Thursday, November 30, 2017

Samsung: fuelling climate change

Blogpost by Insung Lee

As extreme weather increases, the world is being forced to wake up to the realities of climate change.
The good news is that every day more and more people are coming together, taking action to ensure a greener future for us all.
Unfortunately, there are still a handful of outspoken people and backward-looking companies who either outright deny climate change is real or are just sticking their heads in the sand, or should we say coal?
One of those is Samsung Electronics. Yes, that’s right. One of the biggest companies in the world is still using dirty, polluting energy sources like coal to make the millions and millions of gadgets many of us use every day. 19th century coal to make 21st century gadgets.
In fact, Samsung even admits the company uses only 1% renewable energy in its production!
Yulin, located in Shenfu coalfield, together with Ordos and Shuozhou (Shanxi), is known as the “Golden Triangle of Coal” in China.
Yulin, located in Shenfu coalfield, together with Ordos and Shuozhou (Shanxi), is called the “Golden Triangle of Coal” in China.
Thanks to the tireless work of people like you, hundreds of companies, including its arch-rival Apple, have woken up and are going 100% renewable.
We are all doing our part, now it’s Samsung's turn.
A company like Samsung is just too big to ignore. In 2016 alone it produced about 400 million smartphones, provided parts for other companies like Apple, Huawei and even Tesla and turned in a profit of 10 billion USD! This is a company whose adverts tell us to “do what you can’t” and “do bigger things”. We think it is about time Samsung took a look in the mirror and started to walk the talk.
The trouble is, we are running out of time.
The more time spent talking instead of acting, following instead of leading or stepping instead of leaping, the more uncertain our future, and their future becomes. Samsung Electronic’s leadership faces a choice to decide which side are they on: the progressive, responsible companies looking to the future or those who history will judge for their inaction and for holding us back.
Together we can create a movement companies like Samsung can’t ignore.
Add your voice to convince Samsung to #DoBiggerThings: stop fueling climate change and choose renewable energy. 
Insung Lee is an IT campaigner at Greenpeace East Asia, Seoul office.

Tuesday, November 28, 2017

Um trilhão de reais para a poluir

Postado por Márcio Astrini*

Para favorecer empresas do petróleo, inclusive estrangeiras, nosso governo quer usar o dinheiro do bolso do contribuinte para destruir o clima.
Arte de rua pede "ar limpo já" enquanto o governo brasileiro está prestes a favorecer a indústria do petróleo e abrir R$ 1 trilhão nos cofres públicos. (Foto: ©Lorenzo Moscia/Greenpeace)
Em março deste ano, o ministro do comércio do Reino Unido, Greg Hands, estava no Brasil e se encontrou com nosso secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa. Na pauta, os interesses de empresas petrolíferas britânicas – em especial a BP, a Shell e a Premier Oil, que estariam preocupadas com taxações e licenciamento ambiental por aqui. Pedrosa disse que estava pressionando seus pares no governo brasileiro para que os interesses das petrolíferas britânicas fossem atendidos. Parece que os esforços de Pedrosa deram certo. E como.
Em meados de agosto, o Governo enviou ao Congresso a Medida Provisória 795/2017, que reduz os tributos que petrolíferas pagarão ao cofres públicos. A garfada no bolso dos brasileiros poderá chegar ao valor de 1 trilhão de reais em isenções fiscais nos próximos 25 anos – recheando assim os bolsos das empresas petrolíferas internacionais. O texto está prestes a ser votado na Câmara dos Deputados. O governo brasileiro também renovou o Repetro, um regime de isenções fiscais para importação de equipamentos da indústria petrolífera. Em outubro, a Shell disputou seis áreas para explorar petróleo no pré-sal. Ganhou três.
Já a BP, que levou dois blocos no último leilão de pré-sal, está atualmente tentando obter o licenciamento ambiental para buscar petróleo na foz do rio Amazonas a partir de 2018. O Ibama alega que o estudo de impacto ambiental da empresa tem falhas e faltam dados mais completos. E pediu revisões.
Mas a MP 795 não foi feita apenas para esvaziar o bolso do contribuinte. Ela também é uma tragédia ambiental de proporções globais. Ao ofertar incentivos trilhardários à indústria do petróleo, o país corre para ficar na contramão de todos os esforços de combate às mudanças climáticas. E ignora que as mudanças climáticas já fazem muitas vítimas. Afinal, a queima de combustíveis fósseis como o petróleo é um dos principais responsáveis pela poluição do planeta.
O real propósito do governo fica claro em um texto postado nas redes sociais pelo diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Décio Oddone. Ele afirmou: “Estamos em transição para uma economia de baixo carbono. Vai sobrar petróleo embaixo da terra. Espero que não seja o nosso”.
Lobby escancaradoA denúncia de lobby entre governo britânico junto ao brasileiro para favorecer empresas petrolíferas foi divulgada pelo jornal britânico The Guardian. A informação veio de um documento obtido pelo Unearthed, braço de investigação do Greenpeace do Reino Unido. E já desencadeou em um pedido de investigação à Procuradoria Geral da República e reverberou no parlamento inglês.
É inegável que o encontro teve efeito em decisões do governo. A Shell é a maior petroleira privada em operação no Brasil, e a BP também tem uma atividade relevante para as cifras da economia nacional.
O que vemos, com essa série de desdobramentos, é mais uma vez o governo atendendo, sem nenhum pudor, aos interesses internacionais – e privados – em detrimento dos interesses do Brasil, dos brasileiros e do meio ambiente.
Há pouco tempo, ocorreu um escândalo parecido envolvendo o mesmo Ministério de Minas e Energia e mineradoras. Naquela oportunidade o governo havia editado um decreto abrindo a área conhecido como RENCA, em uma região intocada da Amazônia e rica em ouro, para ser explorada a pedido de empresas canadenses.  

No começo de novembro, os países do mundo inteiro estavam reunidos na Alemanha, conversando sobre como reduzir emissões de gases que causam o aquecimento global. E o Brasil, na contramão do que prometeu na COP23, está entregando o petróleo de seu subsolo a um custo baixíssimo em termos financeiros – e altíssimo em termos ambientais e sociais.
A MP do Trilhão entrega o Brasil aos interesses internacionais E ainda coloca nosso país na posição de vilão do bem-estar e da segurança climática.
*Márcio Astrini é coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil

Wednesday, November 22, 2017

Madeira manchada de sangue

Acusado de ser o mandante do massacre de Colniza, Valdelir João de Souza segue foragido da justiça, o que não o impede de negociar madeira amazônica

No fim de semana do dia 19 de abril de 2017, quatro homens armados com facas, facões, revólveres e espingardas entraram em um ramal do Distrito de Taquaruçu do Norte, zona rural de Colniza, no Mato Grosso, com o objetivo de matar e aterrorizar a população local. O grupo de extermínio, conhecido como “Os Encapuzados”, percorreu cerca de dez quilômetros promovendo execuções e tortura. Ao todo, nove pessoas foram mortas.
Segundo denúncia do Ministério Público do Estado do Mato Grosso (MPE-MT), o ataque, que ficou conhecido como “massacre de Colniza”, foi motivado pela cobiça de madeireiros e grileiros pelos recursos existentes na região de Taquaruçú do Norte, distrito do município de Colniza.
Apontado pelo MPE-MT como o mandante do crime, Valdelir João de Souza, conhecido como “Polaco Marceneiro”, é proprietário das empresas Madeireira Cedroarana e G.A. Madeiras, responsável pelo Plano de Manejo Florestal localizado ao lado do local da chacina. A motivação do crime estaria na existência de espécies valiosas, como o ipê, jatobá e massaranduba, amplamente utilizados para construção de decks e móveis de alto valor comercial, na área de floresta em que viviam os agricultores assassinados.
Souza está foragido, mas suas madeireiras continuam funcionando normalmente, processando madeira que depois é vendida no mercado nacional e internacional. Uma investigação do Greenpeace publicada no relatório “Madeira manchada de sangue” mostrou que, de maio a agosto de 2017, a madeireira Cedroarana enviou sete remessas de madeira para os Estados Unidos. No dia em que ocorreu a chacina em Colniza, essa mesma empresa embarcou cargas de madeira para os Estados Unidos e Europa. Em 2016 e 2017, exportou milhares de metros cúbicos de madeira amazônica para países como os Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda e Portugal.
Preencha o formulário e receba o relatório completo:


Em protesto, ativistas do Greenpeace instalaram um banner na madeireira Pampa, próxima de Belém (PA), em 2014, com o recado "lavado para exportação". (© Marizilda Cruppe/Greenpeace)
Graças a facilidade de fraudar os sistemas de licenciamento e controle de madeira no Brasil, cenas como as do “massacre de Colniza” estão se tornando cada vez mais comuns, especialmente na Amazônia, onde os conflitos no campo são frequentemente ligados à madeira ilegal. A pressão exercida pela indústria madeireira e pela grilagem de terras vem ameaçando as florestas da região e colocando populações rurais e tradicionais sob ameaça. São inúmeros relatos de execuções com requintes de crueldade, tentativas de assassinato e intimidação, o que gera um clima de tensão e medo na vida das pessoas que defendem a floresta.
Como afirma a extrativista Giselda Pereira Ramos Pilker, moradora da Resex Massaranduba, que fica em Rondônia, região que sofre com a violência promovida pela madeira ilegal, as ameaças constantes acabam mudando a rotina de todos que dependem da floresta: “Eu tenho orgulho de cuidar disso tudo. Tenho certeza de que não é meu, que pertence a um bem muito maior, de bilhões de pessoas. E vou lutar com todas as minhas forças até alguém me escutar”, diz.
Madeira ilegal e violência
Estados como Pará, Mato Grosso e Rondônia são responsáveis por mais de 85% da produção de madeira serrada na Amazônia. Se existisse um plano nacional de apoio ao manejo comunitário, a exploração madeireira poderia servir como fonte de renda para as populações da floresta e um meio de mantê-las na terra, em segurança, protegendo a floresta. Mas não é o que acontece. Estudos apontam que parte da madeira que entra no mercado foi explorada de áreas onde a extração não é permitida, como Unidades de Consevação de proteção integral , Territórios indígenas e áreas de manejo extrativista. Quando populações tradicionais e indígenas oferecem oposição ao roubo de madeira, acabam colocando-se na mira da violência, entre a floresta e os criminosos.
O mapa mostra a relação entre assassinatos no campo nos últimos dez anos e o Arco do Desmatamento
“A impunidade para este tipo de crime e a falta de seriedade do Estado em combater a ação de madeireiros ilegais criam um ambiente propício para que a ilegalidade prospere”, afirma Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Diante desse cenário, fica impossível confiar na procedência da madeira brasileira, pois a cadeia está toda contaminada”, completa.
O relatório “Madeira Manchada de Sangue” faz parte da campanha Chega de Madeira Ilegal do Greenpeace, que desde 2014 investiga, denuncia e expõe casos de fraudes em nos sistemas de licenciamento e controle de madeira do Brasil. “Infelizmente, o Brasil ainda não avançou. Não temos sistemas integrados de licenciamento e controle da cadeia produtiva de madeira e planos de manejo com indícios de irregularidades continuam ativos. Até que consigamos como sociedade mudar isso, os povos que estão na linha de frente pela proteção das florestas continuarão a sofrer as consequências diretas e o restante do mundo as indiretas”, diz Batista.

População questiona exploração de petróleo perto dos Corais da Amazônia

Postado por Thaís Herrero

Durante audiências públicas da empresa BP, moradores do Pará e do Amapá se mostraram preocupados com o projeto de perfuração na Foz do Amazonas e com um possível vazamento de petróleo

Ativistas do Greenpeace entregam banner à BP com mensagens de pessoas do mundo todo que não aceitam a exploração de petróleo perto dos Corais da Amazônia. (Foto: ©Juliana Costa/Greenpeace)
 “Na maioria dos grandes projetos que vêm para a Amazônia, são as empresas que ficam com os maiores lucros. É difícil que a população esteja satisfeita considerando que o projeto da BP visa o capital da própria empresa. E vemos que, em caso de um vazamento de petróleo, será muito difícil restaurar a vida marinha da região". Foi assim que Lucilene de Souza, da comunidade de Colares, no Pará, descreveu seu sentimento sobre o projeto da britânica BP de explorar petróleo na bacia da foz do rio Amazonas.
Lucilene foi uma das cerca de 1.500 pessoas que participaram das audiências públicas que a BP e o Ibama realizaram entre os dias 9 e 13 de novembro em Belém, no Pará, e em Oiapoque e Macapá, no Amapá. Esses são municípios que serão impactados ou envolvidos de alguma forma pela busca ao petróleo, que a empresa planeja para 2018.
Nós do Greenpeace estivemos nas três audiências para levar questionamentos e a mensagem daqueles que são contra o projeto mas não puderam estar presentes. O bloco que a BP quer perfurar está próximo aos Corais da Amazônia, um ecossistema único no mundo e ainda pouco conhecido pela ciência.
O que vimos nas três cidades foi um mesmo cenário: cidadãos com muita ânsia em ser ouvidos, repletos de dúvidas sobre o que de bom a exploração de petróleo trará para eles e receios sobre o impacto de um possível de vazamento de petróleo. Mesmo as poucas pessoas que apoiavam o projeto pediam investimentos ou empregos para a região.

Quando Gilberto Iaparrá, cacique do Conselho Indígena do Oiapoque, falou ao microfone, mostrou preocupação de que um vazamento alcance o rio Uaçá, que banha sua terra indígena. “Vocês estão vindo aqui falar sobre a exploração de petróleo no nosso mar. E eu quero saber como ficarão nossos peixes e nossos caranguejos em caso de um vazamento. A gente se preocupa com o nosso meio ambiente porque é nele que vivemos, é onde vivem nossas crianças", disse.
A resposta evasiva que os representantes da BP deram a ele e a todos que perguntaram sobre um possível vazamento foi a mesma: "Não há risco de o óleo chegar na costa". Muitos moradores do Oiapoque, no entanto, alegam que o mar traz, sim, detritos da região onde estão os blocos. E esse conhecimento vem de gerações. Falhas no Estudo de Impacto ambiental como essa foram detalhadas em nossa publicação Amazônia em águas profundas.

A chance de um vazamento de petróleo preocupa principalmente a grande comunidade de pescadores nos dois estados. A professora de ecologia aquática e pesca da UFPA, Voyner Ravena, levantou um ponto importante: Não se sabe hoje como são os estoques de peixes na região onde a BP quer operar. "Se acontecer um vazamento ninguém vai ter como saber como era a região antes do acidente. Não existem dados sobre os peixes que vivem aqui", disse.
Tanto em Macapá quanto em Oiapoque houve também quem questionasse a BP por querer buscar petróleo na costa do Amapá, mas usar Belém, no Pará, como base de operações. Nenhum emprego será gerado no Amapá. E serão poucos em Belém. O argumento da BP é que para essa fase inicial, o Amapá não tem estrutura suficiente para receber a empresa. Em Oiapoque, professores da rede municipal pediram várias vezes que a empresa, se quiser atuar na região, deve investir em educação ali.
Thiago Almeida, especialista em petróleo do Greenpeace Brasil, levantou o fato de que a BP insiste no plano de explorar petróleo na região, mesmo depois de sabermos que os blocos estão próximos aos Corais da Amazônia e em uma região onde vivem espécies de animais ameaçados de extinção e potenciais novas espécies, que ainda nem foram descobertas pela ciência. "Sabendo que a BP tem em seu currículo o pior derramamento de petróleo da história, e levando em conta o pouco conhecimento que temos sobre o bioma dos Corais da Amazônia, ainda assim a empresa acha que vale a pena seguir com esses planos? Isso sem mesmo saber o que existe lá? Se a gente não sabe o que existe lá e o tamanho da área, como podemos prever os impactos?", questionou.
A resposta de Luís Pimenta, coordenador de respostas e emergência da BP, foi que a empresa aprendeu muito com o desastre no Golfo do México. Mas, para o Greenpeace, esse é o tipo de aprendizado que preferimos não arriscar a ter. "Em função do pouquíssimo conhecimento que se tem sobre o bioma e a região, quero pedir que seja adotado o princípio da precaução e que a BP fique longe da região e abandone seus planos", disse Thiago.

Audiências públicas são bons termômetros para entendermos como a população está recebendo um projeto. E, de acordo com o que vimos em Belém, Oiapoque e Macapá, o povo não está convencido de que o petróleo na foz do Amazonas é um bom ou seguro negócio. Depois do povo dizer não, a Ciência dizer não, e mais de 1,3 milhão de pessoas dizerem não ao petróleo perto dos Corais da Amazônia, o que a BP está esperando para desistir de vez desses planos irresponsáveis?

Se você concorda, assine e compartilhe nossa petição. E vamos pressionar as petrolíferas a ficarem longe dos Corais da Amazônia.
 
Em Macapá, durante a audiência pública, voluntários do Greenpeace fizeram primeira atividade na cidade, contando para a população sobre a importância de defender os Corais da Amazônia da ameaça do petróleo (Foto: ©Eliana Gonçalves/Greenpeace)

Sunday, November 19, 2017

COP23 chega ao fim com vácuo de liderança entre os países

Postado por Fabiana Alves

Com alguns avanços nas regras que colocarão em prática o Acordo de Paris, falta ainda a ambição necessária para lidar com a emergência da crise climática que já está impactando os mais vulneráveis

Manifestantes pedem ação imediata na Marcha do Clima, durante a COP23
  Após duas semanas de trabalho intenso na 23a Conferências das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP23), que reúne delegações de quase todos os países do mundo, avanços nas negociações para a implementação do Acordo de Paris em 2018 começam a adquirir forma, mas sem a ambição desejada e necessária diante da emergência climática. Alguns pontos importantes ainda estão em aberto, como o financiamento de ações em países em desenvolvimento por parte dos países desenvolvidos. De qualquer maneira, o que importa não é a linguagem rebuscada usada pelos diplomatas nas imensas salas de reuniões, mas se, em casa, os países irão colocar as negociações em prática por meio de políticas sustentáveis que conectem suas economias com o meio ambiente e com o compromisso de reduzir suas emissões de carbono. Isso se torna ainda mais importante para o Brasil, que se colocou como anfitrião para COP25, em 2019, mas promove atualmente uma agenda de retrocessos ambientais.
As consequências de uma aumento de temperatura global acima de 1.5o C até 2100 podem ser ainda mais devastadoras do que já acontece no mundo. Ilhas como Fiji, que este ano presidiu a COP23, podem desaparecer. A presidência de Fiji trouxe o Talanoa Dialogue, diálogo facilitativo ligado a objetivos de longo prazo e para informar a preparação de contribuições nacionais (NDCs), ou seja, elevar as metas de redução de emissões estabelecidas por cada país. Espera que o espírito de Fji, uma ilha no Pacífico bastante impactada pelas mudanças climáticas, possa prevalecer e que os países consigam ser mais ambiciosos no ano que vem.
Secas, furacões, ciclones e inundações estão cada vez mais comuns. Todas essas mudanças no clima já impactam os mais pobres e vulneráveis e criam uma nova espécie de injustiça social. Normas internacionais para evitar que isso aconteça estão sendo criadas e apoiadas, mas os impactados pelo aumento da temperatura global não podem esperar.
Este ano o governo Trump oficializou a saída do Acordo, porém grande parte da delegação americana, composta por governadores e prefeitos, reafirmou o compromisso de, em seus mandatos, tomar atitudes em prol do meio ambiente e de uma economia sustentável. Trump se isola internacionalmente. Enquanto o presidente americano ruma sozinho de volta ao passado, vários países e estados anunciam que fecharão a indústria de carvão para geração de energia - uma aliança criada nesta COP, chamada “Powering Past Coal Alliance”, formada por Inglaterra, Canadá, México, França, Finlândia, Nova Zelândia, Itália, Dinamarca, El Salvador, os estados americanos de Washington, Óregon, e as províncias canadenses de Quebec, British Columbia e Ontário.
O governo brasileiro foi campeão, não apenas do “Fóssil do Dia”, mas também da contradição entre o que é dito e negociado internacionalmente e o que é feito dentro do país. No meio da COP23, enquanto a diplomacia brasileira propunha alternativas em busca de consenso entre os países, e até se colocou como o anfitrião para a COP25, em 2019, o governo Temer propunha a “MP do Trilhão”, medida provisória que pode dar, se aprovada pela Câmara, R$ 1 trilhão em subsídios para a indústria do petróleo. Em vez de anunciar pacotes de incentivo às energias renováveis e defender o Desmatamento Zero para conter as emissões de gases de efeito estufa no Brasil, o país toma esta atitude esquizofrênica que pode aniquilar a meta de 1,5 grau.
O avanço no combate às mudanças climáticas deve acontecer com a melhoria da vida de cada pessoa, na busca de um Brasil e um mundo mais justo. O Greenpeace sai da COP23 para a vida real apoiando uma agricultura sustentável e sem agrotóxicos, o desmatamento zero, o uso e implementação de transporte coletivo limpo e o investimento na energia solar. O que se espera dos governantes que estiveram nos corredores gelados de Bonn é que retornem para casa e arregacem as mangas a caminho de um futuro mais justo para todos.

Brasil ganha 'Fóssil do Dia' na COP 23

Projeto irresponsável do Governo Temer de conceder um trilhão de reais em subsídios à indústria do petróleo deu o “prêmio” ao país

Cerimônia de entrega do Fóssil do Dia ao Brasil expõe a contradição do governo em pedir por mais ambição no combate ao aquecimento global ao mesmo tempo em que mina esses esforços dando mais incentivos à indústria do petróleo Foto: Divulgação
Nesta quarta-feira (15), dia em que celebra a Proclamação da República, o Brasil passou por um novo vexame internacional ao receber o “Fóssil do Dia”, na Conferência do Clima da ONU em Bonn, na Alemanha. O motivo foi a Medida Provisória do governo Temer de conceder à indústria do petróleo um trilhão de reais para incentivar a exploração do pré-sal. O consumo dessas reservas aniquilaria a meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C.
A MP do trilhão, como está sendo chamada, aguarda aprovação na Câmara dos Deputados, mas expõe a contradição do governo em pregar por mais ambição no combate às mudanças climáticas ao mesmo tempo em que busca incentivar a indústria atrasada do petróleo, além de promover diversos retrocessos ambientais.
"Para as negociações do clima, o Brasil é um país decisivo. Porém, para o presidente Temer, os problemas climáticos parecem ser dispensáveis. A MP 795 nos coloca na contramão do que o mundo precisa. As mudanças no clima  atingirão principalmente os mais necessitados, por isso são necessárias ações urgentes e ambiciosas. Porém, sabemos que não temos um presidente à altura de tais atos", afirma Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.
O prêmio “Fóssil do Dia”, uma iniciativa da Climate Action Network, é entregue diariamente por organizações da sociedade civil na COP como forma de denunciar os países que menos contribuíram para o progresso das negociações e mais se afastaram do cumprimento das metas para conter o aquecimento global. Nesta COP já foram contemplados países como Estados Unidos, Japão, Austrália, Alemanha, França e Noruega.

Wednesday, November 15, 2017

Subsídios do Brasil à indústria do petróleo podem aniquilar a meta de 1,5 grau

Decisão do governo Temer de conceder um trilhão de reais em incentivos fiscais à indústria atrasada do petróleo ameaça o combate ao aquecimento global e não ajuda a economia brasileira

Ao atrelar a economia ao atraso dando mais incentivos ao petróleo, o governo Temer ameaça o combate ao aquecimento global e a sobrevivência das pessoas
Enquanto diplomatas brasileiros estão em Bonn (Alemanha) defendendo a rápida implementação do Acordo de Paris, em casa o governo Michel Temer publicou uma lei de emergência que pode pôr em perigo o objetivo do acordo climático: a peça enviada ao Congresso cria incentivos fiscais de até US$ 300 bilhões para companhias de petróleo de todo o mundo para acelerar a extração de petróleo na camada pré-sal brasileira. Se for bem sucedida, o Brasil estará subsidiando suas reservas de petróleo, cujo desenvolvimento poderia, sozinho, consumir pelo menos 7% do orçamento restante de carbono da humanidade.
O projeto de lei foi proposto em agosto, mas só foi votado agora, em um momento ameaçador – durante a COP23 e dias após a Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicar dados indicando que 2017 será um dos três anos mais quentes registrados.
Em um momento em que todos os países sinalizam em Bonn que a redução das emissões de carbono é fundamental para um futuro climático seguro e que as NDCs atuais não são suficientes para a sua entrega, as reservas conhecidas de petróleo do pré-sal são uma bomba-relógio. Elas são estimadas em 176 bilhões de barris recuperáveis que, se queimados, poderiam libertar 74,8 bilhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Isso equivale a 7% de todo o dióxido de carbono que a humanidade ainda pode emitir se quiser atingir o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo dos 2 °C; e representam 18% do que ainda podemos despejar no ar para atender o mais ambicioso objetivo de estabilizar o aquecimento a 1,5 °C - o único limite de temperatura segura para as nações insulares como Fiji, anfitriã da COP23.
“No passado, o Brasil desempenhou um papel relevante nas negociações climáticas, tanto pela redução do desmatamento quanto com sua NDC que tem metas para 2025 e 2030. O apelo da COP23, em Bonn, é que os países intensifiquem e elevem a ambição em suas NDCs a partir de 2020. O Brasil deve expandir as energias renováveis ​​e manter no subterrâneo as reservas do pré-sal em benefício de sua população e como uma parte justa para manter o aumento da temperatura a 1,5 °C”, diz Manuel Pulgar-Vidal, líder de mudanças climáticas e energia do WWF.
Poucos dias antes do início da COP23, os novos dados publicados pelo Observatório do Clima brasileiro mostraram que as emissões de gases de efeito estufa do Brasil aumentaram 8,9% em 2016 em relação ao ano anterior, mesmo durante uma profunda recessão. O Brasil, o sétimo maior poluidor do clima do mundo, tornou-se a única grande economia do mundo a aumentar a poluição sem aumentar a renda. De acordo com Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, isso mostra a divisão entre o discurso internacional do país e a ação nacional.
“Este projeto de lei não é apenas uma aberração climática, mas também uma irresponsabilidade econômica para um país ainda em profunda recessão. Ao dar um grande subsídio de centenas de bilhões ao petróleo, o presidente Michel Temer está condenando o planeta e amarrando seu país a ativos fósseis encalhados”, diz Carlos Rittl. “Uma vez que o presidente foi irresponsável ao enviar este projeto de lei ao Congresso, a tarefa de parar essa loucura está agora nas mãos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia”.
Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace, acrescenta que os incentivos para acelerar o desenvolvimento do pré-sal têm consequências não só para o Brasil, mas também para todo o planeta. "Este é um sinal terrível. Mais importante do que as palestras são as ações práticas que podem nos levar a lutar contra as mudanças climáticas. Com este projeto de lei, o Brasil tornará a responsabilidade global de reduzir as emissões ainda mais difícil do que já é".
"O governo brasileiro deve cumprir os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris e reestruturar completamente sua matriz energética redirecionando os recursos para as energias renováveis, mas eles estão dando subsídios que fortalecem a indústria de combustíveis fósseis. Esse projeto de lei não só prejudica a segurança pública, mas também aumentará exponencialmente as emissões de gases de efeito estufa do país. Essa irresponsabilidade precisa ser denunciada”, diz Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina.

Desastre da Samarco no Rio Doce é destaque em relatório da ONU

Publicação internacional alerta para desastres de mineração em todo o mundo e pede a governos e empresas do setor mais transparência, responsablidade e boas práticas

O desastre na bacia do Rio Doce é o exemplo mais gritante do que não deveria acontecer, mas o risco disso se repetir ainda é alto, segundo a ONU. Foto: Victor Moriyama/ Greenpeace

Na última segunda-feira (13), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou relatório exortando  governos e a indústria a agir para impedir o derramamento de rejeitos mortais de mineração, que são prejudiciais em todo o mundo. Na capa, o distrito de Bento Rodrigues (MG) completamente destruído pela lama da mineradora Samarco.
Como os impactos – e a irresponsabilidade – da mineração são percebidos em todo o mundo, as Nações Unidas publicaram um relatório em ingles de 70 páginas intitulado "Armazenamento de rejeitos minerais: segurança não é acidente", em tradução livre. Ele destaca mais de 40 falhas ou desastres com resíduos de mineração na última década, incluindo sete suficientemente significativos que chamaram a atenção da mídia internacional desde 2014. Essas falhas já mataram 341 pessoas desde 2008, danificaram centenas de quilômetros de vias navegáveis, afetaram fontes de água potável e comprometeram os meios de subsistência de dezenas de comunidades.
Mas para além de uma avalição do que já aconteceu, o relatório do PNUMA aponta ainda para milhares de outras represas de rejeitos minerais que representam uma ameaça potencial para as pessoas e para o meio ambiente em todo o mundo. "O crescente número e o tamanho das barragens ao redor do planeta amplia o potencial custo ambiental, social e econômico de uma falha catástrofica, e os riscos e custos da gestão perpétua dos seus impactos. Esses riscos representam um desafio para a atual geração e, se não forem resolvidos agora, será uma dívida que teremos com as futuras gerações", escreveram os pesquisadores.
O relatório faz 18 recomendações em prol de maior transparência, responsabilidade e boas práticas por parte das empresas, incluindo a necessidade de se estabelecer um forum das partes interessadas no âmbito das Nações Unidas para facilitar o fortalecimento internacional da regulamentação de barragens de rejeitos.
"A avaliação do PNUMA demonstra que órgãos internacionais estão observando a conduta de países em respeito à quebra de direitos humanos dentro do setor de mineração. Ressaltar o desastre da Samarco pode ser mais uma pressão para que a Fundação Renova cumpra com sua função", avalia Fabiana Alves, da campanha de Clima do Greenpeace.
"Os impactos nos direitos humanos não devem ser subestimados. Os povos indígenas e as comunidades marginalizadas em todo o mundo enfrentam enormes dificuldades para serem reparados na justiça. A avaliação do PNUMA é um reconhecimento bem-vindo da importância da segurança dos resíduos de mineração na proteção dos direitos humanos", completa Tara Scurr, da Anistia Internacional.

Tuesday, November 14, 2017

Estudo lançado na COP23 indica caminhos para o Brasil zerar o desmatamento na Amazônia

Para organizações responsáveis pela publicação, o caminho já existe, mas é preciso que governos e empresas se comprometam em eliminar, no curto prazo, qualquer forma de desmatamento
O Grupo de Trabalho (GT) pelo Desmatamento Zero - composto pelas ONGs Greenpeace, Instituto Centro de Vida, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, IPAM, TNC e WWF - lançou nesta segunda-feira (13), na COP23, em Bonn, o relatório “Desmatamento zero na Amazônia: como e por que chegar lá”. No estudo, as organizações indicam caminhos para eliminar, no curto prazo, o desmatamento na Amazônia, com benefícios ambientais, econômicos e sociais para todos.

Representantes do GT do Desmatamento Zero apresentam novo estudo durante a COP23. Foto: IPAM
No documento, o GT defende que não há mais justificativas para a destruição da vegetação nativa do Brasil. Continuar desmatando resulta em desequilíbrio do clima, destrói a biodiversidade e os recursos hídricos, traz prejuízos à saúde humana e, ao contrário do que muitos acreditam, compromete a competitividade da produção agropecuária. Em 2016 o desmatamento na Amazônia, sozinho, foi responsável por 26% das emissões domésticas de gases do efeito estufa. Zerar o desmatamento, é portanto, a forma mais rápida e fácil de reduzir emissões e cumprir com o acordo de Paris. 
A boa notícia é que o Brasil já conhece o caminho para o desmatamento zero e sabe como chegar lá. “As medidas implementadas nos últimos anos (2005-2012) derrubaram as taxas de desmatamento na Amazônia em cerca de 70% e indicam que os elementos necessários para atingir o desmatamento zero se encontram presentes”, destaca a publicação.
“O Brasil já sabe o caminho para chegar ao desmatamento zero, mas tem seguido na direção oposta. Temer e o Congresso vêm discutindo e aprovando medidas que incentivam ainda mais desmatamento, grilagem e violência no campo. Caso ações não sejam tomadas urgentemente, o cenário é de permanência de altas taxas de desmatamento na Amazônia”, comenta Cristiane Mazzetti, especialista em Amazônia do Greenpeace Brasil. "O caminho existe, mas é preciso que governos e empresas se comprometam seriamente em  transformar as ações propostas no documento em realidade, eliminando qualquer forma de desmatamento no curto prazo”, complementa. 

@Daniel Beltra/Greenpeace
 “Milhares de pessoas morrem ou adoecem por ano por causa da fumaça das queimadas associadas ao desmatamento. Já sabemos o que fazer para zerar o desmatamento e salvar estas vidas e evitar as doenças. Agora é preciso coragem para agir”, Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon.
“O fim do desmatamento na Amazônia e a conservação florestal representam atualmente o melhor investimento que a agricultura pode fazer a favor de sua produtividade futura. Florestas são grandes sistemas de irrigação da lavoura. Não é só produzir sem desmatar, mas sim produzir mais e melhor, conservando as florestas da região”, Paulo Moutinho, pesquisador sênio do IPAM. 
A trilha para o desmatamento zero, de acordo com as organizações, envolve diversos setores e passa, necessariamente, por quatro eixos de atuação:
  • implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes;
  • apoio a usos sustentáveis da floresta e melhores práticas agropecuárias;
  • restrição drástica do mercado para produtos associados a novos desmatamentos;
  • engajamento de eleitores, consumidores e investidores nos esforços de zerar o desmatamento.
Para o GT, mudanças no sistema de produção agropecuária, combate à grilagem de terras públicas, atuação do mercado e estímulo à economia florestal estão entre as ações mais urgentes para zerar o desmatamento, indicados no estudo:
  • A agropecuária pode continuar a contribuir para a economia produzindo nas áreas já desmatadas. Só na Amazônia há 10 milhões de hectares de pastagens abandonadas ou mal aproveitadas, que poderiam ser usadas para a ampliação da produção de carne e grãos.
  • Em 2016, pelo menos 24% do desmatamento se concentrou em áreas públicas sem destinação. Hoje há 70 milhões de hectares não destinados na Amazônia, que precisam ser convertidos em terras indígenas e unidades de conservação para frear o desmatamento especulativo.
  • O estímulo à economia florestal por meio de programas de governo também precisa ser ampliado. A extração de produtos florestais rendeu cerca de R$ 3 bilhões na média de 2015 e 2016, dos quais R$ 1,8 bilhão são oriundos da exploração de madeira e 537 milhões de extração de açaí.
  • Promover incentivos positivos para aqueles que conservam florestas além da exigência legal.
  • Além de ampliar as ações de comando e controle, que continuam sendo fundamentais, é imprescindível aumentar a eficácia na punição de crimes ambientais.
  • O setor privado deve ampliar esforços no monitoramento completo das cadeias produtivas e bloqueio de produtores que desmatam. Neste caminho, a transparência total de dados socioambientais pelos governos é fundamental.
O relatório reforça, ainda, a importância da mobilização da sociedade contra as tentativas recentes de enfraquecer a proteção florestal, como a flexibilização do licenciamento ambiental, a redução da proteção de Unidades de Conservação, a paralisação dos processos de demarcação de Terras Indígenas e a anistia de grilagem de terras públicas - gerando um lucro de R$ 19 bilhões para grileiros. 
Confira aqui o sumário executivo
Confira aqui o relatório completo

Sunday, November 12, 2017

Fire and Rain

Blogpost by Rex Weyler

The year 2017 may become a historic milestone where the visceral effects of global heating - extreme storms and wildfires - finally reach public consciousness.
 Homeowners Access Hurricane Irma Damage - 12 Sep, 2017Homeowners Access Hurricane Irma Damage - 12 Sep, 2017
Humans have known about the effects of carbon in the atmosphere for two centuries, since the work of Joseph Fourier at the French Academy of Science. A century ago, Swedish chemist, Svante Arrhenius, calculated that doubling atmospheric CO2 would increase Earth's average temperature by 5-6°C, which now appears accurate. In 1981, Dr. James Hansen wrote the first NASA global temperature analysis, and in 1991, the UN convened the first climate conference in Berlin. As of today, none of this has significantly altered the actions of human society enough to actually reduce carbon emissions.
In the last few years, we have witnessed more wildfires and violent storms that are directly linked to global heating. This year, communities around the world have experienced a dramatic increase in climate-related natural disasters, costing thousands of lives and billions of dollars, and leaving behind devastation. 

Year of the fire

I've lived on the west coast of Canada for 45 years, and during that time, I've witnessed a few days of smoke from wildfires in the interior fir and cedar forests. For the past two summers, however, the entire coast has been blanketed in thick smoke through July and August, the summer sun barely piercing the haze. Citizens experience respiratory problems, tourism is disrupted, and firefighting teams from the northern and southern hemispheres now routinely trade support teams in alternate seasons.
In February, the North Pole experienced a staggering +30°C temperature anomaly, unprecedented in modern record-keeping. The melting permafrost releases methane gas, a greenhouse-gas far more powerful than CO2. The Arctic contains about 1.8 trillion tons of carbon, stored as methane, and the UN Intergovernmental Panel on Climate Change has not yet accounted for this significant positive feedback of global heating. The 2017 data so far shows that over the last decade, Earth is heating about twice as fast as IPCC scientists had predicted.
Grass Fire in the Astrakhan Nature Reserve, Russia - 13 Mar, 2015Grass Fire in the Astrakhan Nature Reserve, Russia - 13 Mar, 2015
This extra heat means drier grasslands and forests, resulting in more frequent, more intense fires. Warmer temperatures add moisture to the atmosphere, which we might assume would dampen fires, but it has the opposite effect. Increased precipitation during the winter means that grasslands grow more. Then, during the drier summers, this extra growth becomes added fuel to the fires. Even a fraction of a degree increase to winter temperatures allows insects like pine beetles to move toward the poles, into boreal forests, killing more trees that also add fuel to fires.
During the summer of 2017, fires raged across Europe, killing hundreds, devastating communities, and leading the European Union to declare a state of emergency. Portugal suffered the worst fire season ever recorded, scorching almost 520,000 hectares of forest. It was six times the annual average for recent years, and killed over 100 people. The Interior Minister, Constanca Urbano de Sousa, remarked that she had wanted to quit after 64 people were killed in June wildfires and after investigators had chastised the official response. When October fires killed 42 more citizens, de Sousa resigned.
Meanwhile, four people died from fires in the Galicia region of northwest Spain. Fires in Croatia destroyed homes and other buildings in the village of Podstrana, and the historic town of Split. Along the Dalmatian coastline of the Adriatic Sea, grasslands and woods burned, along with homes, cars, and public buildings. On the southern Adriatic coast, in Montenegro, fires burned through the historic Lustica Peninsula town of Tivat, which had to be evacuated. Montenegro, unprepared for the scale of fires, asked NATO for firefighters, aircraft, and assistance with evacuations.
In Italy this year, some 900 wildfires burned over 130,000 hectares. Residents and tourists were forced to evacuate parts of Rome and Naples, including Mount Vesuvius national park and the Castelfusano coastal pine forest, south of Rome. A beach resort on the island of Sicily had to be evacuated. This is a typical impact of global heating. Italy experienced 30% less rain and 30% more wildfires. In July, fires burned near Castagniers and Nice, in southeast France and on the French island of Corsica. In southwest Turkey, fires destroyed 40 homes as communities evacuated. 
July was the hottest month in 130 years of Moscow's recorded climate history, and smoke from fires blanketed the region. Within a few days in July, fires burned some 150,000 hectares during an historic heat wave and drought.
In May, under record high temperatures and dry conditions, China and Mongolia grew even hotter and drier, leading to some of the largest fires on Earth in recent history. Fires burned through the Greater Hinggan Mountains, threatening the Hanma Nature Reserve and the city of Hulun Buir. In early July, Mongolia's National Emergency Management Agency fought 11 major forest fires across northern Mongolia, exhausting their supply of fire extinguishing equipment. President Khaltmaa Battulga and Prime Minister Jargaltulga Erdenebat prohibited people from entering the forest areas, called an emergency meeting, and instructed their engineers to attempt creating artificial rainfall. Legions of Mongolian citizens, communicating through social media, joined the fire brigades, but by the end of July, they faced more than 20 major fires, some threatening the capital at Ulan Bator.
Fires in western North America, broke records in Alaska, Canada, Washington, Oregon, and California. The Seattle region experienced a +10°C temperature anomaly in August as fires burned through Washington state forests. Wildfires ravaged Oregon and killed 30 people in northern California, destroying some 3,500 homes and businesses in California's wine region, obliterating neighborhoods. Throughout the western United States, over a million hectares burned this summer.
Santa Rosa, California, Fire Devastation - 13 Oct, 2017Santa Rosa, California, fire devastation - 13 Oct, 2017
"Climate change is turning up the dial on everything," said LeRoy Westerling at the University of California. "Dry periods become more extreme, wet periods become more extreme, and fires are increasing. The ecosystem is changing."

Extreme Storms 

Global heating has increased ocean temperatures, adding energy to storms. By October, the year 2017 already approached the all-time record for both total measured storm energy and accumulated damage. This summer, hurricanes Nate, Harvey, Irma, and Maria pounded the Caribbean and Southeastern US. According to the National Oceanic and Atmospheric Administration, the US has experienced 15 weather disasters this year that cost more than $1 billion, an all-time record. A study from 13 US federal agencies concluded that "extreme weather events have cost the United States $1.1 trillion since 1980." 
Hurricane Harvey Flooding Rescue in Texas - 27 Aug, 2017Hurricane Harvey Flooding Rescue in Texas - 27 Aug, 2017
Storms have been getting stronger since the mid-1980s. An analysis of 167 years of data by the Associated Press found that no 30-year period in history had seen this many major storms. Typically, North Atlantic ocean temperatures remain too cool to support hurricane-level storms. This year, warmer than normal North Atlantic temperatures fueled tropical storm Ophelia to hurricane status on October 14, as it moved toward Ireland. Hurricane-force gusts of 192 km/hour hit Ireland, flooding coastal towns, and causing structural damage, vast power outages, and two deaths.
The Atlantic coasts of Ireland, England, France, Spain, and Portugal now face, for the first time, the sustained threat of hurricanes. Four years ago, the Royal Netherlands Meteorological Institute predicted that by 2100, global warming would increase the frequency of hurricane winds in western Europe.
The extreme fires and storms of 2017 signify more than just a 'new normal'. With each fraction of a degree that Earth's average temperature increases, these fires and storms will increase in intensity. The effects of climate change are not linear. A one-degree increase in temperature will yield about four-times the intensity of fires and storms. Some evidence suggests that by mid-century, fires and storms could double in their destructive power. 
A study published in Nature suggests that limiting global heating to the Paris goal of 2°C is now "unlikely". The UN now estimates that the median projected global temperature increase is 3.2°C with a likely range up to 4.9°C and a high end of 8°C. The "new normal" will be constant change; a growing intensity of storms, fires, and other extreme weather, for as long as human carbon emissions continue.
Even if it sounds hopeless, it’s not. We have the chance to act decisively to change our present. All we need to fix this massive challenge is at our disposal.  We just need the courage to come together and make it happen.

Sources and Links:
 How climate change is "turning up the dial" on wildfires: CBS News
"The Uninhabitable Earth,' David Wallace Wells: New York Magazine, June 2017
"Spain, Portugal Wildfires Kill at Least 39": weather.com  
"Wildfires Roar Across Southern Europe": New York Times  
Fires in Russia: the Telegraph
Forest fires in N. Mongolia: Xinhua news
Huge forest fire in northern China: South China Morning Post
Video, Fires in Mongolia / China: China People's Daily
Maps of 2017 global fires: Popular Science
Wildfires, Hurricanes, Tornadoes, October 2017: Countercurrents  
Storms: weather and global warming: MPR News  
Historic Storm: Ophelia Strikes Ireland with Hurricane Force: Robert Scribbler
Hurricane Ophelia Batters Ireland: Weather Underground
"Less than 2°C warming by 2100 unlikely": Nature, July 2017 
"C02 Levels 50 Million Years Ago Tell Us About Climate Change Today": Clean Technica
Tropical forests no longer carbon sinks: Washington Post

Why you shouldn't buy anything on Singles' Day

Blogpost by Lu Yen Roloff

120,000 mobile phones sold in a minute, 1 billion things sold in one day - this is the reality of Singles' Day. It's the world’s biggest online shopping day and it's happening on November 11.  
Created by the Chinese company, Alibaba, in 2009, Singles' Day is now a big event for Chinese and international spenders, where online consumers participate in a massive 24-hour shopping spree. They are on track to top last year's sales of $17.8 billion.
That's more than the total e-commerce sales of Brazil in 2016. Alibaba founder Jack Ma refers to Singles' Day as a “Global Shopping Festival” and retailers around the world are quickly picking up on the trend.
But it's intensifying the worst aspects of consumerism; environmental damage, unnecessary spending, wasteful behaviour and dissatisfaction for shoppers.
Online shopping amplifies environmental costs of consumption
The production of the goods sold on Singles' Day use natural resources and pollute our environment. Fashion alone accounts for 28.5 % of the sales and has a direct impact on the local environment. 20% of rivers and lakes in China have been contaminated as a result of dying, printing, and treatment from the textile industry.
 “Singles' Day is a catastrophe for the environment. Not only does it create huge amounts of waste, but the CO2 emissions from manufacturing, packaging, and shipping are enormous,” says Greenpeace East Asia toxics campaigner, Nie Li.
Details from China indicate that:
  • Singles' Day apparel sales produced 258,000 tonnes CO2 emissions. We would need 2.58 million trees to absorb it all. 
  • The use of cell phones and computers to place online orders produced 3.22 million tonnes of CO2 in 2015.
  • The recycling rate of packaging materials remains low. Less than 10% of paper, cardboard and plastic packaging used in delivery are recycled.
From the shelves directly into waste
The aggressive 'Buy NOW' marketing that accompanies Singles' Days promotions amplifies our impulse to buy. People “keep getting duped, but because the items are so cheap, they don’t mind and just keep buying and buying, fuelling a vicious circle,” says Greenpeace campaigner Walton Li from Greenpeace Hong Kong.
Hong Kong Shopper © Sam Fong 2015 Greenpeace Hong Kong Shopper, 2015
In a survey commissioned by Greenpeace Hong Kong, the most cited reasons for throwing away unused goods from Singles' Day shopping sprees were poor quality, wrong fit and the product looking different from what shoppers expected.
One in every four fashion items that Hongkongers buy online are not worn more than twice before being thrown away. All of this is results in an estimated 5.8 million garments being disposed every year.
Walton Li: “Sure, the cost of regret is low, but the environment is footing the bill, and those costs are high.”
Shopping doesn't make us happy
Evidence suggests that shopping is not leading to real happiness. It's a way to kill time, relieve stress, and avoid boredom. But the cheap thrill of buying something new dies away pretty fast. Half of the people surveyed said that the immediate excitement of a shopping spree lasted less than a day.
A new survey, commissioned by Greenpeace, of the shopping habits of people in Europe and Asia             Results from a Greenpeace commissioned survey on the shopping habits of people in Europe and Asia 
If you are tempted to buy something on Singles' Day, think of the consequences. Shopping is done in an instant, but the consequences for our beautiful planet linger. 


Lu Yen Roloff is the communications lead for the Detox my Fashion campaign. 
 

Big oil is destructive in more ways than one

Blogpost by Bunny McDiarmid

This September I took my first trip to Russia to join the celebration of Greenpeace Russia’s 25 Year Anniversary.
In big cities like Moscow, oil powered transport is a major source of pollution and greenhouse gases emissions. This is why four major cities - Paris, Mexico City, Madrid and Athens - have moved to ban diesel vehicles by 2025.
Bunny in Moscow for the 25th Anniversary of Greenpeace Russia - 23 Sep, 2017In Moscow for the 25th Anniversary of Greenpeace Russia - 23 Sep, 2017
Energy based on oil can never be clean, whatever carmakers say. In Russia, I saw one of the darkest sides of the oil industry, hidden far away from the capital, deep in the forests of the north...
We travelled 1500km north, to the Komi region, one of the oldest oil producing regions in Russia. At first sight, I was amazed by the beauty of the country. We travelled on the great Pechora River in a small boat and watched endless white beaches and beautiful boreal forests bathed in the bright yellow colours of Autumn.
But when I looked closer, I saw a different picture: dead trees, black swamps, toxic water glistening with oil.
Dead forest in Komi Republic - 20 Aug, 2014Dead forest in Komi Republic - 20 Aug, 2014
We found a huge oil spill which had happened the previous spring. It looked like it could be up to 10 hectares wide. Little had been done to clean it up. We only saw a few tired workers trying to dig out oil with shovels. Russia is infamous for having thousands of oil spills, big and small, around the country.
In 1994, one of the biggest man-made oil catastrophes hit Komi. More than 100,000 tonnes of oil spilled into rivers and forests when an old pipeline broke. The traces are still visible as pieces of stone-hard oil in the soil.
We met activists from the Save the Pechora Committee, a local NGO that unites people determined to protect their native land. Many of them are indigenous Komi people whose ancestors lived in this northern region for centuries.
As recently as April there was another accident in the region. A huge fire broke out at an oil well dangerously close to Pechora river. Hundreds of firefighters were unable to stop it and the fire burned for an entire month. The inhabitants of the two small villages nearby had to breathe toxic stink damp air (polluted with hydrogen sulphide) and the snow was covered with black soot.

One of the local families warmly invited us to their house. They live in a village with just 10 homes and love their native land and its closeness with nature.  
But Lukoil (“one of the largest publicly traded oil and gas companies in the world accounting for more than 2% of the world's oil production,” according to their website) is closing its circle of oil wells surrounding the village.
Nina Volotovskaya, one of the residents described a sunset; “I saw that the sky above the river became bright red. I called the local council and they said everything was fine. The authorities only visited us once, reassuring us that there was no threat. All that time we smelled rotten eggs. Accidents often happen here. From our house, I can see ten oil wells, and there are more and more each year. Lukoil never informs us or warns us – why would they bother about the opinion of a few families?”
 Sending a message from the banks of the Pechora riverA message from the banks of the Pechora river
Nina and thousands of other people like her all across the world have to pay with their health for so-called oil prosperity.
But these brave people give me hope. After 20 years of fighting against big oil, they haven’t given up. They’ve learnt how to map oil spills, how to measure water pollution and assess if the land was reclaimed in a proper way.
But they can’t stand alone against one of the most powerful industries in the world. They need our united efforts to ensure a future with clean air and clean water.
Lukoil, the company that has been poisoning Komi for years, is now heading to the Arctic. It is one of several fossil fuel companies that received licences from the Norwegian government to drill in the far north. These are areas that had never been exploited before. And we need to stop them. Click here to join us in suing the Norwegian government.
It’s up to all of us to remember that the oil we consume is destroying the planet and the lives of so many people across the globe.
All blogposts by Bunny McDiarmid

Boa notícia para os Corais: Governo retira oferta de blocos na bacia da foz do Amazonas

Postado por Camila Rossi

Os Corais da Amazônia estão protegidos por mais um período dos interesses comerciais de novas petrolíferas ©Greenpeace
 
Decisão foi em razão da demora no processo de licenciamento ambiental para blocos no mesmo local por empresas do setor.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) retirou blocos de exploração na bacia da foz do Amazonas da 15ª Rodada de Licitação de Petróleo e Gás, que acontece em 2018. A oferta de blocos foi postergada para 2019.
Ao longo deste ano, o Greenpeace expôs os riscos associados a projetos de petróleo na região, juntamente com a comunidade científica, comunidades locais e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A decisão é uma grande notícia para os Corais da Amazônia e impede, pelo menos por mais um ano, que novas empresas tentem explorar petróleo na região.
Em 29 de agosto deste ano, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da francesa Total foi rejeitado pelo Ibama devido a preocupações relacionadas aos riscos e possíveis impactos de um derramamento de óleo nos corais, em espécies ameaçadas de extinção ou ainda nem descobertas que lá habitam, em países próximos, e em comunidades que dependem da saúde do oceano para viver. A Total e a britânica BP admitiram em seus estudos que há até 30% de chances de que o petróleo atinja o recife de corais em caso de derramamento de óleo. A Total ainda tem uma última chance para obter a licença com a apresentação de um novo estudo de impacto.
As Rodadas de Licitações são leilões por meio dos quais o governo concede o direito de explorar e produzir petróleo e gás natural no Brasil. Foi na 11ª rodada, em 2013, que a Total e a BP obtiveram seus blocos para perfurar petróleo perto dos Corais da Amazônia. Depois disso, iniciou-se o processo de licenciamento ambiental, que inclui o EIA  e audiências públicas com as comunidades locais - as audiências públicas da BP estão sendo realizadas neste mês, nos dias 9, 11 e 13, em Belém, Macapá e no Oiapoque.
A retirada da oferta de novos blocos na bacia da foz do Amazonas foi devido à demora no processo de licenciamento ambiental pelas empresas do setor. “Até agora a Total e a BP não foram capazes de apresentar estudos de impacto ambiental adequados para justificar a viabilidade de seus projetos, justamente porque não é possível. As petrolíferas não conseguiram provar que a perfuração perto dos corais não representará um grande risco para este bioma incrível e inexplorado, e nenhuma outra empresa conseguirá. Qualquer petrolífera que tentar perfurar a região enfrentará os mesmos problemas, e precisamos continuar trabalhando para impedir que a indústria do petróleo atue na região”, afirma Thiago Almeida, especialista em energia do Greenpeace Brasil.
O ano está quase no fim e temos muito a celebrar! Mais de 1,3 milhão de pessoas, a comunidade científica, o Ibama e as comunidades locais já disseram não aos planos da Total e da BP, e agora o CNPE retirou todos os blocos na região da 15ª rodada de licitação. Esta é mais uma mensagem clara para as empresas, que devem desistir imediatamente dos seus planos.
Juntos, impedimos novas ameaças, e seguiremos trabalhando ainda com mais força para chegar a uma vitória definitiva, garantindo que a Total, BP e todas as outras empresas de petróleo fiquem longe dos Corais da Amazônia.

Na contramão climática

Na mesma semana que a delegação brasileira discute a implementação do Acordo de Paris na COP23, o governo anuncia medida que concede subsídios ao setor de petróleo em até R$ 1 trilhão
As políticas domésticas de retrocesso, especialmente na área socioambiental, adotadas pelo governo brasileiro já colocam em cheque posições e acordos assumidos pelo país nas questões climáticas. Redução de Unidades de Conservação, anistia a grilagem e flexibilização do Código Florestal são alguns dos assuntos debatidos entre diversas delegações na COP23, uma vez que atacam o meio ambiente e vão na direção oposta do que está sendo construído dentro do Acordo de Paris para reverter as mudanças climáticas e diminuir as emissões do mundo.   

Infelizmente, os retrocessos em termos de emissões de gases de efeito estufa não se limitam apenas ao setor de agricultura e floresta. Na mesma semana que a delegação brasileira discute a implementação do Acordo de Paris, com papel de liderança nesse sentido, o governo anuncia medida provisório que concede subsídios ao setor de petróleo em até R$ 1 trilhão.
Em Bonn discute-se como fazer a transição energética para as energias renováveis. Representantes dos países do G20 afirmam que essa transição é natural, até mesmo em termos de investimentos e retornos de lucratividade dos países. Já o governo brasileiro anuncia o investimento de dinheiro público em algo que não trará benefício social algum quando levamos em conta as perdas que o Estado brasileiro terá em decorrência das mudanças climáticas.
Em vez de prosseguir com seu papel de liderança nos acordos climáticos, com posições históricas a favor de renováveis (apesar de grandes centrais hidrelétricas não serem uma boas opção) e contra mecanismos de mercado para florestas, a delegação brasileira em Bonn corre o risco de sair da COP23 com o prêmio “Fossil of the Day”. A premiação, organizada pelo grupo de organizações CAN (Climate Action Network), é concedida ao país que sinaliza escolhas energéticas sujas, contrárias ao que precisamos para combater o aquecimento global.
Os que os representantes brasileiros precisam fazer enquanto as negociações acontecem na COP23 é mandar o recado certo para mostrar a intenção de diminuir o aquecimento global. Investimentos em energia solar – área na qual nosso governo ainda engatinha –, e a continuidade da posição histórica da diplomacia brasileira contra a venda de florestas para compensação de carbono são os caminhos certos.
Assine a petição da 350.org contra energias fósseis.

Antes proibido, perigoso agrotóxico é liberado no Brasil

Benzoato de Emamectina, de efeitos neurotóxicos marcantes segundo a própria Anvisa, tem o registro aceito após pedido indefirido em 2010

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou nesta semana o uso de um agrotóxico que já havia tido o pedido de registro negado em 2010. Outros pontos levantados pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, como a falta de participação popular nesse processo e o tempo recorde de aprovação do produto, questionam a validade da decisão. Replicamos abaixo a nota da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, confira:
Sem alarde, o diário oficial publicou nesta segunda-feira (6/11) a aprovação de um agrotóxico extremamente tóxico para a saúde humana: o Benzoato de Emamectina. São vários os motivos da nossa indignação com esta decisão:
  1. Em 2010, a Anvisa já havia negado o registro desta substância por suspeita de malformações e elevada neurotoxicidade, ou seja, causa danos elevados ao sistema nervoso. Será que nosso corpo evoluiu, e ficamos resistentes a este veneno?
  2. Ao contrário de outras consultas públicas, desta vez não houve divulgação por parte da Anvisa ao atores interessados. Prova disso é o número de contribuições recebidas: 8. Para termos uma ideia, na consulta referente ao Carbofurano, foram 13.114 contribuições. Qual a explicação para tal discrepância, senão a falta de publicidade dada pela agência? Enquanto a consulta do Carbofurano durou 60 dias, a do Benzoato de Emamectina durou apenas 30 dias. Qual motivo da distinção?
  3. A decisão pela aprovação do Benzoato foi dada em tempo recorde. No caso do Carbofurano, a consulta pública findou-se no dia 25 de fevereiro de 2016, e a decisão da Anvisa foi proferida há poucas semanas, no dia 18 de outubro de 2017 – 20 meses depois. Agora, no caso do Benzoato, transcorreram-se apenas 21 dias entre 15 de outubro, quando a consulta pública terminou, e o dia 6 de novembro. Para banir o Paraquate, foram necessários 10 anos, e faltam ainda 3 anos para o seu banimento completo. Porque tamanha demora para proibir, e tamanha celeridade para aprovar?
O Benzoato de Emamectina foi centro de outra disputa em 2013. Após um surto da lagarta Helicoverpa, causado pelo uso do milho transgênico que exterminou seu predador natural, o Ministério da Agricultura importou o agrotóxico de forma emergencial, e na época sem autorização da Anvisa.
Mesmo que a substância seja aprovada para uso em outros países, somos (ou deveríamos ser) um pais soberano, livre e independente dos interesses das grandes corporações. A autorização em outros países não significa que o produto seja seguro aqui, onde grandes volumes são utilizados, onde o uso de EPI ė impensável dadas as condições climáticas, onde o congresso nacional defende os interesses dos setores ruralistas, onde os órgãos de fiscalização do estado sucateados, onde o SUS esta sendo desmontado e subfinanciado e não tem dificuldades em atender à demanda de doenças causadas pelos agrotóxicos. Pelos mesmos motivos, o banimento em outros países deveria ser motivo de banimento imediato no Brasil.
É inadmissível expor a sociedade a estes riscos, sem nenhuma possibilidade de participação ou interferência dos maiores afetados: nós. Pelo contrário, a Anvisa que vem promovendo “DRs” com a indústria, se mostra incapaz de dialogar com o povo.
Exigimos que a Anvisa apresente os estudos que embasaram esta súbita mudança de opinião, e que cancele o registro do Benzoato de Emamectina até que a sociedade seja ouvida e consultada se deseja correr este risco. Terminamos com um trecho do Parecer Pelo Indeferimento do Benzoato de Emamectina, publicado pela própria Anvisa em 2010 (e que subitamente sumiu do site da Anvisa):
Os efeitos neurotóxicos são tão marcantes e severos que as respostas de curto e longo prazo se confundem, isto é, efeitos tipicamente agudos são observados nos ensaios de longo prazo, e vice-versa. O produto revelou neurotoxicidade para todas as espécies e em doses tão baixas quanto, por exemplo, 0,1 mg/kg em camundongos e 0,5mg/kg em cães, mesmo em estudos onde este efeito não estava sendo investigado.
Incertezas no que diz respeito aos possíveis efeitos teratogênicos, e certezas dos efeitos deletérios demonstrados nos estudos com animais corroboram de forma decisiva para que não se exponha a população a este produto, seja nas lavouras, ou pelo consumo de alimentos.

Veja os testes de agrotóxicos em alimentos realizados pelo Greenpeace e os impactos desses venenos em nossa saúde e no meio ambiente

Thursday, November 9, 2017

Vereador Milton Leite promete zerar emissões de ônibus de São Paulo em vinte anos

Postado por Greenpeace e parceiros*

Presidente da Câmara promete atender parcialmente à demanda de organizações sobre fim de poluentes, mas o texto que vai a votação ainda pode melhorar
O presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Milton Leite (DEM), afirmou que o conteúdo do Projeto de Lei (PL) de sua autoria sobre os combustíveis da frota de ônibus vai contemplar a demanda das organizações de zerar as emissões de poluentes pelos ônibus, mas só daqui a 20 anos. O vereador fez essa declaração em reunião realizada hoje (8/11), na câmara, com representantes do projeto Cidade dos Sonhos, Greenpeace, Idec, Minha Sampa e Rede Nossa São Paulo. O PL deverá ser colocado para primeira votação amanhã.
O projeto de lei, que vai substituir a legislação em vigor de zerar os poluentes dos ônibus até 2018, completamente ignorada pela prefeitura e pelas empresas, escalona a transição do diesel para combustíveis limpos ao longo dos anos. A meta para os próximos dez anos, segundo Leite, é reduzir as emissões a 50% de Gás Carbônico (CO2), 80% de Óxido de Nitrogênio (NOx) e 90% de Materiais Particulados (MP). Em 20 anos, essas porcentagens deverão ser de 100% de CO2,  95% de NOx e 95% de MP.  Haverá sanções de até  R$ 3.500,00 por mês para cada ônibus que não cumprir a lei. A transição dos combustíveis será monitorada por um comitê que contará com a participação de membros da sociedade civil.
“Do nosso ponto de vista, o ideal é que a transição fosse realizada em no máximo dez anos e apresentamos estudos técnicos que mostram que essa é seria uma meta possível, economicamente viável e benéfica para a cidade. Entretanto, depois de cinco meses de discussões, esse é o texto possível para o presidente da casa”, diz Flavio Siqueira, representante do projeto Cidades dos Sonhos.
O vereador acredita que a segunda votação seja marcada para dentro de duas semanas. “Não vamos aceitar nada abaixo disso, e ainda há bastante espaço para subir a ambição. Vinte anos para zerar as emissões dos ônibus é muito tempo. Agora vamos dialogar com todos os vereadores para não permitir retrocessos”, afirma Davi Martins, do Greenpeace.
De acordo com estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, mais de 4 mil mortes por ano em São Paulo são causadas pela poluição dos ônibus. A pesquisa revela ainda que eliminação dos poluente poderia evitar um impacto bilionário na economia relacionado a problemas de saúde.
Entenda o caso:
2009 -  Promulgada lei n. 14.933/09 de Política Municipal de Mudança do Clima, segundo a qual a cidade deveria ter 100% de sua frota de transporte público municipal movida a combustíveis limpos até 2018.
2017 – A legislação foi sumariamente ignorada pelas empresas e pela prefeitura.
Menos de 2% dos pouco mais de 14 mil ônibus que rodam na cidade são abastecidos com combustíveis não poluentes - três ônibus elétricos, 200 trólebus e 10 ônibus movidos a álcool.  
Maio de 2017 – O vereador Milton Leite (DEM) apresenta Projeto de Lei (PL 300) para substituir os combustíveis da frota de diesel especificamente por biodiesel até 2037, sem deixar margem para utilização de outras tecnologias de combustíveis limpos.
Maio de 2017 – Instituto Saúde e Sustentabilidade divulga estudo que mostra que 4.700 pessoas morrem, todo ano, em São Paulo em decorrência da inalação de material particulado vindo dos ônibus municipais e gera custos de R$ 54 bilhões com saúde da população.
Agosto de 2017 – Cidade dos Sonhos, Greenpeace, Idec, Minha Sampa e Rede Nossa São Paulo iniciam campanha para uma transição completa dos atuais ônibus a diesel para combustíveis 100% limpos em menos de 10 anos com sanções para as empresas que descumprirem as metas. Com economia de 28% para os cofres públicos.
Em audiência pública, vereador Milton Leite propõe substitutivo ao texto original. Abandona a definição da tecnologia a ser utilizada (biodiesel) e propõe uma meta de redução de apenas 20% de  gás carbônico (CO2), 60% de  Óxido de Nitrogênio  (NOx) e 70% de Material Particulado (MP), em 10 anos.
Primeira reunião das organizações com o vereador Milton Leite, que se compromete a elevar as metas de redução de emissões, a impor sanções para as empresas que descumprirem a lei, incluir a sociedade civil e auditoria independente no monitoramento das empresas.
Setembro de 2017 – Em nova audiência pública, os vereadores Milton Leite e Gilberto Natalini, apresenta novo texto prevendo uma meta ainda tímida: 40% de CO2, 70% de NOx e 80% de MP, em 10 anos e com sanções fracas pras empresas.
Segunda reunião das organizações com o vereador Milton Leite. Os estudos de viabilidade técnica e econômica para uma transição completa são reiterados pelas organizações. Milton Leite não reconhece a validade dos estudos apresentados.
Comitê Municipal de Mudança do Clima emite parecer sobre a necessidade e viabilidade de zerar as emissões de CO² em até 20 anos.
Outubro de 2017 - Terceira reunião das organizações com vereador Milton Leite, com participação do vereador Gilberto Natalini. Milton Leite continua a ignorar os estudos técnicos apresentados e não define data para o fim das emissões de poluentes pelos ônibus.
(Texto de: Cidade dos Sonhos, Greenpeace, Idec, Minha Sampa e Rede Nossa São Paulo)