De acordo com o sistema de alertas de desmatamento do Inpe, de janeiro a julho de 2023 a redução acumulada é de 42%, em relação ao mesmo período de 2022
De acordo com dados do Programa Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje (3), a área com alertas de desmatamento na Amazônia teve uma redução de 66% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2022. É o segundo menor índice para o mês da série histórica do sistema.
Em julho, o Pará registrou a maior área de alertas (237km²), seguido do Amazonas (236km²) e Mato Grosso (86km²). De janeiro a julho de 2023, a área total com alertas acumula queda de 42,48%, em relação ao mesmo período do ano passado.
“A redução identificada em julho e também no primeiro semestre é resultado da volta da governança ambiental. O caminho para reduzir o desmatamento já é muito claro e está concretizado em experiências anteriores e em recomendações da academia e sociedade civil, o que faltava era vontade política, e agora temos isso e o resultado já é evidente”, afirma Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia do Greenpeace.
O Deter-B é um sistema de alertas, que tem como objetivo fornecer informações para o combate ao desmatamento enquanto ele acontece e não se trata da taxa oficial de desmatamento, mas pode indicar tendências. Analisando o período de agosto de 2022 a julho de 2023, recorte utilizado pelo sistema Prodes para elaborar a taxa oficial de desmatamento, o número de alertas teve uma redução de 7,4%, em relação ao período anterior, mesmo com o aumento expressivo na área registrada com alertas nos últimos cinco meses da gestão Bolsonaro, em 2022 (que foi de 54% em comparação à agosto-dezembro 2021).
Desafios para alcançar desmatamento zero ainda são grandes
Apesar dos dados animadores, ainda estamos longe de alcançar o desmatamento zero, precisamente 7.952 km², que foi a área com alertas de desmatamento registrada na Amazônia só no período de medição para 2023.
Para Mazzetti, a urgência em zerar o desmatamento é cada vez maior, enquanto velhos desafios permanecem. “Há um constante interesse ruralista em enfraquecer a legislação ambiental e a falta de rastreabilidade total das commodities que causam desmatamento, algo que já deveria ter sido implementado em resposta à compromissos corporativos de desmatamento zero”.
Além dos já conhecidos desafios políticos, o fenômeno climático do El Niño pode deixar o clima mais seco e quente, deixando as áreas de floresta mais vulneráveis à ação do fogo e prolongando o período em que as queimadas e incêndios são iniciados na região pela ação humana. Isso acrescenta mais uma camada de complexidade no combate ao crime ambiental.
“Estamos em uma corrida contra o tempo para evitar que a Amazônia atinja seu ponto de não retorno e além das medidas já com eficácia conhecida, será fundamental que governos estaduais, federal e da Pan-Amazônia construam imediatamente uma transição, para deixar para trás uma economia que se nutre de destruição ambiental e construir alternativas socioeconômicas baseadas na floresta em pé e na justiça social”, ressalta Cristiane Mazzetti.
O Greenpeace Brasil estará presente na Cúpula da Amazônia e nos Diálogos Amazônicos entre 4 e 9 de agosto, em Belém, Pará. Esse é um momento-chave para pressionarmos os governos dos países amazônicos por mudanças que materializem um novo olhar para a Amazônia, um olhar de quem vive e conhece a região, e que seja capaz de superar a concentração de renda e pobreza, conviver com a biodiversidade, respeitar os direitos humanos e considerar os muitos modos de vida e culturas que compõem a Amazônia.
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