Wednesday, July 20, 2016

Siemens: deixe o Tapajós livre

Ativistas do Greenpeace estiveram na sede da empresa, esta manhã, para pedir que ela não se envolva na construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, na Amazônia 

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Ativistas de Greenpeace estão na sede da Siemens no Brasil para perguntar se a empresa ficará do lado da destruição ou da proteção da Amazônia (© Julia Moraes/Greenpeace)
Cerca de 30 ativistas do Greenpeace estiveram na sede da Siemens, em São Paulo, na manhã desta terça-feira, exibindo imagens do Rio Tapajós e de pessoas do povo indígena Munduruku. O objetivo do protesto era informar sobre os impactos da construção da hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no coração da Amazônia, e exigir à Siemens que não se envolva com o projeto. A empresa é uma das principais fornecedoras de equipamentos para usinas hidrelétricas no mundo.
O diretor de Sustentabilidade e Relações Governamentais da empresa no Brasil, Henrique Paiva, desceu para uma conversa informal com os ativistas na frente da empresa. Ele informou que a Siemens já vem conversando sobre o assunto internamente, depois de o Greenpeace ter iniciado uma série de protestos dirigidos à empresa, em diversos países. Ele se comprometeu a endereçar as demandas aos diretores da companhia no Brasil e em sua sede, na Alemanha, e articular uma reunião formal sobre o assunto “o mais rápido possível”. “O Greenpeace, porém, não vai parar a pressão enquanto a Siemens não declarar publicamente que vai se afastar definitivamente do projeto”, afirma Thiago Almeida, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Henrique Paiva recebeu duas fotos que faziam parte do protesto, para levar ao CEO da Siemens Brasil, Paulo Ricardo Stark. Uma das imagens trazia sementes de urucum, espécie usada pelos Munduruku quando vão guerrear. A outra era um retrato de um guerreiro Munduruku. “Para este olhar te acompanhar e iluminar a decisão da Siemens”, disse Nilo D’ávila, coordenador de Campanhas do Greenpeace Brasil, ao entregar a foto para Paiva. “Não é só o aspecto energético que tem que ser levado em conta neste projeto, mas sobretudo as pessoas e a biodiversidade que serão afetadas por ele”, disse.


Se a obra for adiante, 376 km2 de floresta serão inundados pelo reservatório e o desmatamento indireto estimado é de 2,235 km2 (© Rogério Assis/Greenpeace)

Tudo isso, porém, é absolutamente desnecessário: um relatório do Greenpeace divulgado em abril já demonstrou que uma combinação de energias verdadeiramente limpas – como solar, eólica e biomassa – pode substituir o projeto de São Luiz do Tapajós. E com impactos extremamente reduzidos.
Mais de um milhão de pessoas no mundo todo já assinaram uma petição contra a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Nos últimos meses, ativistas do Greenpeace em vários países tentaram entrar em contato com a Siemens por email, pelas redes sociais e pessoalmente, nos escritórios da empresa. Em junho, após um protesto na Alemanha, o CEO global da marca, Joe Kaeser, chegou a conversar rapidamente com representantes do Greenpeace. A companhia, porém, ainda não assumiu um compromisso claro e público de que vai se manter distante do empreendimento planejado para o Tapajós. Nos últimos quatro dias, ativistas foram à sede da Siemens na Austrália, Áustria, Japão, Romênia, EUA e Inglaterra para reforçar a exigência.
Em abril, o Ibama suspendeu o licenciamento de São Luiz do Tapajós ao reconhecer os impactos irreversíveis que a obra causaria ao povo Munduruku. O processo, porém, não chegou ao fim: “Ainda é preciso garantir a demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu e o cancelamento definitivo do projeto por parte do governo”, afirma Thiago Almeida, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “O Greenpeace está mundialmente mobilizado contra este projeto. Não vamos descansar”.

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