Acordo firmado entre governo, setor privado e sociedade civil reduziu
85% do desmatamento de 89 municípios; modelo pode ser implementado no
Cerrado
A coletiva de imprensa aconteceu no Ministério do Meio Ambiente, em Brasília (© Paulo de Araújo/MMA)
Na manhã desta quarta-feira (10), Sarney Filho, ministro do
Meio Ambiente, e o Grupo de Trabalho da Soja, formado por
representantes da sociedade civil, setor privado e governo, anunciaram relatório com resultados do monitoramento da Moratória da Soja no Bioma Amazônia.
Ao longo de mais de uma década de existência, a
Moratória da Soja mostrou na prática que desmatamento zero é possível.
Dados do relatório apontam nessa direção. Menos de 2% da expansão dos
plantios de soja se deu em áreas desmatadas após julho de 2008. De um
total de 4,5 milhões de hectares plantados na safra 2016/2017, apenas
47.365 hectares não estão em conformidade com a Moratória.
Já a média do desmatamento nos municípios monitorados
diminuiu em 85%, passou de 6.847 km²/ano (2002-2008) para 1.049 km²/ano
(2009-2016). O compromisso monitora 89 municípios e 97% da soja
plantada no bioma Amazônia, incluindo os estados de Mato Grosso, Pará,
Rondônia, Amapá, Maranhão e Tocantins. Acesse aqui o relatório completo e confira todos os dados.
Para Paulo Adario, coordenador do Grupo de Trabalho
da Soja e estrategista sênior de florestas do Greenpeace, no momento
político em que vivemos no país, onde a proteção ambiental segue
ameaçada pelos diversos projetos em discussão e aprovação no Congresso
Nacional e no Executivo, a Moratória da Soja na Amazônia, em vigor desde
2006, faz-se ainda mais necessária no controle do desmatamento.
“Após 11 anos de excelentes resultados, a Moratória
precisa continuar a ser fonte de inspiração para outras políticas
corporativas de desmatamento zero e fonte de reflexão sobre a
importância de ampliar tais medidas para outros ambientes frágeis e com
altas taxas de desmatamento, como é o caso do Cerrado”, afirma ele.
Além do relatório, foi anunciada a formação de um
grupo de trabalho para o bioma Cerrado e as discussões terão início em
fevereiro. Há uma grande expectativa da sociedade civil e do mercado
internacional para que empresas que atuam no Cerrado implementem
critérios similares ao da Moratória da Soja na região, garantindo assim
que nenhuma soja do Brasil seja contaminada com a destruição de habitats
naturais. Em setembro, a sociedade civil, incluindo o Greenpeace,
lançou um manifesto em defesa do Cerrado, que contou com apoio de 23 empresas internacionais.
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