Em artigo publicado no jornal Washington Post, Joênia Wapichana, primeira mulher indígena eleita como deputada federal, escreve: “Entre os muitos paralelos entre suas administrações, Bolsonaro e Trump estão tomando medidas extremas para tirar os direitos duramente conquistados pelos povos indígenas em benefício das indústrias extrativas e do agronegócio. Estas políticas apresentam ameaças às nossas comunidades, à integridade dos ecossistemas e à estabilidade do clima”.
À voz de Joênia, soma-se a da também líder indígena Sônia Guajajara, da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que em entrevista publicada pelo The New York Times, também nesta semana, declarou: “Em apenas 50 dias de governo Bolsonaro houve um retrocesso de 30 anos dos nossos progressos. Estamos tendo que lutar para manter tudo que temos construído desde então”.
Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro vem enfraquecendo os órgãos e as políticas de proteção do meio ambiente e dos povos indígenas. Entre outros retrocessos, o novo governo já defendeu a exploração de terras indígenas para mineração, a redução da fiscalização ambiental, o afrouxamento das regras de licenciamento ambiental e a redução da atuação de ONGs em defesa da floresta.
“O objetivo parece claro: abrir áreas protegidas, especialmente na Amazônia, para a extração de minérios e expansão do agronegócio. São terras da União, de todos os brasileiros, e que podem ser entregues a empresas estrangeiras”, afirma Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.
Vale lembrar que no início deste mês, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou, diante de uma plateia de investidores e executivos de mineradoras no Canadá, que o país planeja permitir a atividade de mineração em Terras Indígenas e em zonas de fronteira.
Além de essenciais para a sobrevivência dos povos tradicionais, as Terras Indígenas são fundamentais para a preservação da biodiversidade, rios e solo. Entre 2004 e 2014, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em 80%, devido principalmente à criação de áreas protegidas e a ações de controle e repressão ao crime coordenadas pelo Ibama – o que comprova que as áreas protegidas desempenham um papel determinante na contenção do desmatamento e das mudanças climáticas.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.