Fomos à campo para registrar como as queimadas e o desmatamento afetam a vida das populações que vivem próximas da Amazônia

Ao longo da viagem, nos deparamos com muitas queimadas, mesmo com o início das chuvas. Em Lábrea, do Sul do Amazonas, encontramos essa área enorme recém queimada, pela qual caminho, onde troncos ainda ardiam em chamas. (foto: Nilmar Lage/Greenpeace)

No ano passado estive com uma equipe do Greenpeace em uma expedição pelo Pantanal, para registrar os efeitos das queimadas devastadoras de 2020, e foi uma experiência única, de muito aprendizado. Este ano, decidimos realizar uma nova expedição, mas dessa vez na Amazônia, para compreender o impacto do fogo e desmatamento na vida das pessoas que vivem na região onde está a maior floresta tropical do mundo. 

Ao longo de pouco mais de uma semana, conversamos com muitas pessoas e, para mim, não há experiência mais rica do que essa. Livros, artigos e documentários agregam bastante, mas nada como estar em campo e explorar de perto a realidade – por vezes muito dura – vivida pelas pessoas na Amazônia. 

Começamos por Porto Velho (RO) e seguimos para Lábrea (AM), passando também por Humaitá (AM). Alguns dias depois, sobrevoamos essas áreas e fomos por terra  para Candeias do Jamari (RO), experiência que completou um bom Raio X da mais ativa e veloz fronteira do desmatamento da Amazônia atualmente. 

No dia que chegamos, Porto Velho tinha acabado de receber a primeira grande chuva em semanas. “É que choveu, isso aqui semana passada não dava para ver nem o céu”, diziam. Essa fumaça, que impede que as pessoas da capital de Rondônia vejam o céu e respirem um ar de qualidade, foi um dos temas que nos levou até lá. 

A primeira perna da expedição teve como foco a saúde das pessoas, entender como as queimadas afetam o bem estar social. Para isso, entrevistamos pesquisadores da Fiocruz, Agevisa e um médico do Hospital Infantil Cosme e Damião. Todos enfatizaram que as queimadas afetam a saúde da população, principalmente de crianças e idosos que são mais vulneráveis. Mas também destacaram que os afetados não são somente aqueles que estão ao lado das queimadas, mas também pessoas distantes, pois a poluição chega pelo vento. 

Decolando da praça central da cidade, nosso drone captou uma queimada que acontecia do outro lado do Rio Madeira, bem próximo da área urbana de Porto Velho. (foto: Nilmar Lage/Greenpeace)

Todos os anos Porto Velho sofre visivelmente com as queimadas, não há morador da cidade que não consiga comentar sobre isso. Nos poucos dias que ficamos por lá, mesmo com a chegada da chuva, vimos queimadas bem próximas da cidade e o ar ainda estava bem seco. Imagine a loucura: baixa umidade do ar, estando ao lado de uma floresta úmida e do rio Madeira! 

Um outro impacto do fogo e do desmatamento é a violência atrelada à expansão agropecuária na região. Expansão essa que está atrelada ao modelo de desenvolvimento que impera historicamente na Amazônia, no qual o tão sonhado progresso nunca chegou. Isso apareceu para nós em diversos relatos, de gente que está do lado do Rio, mas não pode consumir a água pois está poluída pela mineração – recentemente o governo do estado liberou o garimpo no Rio Madeira, e a atividade então pipocou ao longo do rio. Mas vou falar melhor sobre isso mais adiante.

Nas próximas semanas, nós vamos te contar essa e outras histórias. Serão reportagens especiais, vídeos e, nesta sexta-feira (1/10), você já vai saber um pouco mais sobre os impactos das queimadas para a saúde das pessoas, no novo episódio do podcast do Greenpeace Brasil, “As Árvores somos nozes”, disponível no site do Greenpeace nos principais agregadores de podcasts.

Ainda estamos desfazendo as malas e preparando tudo para compartilhar com você, então fique ligado. Enquanto isso, você já faz parte da #BrigadaDigital? Não sabe o que é? Então entra aqui e vem com a gente!

footer-BrigadaDigital