Friday, August 26, 2016

Ka’apor continuam sob ameaça de madeireiros

Indígenas encontraram novo ramal aberto e pelo menos cinco caminhões, além de tratores, retirando madeira ilegalmente do território zoom Guardiões florestais Ka'apor limpam faixa de vegetação, para criar uma barreira contra o avanço do fogo, na TI Alto Turiaçu. (© Conselho de Gestão Ka'apor) O Conselho de Gestão Ka’apor denuncia a continuidade de ação de madeireiros em seu território. Na última quinta-feira(18), um grupo de proteção organizado pelos indígenas encontrou um novo ramal aberto por madeireiros, no Povoado Tancredo Neves, município de Nova Olinda do Maranhão. No local, foram encontrados tratores e caminhões que retiravam toras de madeira de dentro da Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu. A Funai e a Polícia Federal já foram informados da situação, segundo o Conselho. Um acampamento no Rio Hola foi montado para marcar a 8ª Área de Proteção Ka’apor. Mulheres e crianças também estão na linha de frente da luta pelo território, que é continuamente assediado por madeireiros ilegais, mesmo após ações pontuais de fiscalização dos órgãos ambientais. “Vamos deslocar mais Guardas Florestais e famílias para o nosso acampamento. Não podemos deixar a floresta ser destruída, nossa alimentação acabar e nosso território ser destruído. Os Kamará (branco) e o governo ficaram com muita terra que era nossa. Nosso povo está aumentando e precisa desse território para continuar vivendo” relatou em carta aberta o Conselho de Gestão Ka'apor. O povo indígena Ka’apor luta pela proteção da TI Alto Turiaçu, sem apoio do Estado, desde 2010. No início do mês de agosto deste ano, já foram formados três grupos de vigilância contra os madeireiros que ameaçam o território indígena. Cerca de 120 indígenas trabalham todos os dias limpando os limites de demarcação para evitar incêndios, vigiando e protegendo suas terras por conta própria. Em novembro de 2015, cinco aldeias da TI sofreram com o impacto de incêndios provocados por madeireiros, como forma de retaliação aos índios que fazem a proteção do território. Os ataques aconteceram logo após uma ação de fiscalização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA), que resultou na prisão de donos de serrarias e a paralização das atividades destes empreendimentos ilegais. Mesmo com decisão jurídica de 2014 para manter o território protegido, a Funai do Maranhão ainda não criou nenhum posto de vigilância e fiscalização junto ao conselho de Gestão Ka’apor. Enquanto isso, índios foram mortos lutando pela preservação de seu território e casos permanecem impunes. “A falta de controle sobre o setor madeireiro e a facilidade de fraudar os sistemas para documentar essa madeira ilegal faz com que estes madeireiros insistam no crime. Infelizmente, enquanto não acabarmos com o problema pela raiz, o povo Ka’apor continuará sofrendo com a violência e a destruição de seu território”, avalia Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.

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