Com novo recorde de alta do rio Madeira, Porto Velho decreta estado de
calamidade pública. Greenpeace documenta situação de bairro mais afetado
Bairro Triângulo, em Porto Velho, está em baixo d'água devido às cheias recordes do rio Madeira. (©Greenpeace/Lunae Parracho)
Em um novo dia de elevação recorde do nível do rio Madeira, que às
11h15 de hoje atingiu a marca de 18,57 metros, o prefeito de Porto Velho
(RO) decretou estado de calamidade pública e o governo do Acre,
situação de emergência.
Em seu terceiro dia de documentação sobre a cheia histórica do rio
Madeira, o Greenpeace navegou em um dos bairros mais afetados de Porto
Velho, o Triângulo.
Algumas famílias atingidas têm se mostrado surpresas com as
ondulações (chamadas na região de banzeiros) que estão invadindo as
casas. Foi divulgado ontem, dia 26, que a usina hidrelétrica de Santo
Antônio foi obrigada a desligar todas as turbinas que estavam em
operação – na semana passada, a usina já havia desligado 11 turbinas.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Santo Antônio
parou de funcionar totalmente no início da semana.
O desligamento total das turbinas ajuda a diminuir a vazão e o volume
de água do rio, o que deve aliviar um pouco os impactos das ondulações.
Antes do desligamento de todas as turbinas, o Greenpeace verificou, em
Porto Velho, que a água estava atingindo as margens do rio Madeira com
força, potencializando o banzeiro, que causa o desbarrancamento das
margens do rio.
A maior parte das construções do Triângulo estão submersas. Ednelson
Mendes de Oliveira tentava retirar de sua casa alguns pertences que
poderia salvar, enquanto a água barrenta do rio Madeira alcançava as
janelas. “A enchente em si é normal, mas foi como ela veio dessa vez que
foi diferenciado. Veio com muita velocidade. Essa onda que a gente
chama aqui de banzeiro não existia. Enchia mas era suave, dava tempo de
tirar as coisas. Dessa vez não deu pra tirar nada, todo mundo largou e
foi embora com medo disso tudo”, contou ele. “Até a gente que é daqui
mesmo ficou apavorado”, completou.
Oliveira, que é autônomo e mexe com refrigeração, perdeu, além de
móveis como camas e armários, todo o seu material de trabalho. A água
que está invadindo sua casa está contaminada com lixo e esgoto e pode
causar doenças graves como leptospirose, diarreia, hepatite A e cólera:
“É preciso ter coragem pra entrar nessa água, a gente sabe o risco que
está correndo. Eu, de tanto ajudar os outros, esqueci de mim mesmo”,
disse ele, sentado no muro da varanda de sua casa, com a água na
cintura.
“O que temos visto em Porto Velho é grave. Além do enorme impacto
social que está sendo causado pelas cheias, há também os impactos
ambientais, que ainda não podem ser contabilizados”, disse Danicley de
Aguiar, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
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