Depois de protesto realizado na frente do escritório da Siemens no
Reino Unido, lideranças do povo Munduruku foram recebidas por executivos
da empresa
Lideranças Munduruku durante protesto na sede da Siemens no Reino Unido
Duas lideranças do povo indígena Munduruku participaram,
junto com ativistas do Greenpeace, de um protesto na frente do
escritório da Siemens no Reino Unido, nesta quinta-feira, 11 de agosto. O
cacique-geral Arnaldo Kaba Munduruku viajou, acompanhado de Ademir Kaba
Munduruku, desde o rio Tapajós até a Inglaterra para pedir que a
empresa não se envolva na construção de hidrelétricas que ameaçam a
maior floresta tropical do mundo.
A Siemens já cometeu esse erro antes. Esteve
envolvida com a construção das últimas quatro grandes hidrelétricas na
Amazônia brasileira. Após o protesto, os Munduruku foram recebidos por
executivos do grupo e mostraram imagens da devastação causada por Belo
Monte, no rio Xingu, que teve a participação da empresa. Os Munduruku
também convidaram os executivos a visitar sua terra ancestral, às
margens do Rio Tapajós, com o objetivo de verem com os próprios olhos o
que está sendo posto em risco por esses grandes projetos.
“O Tapajós é o nosso supermercado, nossa igreja,
nosso escritório, nossa escola, nossa casa, nossa vida. Há muitos anos
estamos lutando para protegê-lo e não vamos desistir. Mas não é apenas a
nossa casa que está sob ameaça. Muitas árvores, animais e peixes serão
exterminados se o rio for barrado e a floresta inundada", disse Arnaldo
Kaba Munduruku, cacique-geral do povo.
Na
semana passada, o projeto de São Luiz do Tapajós, a maior de um
complexo formado por cinco hidrelétricas, foi cancelado devido aos
impactos ambientais e sociais. A barragem alagaria parte das terras
Munduruku e devastaria mais de 2 mil quilômetros de floresta Amazônica,
colocando em risco a cultura e o modo de vida desse povo. Outras usinas,
no entanto, estão sendo planejadas. Só na bacia do Tapajós, um dos
grandes focos de biodiversidade da Amazônia, onde novas espécies estão
sendo descobertas até hoje, seriam 42 barragens.
Na reunião, executivos da Siemens concordaram em
marcar uma reunião entre os Munduruku, o Greenpeace e o CEO da empresa
para o Reino Unido, Juergen Maier. "As lideranças Munduruku
viajaram por cinco dias para vir a Londres. É uma vergonha que o CEO da
Siemens tenha enviado executivos em seu lugar para recebê-los. A
empresa ouviu em primeira mão sobre a destruição causada pelas barragens
na Amazônia. Agora, tem de tomar uma decisão sobre se quer continuar a
fazer parte do problema ou tornar-se parte da solução. A Siemens é líder
em energia renovável e tem capacidade de ajudar o Brasil a aumentar sua
matriz energética sem destruir a floresta amazônica. Ela deve estar
pronta para um compromisso claro na próxima reunião", disse Sara Ayech,
do Greenpeace Reino Unido.
Mais de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo apoiam a luta contra a construção de barragens no rio Tapajós. Ontem,
48 celebridades europeias, como o cantor Paul McCartney, se somaram a
essa luta, divulgando uma carta em solidariedade ao povo Munduruku.
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