Em outubro de 2018, a Comissão para a Conservação da Antártida votará a proposta de estabelecer um santuário de 1,8 milhão de km2 no oceano antártico. Desde já, é a chance de criar um movimento para manter pinguins, baleias e focas longe das agressões humanas, e que não pode ser perdida
Pinguins-imperador e de Adélia no oceano antártico. © Greenpeace / Jiri Rezac
Não faz muito tempo que ainda acreditávamos que os oceanos eram muito grandes para serem impactados de forma significativa ou duradoura pelas atividades humanas. Que ilusão! Estudo após estudo demonstram como os efeitos da pesca excessiva, da perfuração de petróleo, da mineração em águas profundas, da poluição e das mudanças climáticas põe os seres humanos no centro da crise por que passa os oceanos e os animais que vivem neles.
Mas não é apenas a vida selvagem que está ameaçada, nós também estamos. A saúde de nossos mares alimenta bilhões de pessoas e sustenta o nosso planeta através da luta contra as mudanças climáticas. Nosso destino e o destino de nossos oceanos estão intimamente ligados.
Que tipo de ação pode ser tomada para evitar que esse dano se torne irreversível?
A maioria dessas águas estão fora das fronteiras nacionais. São vastas áreas oceânicas que não pertencem, tecnicamente, a ninguém - o que significa que elas pertencem a todos nós. Nós somos seus guardiões compartilhados e o que acontece com elas é nossa responsabilidade coletiva.
Iceberg no oceano da Antártida ©Daniel Beltra/Greenpeace
A boa notícia é que a maré da história está virando, e nosso planeta azul finalmente começa a receber mais atenção pela proteção de seus oceanos. Apenas alguns meses atrás, em uma sala abafada longe do mar, governos de todo o mundo concordaram em iniciar um processo para protegê-los: um Tratado do Oceano.
Esse grande acordo não será alcançado até 2020, mas, enquanto isso, o movimento já contribui para consolidar uma adequada proteção oceânica. No início do mês, uma enorme área de 1,5 milhão de quilômetros quadrados foi protegida no Mar de Ross, na Antártida. Em um clima político turbulento, foi uma demonstração importante de como a cooperação internacional pode agir para proteger nossa casa compartilhada.
Sentada no fundo do mundo, a Antártica é o lar de uma grande diversidade de vida: grandes colônias de pinguins-imperador e pinguins-de-adélia; a incrível lula-colossal, com olhos do tamanho de bolas de basquete que permitem ver nas profundezas; e a baleia azul , o maior animal que já existiu em nosso planeta.
Pinguins-de-adélia no oceano antártico: uma das espécies
vulneráveis às ameaças que vêm pressionando a região © Greenpeace / Jiri
Rezac
Neste momento, os governos responsáveis pela Antártida estão reunidos para discutir o futuro do continente e de suas águas. Ao se reencontrarem em outubro, eles terão uma oportunidade histórica para estabelecer a maior área protegida da Terra: um Santuário do Oceano Antártico. Com 1,8 milhão de km2, ele abrangeria o Mar de Weddell, ao lado da Península Antártica, e seria cinco vezes o tamanho da Alemanha, o país que propõe sua criação.
A criação da maior área protegida do mundo no Oceano Antártico mostraria que o lobby corporativo e interesses nacionais não combinam com o apelo global para proteger o que pertence a todos nós.
O movimento para proteger mais da metade do nosso planeta - os oceanos - começa agora, e começa na Antártida.
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