Na última semana, foi divulgado pela Mobilização Nacional Indígena um vídeo que mostra dois deputados da bancada ruralista discursando para um público de produtores rurais
em Vicente Dutra (RS). Nas imagens, eles incitam a violência contra
indígenas que tentam retomar suas terras de direito e propagam a
discriminação e a intolerância contra outras parcelas minoritárias da
sociedade, como quilombolas, gays e lésbicas.
Apesar das tentativas de difamação por parte dos parlamentares, que
alegaram terem tido suas falas manipuladas e tiradas de contexto, a íntegra da filmagem da audiência também ficou disponível, em seis partes, no mesmo canal do Youtube. Hoje, um novo corte do vídeo (publicado acima) foi editado, destacando a convocação à guerra pelo deputado Alceu Moreira (PMDB-RS).
Ao estimular o uso de segurança armada e sugerir que se “fardarem de
guerreiros” para expulsar índios “do jeito que for necessário”, Moreira
coloca o público de produtores rurais contra os povos indígenas e
explicitamente promove o confronto direto como forma de cessar os
conflitos fundiários.
Ao longo dos anos, as estatísticas de violência no campo só vêm
aumentando. Segundo um relatório do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), divulgado em junho de 2013, a maioria das formas de violência
cometidas contra povos indígenas no Brasil aumentou em 2012. Só na
categoria "violência contra a pessoa", que engloba ameaças de morte,
homicídios, tentativas de assassinato, racismo, lesões corporais e
violência sexual, houve um aumento de 237% se comparado com os casos
registrados em 2011.
Nos noticiários, a grande imprensa ressalta a “invasão” de fazendas
por indígenas, sem mencionar que são, na maioria das vezes, atos de
reocupação de territórios tradicionalmente ocupados e a eles garantidos
pela Constituição Federal. Nas cidades, a violência em protestos também
tem sido atribuída aos manifestantes populares, sendo as forças
policiais do Estado poupadas das críticas mais duras.
Vendo imagens como as do vídeo acima, nós nos perguntamos: de que
lado, afinal, vem a violência no Brasil? Será que é mesmo por parte das
populações tradicionais e dos movimentos sociais? Atitudes como as
propostas pelos deputados, eleitos pelo povo e que por eles deveriam
zelar, não podem se tornar a maneira corrente de cessar os conflitos –
seja no campo ou na cidade.
Acreditamos que a sociedade deve tomar caminhos alternativios, que
levem a soluções mais justas e sustentáveis. Por um mundo mais livre e
igualitário, onde cada um possa ocupar dignamente o lugar ao sol que lhe
cabe por direito.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.