Foi bonito, foi intenso... e está só começando.
Relembre um ano de luta do Greenpeace por alimentos mais saudáveis para
as pessoas e para o meio ambiente
O ano de 2017 foi marcado pelo lançamento coletivo da plataforma #ChegadeAgrotóxicos.
O objetivo da ferramenta: ajudar a mobilizar a população a apoiar a
Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a PNARA – uma iniciativa da
sociedade civil que virou Projeto de Lei em fevereiro desse ano. No
entanto, como não podia deixar de ser, o governo a mercê dos ruralistas,
que vem trabalhando arduamente pelo retrocesso e é faminto por veneno,
até agora não permitiu que a PNARA sequer começasse a tramitar.
Mesmo com inúmeros obstáculos impostos por governo e
bancada ruralista para rumar para uma produção mais saudável,
igualitária, justa e digna, a sociedade está mostrando muito mais
preocupação sobre agricultura e alimentação, principalmente com a
questão dos agrotóxicos, e isso é um passo muito importante. As pessoas
estão defendendo cada vez mais o direito a uma alimentação saudável e ao
meio ambiente equilibrado. A plataforma #ChegadeAgrotóxicos
já atingiu mais de 77 mil assinaturas. É um estádio lotado gritando em
coro: “não podemos mais engolir tanto veneno”. Não podemos e não
precisamos!
Este número precisa continuar crescendo. Para cobrar
ainda mais o poder público e engajar a sociedade, também neste ano,
realizamos testes de agrotóxicos em 100 kg de alimentos. Comida que eu e
você comemos, que seus filhos comem em casa e na escola, que sua
família divide na ceia de natal. Os resultados são preocupantes!
Reveja nossos relatórios e testes de alimentos,
relembre os eventos que fizemos e participamos, revisite nossas matérias
e reportagens e não se esqueça de continuar compartilhando a plataforma #ChegaDeAgrotóxicos com quem ainda não assinou a petição.
Confira a #Retrospectiva da Campanha de Agricultura e Alimentação:
1. Agrotóxicos x Abelhas
Em 2016 algumas espécies de abelhas foram classificadas como espécie ameaçada de extinção, e muito tem se falado do declínio destes animais e os impactos disso na produção de alimentos no mundo. Em janeiro de 2017 o Greenpeace também lançou um relatório
explicando como a população de polinizadores está ameaçada pelo uso de
agrotóxicos, colocando em risco nossa própria capacidade de produzir
alimento
2. Não quer instalar a Comissão, mas só come orgânico
(Reprodução / Folha de S.Paulo)
Apesar de ter assinado em fevereiro
a criação de uma Comissão Especial para analisar a Política Nacional de
Redução de Agrotóxicos, o atual Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, até
hoje não cumpriu com a promessa de instalação da Comissão. A PNARA
ainda aguarda para começar a tramitar. O engraçado é que ao assumir o
compromisso, o parlamentar admitiu consumir somente orgânicos em sua
casa… e a sociedade comendo veneno. Pode isso, Arnaldo?
3. Mobilizando a sociedade
Após a PNARA ter se tornado um projeto de Lei, Greenpeace e parceiros criaram em março a petição “Chega de Agrotóxicos”
para ajudar a mobilizar mais pessoas pelo apoio a tramitação da
Política, e fazer resistência contra o catastrófico “Pacote do Veneno” –
uma série de medidas que vão ampliar ainda mais o uso de agrotóxicos no
país.
4. Festa dos orgânicos
A Plataforma #ChegaDeAgrotóxicos fez sucesso na Feira Nacional da Reforma Agrária,
onde foi realizado um evento de lançamento da ferramenta. A feira
recebeu a presença da Chef Bela Gil, que falou muito bem sobre a
importância da transição agroecológica, e de outros artistas e
especialistas para apoiar a produção livre de agrotóxicos. Além disto,
contou com mais de 280 toneladas de alimentos, sendo a maior parte
produtos agroecológicos e orgânicos, provando que com apoio e estímulos,
sim, a agricultura familiar pode dar conta do recado!
5. Cinco pra mim, um pra você
Em julho, com o lançamento do plano Safra, o Greenpeace volta a criticar essa
política do governo que insiste no erro ao continuar melhorando o
financiamento e linhas de crédito para o modelo convencional e para os
grandes produtores, enquanto que os subsídios para a agricultura
familiar ficam estagnados.
6. Se não vai de um jeito, vai de outro
Com a popularidade lá embaixo e altamente dependente do
apoio de ruralistas para se manter no poder, o Governo anunciou em
agosto uma Medida Provisória dos Agrotóxicos,
com o objetivo de transvestir em forma de medida provisória o “Pacote
do Veneno”, que encontra resistência para seguir tramitando na Câmara. A
iniciativa tem o intuito de acelerar a aprovação dessas leis, uma vez
que um Projeto de Lei demora muita mais tempo para ser aprovado do que
uma Medida Provisória. O Greenpeace fez barulho e colocou o dedo na
ferida: o governo não pode continuar trocando votos e apoio no Congresso
Nacional pela saúde da população e pela preservação do meio ambiente!
Com a ajuda da mobilização de pessoas e Chefs
conhecidos, a Medida, apesar de anunciada, não foi aprovada! Mas
precisamos seguir pressionando para evitarmos surpresas desagradáveis de
Natal e Ano novo!
7. Filmaço
(Reprodução)
Alimentação e cinema: em agosto Greenpeace e parceiros organizaram uma sessão de cine-debate
na Cine Sala São Paulo, em São Paulo, com o filme “Fonte da Juventude”.
O diretor, especialistas e um representante do Greenpeace participaram
do debate após a exibição. O filme pode ser acessado neste link, mediante a organização de uma exibição pública – uma ótima forma de trazer ainda mais pessoas para essa luta!
8. De olho no T
No final de agosto, o governo anunciou um decreto que
acabaria com a rotulagem de produtos alimentícios transgênicos – aquele
“T” preto e amarelo, sabe? O Greenpeace e diversas outras organizações promoveram um Twitaço contra a iniciativa,
afinal a sociedade tem o direito de saber o que come! O decreto não
saiu, mas um Projeto de Lei de mesmo teor continua tramitando na casa.
Continuemos então #DeOlhoNoT!
9. Hermanos do norte marcam golaço
Em apoio à campanha do Greenpeace México, escritório brasileiro celebra vitória: Bimbo se comprometeu
com uma agricultura sem agrotóxicos. É um fato histórico que a maior
panificadora do mundo tenha se comprometido com o fim dos agrotóxicos,
uma vitória e tanto, embora ainda haja muita luta pela frente!
10. Americana me representa
Dando um exemplo para as grandes cidades do país,
Americana, município do interior paulista cercado de intensa atividade
agrícola convencional, colocou em votação projeto de lei para banir a
pulverização aérea de agrotóxicos na região. O Greenpeace e parceiros deram apoio a causa,
provocando outras cidades a aderirem ao movimento. Infelizmente o
projeto não foi aprovado e a população de Americana continua a encarar
as consequências desta prática. De um jeito ou de outro, nós continuamos
lutando por iniciativas como estas.
11. Dia de resistência
No Dia Mundial da Alimentação, Greenpeace não teve o que comemorar
por conta dos ataques dos ruralistas e do governo pela liberação de
ainda mais agrotóxicos. Diversas organizações, em resistência, se
mobilizaram para fazer um apelo sobre a importância do tema e da data e
realizaram inclusive um Tuitaço para mobilizar ainda mais pessoas.
12. Agora que veio, vai ouvir...
Marina Lacôrte discursa em plenária (© Alan Azevedo / Greenpeace)
Greenpeace participa de audiência pública
na Câmara dos Deputados sobre redução de agrotóxicos para mostrar, onde
quer que seja, nossa posição e argumentos por uma agricultura mais
sustentável e saudável. Mas claro, nosso discurso não agradou a todos e
ruralistas que compareceram se incomodaram.
13. Tem veneno sim: Greenpeace mostra mais uma vez nossa dieta rica em agrotóxicos
Mostramos mais uma vez que não se trata de uma
questão pontual: estamos comendo veneno todos os dias. Ao menos 60% das
amostras de alimentos básicos da nossa dieta apresentaram algum tipo de
resíduo. Trazemos em nosso relatório uma série de artigos de
especialistas renomados de diferentes áreas, que falam dos inúmeros
impactos do modelo agrícola brasileiro e da necessidade de uma transição
agroecológica que, sim, é possível!
Mais um ano se encerra… mas a luta continua
O ano de 2017 foi um ano de construção. Preparamos o
terreno, porque muita coisa está vindo por aí. Escancaramos o problema e
explicamos nossa visão, desconstruimos com argumentos sólidos essa
agricultura tóxica, que não é a única forma de produzir e que não
alimenta o mundo, apenas o bolso de poucos. E apesar de estarmos em um
momento difícil, rodeados de retrocessos, o Greenpeace não vai parar de
trabalhar por uma agricultura que respeite a vida.
E o que é mais gratificante para nós é ver cada vez
mais pessoas se informando a respeito de sua alimentação, se mobilizando
pelos seus direitos, tomando posições e embarcando em nossas lutas. Que
venha 2018!
Marina Lacôrte é especialista da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil
Marina Lacôrte é especialista da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil
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