Número é 18% maior que o registrado no ano passado e moratória do fogo mostra-se mais uma vez ferramenta inútil de combate ao crime ambiental
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Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje (1º), mostram que agosto registrou 33.116 focos de calor no bioma Amazônia – todos ilegais, já que desde 23 de junho está em vigor o Decreto Nº 11.100 que proíbe o uso do fogo na Amazônia e Pantanal.
O número alarmante mostra que não existe uma política séria de combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia que, além de destruir a rica biodiversidade da floresta, enchem as cidades da região de fumaça e fuligem.
“Realizamos um sobrevoo de monitoramento de queimadas e desmatamento na região onde convergem os estados do Amazonas, Acre e Rondônia (Amacro), e flagramos o maior desmatamento da Amazônia no último ano: cerca de 8 mil hectares, equivalente a 11 mil campos de futebol queimando. Participo desses monitoramentos há mais de dez anos, e nunca tinha visto um desmatamento tão grande e também com tanta fumaça”, relata Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Do total de focos de calor do ano registrados até 31 de agosto – 46.022, houve um aumento de 16,7% em relação ao ano passado, maior número acumulado para o período desde 2019. Desse total, 43% ocorreram apenas em dez municípios da Amazônia, sendo cinco deles localizados na região da Amacro, considerada a nova fronteira de expansão da economia da destruição na Amazônia e que vem acelerando as taxas de desmatamento e queimadas.
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Outro fator relevante é o avanço das queimadas em terras públicas. Do total de focos de calor, 13,8% ocorreram em Unidades de Conservação (UCs), e 5,9%, em Terras Indígenas (TI). Outro dado que preocupa é que mais de 10.600 queimadas, cerca de ¼ do total, ocorreram em florestas públicas não destinadas. Mais um indício do avanço da grilagem.
“Ao invés do poder Executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima e em combater o crime que avança na floresta, tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas. Nosso país não precisa da aprovação destes projetos, mas sim de uma política que promova um real avanço no combate ao desmatamento, queimadas, grilagem de terras e que defenda os povos da floresta”, afirma Rômulo.
O desmatamento da Amazônia não só destrói nossas riquezas naturais e a saúde de quem vive perto da floresta, mas também a imagem e a economia do país. Atualmente, a mudança do uso do solo – o desmatamento – é responsável por 46% das emissões de gases do efeito estufa do Brasil (SEEG). Acabar com o desmatamento deveria ser uma prioridade de governos e do próprio setor produtivo do Brasil, pois o desmatamento afeta toda a sociedade.
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