Fomos à campo para registrar como as queimadas e o desmatamento afetam a vida das populações que vivem próximas da Amazônia
No ano passado estive com uma equipe do Greenpeace em uma expedição pelo Pantanal,
para registrar os efeitos das queimadas devastadoras de 2020, e foi uma
experiência única, de muito aprendizado. Este ano, decidimos realizar
uma nova expedição, mas dessa vez na Amazônia, para compreender o
impacto do fogo e desmatamento na vida das pessoas que vivem na região
onde está a maior floresta tropical do mundo.
Ao longo de pouco mais de uma semana, conversamos com muitas pessoas
e, para mim, não há experiência mais rica do que essa. Livros, artigos e
documentários agregam bastante, mas nada como estar em campo e explorar
de perto a realidade – por vezes muito dura – vivida pelas pessoas na
Amazônia.
Começamos por Porto Velho (RO) e seguimos para Lábrea (AM), passando
também por Humaitá (AM). Alguns dias depois, sobrevoamos essas áreas e
fomos por terra para Candeias do Jamari (RO), experiência que completou
um bom Raio X da mais ativa e veloz fronteira do desmatamento da
Amazônia atualmente.
No dia que chegamos, Porto Velho tinha acabado de receber a primeira
grande chuva em semanas. “É que choveu, isso aqui semana passada não
dava para ver nem o céu”, diziam. Essa fumaça, que impede que as pessoas
da capital de Rondônia vejam o céu e respirem um ar de qualidade, foi
um dos temas que nos levou até lá.
A primeira perna da expedição teve como foco a saúde das pessoas,
entender como as queimadas afetam o bem estar social. Para isso,
entrevistamos pesquisadores da Fiocruz, Agevisa e um médico do Hospital
Infantil Cosme e Damião. Todos enfatizaram que as queimadas afetam a
saúde da população, principalmente de crianças e idosos que são mais
vulneráveis. Mas também destacaram que os afetados não são somente
aqueles que estão ao lado das queimadas, mas também pessoas distantes,
pois a poluição chega pelo vento.
Todos os anos Porto Velho sofre visivelmente com as queimadas, não há
morador da cidade que não consiga comentar sobre isso. Nos poucos dias
que ficamos por lá, mesmo com a chegada da chuva, vimos queimadas bem
próximas da cidade e o ar ainda estava bem seco. Imagine a loucura:
baixa umidade do ar, estando ao lado de uma floresta úmida e do rio
Madeira!
Um outro impacto do fogo e do desmatamento é a violência atrelada à
expansão agropecuária na região. Expansão essa que está atrelada ao
modelo de desenvolvimento que impera historicamente na Amazônia, no qual
o tão sonhado progresso nunca chegou. Isso apareceu para nós em
diversos relatos, de gente que está do lado do Rio, mas não pode consumir a água pois está poluída pela mineração – recentemente o governo do estado liberou o garimpo no Rio Madeira, e a atividade então pipocou ao longo do rio. Mas vou falar melhor sobre isso mais adiante.
Nas próximas semanas, nós vamos te contar essa e outras histórias.
Serão reportagens especiais, vídeos e, nesta sexta-feira (1/10), você já
vai saber um pouco mais sobre os impactos das queimadas para a saúde
das pessoas, no novo episódio do podcast do Greenpeace Brasil, “As Árvores somos nozes”, disponível no site do Greenpeace nos principais agregadores de podcasts.
Ainda estamos desfazendo as malas e preparando tudo para compartilhar
com você, então fique ligado. Enquanto isso, você já faz parte da
#BrigadaDigital? Não sabe o que é? Então entra aqui e vem com a gente!
Os atores Giovanna Lancellotti e Rafael Cardoso e o cantor Vitão
estiveram na expedição promovida pela Aliança Amazônia em Chamas, em
setembro, e relatam como foi ver de perto a destruição da Amazônia
Entre os dias 15 e 17 de setembro, Amazon Watch, Greenpeace Brasil e
Observatório do Clima se uniram para realizar uma expedição pela
Amazônia, com pesquisadores, jornalistas e três artistas brasileiros —
Rafael Cardoso (ator), Giovanna Lancellotti (atriz) e Vitão (cantor e
compositor). A rota partia de Porto Velho, capital de Rondônia, e seguia
até Lábrea, no Amazonas, recordista em queimadas no mesmo período.
Sobrevoando a região, o grupo avistou extensas áreas desmatadas
em julho e já consumidas pelo fogo — polígonos de 1.550 a 2.450 hectares
ou, respectivamente, de 2.012 a 3.181 campos de futebol —, que estão
entre os cinco maiores desmatamentos do estado do Amazonas. Também foram
detectados: cicatrizes de garimpo em meio a áreas protegidas, pistas de
pouso clandestinas, grandes glebas em preparo para plantio e gado
pastando junto a queimadas recentes.
“No começo do sobrevôo, eu até pensei “não deve ser um fogo tão
grande, mas quando você chega nos focos de queimadas, é muito feio, dói!
Quando você vê de cima, nessa proporção, é mais doloroso ainda, porque
em volta está tudo verde, tudo lindo. E isso desperta ainda mais uma
consciência e uma vontade de fazer alguma coisa para que a destruição
diminua”, contou a atriz Giovanna Lancellotti.
Na parte terrestre, a expedição passou por Candeias do Jamari,
segundo município mais desmatado em Rondônia, entre agosto de 2020 e
julho de 2021, ficando atrás apenas de Porto Velho. Lá, estavam
serrarias e muitos caminhões carregados de toras de árvores gigantes,
além de gado pastando junto a áreas recém queimadas.
Perguntado sobre o que mais o impactou na expedição, o ator Rafael Cardoso declarou:
“Vi uma barbárie, um movimento contrário a qualquer tipo de
consciência, à sanidade. É revoltante ver grandes áreas sendo griladas,
grandes áreas já griladas queimando e outras esperando para serem
queimadas, e no meio do nada, ou seja, precisa abrir estradas para
acessar esses locais. São grandes formas geométricas organizadas sendo
queimadas, então, é preciso investir dinheiro. Depois que acabar isso
aqui, vamos pra onde? Não teremos vida sem água, planeta e ar pra
respirar. A única maneira de educar e mostrar para as crianças, que são
quem ficará aqui e serão os responsáveis por seguir esse trabalho. É o
exemplo que temos de dar, e eu vi isso nos meus filhos. Essa educação
ambiental para as crianças é o que me motiva hoje”.
Sob o governo Bolsonaro, o Amazonas superou Rondônia como o terceiro
estado com o maior desmatamento, segundo o sistema Prodes, do Inpe. De
acordo com dados do Programa Queimadas, de janeiro a meados de setembro
deste ano, foram cerca de 12 mil focos de calor no Amazonas. Só em
agosto, registraram-se 8.588 focos no estado, superando o recorde do
mesmo mês em 2020, que, por sua vez, tinha superado o de 2019. Lábrea é a
área mais crítica do país, com 2.959 focos em 2021. Porto Velho é o
segundo município em quantidade de queimadas — com 2.700 focos — e a
capital onde a floresta Amazônica mais queima.
“O que eu vi de impressionante nesse sobrevôo foram todas as
áreas de queimadas e desmatamento, que é uma coisa completamente
entristecedora. Fiquei chocado ao ver essas áreas queimadas de cima,
porque existe um contraste muito gritante entre as áreas com vegetação e
as áreas desmatadas e queimadas. É um cenário que realmente parece um
cemitério. Mas, não podemos abaixar a cabeça, temos agora que lutar para
que isso não aconteça mais. Poder comunicar isso para as pessoas que
gostam da minha música, mas que também escutam o que eu falo, além da
música, é muito importante e especial pra mim”, relatou o cantor e compositor Vitão.
Sobre a Aliança Amazônia em Chamas: parceria entre
as organizações Amazon Watch, Greenpeace Brasil e Observatório do Clima
para promover sobrevoos de monitoramento e divulgação de informações
relativas a áreas de floresta desmatadas e/ou ameaçadas pelo
desmatamento, fogo e garimpo.
Adriano Karipuna lança e-book em que reflete sobre as condições
de vida de seu povo e narra episódios curiosos e tristes de sua vida
Ainda é muito difícil, para os não-indígenas, ter uma ideia clara e
exata de como se dá o choque cultural que acontece quando um indígena
precisa ir à cidade estudar, conseguir um emprego, fazer compras ou
obter remédios.
Nas últimas semanas, porém, essa tarefa ficou mais fácil. Adriano Karipuna, líder do povo Karipuna, de Rondônia, lançou “Da Floresta para o Mundo”
– livro em que expõe suas memórias e narra, em primeira pessoa, como
foi o processo de sair de sua aldeia, no norte do País, para representar
um dos povos mais ameaçados do Brasil em palestras e eventos ao redor
do mundo.
“Da Floresta para o Mundo” possui 116 páginas e está sendo vendido no formato virtual, como um e-book. Ele está disponível a R$ 10,60 no Kindle, o serviço de livros digitais da Amazon.
O livro é dividido em três capítulos (“A Floresta”, “A Cidade” e “O
Mundo”) e nele Adriano descreve diversas passagens de sua vida, desde
quando era criança vivendo nas cabeceiras do Rio Mutum Paraná, em Nova
Mamoré, interior de Rondônia; até as viagens recentes que fez aos
Estados Unidos e Suíça, quando encontrou grandes líderes mundiais para
denunciar o genocídio as quais os povos originários são submetidos hoje
no Brasil.
“Escrevi para mostrar à sociedade não-indígena o quanto os povos indígenas e os Karipuna vêm lutando contra o desmonte das leis socioambientais
e os retrocessos que ocorrem hoje nessa área. Descrevo a luta dos
diversos povos que sofrem esse tipo de ataque, que são alvo de crimes e
violência”, disse o autor.
Sobre o livro
Na obra, Adriano relata suas memórias em ordem cronológica. Estão
descritas parte de sua infância nômade, em que os Karipuna (que se
autointitulam “Aué” ou “Boca Preta”; “Karipuna” é uma designação vinda
dos não-indígenas) andavam de aldeia em aldeia procurando paz e sossego;
o primeiro contato com funcionários do antigo Serviço de Proteção ao
Índio (SPI), órgão mais tarde substituído pela Fundação Nacional do
Índio (Funai); a perda do pai aos oito anos; e o convívio com os seres
da floresta – tanto os ‘terrenos’, como cães, macacos, mutuns e
tracajás; quanto os encantados como o Anhãgã e o Grande Morcego.
Mais à frente, Adriano fala de seu contato com o cristianismo durante
a adolescência; das enormes dificuldades que enfrentou por ser um
indígena estudando na cidade; o primeiro emprego, colaborando com a
saúde indígena, e como o namoro com sua futura esposa, uma professora de
Geografia, foi fundamental para mantê-lo motivado nos estudos e
descobrindo como funcionava a sociedade não-indígena. O final da obra
narra o trabalho de Adriano enquanto liderança Karipuna e foca bastante
em suas experiências de viagem, indo a Nova Iorque, Genebra e ao
Vaticano denunciar as agressões sofridas por seu povo.
Palavras como veneno
O livro é cheio de histórias curiosas, como Adriano contando as
dificuldades que teve em comprar um pen drive em Nova Iorque; a
descrição de cuidados que um futuro pai Karipuna precisa ter – para
poupar a mãe e a criança de sofrimento, o pai é proibido de comer frutos
como buriti, pupunha durante a gravidez; e a ocasião em que, durante
uma visita a um povo originário do Equador, teve como café da manhã um
xarope muito amargo feito de cipó.
Por outro lado, as memórias de Adriano também são repletas de
episódios de racismo, em que sua identidade indígena foi o ponto de
partida para diversas violências que ele sofreu ao longo da vida. Desde
os colegas da escola que zombavam dele por não falar português direito,
passando pelo Uber que pergunta de maneira rude “qual tua tribo?” até a
polícia italiana quase confiscando um cocar valioso durante uma viagem –
Adriano conta vários desses episódios e deixa muito claro como isso o
incomodou e entristeceu.
“O racismo vem do ensinamento. Pais e mães não ensinam os filhos a
respeitar o próximo. Dizem que eu deixei de ser indígena porque estou
na cidade. Isso é preconceito. Por exemplo, um brasileiro que come sushi
não deixa de ser brasileiro, um brasileiro que fala espanhol ou inglês
não é americano ou mexicano. O racismo às vezes é pregado na língua. As
pessoas jogam indiretas, jogam veneno uns nos outros. Os não indígenas
têm preconceito uns com outros, com negro, com mulher, com LGBT, com o
candomblé… Lançam palavras como veneno. Esse tipo de ofensa muitas
vezes vem como uma brincadeira, brincadeiras agressivas. Ofensa é
preconceito, sim. Eu, como sou forjado e preparado politicamente, eu
enxergo. O comportamento mostra quem é racista”, diz Adriano em determinado momento do livro.
Entender os desafios
Adriano afirmou que as sociedade não-indígenas ainda têm muito a
aprender com os povos originários: “Penso que a maior lição que vocês
têm a aprender conosco é o quanto é importante manter a floresta viva,
em pé, intacta, sem derrubá-la. Vocês não entendem também o respeito que
temos um pelo outro, pelos nossos anciões, pelas nossas crianças, pela
natureza. Vocês não têm essa cultura de viver coletivamente, de
conviver, de respeitar todos os que os rodeiam – desde a floresta, os
rios, as aves, os ventos. A sociedade não-indígena está se matando; é
preciso parar e refletir sobre isso”.
Para a Porta-Voz da Campanha Amazônia do Greenpeace, Carolina Marçal,
o livro de Adriano é mais uma ferramenta que temos para entender os
desafios dos povos originários.
“Estamos num momento em que precisamos, cada vez mais, ouvir a voz
dos povos indígenas e entender quais são os problemas que eles
enfrentam. O livro de Adriano, ao registrar as memórias de uma liderança
que vive hoje as violências causadas por grileiros, madeireiros e
garimpeiros, nos ajuda a entender essas questões e levá-las adiante. Se
quisermos construir uma sociedade mais justa, inclusiva e rica para
todos, precisamos considerar as populações indígenas e colocá-las dentro
da construção desse novo mundo”, disse Carol.
Ofensiva criminosa
Situada em Rondônia, nas proximidades da capital Porto Velho, a Terra Indígena Karipuna é um dos territórios mais ameaçados do País.
Homologada em 1998 e com 153 mil hectares, ela já teve mais de 11 mil
hectares devastados por ações criminosas. A TI Karipuna sofre com o
roubo de madeira, o loteamento ilegal e o desmatamento.
Historicamente, ela sempre teve problemas. Mas desde 2015 aquela área sofre uma ofensiva que se intensificou
de maneira muito séria após a chegada ao poder de Jair Bolsonaro.
Grileiros, madeireiros e garimpeiros avançam cada vez mais e mais para
dentro do território.
Os próprios Karipuna foram vítimas de inúmeras violências no passado e
chegaram à beira da extinção: na década de 90, havia apenas cinco
indivíduos Karipuna. Hoje, são mais de 50, mas sua situação não é muito
diferente. O enfrentamento aos criminosos coloca as lideranças sob
ameaça e tensão constantes. Em junho de 2018, o Ministério Público
Federal (MPF) voltou a alertar para o risco de extinção deste povo caso o
governo brasileiro não tome medidas de proteção para defender este
povo.
The science is clear: the climate crisis is very real, and it is very much here.
The necessary climate actions are also clear: We need a just transition away from fossil fuels to drastically cut global carbon emissions rapidly.
Let’s say that again for the polluters and procrastinators who
mistakenly think their deep pockets or space rockets will keep them safe
from climate impacts:
We need a just transition away from fossil fuels NOW!
The only things standing between all of us and the climate actions we need are corporate polluters that put profits over the planet and governments valuing power more than people.
Working as part of a global movement, we must do everything faster and bolder, at all levels, leaving no sector behind.
Here are some of the climate actions we need to be pushing for in
every way that we can in order to ensure a fairer, safer, and more
sustainable future for all:
There can’t be any new fossil fuel investments anywhere:
Moreover, the phase out of existing fossil fuel infrastructure must
align with the 1.5°C target. Smart, efficient and sustainable solutions
are ready to deliver and meet all our energy needs.
Stop pipelines everywhere:Resistance led by Indigenous Peoples
has already been stopping pipelines. Not only must we continue to
support the land rights of Indigenous Peoples, but we must stand
alongside every community endangered by oil companies’ greed.
Head for zero global emissions: The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), a group of the world’s top climate scientists convened by the United Nations, made clear in its 1.5°C report
that we need clear benchmarks for action, such as cutting all emissions
in half by 2030. Those countries with more capacity and responsibility
must lead the way and support others in their journey.
Governments must align their targets and plans with 1.5°Cfor COP26. With current policies we are only on track
to an apocalyptic 2.9°C future. That is not acceptable ! We need better
targets and binding commitments by the annual climate conference in
Glasgow this November.
Financial institutions must align with the objectives of the Paris Agreement.
There is no future in fossil fuels so we need to stop investing in it.
Shifting investment will be key to avoiding high-carbon and limiting the
global average temperature increase to 1.5°C.No more greenwashing and
empty net-zero pledges that rely on imaginary offsets.
Fix our broken food system:The industrial production of commodities such as palm oil, soya, meat and dairy are destroying our forests and other ecosystems.
We must end deforestation, restore forests and other terrestrial
ecosystems, and adopt agroecology along with a reduced production and
consumption of animal products and more plant-based diets.
It’s time to transform transport: If we’re serious about cutting carbon emissions then we need to radically rethink how people and goods move around.
We must protect and restore ecosystems: Healthy ecosystems are more resilient in the face of inevitable climatic changes. We must protect 30% of our land and oceans and reduce all pressures to our ocean ecosystems.
Listen and stand with Indigenous People: The rights
of Indigenous Peoples and traditional communities are critical to the
health of ecosystems, but their lives and lands are threatened around
the world.
Prepare for the unavoidable — with justice. All
future development and water management plans, infrastructure projects
and food security programmes must factor in our climate reality. The
‘polluter pays’ principle must be at the heart of adaptation and
compensation efforts between and within countries.
We mustdeliver in solidarity.
Today the true costs of climate change are paid predominantly by those
who have caused it the least. Rich governments must deliver on their
Paris climate finance commitments and get serious with addressing loss
and damage. It’s not too late but we must act now.
Yes, this can all feel like we have a lot of work ahead. Don’t worry, we can — and must — do it, together.
Taking these common-sense steps to protect people and the planet
won’t only save time and money compared to continued inaction or false
solutions; these actions will also save lives and homes. The global
COVID-19 pandemic has already disrupted our status quo and presented an
opportunity to jumpstart a just transition with strong green recovery
measures being adopted worldwide.
This is a make or break opportunity to build back better right when we need to most, so let’s grasp it!
I recently had the chance to visit the Adriatic coast as part of a
ship tour Greenpace Italy organises every year with our partners at the
Exodus Foundation, researchers at CNR-IAS and the University of Marche in Ancona.
While walking on one of the beaches in Brindisi, in Southern Italy, I
witnessed a huge amount of plastic waste spread all over the beach:
drinking bottles, fishing gear and lots of single-use packaging items.
Sadly, this has become an all-too common sight on many beaches all over
the world.
Throwing away? There is no ‘away’
One of these items in particular caught my attention: a bleach bottle
manufactured in the 1960s by the Montecatini company. This chemical
company specialised in the production of plastic polymers such as
polypropylene, invented by the Italian scientist Giulio Natta, the
winner of the Nobel Prize for chemistry in 1963.
The Montecatini company doesn’t exist anymore, but the plastic they
produced remains as discarded trash on a beach, almost fifty years after
its contents were used and the container ‘thrown away’. This was a
stark reminder that once plastic is out in nature, it can remain intact for decades, if not centuries.
A toxic legacy
Over the last decades Montecatini assets have been sold to other
chemical companies, including one of the biggest plants in Brindisi, on
the south-eastern coast of Italy.
Versalis, the chemical branch of the Italian oil and gas giant ENI,
is now among the owners of this factory. This company manufactures
plastic polymers, especially polyethylene – the most common material
used for single-use plastic packaging all over the world.
The
factory in Brindisi is where the first step of the plastic life cycle
starts. Here, oil and gas are turned into small pieces of plastic known
as nurdles or pellets – the raw materials for a million bleach bottles
and other products. These are the same type of plastic nurdles which
recently covered the beaches of Sri Lanka after the accident of MV Xpress Pearl.
People living in the city of Brindisi are familiar with nurdles. Lena
and Fabrizia, two local women, told me that “in the sixties, when the
petrochemical plant was built, they switched from playing on beaches of
sand, to beaches full of plastic pellets”.
In the 1960’s, a brand-new chemical plant was seen as a big
opportunity to bring prosperity and economic progress to a largely rural
area of Southern Italy. Many people who were originally working in
farms left their jobs to start a new life in plastic manufacturing. But
that economic dream soon vanished.
Daniele, a 40 year old local, told me that “the plant has brought
only the illusion of well-being”. He reports, together with many local
residents, of “coping with pollution and frequent gas flaring from the
plant, associated with the emission of hazardous gases. Benzene, for
example, a well-documented carcinogenic in humans, has often reached
concerning levels in the air of the city”.
In Spring 2020, the mayor of Brindisi temporarily stopped the petrochemical plant activities to reportedly protect communities from this pollutant.
After a few weeks, the plant has returned to operation and I’ve
personally seen frequent flames from the factory stacks during my short
visit to the city.
Fossil fuels and the plastic crisis: two faces of the same dirty coin
These are the single-use products that big brands like Coca Cola, Nestlé,
PepsiCo, P&G, and Unilever continue to use in huge quantities –
flooding the global market, and the whole planet, with plastic.
The demand for plastic these big brands are creating offers a big opportunity
for oil & gas companies to continue their dirty business, simply by
switching from fuel production to plastic production. For this reason, the plastic crisis and climate emergency are two faces of the same dirty coin.
At Greenpeace, we support the frontline communities living with this
toxic nightmare, and will fight with them to end the pollution and
damage caused by the fossil fuels and plastics industries. We must
accelerate the just transition to a green economy, where the fossil fuel
companies and the plastics production that is enabling them become,
just like the Montecatini bleach bottle, a relic of the past.
Giuseppe Ungherese, Toxics Campaigner in Greenpeace Italy leads the work on plastic and is based in Rome
Greenpeace e Fridays For Future iluminam a noite de Brasília e
outras quatro capitais alertando sobre a crise climática e o
negacionismo do governo Bolsonaro
Hoje acontece a Greve Global pelo Clima, uma
mobilização mundial que, aqui no Brasil, já ganhou cara, nome e
sobrenome, assim como a crise climática. E essa última não é motivo para
comemorações, mas serve de alerta para que muitos de nós façamos
definitivamente uma escolha: agir ou… Bom, mas não há mais tempo para
uma segunda opção se não quisermos ver mais enchentes recordes, secas extremas, crise hídrica e aumento da conta de luz, agravamento das desigualdades e outros impactos decorrentes do aquecimento do planeta, impulsionado pelas ações humanas.
A estimativa, segundo o Fridays For Future
(Sextas-feiras pelo Futuro, em português), que lidera o movimento, é que
pelo menos 85 países participem da mobilização. No Brasil, alguns
grupos de jovens optaram por manifestações presenciais,
outros vão dedicar esforços às redes sociais, onde a pressão também é
efetiva e faz eco através do uso das hashtags e da marcação acirrada em
cima dos negacionistas e de todos os líderes de governo que agem como se
a crise climática não fosse realidade. Até o fechamento deste texto,
estavam inscritos para grevar (sim, nos bastidores, a ação já até virou verbo!) jovens de pelo menos vinte cidades brasileiras.
Mas o clima contra a inação de nossos governantes já começou a esquentar desde ontem! Como forma de marcar presença e iluminar o pensamento dos negacionistas, ruralistas e passadores de boiada, junto à rede Projetemos, o Fridays For Future Brasil, com o apoio do Greenpeace Brasil, fez projeções simultâneas em cinco cidades: Belém (PA), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Recife (PE).
Em Brasília, as projeções aconteceram em quatro pontos da cidade: Biblioteca Nacional, Praça dos Três Poderes, em uma das Cúpulas do Congresso Nacional e no Terminal Rodoviário.
“A Crise Climática já é realidade”, “Bolsonaro, Mentiroso Climático”,
“Crise Climática, realidade que mata” e “Amazônia ou Bolsonaro” foram
algumas das mensagens projetadas. Veja a seguir o registro das
projeções e o recado dado pela mobilização liderada pela juventude
brasileira:
Porto Alegre
(RS) | Em parceria com o Fridays For Future Brasil e com o Projetemos,
ecoamos a mensagem que a juventude deixará registrada na história neste
24 de setembro: a #CriseClimática é uma realidade e precisamos de todos
os esforços para freá-la!
Por que descolonizar o sistema?
A crise climática é consequência das ações humanas, conforme atestou o
mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC na sigla em inglês). Ela é resultado de um modelo de
desenvolvimento insustentável, baseado no uso predatório da natureza e
na desigualdade social. Um modelo que, historicamente, estimula o uso
desenfreado dos recursos naturais para beneficiar a uma minoria,
enquanto a maior parte da população que já enfrenta inúmeras outras crises fica com os prejuízos.
O que a juventude pede ao eleger a hashtag “Descolonizar o Sistema” como o principal chamado é simplesmente a inversão dessa lógica.
“Descolonizar o sistema é uma forma da gente desconstruir um olhar
colonial sobre as relações sociais e o meio ambiente, como por exemplo a
discriminação racial, que resultou em uma parcela da população, como
negros e indígenas, deslegitimadas e escravizadas; além da imposição da
monocultura como forma de produção exploratória. E apesar de todos serem
iguais perante a lei, por conta desse processo, nem todos passaram a
ter acesso às mesmas oportunidades”, diz Daniel Holanda, ativista do
Fridays For Future Brasil.
Para a mudança necessária, é preciso frear a continuidade dos
processos que seguem sendo reproduzidos por um desenho de humanidade
ultrapassado e fracassado, que propaga a desumanização de algumas
populações, além de fazermos a transição para uma sociedade que foque na
colaboração, no respeito aos limites da natureza e que essa seja vista
como aliada para que possamos garantir um presente e um futuro digno,
saudável e justo para todes. A juventude pede também o fim das
injustiças socioambientais e climáticas, essas que fazem com que as
pessoas que menos contribuíram para que chegássemos ao ponto que
chegamos, sejam as que mais sofrem os impactos.
O chamado para “descolonizar o sistema” é, portanto, uma oportunidade
para repensarmos nossas ações enquanto sociedade, mas também que
descolonizemos a nós mesmos. Garantir a justiça climática passa por
desconstruir os padrões que perpetuam a discriminação e a desigualdade.
Para além de respeitar, precisamos aprender com os povos
historicamente oprimidos e deslegitimados pelo sistema hegemônico, como
indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e periféricas, e
incorporar suas visões e soluções de desenvolvimento cooperativo e
solidário nas definições dos rumos da nossa sociedade.
É necessário falar de crise climática e reconhecer que isso inclui falar de raça, classe, gênero, orientação sexual, de direitos humanos e civis.
O grito da juventude surge diante de um governo que aposta no retrocesso e reproduz lógicas coloniais de ameaça aos direitos territoriais constitucionais dos povos indígenas, e de ameaça à democracia e aos direitos civis. Ainda mente enquanto avança com um projeto de destruição da Amazônia, principal causa das emissões de gases estufa no Brasil.
“O chamado da juventude é uma grande oportunidade para que líderes
mundiais e grandes empresas se inspirem e tomem decisões urgentes e
efetivas para garantir um presente e um futuro mais justo e sustentável
para todes. Não temos mais tempo para promessas que levem 30 ou 50 anos
para serem colocadas em prática. Precisamos de ações agora para que já
na próxima década não cheguemos ao aumento de 1,5º C na temperatura
média do planeta, como alertaram os mais de 200 cientistas de 185 nações
no último relatório do IPCC”, defende Pamela Gopi, porta-voz da
campanha de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.
“Não
podemos mais tolerar governantes negacionistas liderando países. A
juventude quer poder sonhar além dos próximos dez anos e, por isso,
semeia engajamento, conscientização e ação para que a gente chegue em um
mundo mais verde e justo para todes”, ressalta Gopi.
Voluntárias e voluntários do Greenpeace Brasil em manifestação durante a Greve Global pelo Clima.
Desde
2018, a juventude mundial vem encarando de frente a crise climática e
cobrando dos líderes de governo e também de empresas, a mudança
necessária e urgente para frear o aquecimento global. À frente das
mobilizações mundiais, a assinatura é do Fridays For Future (Sextas-feiras
pelo Futuro), mas nos bastidores, são muitas as mentes e corações que
se envolvem e apoiam essa luta, caso também dos voluntários e
voluntárias do Greenpeace Brasil, que nas redes dos grupos locais
divulgaram e divulgam diversos conteúdos sobre o tema, assim como também seguem participando das greves pelo clima que acontecem às sextas-feiras.
São tantas vidas e direitos em risco que tá difícil de
acompanhar! Por isso, reunimos alguns dos Projetos de Lei que mais
preocupam a nossa saúde e o meio ambiente
Eu não gostava de política, até entender que, gostando ou não
gostando, ela está em tudo! No mercado, na internet, na rua e,
inclusive, na minha vida. Sou de Cubatão, um município no Estado de São
Paulo que já foi considerado o mais poluído do mundo nos anos 80. Mas graças a muitas políticas públicas e privadas, ganhamos o título de cidade-símbolo de recuperação ambiental da ONU em 1992. E essa volta por cima só foi possível porque os cidadãos cubatenses e a comunidade científica foram ouvidos e respeitados.
Hoje, com a pandemia, a política se mostra mais necessária do que
nunca! Porque assim como em Cubatão, vários lugares no Brasil ainda
enfrentam problemas na saúde e na economia que foram agravados pela
Covid-19, como o desemprego e a fome. Mas, em vez de priorizar medidas
que ajudem famílias de todo o país, alguns políticos em Brasília seguem
aproveitando o vírus para passar a boiada, votando propostas que favorecem apenas o agronegócio e que já estão prejudicando a nossa geração e as próximas.
Com 255 membros,
a bancada ruralista é maioria no Congresso Nacional e consegue aprovar
ou barrar qualquer medida de seu interesse, ainda mais com o apoio de Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados e vencedor da Motosserra de Ouro em 2021. Enquanto o Brasil bate recorde na colheita e na exportação da soja, o óleo de cozinha e outros alimentos estão cada vez mais caros, isso sem contar o aumento dos ataques aos defensores ambientais e do desmatamento na Amazônia, que coincidem com o enfraquecimento das políticas que ajudavam a conter e a fiscalizar esses crimes.
É tanto desmonte e tantas vidas em risco que estamos sob alerta mundial. Além do pronunciamento recente da ONU, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também se mostrou preocupada com os Projetos de Lei (PLs) em curso no Brasil, e advogados indígenas fizeram uma denuncia contra Bolsonaro por genocídio
no Tribunal Penal Internacional. Em questão de dias, um direito que
demorou anos para ser conquistado pode ser revogado ou, do nada, um novo
projeto pode surgir ameaçando o nosso futuro e o das florestas.
Mas se você se perdeu no meio das boiadas, não se preocupe!
Fizemos um resumo com as principais propostas no Congresso Nacional que
ameaçam direitos socioambientais.
Boiada do Veneno:
Todo ano, mais de um bilhão de litros de
agrotóxicos são despejados em território brasileiro, mas o governo tem
se esforçado para aumentar ainda mais essa quantidade. Desde a sua
posse, Bolsonaro autorizou mais de mil novas substâncias
(média de um veneno novo por cada dia de mandato!) e, a qualquer
momento, Arthur Lira pode colocar em votação no plenário da Câmara dos
Deputados o Projeto de Lei 6.299/02, conhecido como Pacote do Veneno, que enfraquece a legislação atual — que já é frágil — para aumentar a circulação de agrotóxicos no país, liberando inclusive substâncias cancerígenas e que são proibidas em outros países.
Grilagem nada mais é do que o roubo de terras públicas. Mesmo sendo crime, deputados e senadores propõem os Projetos de Lei 2.633/20 e 510/21 para legalizar invasões de terras,incluindo áreas de proteção ambiental e territórios tradicionais, o
que estimula mais desmatamento e conflitos no campo. Pelos corredores
do Congresso, os políticos não escondem a pressa em aprovar essas
medidas nas próximas semanas. O PL 2.633 já foi aprovado pelos deputados
e agora está sendo analisado nas comissões técnicas do Senado junto com
o 510, passando por audiências públicas meramente ilustrativas e sem
amplo debate com a sociedade, que tem se posicionado fortemente contra.
Como se não fosse o bastante, há também o PL 4.348/19,
que libera a grilagem em assentamentos rurais e privatiza áreas
destinadas à reforma agrária. Este projeto passou de forma vergonhosa
pelo Senado em abril e está aguardando definição na Câmara.
Boiada Anti-Indígena:
Em agosto, Brasília foi palco da maior mobilização indígena em 35 anos: o #LutaPelaVida,
onde mais de 6 mil pessoas e 176 povos se reuniram com urgência em
defesa das vidas e das Terras Indígenas. Entre os projetos de maior
ameaça estão os PLs 490/07 e 191/20, que violam a Constituição Federal e autorizam empreendimentos de alto impacto em territórios indígenas (como mineração, hidrelétricas e outras atividades econômicas).
A qualquer instante, o PL 490 pode ser colocado em votação na Câmara dos Deputados, sendo que seu ponto mais polêmico, o Marco Temporal, também está em análise no Supremo Tribunal Federal
sob forte pressão do agronegócio. A tese ruralista restringe a
demarcação de Terras Indígenas ao alegar que as comunidades só têm
direito às terras que estivessem sob sua posse em 5 de outubro de 1988,
data da promulgação da Constituição, ignorando o histórico de invasão e
roubo de territórios originários.
Boiada pelo Fim do Licenciamento:
Conhecido como “a mãe de todas as boiadas”, o PL 3.729/2004, aprovado na Câmara dos Deputados em maio e que agora tramita no Senado Federal como PL 2.159/2021, praticamente acaba com o licenciamento ambiental. Isso porque a nova lei fragiliza e extermina medidas importantes para a saúde da população e para a proteção das riquezas naturais do país.
Os deputados aprovaram a pior versão já apresentada sobre o tema, pois transforma o licenciamento em exceção,
o que é uma verdadeira ameaça para o bem-estar coletivo. A proposta
tramita no Senado Federal de forma acelerada, com audiências públicas
remotas que não garantem o devido debate com a sociedade sobre um tema
tão relevante. A relatora do projeto, Kátia Abreu, é explícita com
relação à sua intenção em votar o texto nos próximos meses.