Greenpeace Brasil
Sem os povos originários, não será possível vencer a crise climática
Hoje é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Nesse dia tão importante, reafirmamos o nosso apoio e respeito à luta incansável dos povos originários pela vida, pela natureza, por seus territórios e pela garantia de seus direitos reconhecidos na constituição.
Os povos indígenas são guardiões por excelência da natureza, sem a qual não será possível vencer a mais grave emergência que ameaça a humanidade – a crise climática. Defender os direitos dos povos indígenas é, portanto, garantir nosso passaporte para o futuro e as condições de existência para as futuras gerações.
Para marcar esse dia, compartilhamos com vocês a websérie Arandu, produzida em 2020 pelo Greenpeace. Mostrando imagens dos territórios brasileiros e ouvindo depoimentos de algumas das mais reconhecidas lideranças indígenas de nosso País, este conjunto de 12 curta-metragens expõe o que os Krikati, os Baré, os Canoé e os Kassupá pensam sobre a vida, o planeta, o tempo e a relação que as populações tradicionais têm com os seus ambientes.
Ouvir o tempo
Arandu é um termo Kaiowá e Guarani que significa “ouvir o tempo”, “vivenciar”, “entendimento” e “conhecimento”. Hoje, mais do que nunca, a sociedade não-indígena precisa aprender e pôr em prática essas ideias, que já estão sendo vivenciadas pelos povos originários há séculos.
“Tudo para nós é sagrado”, diz a liderança da Terra Indígena Arariboia (MA), Suluene Guajajara. “A mata é sagrada, a água é sagrada. Nossos Encantados querem a água limpa. Eles não gostam de poluição, de zoadas. Mas os empreendimentos próximos, no entorno das Terras Indígenas afastam esses seres. Entendemos que existe um impacto causado pelas mudanças climáticas. Alguma coisa errada está acontecendo no mundo, porque muitos não estão respeitando o que é de sagrado”, contou Suluene.
Único corpo
“Nós, os povos indígenas e as florestas, somos todos interligados. A nossa espiritualidade está dentro do nosso território. Nós somos isso, o corpo, que podemos ver; mas somos também uma parte espiritual – somos as águas, os animais, a floresta, o ar, os igarapés. Somos um único corpo. Matando os povos indígenas, você destrói a floresta amazônica”, explicou a titular da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Nara Baré.
O Brasil é especialmente pródigo quando se trata de riqueza étnica e cultural. Existem em nosso país 305 povos indígenas distintos, falantes de pelo menos 274 línguas. Desse total, ao menos 115 povos vivem em isolamento voluntário – a grande maioria, na Amazônia. É um conjunto de modos de vida, cosmovisões, vivências espirituais e concepções de mundo únicas e específicas, que formam um patrimônio imaterial de valor incalculável.
Genocídio
Nossos tempos, no entanto, não têm sido fáceis para os indígenas. Sob o Governo Bolsonaro, os povos originários têm sido duramente atacados; situação que ficou mais grave após a pandemia de Covid-19 e a crise econômica que estamos enfrentando.
No meio de 2020, auge da pandemia do coronavírus, Bolsonaro vetou a obrigação do Governo de garantir acesso à água potável e leitos a indígenas na pandemia. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), das famílias vítimas de invasões de terra em 2020, 71% delas eram famílias indígenas. O Projeto de Lei 490/2007, aprovado em junho de 2021 numa comissão da Câmara dos Deputados, inviabiliza a demarcação de Terras Indígenas e promove a abertura desses territórios ao agronegócio, à mineração e à construção de hidrelétricas. E, em Rondônia, uma lei que reduziu áreas protegidas deixou as Terras Indígenas Karipuna, Uru Eu Wau Wau, Karitiana, Lage e Ribeirão mais vulneráveis a invasões. Por tudo isso e mais um pouco, o Brasil já tem sido apontado no exterior como causador de um genocídio indígena.
Ataque e desmonte
“Os povos indígenas hoje correm imensos riscos”, disse a porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil, Carolina Marçal. Segundo a especialista, o desmonte das políticas socioambientais construídas ao longo de décadas e o ataque aos direitos dos povos e das comunidades tradicionais são o propósito do atual governo federal .
“Ao tentar abrir a todo custo as terras indígenas para exploração e interesses particulares, o governo federal e a bancada ruralista ferem a Constituição e colocam em perigo centenas de povos e também a própria biodiversidade brasileira e o equilíbrio dos serviços ecossistêmicos que nossos biomas prestam ao mundo”, disse Carolina.
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