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Saturday, February 4, 2017
Tudo o que um pássaro quer
Postado por rgerhard
O Parque Nacional do Cabo Orange, no litoral do Amapá, é uma espécie de Disneylândia dos pássaros e, por consequência, uma festa para observadores e ornitólogos profissionais
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Guarás tingem de vermelho a paisagem do litoral do Amapá Foto: Rogério Reis/ Tyba/ Greenpeace
A variedade de cores e cantos impressiona. Pesquisadores já registraram a existência de 358 espécies de aves na região, mas estima-se que esse número possa ser ainda maior, já que certas áreas são difíceis de acessar.
A lama do mangue é nutritiva para as plantas e para uma variedade de insetos e crustáceos. “Há aves que vem do Alaska e pousam na região do parque para se alimentar no período que estão ganhando energia”, conta Paulo Silvestro, analista ambiental do ICMBio, enquanto aponta para uma nuvem de minúsculos pássaros pretos e brancos coreografando sobre o ziguezague do canal, os maçaricos-rasteiros do Ártico.
Os maçaricos não são os únicos a utilizar o Cabo Orange como colônia de férias. Flamingos reúnem-se em seus estuários para se reproduzir entre novembro e janeiro. É o único lugar do Brasil onde estes animais podem ser encontrados na natureza.
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Pássaros na praia do Goiabal. A costa do estado do Amapá, está na mira da indústria petrolífera internacional. Foto: Victor Moriyama
Garças brancas e azuis reviram a lama atrás de pequenos caranguejos, ao lado de Colhereiros. Estas aves, que possuem uma linda plumagem rosa pálido, tem bicos em forma de colher, que utilizam para revirar a lama em movimentos circulares. A cor rosada deve-se a dieta rica em carotenoides, abundante nos saborosos caranguejinhos dos quais se banqueteiam as aves aquáticas. Guarás vermelho escarlate pontilham o verde da floresta em sua revoada. Parecem enfeites em uma árvore de Natal.
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Guarás e Garças sobrevoam area de mangue no Parque Nacional do Cabo Orange. Foto: Victor Moriyama/ Greenpeace
Mas apesar de serem as estrelas do espetáculo, as aves não são os únicos animais do Cabo Orange. Sob as florestas de Mangue Branco, com suas copas altas, vivem veados, várias espécies de macacos e até onças.
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Cuxiú-preto (Chiropotes satanas) Foto: José Caldas
Percorrendo um canal aberto pela maré no meio da floresta, identificamos diversas pegadas de onça, bem marcadas na lama fofa do mangue. De um lado para o outro, a pintada – ou seria uma preta? – se refastelou na água. Devia estar enchendo o bucho de Tralhotos, peixinhos fascinantes, que “andam” sobre a água, e existem em abundância por esses lados.
A vida é boa na floresta. Tem o necessário, somente o necessário. O extraordinário seria mesmo demais.
Rosana Villar é jornalista, do time de comunicação do Greenpeace, em expedição pelo Amapá
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