No aniversário da maior cidade da América Latina, a
aprovação da lei que exige ônibus limpos é um presente, mas que não
pode esperar 20 anos para ser entregue
A revisão do artigo 50 da Lei de Mudanças Climáticas do município foi aprovada pelo prefeito João Doria este mês.
O novo texto estabelece metas claras para o fim das emissões dos ônibus
e força a troca dos veículos do transporte público por modelos com
tecnologias não poluentes e livres do óleo diesel, responsável por mais
de 4 mil mortes ao ano na cidade. Essa notícia poderia ser ainda melhor
caso a transição fosse mais rápida que os 20 anos estabelecidos para
isso. Mas o momento de aplicá-la é agora, na licitação de ônibus que
está em curso.
Em recente carta à Secretaria de Mobilidade e Transportes,
organizações da sociedade civil se juntaram para contribuir com o
processo de consulta pública da licitação. Os pedidos de melhoria do
processo abrangem os temas de Cronograma de Participação e de Audiências
Públicas. Eles são fundamentais para garantir a qualidade e
transparência de uma outorga de serviço estratégico para a cidade de São
Paulo.
Ainda nesta semana, tivemos a triste notícia do aumento das mortes
nas marginais Tietê e Pinheiros. Elas são decorrentes das altas
velocidades nas vias da cidade, em função da política de favorecimento
do automóvel particular sobre o transporte público e não motorizado, uma
marca da gestão Doria.
Mobilidade urbana não pode ser tratada
apenas olhando para o transporte. É preciso aprimorar as políticas de
incentivo a construções mistas (moradia e trabalho), descentralização
dos postos de trabalho, acesso a equipamentos públicos, formas de
mitigação das mudanças climáticas e, só então, incentivos ao transporte
público e não-motorizado. Nós do Greenpeace acreditamos que cidades e
metrópoles como São Paulo precisam liderar as políticas públicas de
incentivo à geração de energia descentralizada (com a implementação de
placas solares em edifícios públicos), transporte público livre de
combustíveis fósseis e um maior adensamento das zonas verdes.
São Paulo começa seus 464 anos com importantes lições de casa a
fazer. Esta senhora madura já passou da idade de garantir a
implementação efetiva dos ônibus não poluentes; de redefinir suas
políticas de incentivo observando o que já está previsto no Plano
Nacional de Mobilidade Urbana; de cuidar e garantir a preservação de
suas áreas verdes; e respeitar a vida das pessoas mais vulneráveis no
trânsito por suas vias.
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