Enquanto o governo quer construir uma hidrelétrica que irá inundar a
terra dos Munduruku, o Greenpeace levou até ela uma forma limpa e
renovável de gerar energia elétrica
Acélio Augusta com o desenho que fez, retratando a aldeia
Dace Watpu, que agora tem placas solares para gerar energia. (©Otávio
Almeida/Greenpeace)
O povo Munduruku luta bravamente contra os planos do governo de
construir a usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, na região onde
vivem. Se a usina sair do papel, 376 quilômetros quadrados de floresta
serão alagados, em uma região de rica biodiversidade e importância para
esses índios.
Portanto, a instalação das placas possibilita uma maior autonomia aos
Munduruku em relação à demanda por eletricidade e é um símbolo que
mostra que é possível garantir a energia que o Brasil precisa sem
depender de novas hidrelétricas. “Por que o governo quer destruir a casa
dos nossos povos tradicionais e nossas florestas se temos sol, vento e
tecnologia o suficiente para explorar as fontes renováveis
verdadeiramente sustentáveis, como a solar e a eólica?”, diz Thiago
Almeida, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Na aldeia Dace Watpu, o sistema está produzindo
energia para iluminar algumas lâmpadas em áreas usadas de forma
comunitária pelos indígenas. E para manter ligado o dia todo um freezer,
também de uso coletivo. Até a instalação das placas, o aparelho só
ficava ligado entre as 4 horas da tarde e as 10 da noite. “Quando
pescamos muitos peixes e queremos comer nos dias seguintes, nós temos
que salgá-los. Mas não dura muitos dias. Com o freezer ligado o tempo
todo, vai ser mais fácil. E vamos ter água gelada. Estamos muito
felizes”, disse Valto Datie Munduruku, cacique da aldeia.
Antes da instalação, Valto não conhecia a energia
solar. Mas agora, espera que outros povos indígenas de outras aldeias
também possam ser beneficiados pela fonte. “Não precisamos da barragem
aqui. O governo vai ver que existe outra solução e que não carece
destruir o nosso rio para ter energia no país”, afirmou.
Já na aldeia Sawré Muybu, as placas solares alimentam lâmpadas da escola e um freezer coletivo. A casa do cacique Juarez Saw Munduruku também recebeu uma placa que abastece o sistema de transmissão de rádio. Esse rádio é crucial para a comunicação com outras aldeias, acessíveis apenas de barco.
Para Bárbara Rubim, da Campanha de Clima e Energia do
Greenpeace Brasil, tanto o Governo quanto as grandes empresas também
devem direcionar seus investimentos para as novas fontes renováveis. “O
Brasil tem luz do sol de sobra e todo brasileiro já pode, há quatro
anos, gerar sua própria energia a partir dela. O que faltam mesmo são
incentivos para que essa fonte ganhe escala em todo o país”, diz.
Multiplicando o conhecimento
Durante
as instalações dos sistemas fotovoltaicos nas aldeias Munduruku, o
Greenpeace levou dois Multiplicadores Solares – jovens treinados pela
organização para levar informação e conhecimento sobre energia solar
Brasil afora. Adultos, jovens e crianças participaram de oficinas de
construção de fogão solar, lanternas solares e brinquedos feitos a
partir de materiais recicláveis. Leia no Tumblr Vida na Aldeia um relato sobre as oficinas dos Multiplicadores Solares.
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