Queimada em área desmatada de floresta pública não destinada em Altamira, Pará, captada pelo Greenpeace em sobrevoo realizado em 31 de julho de 2021 (© Christian Braga / Greenpeace) CREDIT: © Christian Braga / Greenpeace

Dados divulgados hoje pelo sistema de monitoramento do INPE mostram que, em agosto, foram registrados 28.060 focos de calor na Amazônia, mantendo o patamar alarmante de incidência de fogo. É o terceiro maior índice para o mês desde 2010, perdendo apenas para 2019 e 2020, ou seja, desde o início do governo Bolsonaro e sua política antiambiental. 

A alta segue, mesmo com o Decreto nº 10.735 em vigor desde 29 de junho, que proíbe o uso do fogo, portanto todas as queimadas registradas em agosto são ilegais.

O estado do Amazonas bateu recorde histórico para o mês e, pela primeira vez no mês de agosto desde ao menos o ano 2000, concentrou o maior número de focos, foram 8.588, 30% do total, seguido do Pará (28%) e de Rondônia (15%). Os números refletem a preocupante escalada do desmatamento na região do sul do Amazonas, que já vinha sendo identificada pelos sistemas de monitoramento.

Fonte: INPE/DBQueimadas

Em agosto, 4.378 focos de calor foram registrados em Unidades de Conservação no bioma Amazônia, sendo a Área de Proteção Triunfo do Xingu (APA) a mais atingida, com 1.424 focos. Foram registrados, ainda, 1.425 focos de calor em Terras Indígenas (TI) no mês, sendo a TI Apyterewa a mais afetada, com 152 focos detectados em agosto.  

“Desde 2019, a quantidade de focos de calor registrada em agosto tem atingido patamares absurdos. É como se o governo tivesse criado um “padrão Bolsonaro” de destruição”, afirma Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia do Greenpeace. “Tamanha destruição é resultado de uma visão retrógrada de desenvolvimento que não conversa ou beneficia a maioria dos brasileiros, além de seguir na direção contrária dos esforços para conter a emergência climática”, declara.

Crise ambiental é alimentada na esfera política 

“Estamos vivendo uma crise na saúde e uma crise climática, ambas agravadas com os recordes de queimadas e desmatamento. Mas ao invés de combater o crime ambiental e garantir o bem-estar dos mais impactados pelos incêndios florestais, o governo federal opta pelo enfraquecimento deliberado das políticas de proteção ambiental, enquanto o Congresso Nacional discute projetos que ameaçam o meio ambiente”, alerta Mazzetti. 

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) emitiu um alerta claro: estamos vivendo uma última janela de oportunidades para a tomada de ação em direção a favor do clima. Segundo o relatório, entre 2011 e 2020, a média da temperatura global já atingiu 1.09°C acima dos níveis pré-industriais, e é inequívoca a influência humana sobre o superaquecimento do planeta. 

Enquanto isso no Brasil, em 2019 o desmatamento foi responsável por 44% das emissões de gases do efeito estufa e Congresso e Executivo vêm demonstrando que não há intenção de atuar com ambição na redução do desmatamento e das emissões, pelo contrário. Os poderes vêm atuando contra o meio ambiente. 

No Congresso, deputados e senadores tentam passar às pressas projetos de Lei que vão estimular mais grilagem, desmatamento e queimadas – PL 2633, PL 490 e outros – expondo ainda mais a saúde do povo brasileiro e contribuindo para novas crises hídricas, como a que vivemos e já deixa a conta de luz dos brasileiros cada vez mais cara. No Executivo, segue o desmonte dos órgãos de proteção e controle ambiental. 

O Brasil precisa mudar de direção imediatamente, no sentido de uma política que favoreça o conjunto da  sociedade e o meio ambiente, e não apenas os interesses de alguns. 

Quer fazer mais pela proteção da floresta? Entre para a Brigada Digital e participe ativamente da mudança. Para saber mais Acesse aqui