O fogo é usado no processo de desmatamento, para finalizar a mudança do uso do solo, onde a floresta é retirada para dar lugar à agropecuária. Quando há um grande estoque de áreas desmatadas, há mais fogo. (© Christian Braga / Greenpeace)

No primeiro semestre de 2023 foram registrados 8.344 focos de calor na Amazônia, um aumento de 10,7% na comparação ao mesmo período do ano passado, e o maior número desde 2019, segundo dados divulgados pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

Os estados que mais contribuíram para este aumento foram Mato Grosso, com 4.569 (55%); Pará, com 1.482 (18%); e Roraima, com 1.261 (15%), sendo que este último apresentou o maior crescimento de focos de calor no primeiro semestre deste ano, com mais de 100% de aumento, em relação a 2022.

Pará e Tocantins tiveram aumento de 38%. Em compensação, Acre e Maranhão apresentaram queda de 60% e 34% nos focos de calor, liderando o quesito. 

A alta foi impulsionada principalmente pelo resultado de junho, quando foram registrados 3.075 focos de calor, o que representa 36% do total do ano – é o maior número para esse mês desde 2007. O fato chama atenção, já que o primeiro semestre é caracterizado pelo inverno amazônico, quando há muita chuva (com exceção do estado de Roraima).

Segundo Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, os números vêm na esteira da política antiambiental do governo anterior, já que o fogo na Amazônia é geralmente criminoso e relacionado ao desmatamento, para “finalizar” o processo de conversão do uso do solo, onde a floresta é retirada para dar lugar a um outro tipo de uso, via de regra a pecuária. Ou seja, muito do que está queimando agora, já vinha sendo desmatado no período anterior. 

“É importante lembrar também que, infelizmente, devemos ver esses números aumentarem vertiginosamente nos próximos meses, pois está começando o verão amazônico – período mais seco e quente, que vai exigir ainda mais trabalho e ação coordenada entre governo federal e estaduais para evitar que se repitam os recordes vistos nos anos do governo anterior, cuja política era claramente antiambiental”, completa Batista.