De agosto de 2021 a julho deste ano, o monitoramento do sistema Deter, do Inpe, identificou 8.590 km² de alertas de desmatamento na Amazônia
Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje (12), apontam para 1.487 km² de alertas de desmatamento no mês de julho na Amazônia. Trata-se do 4° maior número da série histórica, perdendo só para os anos anteriores do atual governo.
No acumulado de 1° de agosto 2021 a 31 de julho 2022, período em que a taxa anual do desmatamento é medido, os alertas apontaram para uma área total desmatada de 8.590 km², uma pequena queda de 2% em relação ao ano passado. Analisando os últimos três anos, entretanto, foram em média 8.862 km² de alertas por ano, área 65,6 % maior que os 5.351 km² de média dos três anos anteriores.
“O que chamou atenção nos sobrevoos que realizamos neste último ano, além do avanço do desmatamento, é a quantidade de grandes áreas desmatadas em terras públicas não destinadas, em propriedades privadas e até mesmo em áreas protegidas. Isso reitera que o desmatamento da Amazônia não é fruto da pobreza e do desespero de pessoas em situação de grande vulnerabilidade. Trata-se de esquema organizado, patrocinado por grandes proprietários e grileiros de terra que sentem-se protegidos pelo derretimento das políticas de proteção ambiental e combate ao desmatamento que ocorreram nos últimos anos”, afirma Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil.
Rômulo refere-se ao alto custo para realizar o desmatamento e a queimada de grandes áreas. A Amazônia não pega fogo sozinha, o fogo tem quase sempre origem na ação humana, que o utiliza no processo de desmatamento, para queimar restos da floresta desmatada ou enfraquecer áreas degradadas. O processo para se desmatar uma grande área pode levar meses. Mas o rápido desmatamento e queimada de grandes áreas necessita de grande investimento, custando em média R$2 mil por hectare.
No período de 1° agosto 2021 a 31 de julho 2022, os estados que mais desmataram foram o Pará, que registrou 3.072 km² (35,7% do total), seguido pelo Amazonas com 2.292 km² (26,7% do total) e Mato Grosso, com 1433 km².
Lábrea e Apuí, ambos no sul do Amazonas, foram os municípios que mais registraram alertas de desmatamento no período (571 e 566, respectivamente). Seguidos de Altamira, no Pará, e Porto Velho, em Rondônia, que junto com os municípios do sul do Amazonas, está em uma das mais quentes fronteiras da destruição no momento.
Apesar da pequena queda no acumulado dos últimos 12 meses, tivemos seis meses onde os dados do sistema DETER-B de alertas de desmatamento foram recorde desde 2016, ano do início de sua operação. Além do atual cenário de destruição ambiental, avançam também no Congresso projetos de lei que dão ao povo brasileiro ainda mais motivos para se preocupar, tal como o 2633/2020, que anistia grileiros, e o PL 490/2007, que abre terras indígenas para atividades predatórias, acrescentam mais uma camada de pressão sobre nossas florestas.
“Ao invés do poder executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima, no combate ao crime que avança na floresta, e que não só destrói nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas, afirma Rômulo Batista.
O Brasil precisa enfrentar o desmatamento da Amazônia de uma vez por
todas, e não de projetos que enfraquecem a proteção da floresta. É hora
de avançar em políticas que promovam um real combate ao desmatamento,
queimadas e grilagem de terras e que defenda os povos da floresta, com
dignidade para todos. Isso é o mínimo.
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