Área desmatada nas proximidades de Santarém, no Pará. (©Greenpeace/Daniel Beltrá)
A tendência de desmatamento da Amazônia caiu 19% entre agosto de 2013 e janeiro de 2014, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Com base em dados do Deter, sistema oficial de alertas para suporte à fiscalização e controle do desmatamento, o anúncio foi feito no início da tarde de hoje, em Brasília, pela ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, que estava na companhia de todos os secretários dos Estados da Amazônia Legal. O Deter não mede o desmatamento real, mas pode dar sinais de suas tendências.
Quatro meses antes, na primeira medição do desmatamento feita após a aprovação do novo Código Florestal, em novembro do ano passado, era menor a comitiva junto à ministra para anunciar os mais de 5.800 quilômetros quadrados de floresta derrubada no período entre agosto de 2012 e julho de 2013 – um aumento de 28% do desmatamento em comparação com o mesmo período do ano anterior.
“Deter mostra a tendência. Por isso, o anúncio de hoje representa um bom número, mesmo não sendo o suficiente, tampouco definitivo”, disse Marcio Astrini, da campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil. “Porém, enquanto o governo continuar promovendo obras de infraestrutura que levam desmatamento e especulação fundiária à Amazônia, afrouxando a legislação que protege a floresta e aceitando negociar com a bancada ruralista, a possibilidade de diminuir Unidades de Conservação e Terras Indígenas já demarcadas, o alarme irá continuar tocando. E se isso ocorre, os números bons de hoje podem não se sustentar no futuro.”
Forte indício desta situação está na fala da ministra Izabella, que demonstrou preocupação com o retorno de desmatamentos em grandes áreas com mais de mil hectares. Ela também admitiu que "o Brasil ainda não consegue identificar o que é legal e o que é ilegal no desmatamento das florestas". Outro dado alarmante é que, dos 323 alertas de desmatamento registrados no período, 19 encontram-se dentro de Terras Indígenas ou Unidades de Conservação, áreas que deveriam registrar índice zero de desmatamento.
Mapa mostra localização dos alertas de desmatamento em unidades de conservação e terras indígenas.
“Mesmo com a sinalização de queda vinda do satélite, os números continuam inaceitáveis, já que as áreas abertas na floresta são suficientes para o país não só continuar produzindo, mas até mesmo dobrar sua produção de alimentos sem derrubar mais nenhum palmo de floresta. Além disso, um dos instrumentos essenciais para a promoção definitiva da governança na Amazônia, que é o CAR [Cadastro Ambiental Rural], ainda não está implementado”, lembra Astrini.
A sociedade quer o fim do desmatamento. Consumidores não querem comprar produtos que causaram destruição da floresta. As bases para o desmatamento zero já estão dadas pela própria sociedade, faltam mais investimentos e ações mais incisivas do governo. Conheça nossa campanha pelo fim do desmatamento na Amazônia. Assine a compartilhe a petição: www.ligadasflorestas.org.br
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