Consulta popular sobre o fim da atividade teve 59% de votos “sim” contra 41% “não”; Imagem do território Sarayaku, também localizado na região amazônica do Equador (Foto: Clive Shirley / Greenpeace)

A exploração de petróleo em parte da Amazônia equatoriana foi rejeitada pela maioria da população em referendo realizado neste domingo (20), que teve como foco os campos do Parque Nacional Yasuní.

O resultado tornou o Equador o primeiro país do mundo a banir a exploração de combustíveis fósseis por plebiscito.

Com a decisão, que deve ser oficializada em outubro, os equatorianos decidiram proteger os mais de 1 milhão de hectares que fazem parte do território, considerado um dos epicentros da biodiversidade mundial.

O Yasuní está localizado na fronteira com o Peru, região onde também vivem populações indígenas. Agora, o Estado equatoriano terá que desativar as operações ligadas à atividade de forma progressiva em até um ano. Novos contratos de exploração também não estão autorizados. 

Para Marcelo Laterman, porta-voz da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, o resultado do referendo no Equador é histórico e reflete os traumas que resultam da devastação causada pela exploração de petróleo na região amazônica. 

“É um marco na valorização da floresta e seus povos, no reconhecimento de que não existe preço que pague a destruição de habitats, de culturas, de vidas. As decisões tomadas hoje para a Amazônia, serão fundamentais para o seu futuro”, afirma o especialista. 

Exemplo a ser seguido

O resultado da consulta popular no Equador se soma a um movimento contra o petróleo na Pan-Amazônia que tem sido protagonizado, também, pelo governo da Colômbia, na figura do presidente Gustavo Petro. Ele propõe o fim dos contratos de exploração em todo o bioma.

Enquanto nos países vizinhos existe uma articulação crescente contra os combustíveis fósseis, impulsionada por décadas de luta dos povos tradicionais, no Brasil, há uma grande pressão política para que uma nova fronteira de óleo e gás seja aberta na Bacia da Foz do Amazonas. 

As sinalizações do governo federal tem frustrado a sociedade civil e ambientalistas. Recentemente, o país foi anfitrião da Cúpula da Amazônia, realizada em Belém, e apesar das expectativas, o encontro se encerrou sem que os governantes da Pan-Amazônia se comprometessem com o fim ou a redução dos combustíveis fósseis.

“O Brasil, que abriga a maior parcela do bioma e pretende assumir um papel de protagonista na luta contra as crises do clima e de biodiversidade, precisa rever urgentemente sua política que prevê o avanço de novas fronteiras de petróleo na Amazônia”, defende Laterman. 

“É hora do governo ser coerente ao papel que pretende assumir e liderar pelo exemplo – e isso começa por barrar a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas”, reitera o porta-voz do Greenpeace Brasil.