Fim dos combustíveis fósseis é tema da COP28, mas atuação do
Brasil pode ser comprometida pelos planos de exploração de petróleo na
Amazônia
Há grandes expectativas para a participação do Brasil na COP28, que teve início nesta quinta (30), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e conta com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros integrantes do alto escalão de seu governo.
A previsão é que o mandatário repercuta as reduções do desmatamento
ao longo de 2023, destacando o protagonismo brasileiro no enfrentamento
à crise climática, e, principalmente, como tem feito desde a campanha
eleitoral, dê centralidade para a defesa da Amazônia.
Os discursos em fóruns internacionais, entretanto, devem se concretizar em ações reais.
Ainda que a redução do desmatamento e a meta de desmatamento zero até
2030 sejam um bom sinal para o meio ambiente, planos para o avanço do
petróleo na Amazônia, que o presidente tem defendido, são uma grave ameaça.
A sociedade civil, em nível global, demanda que os governos acordem
metas para o fim dos combustíveis fósseis até 2050 e priorizem a
transição energética. Em nível doméstico, o Brasil navega em direção à
ampliação de novas fronteiras petrolíferas, inclusive em áreas
extremamente sensíveis, como a Bacia da Foz do Amazonas.
Não basta proteger a Amazônia e seus povos de apenas parte das violações que os atingem.
Nosso país tem plenas condições de ser protagonista da transição
energética justa, como bem destaca o presidente, mas o primeiro passo
para que isso de fato aconteça é impedir que esses novos projetos
avancem.
Lula e o Brasil podem se consolidar como liderança climática
a partir do exemplo, diante de uma conjuntura que oferece todas as
oportunidades para isso: desde nossas vantagens competitivas em termos
de recursos naturais para uma transição energética justa, às
responsabilidades assumidas pelo país com a presidência do G20 e ao
sediarmos a COP30, em Belém.
Neste contexto, a aposta no avanço da exploração de petróleo em áreas sensíveis, como a Bacia da Foz do Amazonas, desponta como a principal contradição do governo, e pode custar caro às suas intenções de protagonismo na geopolítica do clima.
Não é exagero afirmar que a abertura de novas fronteiras de petróleo na região pode ficar marcada como o pior legado socioambiental do presidente.
Em fóruns internacionais, como a COP28, esperamos que Lula reitere seu
compromisso com a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e
proteger a Amazônia.
Declarar a Amazônia uma zona livre de petróleo é um grande e importante passo desse caminho.
Sem a ajuda de
pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace
Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de
empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação
hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa,
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Lu SudréPressão política e da indústria ameaça biodiversidade e povos da costa amazônica
Apesar da decisão técnica do Ibama
que, em maio deste ano, negou autorização para a Petrobras dar início à
exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, a pressão política e
da indústria para o avanço da atividade no local é constante e o tema
segue ocupando os holofotes da mídia.
Rodrigo Agostinho, presidente do órgão ambiental, declarou na semana passada que a nova decisão referente ao pedido de reconsideração da petroleira para explorar o bloco FZA-M-59, na costa do Amapá, ficará para 2024.
O Greenpeace Brasil é uma organização que atua em defesa do meio
ambiente e, por isso, ressalta que há muito em jogo quando se fala sobre
abrir uma nova fronteira de exploração de petróleo, ainda mais em uma
área tão sensível do ponto de vista socioambiental.
Confira 6 razões para que o Brasil deixe a exploração de petróleo longe da Amazônia.
1) Precisamos evitar o pior da crise climática
Acabar com a queima dos combustíveis fósseis, processo responsável
pela emissão dos gases de efeito estufa e consequente aquecimento do
planeta, é imprescindível para que metas dos acordos de combate à crise
do clima sejam alcançadas.
Continuar a investir em combustíveis fósseis é escolher o agravamento
dos fenômenos climáticos extremos, uma grave ameaça ao meio ambiente e
às populações em situação de vulnerabilidade.
A eliminação justa e progressiva do carvão, do
petróleo e gás natural são essenciais para o futuro das diferentes
formas de vida no planeta. Liberar mais exploração de fósseis, ainda
mais na Amazônia, vai na contramão desse objetivo.
2) Danos incalculáveis, ameaça latente
A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, é guardiã de uma biodiversidade única e extremamente sensível
– ou seja, estamos falando de espécies de fauna e flora que só ocorrem
nesta região e que, caso impactadas por um eventual derramamento de
petróleo, terão muita dificuldade para se regenerar.
Na Bacia da Foz do Amazonas,
por exemplo, está localizado o maior corredor contínuo de manguezais do
planeta. Não há como estimar o tamanho da destruição desse ecossistema
caso óleo toque a costa. Na região também está o Grande Sistema de
Recifes da Amazônia.
Dados do Monitor Amazônia Livre de Petróleo mostram
que o setor avança em todo a Pan-Amazônia. Por aqui, no entanto, a
situação é mais grave: a Amazônia brasileira detém 52% dos blocos de
petróleo (aproximadamente 451) que estão dentro das categorias de
estudo, oferta e concessão em terra e mar (onshore e offshore).
A presença dessa indústria na floresta e na costa amazônica já é uma
realidade, trazendo ameaças à biodiversidade e aos povos que lá vivem e
que só irão se expandir caso a Bacia da Foz do Amazonas também seja
perfurada.
Sobre essa região, em específico, há de se considerar a falta de
conhecimento consolidado sobre as correntes marinhas, já que o aporte de
água do rio Amazonas que deságua no oceano Atlântico sofre influência
do Oceano Atlântico – o que dificulta mais clareza nas modelagens sobre
como aconteceria a dispersão do óleo em caso de vazamento.
3) Equívoco econômico
Diante de um horizonte de descarbonização da economia global, seguir
apostando em novos projetos de exploração de petróleo pode se tornar um equívoco econômico a longo prazo.
A Agência Internacional de Energia projeta o pico da demanda do
petróleo para antes do fim dessa década, com posterior declínio. Isso
significa que a exploração na bacia da Foz do Amazonas, por exemplo, se
iniciada hoje, iria começar a produzir petróleo para um mercado em pleno
encolhimento.
Além disso, a Agência Internacional de Energia Renovável aponta que o retorno global do investimento em energia renovável é sete vezes maior do que os combustíveis fósseis.
4) A transição climática justa de verdade é possível
A Petrobras,
que acabou de completar 70 anos, anuncia ser protagonista da transição
energética do Brasil. Contudo, gasta milhões com a expansão do petróleo
na Bacia da Foz do Amazonas e em outras regiões. Em seu plano estratégico para o período de 2023-2027,
apresenta um investimento relacionado ao portfólio de baixo carbono de
US$ 4,4 bilhões, apenas 5,6% do total das despesas de capital da
estatal.
Agora, imagine se, de fato, a estatal priorizasse a transição
energética justa, voltando investimentos e capacidade técnica para esse
objetivo?
A contradição também aparece no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Verde,
que prevê mais de R$ 449 bilhões para projetos de “transição e
segurança energética”. No entanto, R$ 273,8 bilhões deste montante serão
para a ampliação da exploração petroleira.
Há orçamento e caminhos para a execução de uma transição energética justa e efetiva. Basta que essa seja, de fato, a escolha.
5) Falsas promessas
A indústria do petróleo apresenta seus projetos para a população como
uma certeza de emprego e crescimento econômico por meio dos chamados
royalties. Mas o que registra a realidade é que as empresas têm lucros
altíssimos sem a contrapartida necessária para o bem-estar público.
Este é o caso de Maricá, no Rio de Janeiro. Artigo publicado pelo Clima Info detalha como, apesar do município ter um robusto fundo de royalties, serviços básicos ainda estão sucateados.
O RJ é o maior produtor de petróleo do país em razão dos poços da
Bacia de Campos. Porém, segundo o IBGE, mais de 4 milhões viviam abaixo
da linha da pobreza no estado em 2021.
Municípios com pouca infra-estrutura, como é o caso do município do
Oiapoque, no Amapá, sentem, majoritariamente, os impactos negativos da
atividade. A maior parte dos empregos de qualidade gerados pela
exploração de petróleo e gás não seria ocupada pela população local,
pois a mão-de-obra para essa atividade é altamente especializada.
6) Liderança climática comprometida
Lula
e lideranças de seu governo têm colocado o Brasil como liderança
climática e amazônica, no entanto, esse protagonismo está ameaçado pela
aposta na expansão do petróleo em áreas sensíveis.
Ao apoiar mais projetos de exploração, é possível que o papel
assumido pelo presidente Lula de cobrar os países mais ricos, que mais
contribuem para a crise climática, seja fragilizado. Até oportunidades
de financiamento climático podem ser afastadas do país.
Sem a ajuda de
pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace
Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de
empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação
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Lu Sudré
Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo e atua na frente
de Oceanos. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio
ambiente, direitos humanos e polític…
Países devem se comprometer a eliminar os combustíveis fósseis
até 2050, acelerar a transição energética e colocar em prática o Fundo
de Perdas e Danos. O tempo para agir está se esgotando!
Uma delegação do Greenpeace estará na Conferência do Clima da ONU nos Emirados Árabes Unidos, a COP28,
para pressionar os países a ajustarem seus compromissos em relação ao
Acordo de Paris para que a meta de limitar o aquecimento global a 1.5ºC
se mantenha viável.
A cada ano que não agimos, fica mais caro e mais difícil reduzir as
emissões. E não conseguiremos emitir menos e evitar a catástrofe
climática que se aproxima sem atacar o problema na fonte: os
combustíveis fósseis.
Por isso, a principal demanda do Greenpeace Brasil na COP28 é que os países construam um acordo global para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis até 2050. Superar nossa dependência de petróleo não será fácil,
E para isso, precisaremos de um esforço conjunto de governos, setor
privado e mudança profunda nos nossos padrões de produção e consumo.
A queima de combustíveis fósseis, ainda em franca expansão no mundo –
inclusive no Brasil, o nono maior produtor de petróleo -, é a principal
causadora do aquecimento global e, consequentemente, da crise climática
que vivemos. Para se ter uma ideia do quão poluidores são os
combustíveis fósseis, cerca de 87% das emissões de Gases do Efeito
Estufa (GEE) no mundo são provenientes deles.
Apesar disso, os países do Acordo de Paris, criado lá em 2015, ainda
não se comprometeram em construir um plano para acabar com a dependência
global dos combustíveis fósseis. Basta, precisamos de um acordo global
com metas claras e definidas para cada país já!
Tal acordo pelo fim de todos os combustíveis fósseis até 2050 deve contemplar:
reduzir a produção dos combustíveis fósseis no mundo em 43% até 2030 e em 60% até 2035 (comparado aos níveis de 2019);
o processo deve ser liderado e financiado a nível global pelos
países desenvolvidos, os maiores poluidores e os mais responsáveis pela
crise climática;
Após quatro anos de retrocessos na política ambiental e climática, o
Brasil tem a chance de assumir o protagonismo nessa COP28: além de ter
uma matriz energética de baixa emissão de carbono, o país celebra a
redução de 22,37% do desmatamento na Amazônia (período de agosto de 2022
a julho de 2023).
Porém, esses fatores não bastam para colocar o país no caminho certo.
Precisamos de ações conjuntas que contemplem, mais uma vez, o fim dos
combustíveis fósseis. E, como sabemos, o Brasil é o novo maior produtor
de petróleo e segue considerando novas áreas de exploração, inclusive em
áreas socioambientais importantíssimas para a vida no planeta, como a
Foz do Rio Amazonas.
O presidente Lula estará na COP28 nos dias 01 e 02 de dezembro e o Greenpeace Brasil estará lá, pressionando para que a Amazônia seja declarada área livre da exploração de petróleo, já! Também pedimos:
Brasil deve assumir o compromisso de redirecionar subsídios do
petróleo à implementação e viabilização de sistemas energéticos
sustentáveis, que democratizam o acesso à energia e priorizam o
bem-estar social, econômico e ambiental de toda a população;
Brasil deve assumir seu potencial de se tornar carbono negativo até
2045, com uma NDC com metas de redução real das emissões absolutas,
alinhada a um Plano de Transformação Ecológica justo e ambicioso,
garantindo controle social e a retomada de processos participativos.
A nível global, também pressionamos os países que excluam
imediatamente a exploração dos combustíveis fósseis em demais áreas
críticas a vida no planeta.
A crise climática afeta de forma desproporcional populações
periféricas, pessoas pretas e pardas, mulheres e crianças, que, além de
não lucrarem com a exploração de combustíveis fósseis, agora enfrentam
os efeitos mais devastadores do clima com as próprias vidas.
O direito internacional em matéria de direitos humanos é claro: as
comunidades mais afetadas pela crise climática têm direito a reparação
pelos danos sofridos! Por isso, é urgente que entre em funcionamento o Fundo de Perdas e Danos, criado na COP27, mas que ainda precisa ser detalhado o seu funcionamento.
Nesse processo, os países precisam adotar princípios decoloniais e antirracistas na operacionalização
do Fundo de Perdas e Danos, para que representantes dos países em
desenvolvimento e instituições que representam essas populações possam estar no centro das discussões e decisões sobre esses fundos
Precisamos de ação em rede!
Ninguém conseguirá conter a crise climática sozinho. Juntos, podemos
conseguir. Quanto mais pessoas e organizações agirem agora a favor das
mudanças que precisamos, maior será a pressão sobre os governos para
agir.
Junte-se ao Greenpeace Brasil no pedido global por um mundo livre de petróleo e demais combustíveis fósseis até 2050!
A região Amazônica
está vivendo uma seca histórica, que mostra a gravidade dos eventos
climáticos extremos. E milhares de pessoas estão sentindo os efeitos
deste desastre na pele. Por isso, o Greenpeace retomou a campanha Asas
da Emergência e já levou toneladas de alimentos e outros itens
essenciais para as comunidades mais afetadas. Agora, precisamos do seu
apoio para chegar mais longe. Por favor, faça uma doação emergencial.
Laís é jornalista especializada na cobertura de temas relacionados à
Amazônia e às negociações climáticas há quase dez anos. Rema e limpa
praias nas horas vagas.
Lu SudréTerceira sessão da ONU para discutir acordo foi encerrada de forma frustrante para quem defende um futuro sem plásticos
A terceira sessão do Comitê Intergovernamental de Negociações (CIN3) para a criação do Tratado Global dos Plásticos, que aconteceu em Nairóbi, no Quênia, chegou ao fim no dia 19 de novembro, deixando organizações ambientalistas frustradas.
Países com baixa ambição para o acordo e, não por acaso, grandes
produtores de petróleo, travaram avanços no texto. De acordo com
observadores oficiais, Arábia Saudita, Rússia e Irã
estão entre as nações que defenderam o foco na gestão de resíduos e na
reciclagem, ao invés de ações robustas para a redução da produção –
medida essencial para combatermos a poluição plástica.
Em razão dessa movimentação, ainda não há um plano de trabalho formal
para avanços no conteúdo do acordo antes da nova rodada de negociações,
que acontecerá no Canadá em abril de 2024.
Graham Forbes, chefe da delegação do Greenpeace que acompanhou a sessão em Nairóbi, lamentou o desfecho do encontro.
“O plástico prejudica diretamente cada uma das 8,1 bilhões de pessoas
neste frágil planeta, mas nossos líderes escolheram efetivamente tratar
as empresas petroquímicas como as únicas partes interessadas que valem a
pena ouvir”, declarou.
O líder da Campanha Global sobre Plásticos no Greenpeace Estados
Unidos também destacou que não é possível proteger o clima, a
biodiversidade e a saúde humana sem que a produção desenfreada de
plásticos chegue ao fim.
“Estamos caminhando para uma catástrofe e já
passamos mais da metade das negociações do Tratado. Não vamos resolver a
crise da poluição a menos que se restrinja, reduza e limite a produção
de plástico”, disse Forbes.
O Greenpeace alerta que os governos estão permitindo que os
interesses dos combustíveis fósseis conduzam as negociações em direção a
um acordo que piorará o problema do plástico, o que nos fará enfrentar o pior das mudanças climáticas.
“Quando as negociações forem retomadas no Canadá em abril de 2024,
nossos líderes precisarão estar prontos para mostrar um nível de coragem
e liderança que ainda não vimos”, reiterou o porta-voz.
Organizações ambientais e científicas defendem que o Tratado Global dos Plásticos deve reduzir a produção de plástico em pelo menos 75% até 2040. Este é o primeiro acordo internacional legalmente vinculante para combater o lixo plástico.
A região Amazônica
está vivendo uma seca histórica, que mostra a gravidade dos eventos
climáticos extremos. E milhares de pessoas estão sentindo os efeitos
deste desastre na pele. Por isso, o Greenpeace retomou a campanha Asas
da Emergência e já levou toneladas de alimentos e outros itens
essenciais para as comunidades mais afetadas. Agora, precisamos do seu
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Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo e atua na frente
de Oceanos. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio
ambiente, direitos humanos e polític…
Laís ModelliConferência do Clima da ONU de 2023 será a mais importante desde o
Acordo de Paris. É hora de os países se comprometerem com metas
concretas, como o fim da exploração de petróleo até 2050.
Em 30 de novembro, começa a 28ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28,
que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Até 12 de
dezembro, sociedade civil organizada e representantes de mais de 200
países se reunirão para discutir ações que determinarão o nosso futuro
como espécie no planeta.
O GreenpeaceBrasil estará na COP28
para pressionar os países a adotarem medidas reais para conter a crise
climática, que assola partes do Brasil e de diversas regiões do mundo
com secas, eventos extremos e seguidas ondas de calor que superam os 40º
C. Queremos que os países se comprometam com ofim dos combustíveis fósseis até 2050 e com fim imediato da exploração de combustíveis fósseis em ecossistemas críticos para a vida no planeta, como a Amazônia (veja mais abaixo).
Não podemos mais esperar por mudanças, precisamos de ação agora!
Abaixo, explicamos em cinco pontos o que é a Conferência do Clima é
tão importante e por que a COP28 será a edição mais importante desde o
Acordo de Paris.
O que é a COP?
Por que a COP28 será tão importante?
Quais os desafios da COP28?
Quais as oportunidades da COP28?
Como eu posso pressionar os governos durante a COP28?
O que é a COP?
A Conferência do Clima da ONU é o único fórum que aborda questões
climáticas onde todos os países estão presentes. Portanto, uma COP tem a
responsabilidade e a legitimidade para tomar decisões que determinarão a
nossa capacidade como comunidade global de conter coletivamente a crise
do clima. Além disso, os resultados de cada COP podem fornecer
ferramentas e sinais poderosos ao mundo, trazendo peso e significado
para legisladores, tribunais, opinião pública, empresas e investidores
em todo o mundo.
A sociedade civil global representada por jovens, lideranças
indígenas e comunidades tradicionais, organizações etc, também
participam das COPs, e sua presença tem sido essencial para cobrar os
governos por soluções reais, prevenir o greenwash e responsabilizar os
maiores poluidores históricos do planeta, a saber, os países
desenvolvidos.
É esperado, contudo, que, com tantos personagens envolvidos e que
precisam chegar a consensos nas tomadas de decisões, a emergência
climática nunca será resolvida em uma única conferência da ONU. Porém,
cada COP tem o potencial de promover as soluções-chave de que o mundo
tanto necessita – tanto a nível global como nacional.
Por que a COP28 será tão importante?
Na COP28, será lançado o primeiro Balanço Global do Acordo de Paris (chamado de GST, sigla de Global Stocktake).
O Acordo de Paris é um pacto global firmado em 2015 por 197 países
(incluindo o Brasil) para evitar um aquecimento do planeta acima de
1,5°C em relação à era pré-industrial – o que seria catastrófico e
perigoso para a vida na Terra. Para isso, todos os países membros, ricos
ou em desenvolvimento, são obrigados a adotar metas nacionais de
redução de gases causadores do efeito estufa, como o gás carbônico. O
mecanismo também prevê que os países desenvolvidos dêem suporte
financeiro aos em desenvolvimento, para que estes possam cumprir suas
metas e se adaptarem às mudanças do clima.
Passados oito anos do Acordo de Paris, o 1º Balanço Global avaliou o
progresso coletivo dos países para alcançar os objetivos do pacto
(mitigação, adaptação e de meios de implementação). Spoiler: o balanço
global não é animador.
Em resumo, a COP28 é tão importante porque será o momento dos países
olharem para o que funcionou, o que não avançou e onde é mais urgente
avançar na luta para conter a crise do clima e se adaptar às mudanças
climáticas. Tudo isso deverá ser considerado para que os países
apresentam uma nova rodada de metas climáticas nacionais, que deverá
acontecer em 2025, durante a COP30, que será realizada no Brasil.
Entenda no vídeo abaixo o que é o Acordo de Paris:
Quais as oportunidades da COP28?
Não é novidade a informação de que a queima de combustíveis fósseis é a principal causadora da atual crise climática.
Apesar disso, o petróleo, o carvão e o gás natural nunca foram
explicitamente nomeados pelas declarações da Conferência do Clima da ONU
como os principais responsáveis, mas isso muda agora na COP28: pela
primeira vez, os combustíveis fósseis estarão no centro das conversas.
Essa é uma oportunidade única de fazer os governos, conjunta e
individualmente, a firmarem um acordo global na COP28 que ponha fim a
era dos combustíveis fósseis. Mais que isso, um acordo global com metas e
etapas que estabeleçam:
a eliminação justa e progressiva do carvão, o petróleo e o gás até 20250;
o fim imediato da exploração de combustíveis fósseis em ecossistemas críticos para a vida no planeta, com destaque para a Amazônia;
a urgência para acelerar a transição energética para as energias renováveis.
Quais os desafios da COP28?
São muito os desafios de uma COP que será realizada em uma região que
é uma das maiores produtoras de petróleo do mundo, os Emirados Árabes
Unidos. Não é coincidência que o principal pedido do Greenpeace na COP28
é “Chega de petróleo!”.
Porém, existe outro desafio central em 2023: promover a justiça
climática por meio de um fundo aos que mais estão sofrendo com os
impactos da crise do clima!
Em 2022, na COP27, depois de anos de luta da sociedade civil global,
os países, enfim, criaram um fundo para socorrer os países do Sul Global
mais vulnerabilizados pela crise climática, chamado de Fundo de Perdas e Danos.
“Perdas e Danos” é um conceito que se refere a situações onde as
perdas decorrentes dos eventos climáticos extremos não podem mais ser
evitadas e, a única coisa que resta, é agir para reparar os danos
sofridos.
Lá em 2015, o Acordo de Paris previu a criação de um Fundo pelos
países ricos do Norte Global – os maiores poluidores e os mais
responsáveis pela crise climática atual – para financiar ações de Perdas
e Danos nos países em desenvolvimento e insulares – os menos
responsáveis pela crise. Quase dez anos depois e muitas tragédias nesse
meio tempo, tal fundo ainda não entrou em operação.
Na COP28, os países deverão entrar em um acordo para detalhar o Fundo
de Perdas e Danos (quem colocará recursos, quais países terão acesso a
eles, quem irá gerar o fundo, como funcionará o acesso etc).
Depois de enfrentarmos os desastres de 2023, o ano mais quente da
história, uma coisa é certa: o Fundo de Perdas e Danos precisará reparar
injustiças e entrar em vigor já! Os mais vulnerabilizados não podem
continuar pagando a conta da crise climática sozinhos.
Como eu posso pressionar os governos durante a COP28?
O mundo não tem mais tempo a perder. Se quisermos evitar um futuro
sombrio, precisamos agir individual e coletivamente agora! Durante a
COP28, podemos usar nosso tempo e vozes para pressionar os governos a
agirem no caminho certo.
Você pode se juntar ao Greenpeace Brasil compartilhando informações
sobre a urgência climática e usando a hashtag #Chegadepetróleo.
A nível nacional, também temos o abaixo-assinado“Petróleo na Amazônia Não!”
para pressionar o governo Lula a se comprometer a não explorar petróleo
na região. Se quisermos ter um futuro, o petróleo precisa ficar no
nosso passado!
A região Amazônica
está vivendo uma seca histórica, que mostra a gravidade dos eventos
climáticos extremos. E milhares de pessoas estão sentindo os efeitos
deste desastre na pele. Por isso, o Greenpeace retomou a campanha Asas
da Emergência e já levou toneladas de alimentos e outros itens
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Laís é jornalista especializada na cobertura de temas relacionados à
Amazônia e às negociações climáticas há quase dez anos. Rema e limpa
praias nas horas vagas.
Lu SudréLíderes globais estão reunidos em Nairóbi, no Quênia, para terceira rodada de reuniões; sessão irá até 19 de novembro
As discussões sobre a criação do Tratado Global dos Plásticosestão
sendo retomadas nesta segunda (13), em Nairóbi, no Quênia. A nova
rodada de negociações acontece na sede do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA) e é a terceira das quatro sessões previstas
pela ONU.
Os representantes de 167 países terão como foco as propostas do Rascunho Zero do instrumento. O texto-base foi divulgado em setembro deste ano e gerou expectativas na comunidade ambiental internacional.
O objetivo é garantir que os governos entrem em acordo sobre ações e
políticas para frear a produção e consumo desnecessário dos plásticos,
que causam impactos negativos para o meio ambiente e para a saúde da
população – microplásticos já foram encontrados até mesmo no coração humano.
A melhor estratégia para reduzir a poluição plástica, segundo o
Pnuma, é aumentar a reutilização, a reciclagem, a reorientação e a
diversificação por meio de um modelo de economia circular.
Seguindo
esta lógica, os escritórios do Greenpeace têm se articulado ao redor do
mundo para mobilizar pessoas em defesa de um Tratado robusto, que
realmente enderece soluções para os problemas apresentados e não fique
refém dos interesses dos grandes produtores de plástico.
O Greenpeace defende que o Tratado Global dos Plásticos deve:
• Acabar com a poluição plástica – da produção ao descarte;
• Estabelecer uma meta
juridicamente vinculativa para a redução da produção de plásticos em
pelo menos 75% até 2040, para que o mundo possa evitar cenários mais
graves da crise climática;
• Acabar com os plásticos de uso único e incentivar a reutilização;
• Garantir
uma transição energética justa e inclusiva para uma economia de baixo
carbono, com a eliminação gradual dos combustíveis fósseis;
•
Tornar toda a cadeia de suprimentos de plásticos sustentável, por meio
da capacitação de trabalhadores e priorização dos catadores de materiais
recicláveis;
• Estar firmemente
enraizado em uma abordagem baseada nos direitos humanos que também vise a
redução da desigualdade, priorize a saúde humana e centralize a justiça
em sua criação e implementação;
Movimento global
A crise da poluição plástica é um dos maiores desafios ambientais que
existem, afetando a vida marinha e a população nos quatro cantos do
mundo. Para trazer atenção à importância da terceira rodada de
negociações, o Greenpeace lança hoje um vídeo-manifesto com atores,
ativistas, cientistas e atletas de diferentes países, pedindo o fim da
Era do Plástico.
O vídeo conta com a participação da conservacionista Jane Goodall, do
líder Waorani Nemonte Nenquimo, do ator Lee Jung-jae e outras
personalidades.
Estamos diante de uma oportunidade única de
paralisar a produção desenfreada de plásticos. Mas isso só será possível
com um Tratado ambicioso e juridicamente vinculante, ou seja, com força
de lei.
Compartilhe o vídeo com a sua rede e fortaleça a mobilização por um Futuro Sem Plásticos!
A região Amazônica
está vivendo uma seca histórica, que mostra a gravidade dos eventos
climáticos extremos. E milhares de pessoas estão sentindo os efeitos
deste desastre na pele. Por isso, o Greenpeace retomou a campanha Asas
da Emergência e já levou toneladas de alimentos e outros itens
essenciais para as comunidades mais afetadas. Agora, precisamos do seu
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Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo e atua na frente
de Oceanos. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio
ambiente, direitos humanos e polític…
Petroleira pede indenização de US$ 8,6 milhões e que o Greenpeace
seja proibido para sempre de protestar em plataformas da multinacional.
A gigante petrolífera Shell ingressou com ação judicial contra o Greenpeace Reino Unido e o Greenpeace Internacional pedindo
uma indenização de US$ 8,6 milhões e a proibição de protestos em suas
plataformas de petróleo e gás, em qualquer lugar do mundo para sempre. O
valor representa pouco mais de 2 horas de lucro para a Shell.
O processo é uma resposta a uma ação pacífica realizada pelo Greenpeace no início do ano,
em que ativistas ocuparam uma plataforma petrolífera operada pela
Shell, nas Ilhas Canárias, para protestar contra a perfuração de novas
jazidas de petróleo e gás. Os ativistas também pediam que a
multinacional fosse responsabilizada pelos danos causados às pessoas e
ao planeta, que levaram o mundo à atual crise climática.
O diretor executivo do Greenpeace do Sudeste Asiático, Yeb Saño,
citado individualmente na ação judicial, foi um dos ativistas que tentou
embarcar na plataforma e protestou contra sua chegada em um porto
norueguês.
Segundo Saño, aShell tenta
silenciar exigências legítimas contra a exploração insensata e
gananciosa de novas áreas de combustíveis fósseis. “Eu me levantarei no
tribunal e lutarei contra isso; e se a Shell se recusar a parar de
perfurar, eu me recuso a parar de lutar pela justiça climática”, disse
Saño.
O Greenpeace atua há mais de 50 anos, por meio de campanhas
pacíficas, denunciando e confrontando governos, projetos e empresas que
incentivam a destruição do meio ambiente e ameaçam o clima global.
Além de uma tentativa de silenciar protestos da sociedade civil
contra as medidas do executivo-chefe da Shell, Wael Sawan, de
intensificar os investimentos em combustíveis fósseis e abandonar
qualquer pretensão de transição para energias renováveis, a ação
judicial é uma das maiores ameaças contra o Greenpeace nestas cinco
décadas de existência.
Areeba Hamid, co-diretora executiva do Greenpeace Reino Unido, disse: “Sob
o comando de Wael Sawan, a Shell abandonou qualquer pretensão de boas
intenções e está adotando descaradamente uma estratégia que não é apenas
arriscada para os acionistas, mas completamente devastadora para as
pessoas que estão na linha de frente da crise climática. Sawan está
abandonando as políticas verdes, demitindo ex-colegas de sua divisão de
energias renováveis, e iluminou o mundo com gás ao afirmar que uma
retirada dos combustíveis fósseis seria ‘perigosa’. Agora, ele está
tentando esmagar a atuação do Greenpeace. Mas, ao fazer isso, ele está
tentando silenciar as demandas legítimas por justiça climática e
pagamento por perdas e danos”.
Hamid continua: “Precisamos que esse caso seja
arquivado, pois está claro que Sawan está determinado a lucrar,
independentemente do custo humano.”
As negociações entre as partes já foram concluídas, mas os custos
legais do processo ainda correm e estão aumentando desde 1º de novembro.
Enquanto isso, o Greenpeace aguarda os detalhes – conhecidos como
“particularidades” – da reivindicação da Shell.
O Greenpeace Reino Unido pede aos apoiadores doações de emergência para ajudar a combater o caso.
A ação pacífica alvo da ira da Shell
No início do ano, o Greenpeace Internacional realizou um protesto pacífico em que seis ativistas ocuparam a unidade flutuante de produção, armazenamento e descarregamento (FPSO) da Shell na plataforma Penguins, por 13 dias. Durante esse período, a Shell anunciou lucros anuais recordes de quase US$ 40 bilhões.
A plataforma Penguins é a primeira embarcação operada pela Shell
no norte do Mar do Norte em 30 anos. No pico de produção, o projeto
pode produzir 45 mil barris de petróleo por dia, Mesmo diante dessa
capacidade gigantesca de produção, a Shell já sugeriu que poderá abrir
outras áreas para exploração.
Na época do protesto, a Shell e a construtora de plataformas Fluor
alegaram que pediriam mais de US$120.000 em indenizações, ainda que,
segundo elas, os danos às empresas superariam US$ 8 milhões. E
ofereceram a celebração de um acordo com indenização em valor reduzido
de US$ 1,4 milhão e um compromisso legal de que todas as organizações do
Greenpeace concordariam em nunca mais realizar protestos em suas
infraestruturas, no mar ou em portos, em qualquer lugar do mundo.
O Greenpeace Reino Unido e o Greenpeace Internacional responderam que
concordariam com essa proibição de protesto, mas com a condição de que a
Shell cumprisse a ordem judicial da Holanda que exige que a petroleira
reduza suas emissões em 45% até 2030, em relação a 2019, em todas as
atividades.
Caso a ação fosse levada ao tribunal, os honorários advocatícios durante o processo judicial poderiam chegar a outros milhões.
Contato com a imprensa
Os ativistas e a diretora executiva do Greenpeace Reino Unido, Areeba Hamid, estão disponíveis para entrevistas. Contato: press.uk@greenpeace.org
A região Amazônica
está vivendo uma seca histórica, que mostra a gravidade dos eventos
climáticos extremos. E milhares de pessoas estão sentindo os efeitos
deste desastre na pele. Por isso, o Greenpeace retomou a campanha Asas
da Emergência e já levou toneladas de alimentos e outros itens
essenciais para as comunidades mais afetadas. Agora, precisamos do seu
apoio para chegar mais longe. Por favor, faça uma doação emergencial.
Lu Sudré Costa amazônica é lar da maior faixa contínua de manguezais do planeta; área está ameaçada pelo avanço do petróleo
A Amazônia é mundialmente conhecida por suas densas florestas. Mas é também na costa amazônica que está a maior faixa contínua de manguezais do planeta, com mais de 7.500 km² de extensão.
Você sabia que os mangues são berçários para a biodiversidade costeira
e são fundamentais para o desenvolvimento da vida na região? Por se
encontrarem em zonas de transição entre o ambiente marinho e terrestre,
criam condições ambientais únicas para alimentação e reprodução de
diversas espécies.
Eles abrigam peixes, caranguejos e mariscos, além de lamas altamente
nutritivas para plantas, insetos, crustáceos, pássaros e até mesmo
alguns mamíferos. Ao sustentar o ciclo de vida dessas espécies,
os mangues também se tornam fundamentais para a pesca artesanal e para a
população local, principalmente nos estados do Amapá e Pará.
E não para por aí. Os mangues da costa amazônica são grandes aliados no combate às mudanças climáticas. As densas vegetações e raízes capturam e armazenam CO2, formando reservatórios de carbono conhecidos como Carbono Azul, fundamentais para frear a crise do clima.
A costa amazônica abriga pelo menos 80% dos mangues do Brasil, e as
comunidades que lá vivem também têm os manguezais como protetores.
Afinal, eles atuam como uma barreira natural que ajuda a estabilizar a
costa e mitigar o avanço da erosão costeira em razão das marés, ondas e
inundações.
Essa Amazônia plural, encantadora e guardiã de uma imensa biodiversidade está sob ameaça.
E a Amazônia dos mangues, que boa parte da população brasileira ainda
não conhece, pode ser diretamente impactada pela exploração de petróleo.
Enrico Marone, porta-voz da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil,
destaca que onde há exploração e produção de petróleo, há risco de
derramamento. Ou seja: avançar com a exploração de petróleo na região da
Bacia da Foz do Amazonas é colocar os manguezais em risco!
“Não existe, hoje, tecnologia viável para a limpeza de mangues em caso de contaminação por petróleo, o que significa que os possíveis impactos de um vazamento seriam desastrosos e irreversíveis para esse importante ecossistema da costa norte do Brasil”, alerta o oceanógrafo.
Como
recuperar uma lama densa como a dos manguezais, se eventualmente forem
contaminadas pelo óleo? Diferentes espécies serão diretamente atingidas,
e a fonte de subsistência das comunidades pesqueiras comprometidas.
É também para defender a Amazônia dos mangues que pedimos teu apoio. Faça parte do abaixo-assinado“Petróleo na Amazônia Não”e nos ajude a pressionar o governo brasileiro a cumprir o compromisso de defender a Amazônia!
Segundo dados do Prodes, de agosto de 2022 a
julho de 2023, a Amazônia perdeu 9.001 Km², uma área de floresta de
tamanho equivalente a 7,5 vezes a cidade do Rio de Janeiro
De acordo com os dados preliminares divulgados hoje (9) pelo
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, relativos ao Programa de
Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por
Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
houve uma queda de 22,3% na taxa de desmatamento da Amazônia em 2023.
De agosto de 2022 a julho de 2023, período analisado pelo sistema, a
Amazônia perdeu 9.001 quilômetros quadrados (Km²) de florestas, uma
redução na comparação com o resultado de 2022, quando foram desmatados
11.594 Km², e a menor taxa desde 2019. O resultado é um alívio e uma boa
notícia para a floresta e para o mundo, tendo em vista o aumento
expressivo dos alertas de desmatamento registrados nos últimos cinco
meses do governo Bolsonaro e nos três primeiros meses do governo Lula.
“O novo governo teve dificuldade de retomar a governança na região,
mas a partir de abril os resultados da mudança do discurso sobre a área
ambiental, da atuação firme dos órgãos de controle e fiscalização e da
retomada de políticas públicas começaram a aparecer, levando a esta
queda na taxa”, afirma Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace
Apesar da boa notícia, a redução ainda é insuficiente para que o
Brasil cumpra a meta de NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada)
assumida junto a Organização das Nações Unidas (ONU), de reduzir em 48%
suas emissões até 2025, e 53% até 2030, valores comparados aos níveis de
2005.
O desmatamento é atualmente a principal fonte de emissões de gases do
efeito estufa do Brasil e, para atingir a meta de redução de emissões, o
País terá que avançar muito mais e rapidamente para reduzir a
destruição florestal. Se quiser combater a crise climática e a perda de
biodiversidade em curso, o Brasil tem que ser capaz de reduzir até 2026 o
desmatamento até os níveis de 2012, quando chegou 4,6 mil km², o menor
número da série histórica.
“O governo Lula e a ministra Marina Silva já conseguiram isso antes,
mas terão que se esforçar e ampliar as ações e programas para gerar
renda que sejam compatíveis com a floresta em pé, levando assim justiça
social e ambiental para região. Além disso, o governo deve usar toda sua
articulação política para evitar que o Congresso avance com as boiadas
antiambientais, como é o caso de derrubar o veto do marco temporal das
Terras Indígenas”, analisa Rômulo Batista.
Para isso, o governo terá que avançar no reconhecimento, criação e
gestão de áreas protegidas, bem como em políticas econômicas e sociais
que levem a uma transição ecológica definitiva para o Brasil, e que
estabeleça na Amazônia um modelo de desenvolvimento que traga avanço
real e qualidade de vida para quem vive na região, com floresta em pé,
dignidade e mirando no futuro.
Desmatamento nos Estados
De acordo com os dados divulgados pela pasta de Meio Ambiente, a
redução de 2.593 km² no desmatamento da Amazônia, na comparação com a
última taxa, evitou a emissão de 133 milhões de toneladas de CO²
equivalente. Atualmente, o desmatamento e as queimadas correspondem a
49% das emissões nacionais.
Entre os estados, a maior redução foi registrada no Amazonas, onde
houve queda de 40% na área desmatada, passando de 2.594 km² em 2022,
para 1.553 km² este ano. É o menor número desde de 2020. Apesar disso, a
ministra Marina Silva ressaltou que “só a sinalização da feitura da
BR-319 fez com que o desmatamento aumentasse 110% nessa região”. Já o
Mato Grosso apresentou aumento de 9%, indo de 1.927 km² no último ano,
para 2.088 este ano, a segunda pior taxa dos últimos cinco anos.
De acordo com representantes no ministério, no MT vem ocorrendo uma
dinâmica específica, que é o desmatamento por degradação progressiva,
que é quando a floresta vai sendo fragilizada pelas queimadas, até que a
área deixa de ser considerada floresta e entra na conta do
desmatamento.
Dados por estado
Estado
2023
2022
AC
597
840
– 29%
AM
1553
2594
-40 %
AP
12
14
-14%
MA
284
271
+5%
MT
2086
1927
+8%
PA
3272
4162
-21%
RO
873
1480
-42%
RR
297
279
+6%
TO
26
27
-3%
Queimadas seguem sendo um desafio
Apesar da boa notícia quanto à taxa de desmatamento, a Amazônia ainda
enfrenta uma seca sem precedentes, que criou o ambiente perfeito para a
disparada do número de focos de calor em outubro.
“Apesar da diminuição do desmatamento vimos um mês de outubro bastante
ruim no Amazonas e no Pará, quando olhamos os focos de calor e
queimadas, a crise ambiental e o fenômeno El Nino, que se agravaram
neste período, levando o fogo entrar em áreas de florestas. Além disso,
há quantidades enormes de áreas desmatadas e não queimadas nos últimos
anos que estão sendo queimadas esse ano”, complementa Rômulo. Segundo
informações do Ministério do Meio ambiente, é previsto que o El Niño
persista até 2024, o que inspira atenção no combate e prevenção às
queimadas.
“A melhor forma de diminuir incêndios é reduzindo o desmatamento.
Esse ano tivemos um fenômeno onde cerca de 30% dos focos de calor se
deram em florestas primárias. Já estamos passando por um estresse
hídrico da própria floresta, onde o incêndio já está se dando em
floresta primária e isso já é um sinal dos efeitos das mudanças
climáticas incidindo sobre a floresta”, disse Marina Silva. “Somos
desafiados a quebrar a inércia dos resultados já alcançados”, completou.
Medida ajudaria o planeta a evitar o pior
da crise climática; líderes globais irão se reunir para discutir texto
do Tratado Global dos Plásticos na próxima semana
Os plásticos estão por
todos os lugares. Nas casas das pessoas, nos estabelecimentos, nas
grandes indústrias e, infelizmente, nos mares. Vivemos inundados por
eles. O problema é que estamos falando de um material que gera graves impactos ambientais e para a saúde humana ao longo de todo o seu ciclo de vida, não somente em seu descarte.
Enquanto um produto derivado do petróleo, os plásticos também podem ser considerados um vilão do clima, já que a queima de combustíveis fósseis é uma das grandes responsáveis pelo aquecimento do planeta.
Segundo dados da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a
produção global de plásticos duplicou de 2000 a 2019, atingindo 460 milhões de toneladas por ano.
A previsão é que esse
número triplique até 2050, se nenhuma medida for tomada pelos líderes
globais. Logo, mais gases do efeito estufa serão lançados na atmosfera, agravando a crise climática e impedindo que a humanidade mantenha a temperatura do planeta abaixo de 1,5ºC.
É essa realidade que os líderes mundiais não podem ignorar durante as negociações para criação do Tratado Global dos Plásticos,
que serão retomadas na próxima semana, no Quênia. É urgente que os
governos acordem um texto ambicioso, que responda à crise do plástico à
altura de sua gravidade.
Neste contexto, o Greenpeace está pedindo aos governos para que reduzam a produção de plástico em pelo menos 75% até 2040! Esta
porcentagem também é indicada por consultorias e organizações de
pesquisa, como a Eunomia e a Pacific Enviroment, como uma medida que nos
ajudaria a evitar o pior da crise climática.
Esta é uma crise planetária tripla
– a produção desenfreada de plásticos acentua as mudanças climáticas,
provoca poluição em escala e ameaça a biodiversidade marinha. A nova
rodada de negociações na ONU é uma oportunidade única de uma ação
internacional ousada e efetiva.
O Tratado Global dos Plásticosprecisa
de regras ambiciosas que, além de reduzirem drasticamente a produção,
incentivem sistemas de reuso e ações que acelerem uma transição
energética justa.
Já são mais de 2 milhões de
pessoas ao redor do mundo pressionando os líderes globais para que não
cedam aos interesses da indústria e defendam o meio ambiente. Faça parte
da mobilização e assine a petição “Futuro sem plásticos!”.
Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo e atua na frente
de Oceanos. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio
ambiente, direitos humanos e polític…
Mais de 300 mil golfinhos e baleias morrem todos os anos ao se
prenderem em emaranhados da indústria pesqueira. É inaceitável que
atividades econômicas prosperem às custas de vidas.
O nosso famoso navio Greenpeace Arctic Sunrise
entrou em ação mais uma vez no dia 21 de outubro. O objetivo era um
velho conhecido nosso: resgatar uma baleia jubarte presa em equipamentos
de uma embarcação de pesca.
Todos os anos, mais de 300 mil golfinhos e baleias morrem ao se
prenderem em emaranhados da indústria pesqueira. Para se ter noção do
tamanho do problema, esse tipo de incidente é a principal causa de
mortalidade de baleias e golfinhos, enquanto que colisões com navios
pesqueiros são a segunda maior causa de morte.
“O número impressionante de baleias e golfinhos que perdem a vida
todos os anos por causa da indústria da pesca é simplesmente
inaceitável. Enquanto conseguimos salvar uma vida, cerca de mil outras,
provavelmente, foram vítimas de emaranhados e afogamentos no mesmo dia.
Isso não pode ser tolerado e aceito como o custo de se fazer negócios”,
afirmou Ignacio Soaje, chefe da tripulação do Greenpeace Arctic Sunrise.
O resgate da baleia jubarte aconteceu no Oregon, Estados Unidos. OGreenpeace Internacional notificou o caso à Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
As baleias são seres essenciais para o equilíbrio da vida nos oceanos,
pois suas fezes (ricas em nutrientes) servem como um “adubo” da vida
marinha e auxiliam na luta para conter a crise climática. Exagero? Não,
uma vez que fitoplânctons, seres microscópicos que removem carbono da
atmosfera por meio da fotossíntese, dependem das fezes das baleias para
sobreviverem. Viu como tudo está interligado na natureza?
Santuários oceânicos
O fundo do mar é lar de uma enorme biodiversidade ainda pouco
conhecida pela ciência. A certeza, contudo, é que a vida marinha é
fundamental para o equilíbrio do clima do planeta.
Por isso, o Greenpeace lançou este ano o “30×30: Do Tratado Global dos Oceanos à proteção dos mares”, que indica caminhos para que se proteja 30% dos oceanos em todo o mundo até 2030. Um desses caminhos é a criação de santuários oceânico,
áreas de alta proteção ou proteção integral em alto-mar onde a
biodiversidade marinha pode se desenvolver sem os impactos de atividades
predatórias.
Laís é jornalista especializada na cobertura de temas relacionados à
Amazônia e às negociações climáticas há quase dez anos. Rema e limpa
praias nas horas vagas.
Apesar do importantíssimo objetivo de restaurar 350 milhões de
hectares de florestas tropicais, o evento não se comprometeu com metas
concretas nem garantia dos direitos dos povos indígenas.
Representantes dos países com as maiores florestas tropicais do mundo se encontraram na Cúpula das Três Bacias
(a saber: bacias do Rio Amazonas, do Rio Congo e das Bacia
de Bornéu-Mekong-Sudeste Asiático), na República Democrática do Congo,
com o objetivo de implementar a primeira coligação mundial para restaurar 350 milhões de hectares de ecossistemas de florestas tropicais
terrestres e aquáticos (Peatland e Mangues). Uma delegação do
Greenpeace formada por representantes do Brasil, África e Indonésia
acompanhou as conversações.
Apesar da importância e urgência do objetivo (conservar florestas
tropicais e restaurar áreas degradadas é uma das ações centrais na luta
para conter a atual crise climática), a declaração final da Cúpula das
Três Bacias, publicada na terça-feira (31), não se compromete com ações
concretas para a proteção e restauração das florestas tropicais, assim
como não se compromete com a garantia dos direitos dos povos indígenas e
das comunidades tradicionais.
Também chamou a atenção a falta de uma presença de peso do governo
brasileiro na Cúpula, que busca retomar a liderança nos fóruns de
discussões ambiental e climática e nas questões geopolíticas Sul-Sul.
Falsas soluções
Outro ponto de atenção da Cúpula das Três Bacias foram os controversos mercados de carbono,
apresentados como o principal mecanismo financeiro para proteger e
restaurar os ecossistemas de biodiversidade e as florestas tropicais.
Diversas instituições e pesquisadores têm alertado que o mercado de
carbono é uma falsa solução para a crise climática, pois reforçarão a
mercantilização da natureza (e a sua destruição) e violarão os direitos
de povos indígenas e comunidades tradicionais.
“O mercado de carbono, como está proposto, transforma a floresta em
commodity e viola os direitos humanos. O financiamento do combate à
crise climática e da perda de biodiversidade devem
ser inovadores como proposto na declaração da Cúpula, tendo como
características principais serem não mercadológicos, transparentes,
acessíveis e previsíveis. Além disso, qualquer solução para conter os
efeitos da crise climática deve reconhecer e privilegiar o papel das
comunidades tradicionais e dos povos indígenas na proteção das florestas
e garantir os seus direitos”, diz Romulo Batista, porta-voz de florestas tropicais do Greenpeace Brasil.
Povos indígenas e comunidades locais protegem mais de 75% das
florestas no mundo, mas, até agora, o seu papel e conhecimento na
conservação da natureza e da biodiversidade ainda não foram
suficientemente reconhecidos.
Restauração dos ecossistemas já!
A Cúpula das Três Bacias ocorreu nos dias 26 a 28 de outubro. O
evento acontece no âmbito da Década para a Restauração dos Ecossistemas,
das Nações Unidas, que visa deter a degradação dos ecossistemas e
restaurá-los para reverter o colapso da biodiversidade e desacelerar as
mudanças climáticas.
A atual década (2021-2030) é apontada pelos cientistas como a nossa
última chance de evitar os efeitos catastróficos das mudanças
climáticas. Ou seja, se quisermos evitar o pior, ainda há tempo, mas
precisamos agir AGORA. O tempo está se esgotando.
Por falar em tempo, estamos há um mês da COP28, a Cúpula do Clima da ONU, que será realizada em Dubai. O Greenpeace Brasil participará da COP28
e reforçará a urgência de regulamentar o financiamento climático global
para que os países com menos recursos financeiros e tecnológicos –
justamente os que menos contribuíram para a crise do clima e os que mais
sofrem seus impactos hoje – possam se adaptar. Os efeitos negativos das
mudanças climáticas não podem ser mais um fator para acentuar as
desigualdades entre os países. Precisamos de Justiça Climática real, e
não de falsas soluções que continuem privilegiando os mais ricos.
Laís é jornalista especializada na cobertura de temas relacionados à
Amazônia e às negociações climáticas há quase dez anos. Rema e limpa
praias nas horas vagas.
O número de focos de calor registrados no
bioma no último mês chegou 22.061, é o maior número dos últimos 15 anos
para o mês de outubro, segundo dados do Inpe
Dados apresentados nesta quarta-feira (1) pelo Programa Queimadas do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que outubro
teve o maior número de focos de calor na Amazônia para o mês desde 2008.
As informações do INPE mostram 22.061 focos de calor no bioma, em meio a
um cenário de seca histórica na região que vem afetando milhares de
pessoas.
O Pará (41,5%), o Maranhão (15,6%) e Amazonas (14,1%)
registraram o maior número de focos de calor nos estados da Amazônia
Legal. “O número surpreendente de focos na Amazônia tem como facilitador
a seca severa que se instalou na região. No entanto, muitas áreas
queimam como parte do processo de desmatamento e na reforma de lavouras e
pastagens. Nos últimos anos, grandes porções de floresta foram
desmatadas e não queimadas, o prolongamento e intensificação do período
seco é propício para concretizar tais atividades” explica Cristiane
Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil.
Focos de calor são pontos geográficos captados por satélites de
monitoramento – esses pontos apresentam temperatura acima de 47ºC e área
mínima de 900 m², ou seja, são fortes indicadores de incêndios ou
queimadas.
O estado do Pará registrou o segundo pior mês de outubro da série
histórica, perdendo apenas para outubro de 2008. Já os estados do
Amazonas e Acre bateram recorde: registraram o maior número de focos
para outubro de toda a série, iniciada em 1998. Vale também mencionar
que a cidade de Manaus está encoberta há dias pela fumaça das queimadas e
incêndios.
Entre os municípios que concentraram o maior número de focos de calor
estão Portel (PA), com 859 focos, e Lábrea (AM), com 515 focos. Sete,
dos 10 municípios com mais focos, estão no Pará.
Cerrado: na mira do Agro que desmata
Considerando todos os estados e biomas do Brasil, o Piauí ficou em 3º
lugar entre os que mais queimaram em outubro de 2023. O estado abriga
áreas de Caatinga e de Cerrado, e faz parte da área de interesse
econômico da agroindústria denominada de MATOPIBA (acrônimo de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Em 2023, de janeiro a outubro, o Cerrado registrou uma área de 6.613
km2 com alertas de desmatamento (até dia 20/10), um aumento de 30,3% na
comparação com o mesmo período do ano passado (considerando outubro
fechado), e 45.232 focos de calor. Só em outubro, foram 8.371 focos. No
Piauí, foram registrados 3982 focos de calor, ou 10% de todos os focos
registrados no País.
“No Cerrado a situação é preocupante. O bioma já perdeu metade da sua
formação original, é uma fronteira ativa de expansão do agronegócio e a
legislação é muito mais permissiva para o desmatamento, em comparação
com a Amazônia, e não há iniciativas privadas e setoriais que levem ao
fim de seu desmatamento. Estamos caminhando para extinguir um
ecossistema de extrema relevância climática e para a biodiversidade”,
alerta Mazzetti.
Prolongamento da estiagem favorece as queimadas na Amazônia
Este ano, o verão amazônico, quando o clima mais seco favorece a ação
de criminosos para o desmatamento e as queimadas, foi potencializado
pelo fenômeno climático El Niño, causado pelo aumento das temperaturas
do oceano Pacífico, e por um clima ainda mais quente que o normal.
Isso aumentou o período com condições propícias para as queimadas
criminosas no bioma, alimentando um ciclo destrutivo que ameaça a
integridade das florestas, de seus povos e de toda a vida no planeta.
É importante ressaltar que o desmatamento é a principal fonte de
emissões de gases do efeito estufa (GEE) no Brasil. Relatório do Sistema
de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG)
aponta a categoria “mudança do uso da terra” como responsável por 49%
das emissões do país para o ano de 2021. E a piora das mudanças
climáticas significa aumento de intensidade e frequência de eventos
climáticos extremos, como secas severas, inundações e deslizamentos,
episódios que têm sido cada vez mais recorrentes em todo o mundo.
O cenário combinado de incêndios, seca e fumaça na Amazônia evidencia a crise tripla
que vivemos com o agravamento da urgência climática, perda de
biodiversidade e também a poluição do ar, com impactos na saúde das
pessoas.
“Esse cenário já era previsto, e mais ações poderiam ter sido
direcionadas para prevenção, adaptação e resposta. O mês de outubro é um
novo lembrete para que governos ajam rapidamente e com mais ambição,
seja em ações emergenciais, ações para prevenção e controle dos
incêndios e desmatamento e nas políticas de adaptação às mudanças
climáticas.”, finaliza Mazzetti.
A humanidade já ultrapassou quatro, dos nove limites planetários que viabilizam a vida na Terra. Um desses limites, já parcialmente excedido, é o da integridade da biosfera,
que diz respeito à diversidade genética que é importante na adaptação
do planeta à mudanças abruptas. E uma vez superados esses limites, isso
pode levar a mudanças irreversíveis para todos. É preciso agir agora
para frear esse processo.
Lu SudréAção pacífica do Greenpeace Brasil também pede que governo brasileiro declare região como uma zona livre de petróleo
A emblemática sede da Petrobras no centro do Rio de Janeiro foi
iluminada, na noite desta terça-feira (24), por projeções em defesa de
uma transição energética justa e contra o avanço da exploração de petróleo na Amazônia.
A
ação pacífica do Greenpeace Brasil acontece no marco dos 70 anos da
estatal, celebrados no início do mês, e defende que a Petrobras realize
uma transformação gradual e efetiva de seu portfólio para que se torne 100% renovável e deixe o petróleo no passado.
As projeções também divulgaram o recém-lançado abaixo-assinado “Petróleo Na Amazônia Não”,
que pede ao presidente Lula e ao governo federal que cumpram o
compromisso de proteger a Amazônia e a declarem como zona livre de
petróleo.
“Diante
da gravidade da crise climática, o foco principal da Petrobras, que tem
o Estado brasileiro como acionista majoritário, deve ser a transição
energética justa e não a ampliação da exploração de petróleo em áreas de
alta sensibilidade socioambiental como a Bacia da Foz do Amazonas”, defende Enrico Marone, porta-voz da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil.
O oceanógrafo também destaca o papel do presidente Lula e do governo federal neste processo.
“Defender a Amazônia é incompatível com a exploração de petróleo.
Esses planos podem impactar as pretensões de protagonismo do governo
brasileiro no combate à crise climática e, além de promover ameaças à
biodiversidade e aos povos tradicionais, pode afastar financiamentos
climáticos do país”, complementa.
O Greenpeace Brasil alerta que priorizar a exploração e produção de
petróleo é continuar a investir em um modelo que agrava a crise
climática e eventos extremos como a seca severa que atinge a Amazônia
hoje.
Faça parte do abaixo-assinado “Petróleo na Amazônia Não” e ajude a pressionar o presidente Lula a se comprometer com a não exploração de petróleo na Amazônia!
Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo e atua na frente
de Oceanos. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio
ambiente, direitos humanos e polític…