A 24a Conferência de Clima da ONU teve início neste domingo com a mensagem clara: não há mais tempo a perder
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Neste
domingo de abertura da COP24, diversas organizações ambientalistas como
o Greenpeace e cerca de 36 mil pessoas se reuniram em Berlim e Colônia,
na Alemanha, para pedir o fim do carvão, uma das fontes de energia mais
poluentes para o aquecimento global © Gordon Welters / Greenpeace
Parece irônico e contraditório que esta conferência esteja sendo realizada em uma das principais produtoras de carvão da Europa – uma cidade gelada e escura, que usa as luzes de Natal para apaziguar o concreto do crescimento industrial. Não à toa, ativistas em vários países vêm realizando manifestações e protestos pacíficos pedindo o abandono dessa energia suja que tanto contruibui para o aquecimento global, como na foto acima.
A COP deste ano é de especial importância, pois o Acordo de Paris, que determinou os compromissos de todas as nações para limitar o aumento da temperatura global em 2 oC, começa a valor em 2020. Em pouco mais de um ano, portanto, os países precisam avançar substancialmente para concluir as regras desse Acordo e finalmente colocar em prática metas ambiciosas de redução de gases de efeito estufa.
O relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climática) alertou este ano que precisamos de medidas urgentes e sem precedentes para cortar pela metade nossas emissões atuais até 2030, do contrário, o mundo pode alcançar 1.5 oC de aquecimento global antes mesmo da primeira metade do século. É por isso que os governos precisam agir agora, não temos tempo a perder. Um aquecimento nesse nível causará alterações climáticas irreversíveis e eventos extremos mais frequentes, que prejudicarão não apenas a economia mundial, mas principalmente a vida das pessoas. O Observatório do Clima detalhou bem todos os passos e avanços nas negociações que são necessários este ano.
Liderança perdida
Este ano, estamos mais uma vez sob atenção da comunidade internacional, mas desta vez com desconfiança. Enquanto os líderes e diplomatas estão reunidos para deliberar sobre como serão as regras para conter a emissão de gases de efeito estufa por cada país, o governo brasileiro anunciou poucos dias antes que não sediará a Conferência do Clima de 2019, renunciando um papel importante de liderança no tema. Para somar a esta má notícia, o desmatamento aumentou 13,7% em relação ao ano passado. Entre agosto de 2017 e julho de 2018, foram destruídos 7.900 km2 de florestas, o equivalente a 987 mil campos de futebol e o maior aumento da década.

O
desmatamento na Amazônia foi o mais alto dos últimos dez anos e a perda
de florestas é a maior contribuição brasileira para o aquecimento do
planeta © Daniel Beltrá / Greenpeace
Fabiana Alves é especialista de Mudanças Climáticas do Greenpeace Brasil, e está em Katowice, na Polônia, acompanhando as negociações da COP24
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