Greenpeace gerenciará fundo de investigação independente dos impactos do desastre ambiental da Samarco na Bacia do Rio Doce
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Recursos para pesquisa foram doados a partir de shows feitos em MG e SP por artistas do coletivo #SouMinasGerais
Pouco mais de um mês depois da tragédia que destruiu
distritos da cidade de Mariana e afetou toda a extensão da bacia do Rio
Doce, em Minas Gerais, um grupo de artistas subia ao palco armado no
estádio Mineirão para o show #SouMinasGerais, que pretendia levantar
verba para promover uma avaliação independente dos impactos sociais e
ambientais na região. Estavam lá Criolo, Caetano Veloso, Milton
Nascimento, Jota Quest, Emicida e Tulipa Ruiz.
Dias depois, em 21 de dezembro, era vez da edição em São
Paulo, no Espaço das Américas, onde Ney Matogrosso, Fafá de Belém, Maria
Gadú, Mariana Aydar, Tulipa Ruiz, Emicida, Nando Reis e outros
convidados se apresentaram com o mesmo propósito.
Os recursos obtidos pela iniciativa #SouMinasGerais foram destinados ao projeto coletivo #RiodeGente,
com o propósito de garantir a realização de pesquisas independentes
para monitorar e investigar as consequências do derrame de rejeitos
sobre a vida das pessoas e comunidades e sobre o meio ambiente em toda a
extensão da Bacia do Rio Doce. O Greenpeace vai gerenciar o fundo de
pesquisa, cujos detalhes de execução estão sendo definidos e serão
divulgados em breve.
Ao todo, mais de 13 mil pessoas assistiram aos dois shows,
que, juntos, arrecadaram R$ 449.699,28. A Sitawi - organização social
que garante transparência na gestão de recursos arrecadados em doações -
ficou responsável por receber o dinheiro e repassar ao Greenpeace.
Dez obras foram pintadas ao vivo por renomados artistas da
street art durante o evento. Com valor de R$ 3 mil cada, deverão
arrecadar mais R$ 30 mil se forem vendidas.
Artistas, empresários e cantores liderados pelo selo Oloko
Records (que gerencia a carreira do cantor Criolo) que junto às outras
organizações, formam as iniciativas #SouMinasGerais e #RiodeGente,
acordaram desde o início que os recursos arrecadados deveriam ser
investidos em estudos e monitoramento independente para avaliar os reais
impactos sociais e ambientais em toda a extensão do Rio Doce.
“Dada a gravidade dos fatos e a falta de informações, é
fundamental que estas pesquisas sejam feitas de forma independente,
profunda e abrangente, para termos a real magnitude dos estragos
causados, e assim podermos cobrar as devidas reparações das empresas
responsáveis”, diz Asensio Rodriguez, diretor executivo do Greenpeace
Brasil.
As pesquisas científicas servirão para que os culpados pela
tragédia sejam devidamente responsabilizados, permitindo que a
reparação ambiental e da vida das pessoas seja feita de forma correta,
baseada em informações confiáveis e idôneas. O Greenpeace acredita que o
ocorrido na Bacia do Rio Doce não deve passar impune e o monitoramento
sistemático dos impactos socioambientais servirá para evitar casos como o
da Samarco.
As informações geradas serão públicas e divulgadas em
linguagem acessível, permitindo que a população se apodere desse
conhecimento e também possa cobrar por soluções. A seleção dos
pesquisadores e dos projetos de pesquisa serão comunicados publicamente e
de forma transparente no site e redes sociais do Greenpeace Brasil,
#RiodeGente e parceiros.
O Greenpeace em Mariana
Logo nos primeiros dias após o desastre de Mariana, o
Greenpeace realizou uma expedição na região das barragens e ao longo do
Rio Doce para ajudar a mostrar a todos as verdadeiras dimensões da
tragédia. Com isso foi possível dar vozes aos atingidos, que contaram suas histórias e indignações para todo o Brasil.
Desde o começo exigimos ativamente uma investigação completa e independente
das causas do desastre e punição dos responsáveis por esse crime. Em
nosso site e redes sociais, divulgamos também diversas opções de ajudar
os impactados pela tragédia feito por outras organizações, como Rio Doce Help, Catraca Livre, Médicos Sem Fronteiras e a plataforma de mobilização Juntos.
Nossos voluntários foram até a sede da Vale, no Rio de Janeiro para protestar. Mais ainda, estivemos presentes em uma reunião dos acionistas da BHP Billiton, na Austrália, também para protestar contra os responsáveis
e questionar publicamente o presidente da empresa sobre o que estavam
fazendo para minimizar os efeitos da tragédia e compensar as populações
afetadas.
Com a morosidade do poder público e das empresas responsáveis em
divulgar dados concretos sobre o assunto, o Greenpeace deu um primeiro
apoio ao financiamento coletivo feito pelo Grupo Independente de
Avaliação do Impacto Ambiental (GIAIA) para investigar os impactos do
desastre ambiental. Um primeiro relatório parcial da qualidade da água do Rio Doce foi divulgado em dezembro.
Com os recursos arrecadados pelos shows do #souminasgerais, vamos poder
apoiar a realizacão outros estudos com maior profundidade e a longo
prazo.Estamos acompanhando atentamente os alertas do Ibama em relação a chegada dos rejeitos minerais no Parque Nacional de Abrolhos, que pode colocar em risco um dos maiores paraísos marinhos do planeta.
“Sozinho
o Greenpeace, e nenhuma instituição, consegue reverter os impactos do
desastre ambiental da Samarco”, diz Asensio Rodriguez. “Por isto,
estamos apoiando o projeto coletivo #RiodeGente na certeza de que é
necessário, mais do que nunca, um esforço coletivo e coordenado.
Especialmente quando as instituições envolvidas operam com total falta
de transparência.”
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