Enquanto a sociedade sai às ruas e exige ações para conter a emergência climática, governantes se reúnem em Madrid para decidir questões cruciais para o futuro da humanidade
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© Christian Braga / Greenpeace
Em todos os continentes, o movimento da juventude pelo clima vem anunciando: “Não há mais tempo a perder!”. Porém, o que tudo indica é que muitos governantes não estão comprometidos o suficiente. O caso brasileiro é um dos mais alarmantes: o governo Bolsonaro já apresenta a maior taxa de desmatamento desde 1998, com uma alta de 29,5%.
Além dos números concretos que comprovam o aumento do desmatamento no governo atual, o governo de Jair Bolsonaro insiste em fazer falsas e criminosas acusações contra organizações ambientais. Nesse balaio, nem o ator de Titanic, Leonardo DiCaprio ficou de fora da culpabilização do governo – DiCaprio foi acusado de financiar os incêndios na Amazônia. Em vez de resolver a questão, o governo passa a acusar a todos por sua incapacidade de lidar com a agenda socioambiental brasileira, em meio a perseguições e acusações que não devem ser admitidas. O resultado é a incapacidade de se encontrar os responsáveis e de achar solução para os diversos crimes ambientais ocorridos neste ano, como o derramamento de óleo na costa brasileira e o desmatamento na Amazônia, que é hoje responsável pelo maior volume de emissões do Brasil.
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O governo de Jair Bolsonaro chega à COP em Madrid com a imagem já deteriorada na agenda internacional e com ações pouco condizentes com as necessidades do Acordo do qual que é signatário. Apesar do Brasil ter sua assinatura no Acordo, está cada vez mais longe de cumprir até mesmo as metas menos ambiciosas assumidas.
Nas ruas ou onde quer que nossas vozes possam chegar, estamos cobrando
No Largo da Batata, um dos espaços públicos que os moradores paulistanos costumam ocupar para protestar por direitos que lhes são negados, ou então para que as reivindicações coletivas cheguem aos tomadores de decisão, Mateus Santos, de 13 anos, caminhava com uma placa na mão: “crise climática”. No discurso e na ação, ele reivindicava por uma mudança conjunta e em todas as esferas da sociedade. A juventude que tem sido a voz a gritar mais alto no movimento em defesa do Clima não apenas cobra, mas age, e Mateus é prova disso.
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©Christian Braga / Greenpeace Brasil
E tem sido assim os encontros que temos tido desde que a Greve Global pelo Clima começou a ganhar corpo aqui no Brasil. Temos encontrado e convivido com jovens que estão revisitando hábitos e práticas já impostas pela sociedade, que têm se conectado com os impactos no clima mundial e que escolheram não deixar de olhar para as consequências dessas escolhas.
Ao mesmo tempo em que São Paulo fazia um protesto político-cultural em que o diálogo sobre a questão climática ganhou inclusive o primeiro olhar de muitos que apenas passavam por ali, jovens de outras cidades tomaram a frente de ações para que a data ficasse marcada também em outras regiões do país como Brasília, Rio de Janeiro e Manaus.
No espaço de microfone aberto aos diversos representantes da sociedade civil, manifestaram-se artistas, ambientalistas, indígenas, jovens e crianças. “Essa pressão é importantíssima e, no caso especial do Brasil, ela vem em tom de denúncia diante dos desmandos da agenda socioambiental do atual governo. Por isso, precisamos manter o olhar firme e a voz alta para denunciar caso mentiras, inverdades e falácias forem ditas durante a COP. A sociedade e principalmente os jovens estão de parabéns pela atitude. Continuemos cobrando de governos, mas também das empresas brasileiras que estão muito acomodadas e que têm falhado ao não assumir metas de redução de emissões”, disse Carlos Rittl, coordenador do Observatório do Clima, durante sua fala no evento.
No Rio de Janeiro, o protesto foi feito em forma de artivismo, que é quando a arte se torna uma aliada da transmissão da mensagem que se quer passar. No dia em que a sociedade se rendia ao fervor da sede de consumo, apelidado de Black Friday, as jovens Ana Gil e a Nayara Almeida, do Fridays For Future Rio de Janeiro, fizeram da Greve Global um jeito criativo e direto de criticar o incentivo a um sistema que se baseia na exploração desenfreada dos recursos naturais do planeta e na exploração de mão de obra. Elas usaram caixas de papelão com dizeres como “Adquira já um planeta pra chamar de seu”. A proposta foi uma forma de ironizar o dia em que o comércio investe em descontos para aumentar as vendas.
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