o
acordo, que promove uma restrição de mercado, obteve melhores resultados
no combate ao desmatamento do que a própria legislação brasileira.
Assinada pela primeira vez em 2006, após uma série de denúncias
feitas pelo Greenpeace ligando a produção do grão na Amazônia e o
desmatamento, a Moratória da Soja trata-se de um acordo assumido pelas
empresas comercializadoras de soja representadas pela Associação
Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e pela Associação
Brasileira de Exportadores de Cereais (ANEC), onde as companhias se
comprometem a não comprar o grão de áreas que foram desmatadas após a
assinatura do termo. (Este ano, a faixa de corte passou para 2008).
Segundo a pesquisadora Holly Gibbs, do Departamento de Estudos
Ambientais da Universidade de Wisconsin (USA), que liderou o estudo, o
acordo foi essencial para acabar com a perda florestal relacionada ao
setor. “O que identificamos é que, antes da Moratória, aproximadamente
30% da expansão da cultura de soja na Amazônia ocorreu a partir do
desmatamento, e que, após a assinatura da Moratória, este índice chegou a
apenas 1%”, disse.
Outro ponto abordado pela pesquisa diz respeito a eficácia da
Moratória, frente aos resultados obtidos pelos mecanismos de controle
previstos no Código Florestal. “Apenas 115, dentre milhares de
produtores de soja, violaram a Moratória desde que ela foi criada. Mas
mais de 600 destes produtores violaram o Código Florestal no mesmo
período”, afirma Gibbs. "Isso mostra que esse grupo de agricultores é
cinco vezes mais propenso a violar a política governamental do que de
violar o acordo do setor privado", explica.
Para os pesquisadores, apesar de úteis para o controle, ferramentas
como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) sozinhas não conseguiriam acabar
com o desmatamento. “Em 2014, por exemplo, aproximadamente 25% do
desmatamento na Amazônia matogrossense e 32% do desmatamento no Pará
aconteceram em propriedades com registro no CAR”, detalha o estudo.
A pesquisadora defende que a Moratória deve ser mantida até que o
governo brasileiro desenvolva um mecanismo para substitui-la com a mesma
eficácia. No final de 2014 o acordo foi renovado por mais 18 meses. Por
isso, o desenvolvimento de uma solução permanente que garanta que a
soja não volte a ser um “driver” de desmatamento se faz cada vez mais
urgente.
Confira o resumo do artigo aqui.
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