Presidente da Câmara promete atender parcialmente à
demanda de organizações sobre fim de poluentes, mas o texto que vai a
votação ainda pode melhorar
O presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Milton Leite
(DEM), afirmou que o conteúdo do Projeto de Lei (PL) de sua autoria
sobre os combustíveis da frota de ônibus vai contemplar a demanda das
organizações de zerar as emissões de poluentes pelos ônibus, mas só
daqui a 20 anos. O vereador fez essa declaração em reunião realizada
hoje (8/11), na câmara, com representantes do projeto Cidade dos Sonhos,
Greenpeace, Idec, Minha Sampa e Rede Nossa São Paulo. O PL deverá ser
colocado para primeira votação amanhã.
O projeto de lei, que vai substituir a legislação em
vigor de zerar os poluentes dos ônibus até 2018, completamente ignorada
pela prefeitura e pelas empresas, escalona a transição do diesel para
combustíveis limpos ao longo dos anos. A meta para os próximos dez anos,
segundo Leite, é reduzir as emissões a 50% de Gás Carbônico (CO2), 80%
de Óxido de Nitrogênio (NOx) e 90% de Materiais Particulados (MP). Em 20
anos, essas porcentagens deverão ser de 100% de CO2, 95%
de NOx e 95% de MP. Haverá sanções de até R$ 3.500,00 por mês para
cada ônibus que não cumprir a lei. A transição dos combustíveis será
monitorada por um comitê que contará com a participação de membros da
sociedade civil.
“Do nosso ponto de vista, o ideal é que a transição
fosse realizada em no máximo dez anos e apresentamos estudos técnicos
que mostram que essa é seria uma meta possível, economicamente viável e
benéfica para a cidade. Entretanto, depois de cinco meses de discussões,
esse é o texto possível para o presidente da casa”, diz Flavio
Siqueira, representante do projeto Cidades dos Sonhos.
O vereador acredita que a segunda votação seja marcada para dentro de
duas semanas. “Não vamos aceitar nada abaixo disso, e ainda há bastante
espaço para subir a ambição. Vinte anos para zerar as emissões dos
ônibus é muito tempo. Agora vamos dialogar com todos os vereadores para
não permitir retrocessos”, afirma Davi Martins, do Greenpeace.
De acordo com estudo do Instituto Saúde e
Sustentabilidade, mais de 4 mil mortes por ano em São Paulo são causadas
pela poluição dos ônibus. A pesquisa revela ainda que eliminação dos
poluente poderia evitar um impacto bilionário na economia relacionado a
problemas de saúde.
Entenda o caso:
2009 - Promulgada lei n. 14.933/09 de
Política Municipal de Mudança do Clima, segundo a qual a cidade deveria
ter 100% de sua frota de transporte público municipal movida a
combustíveis limpos até 2018.
2017 – A legislação foi sumariamente ignorada pelas empresas e pela prefeitura.
Menos de 2% dos pouco mais de 14 mil ônibus que rodam
na cidade são abastecidos com combustíveis não poluentes - três ônibus
elétricos, 200 trólebus e 10 ônibus movidos a álcool.
Maio de 2017 – O vereador Milton Leite (DEM)
apresenta Projeto de Lei (PL 300) para substituir os combustíveis da
frota de diesel especificamente por biodiesel até 2037, sem deixar
margem para utilização de outras tecnologias de combustíveis limpos.
Maio de 2017 – Instituto Saúde e
Sustentabilidade divulga estudo que mostra que 4.700 pessoas morrem,
todo ano, em São Paulo em decorrência da inalação de material
particulado vindo dos ônibus municipais e gera custos de R$ 54 bilhões
com saúde da população.
Agosto de 2017 – Cidade dos Sonhos,
Greenpeace, Idec, Minha Sampa e Rede Nossa São Paulo iniciam campanha
para uma transição completa dos atuais ônibus a diesel para combustíveis
100% limpos em menos de 10 anos com sanções para as empresas que
descumprirem as metas. Com economia de 28% para os cofres públicos.
Em audiência pública, vereador Milton Leite propõe
substitutivo ao texto original. Abandona a definição da tecnologia a ser
utilizada (biodiesel) e propõe uma meta de redução de apenas 20% de
gás carbônico (CO2), 60% de Óxido de Nitrogênio (NOx) e 70% de Material Particulado (MP), em 10 anos.
Primeira reunião das organizações com o vereador
Milton Leite, que se compromete a elevar as metas de redução de
emissões, a impor sanções para as empresas que descumprirem a lei,
incluir a sociedade civil e auditoria independente no monitoramento das
empresas.
Setembro de 2017 – Em nova audiência pública, os
vereadores Milton Leite e Gilberto Natalini, apresenta novo texto
prevendo uma meta ainda tímida: 40% de CO2, 70% de NOx e 80% de MP, em
10 anos e com sanções fracas pras empresas.
Segunda reunião das organizações com o
vereador Milton Leite. Os estudos de viabilidade técnica e econômica
para uma transição completa são reiterados pelas organizações. Milton
Leite não reconhece a validade dos estudos apresentados.
Comitê Municipal de Mudança do Clima emite parecer sobre a necessidade e viabilidade de zerar as emissões de CO² em até 20 anos.
Outubro de 2017
- Terceira reunião das organizações com vereador Milton Leite, com
participação do vereador Gilberto Natalini. Milton Leite continua a
ignorar os estudos técnicos apresentados e não define data para o fim
das emissões de poluentes pelos ônibus.(Texto de: Cidade dos Sonhos, Greenpeace, Idec, Minha Sampa e Rede Nossa São Paulo)
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.