Greenpeace Brasil
Greenpeace apresenta rota alternativa para viagem à Amazônia com embaixadores estrangeiros, incluindo as mais conhecidas fronteiras do desmatamento no bioma
Considerando a viagem à Amazônia organizada pelo governo brasileiro para mostrar a uma comitiva de embaixadores que “não há nenhum foco de incêndio, nem um quarto de hectare desmatado”
na floresta, o Greenpeace enviou uma carta oficial às embaixadas convidadas com uma rota alternativa, que não compreende apenas as belezas do bioma, mas também a destruição que tem devastado a floresta.
Enquanto o governo federal brasileiro não assume a responsabilidade e nem apresenta medidas concretas para enfrentar essa grave crise ambiental, as taxas de desmatamento e fogo continuam subindo a níveis alarmantes e diversos atores nacionais e internacionais têm demonstrado preocupações justificadas com a falta de medidas concretas do Brasil.
O desmatamento da Amazônia atingiu 10.129 km², entre agosto de 2018 e julho de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. O número representa um aumento de 30% em relação ao período anterior. Uma viagem diplomática pela Amazônia brasileira que não inclua na rota os desafios e graves danos ambientais que a região enfrenta, é uma viagem incompleta e uma oportunidade perdida.
Na rota proposta pelo Greenpeace, estão algumas das áreas mais vulneráveis no Bioma e outras que tem sofrido pressão crescente do desmatamento e fogo nos estados do Pará e Amazonas.
No Pará, os lugares sugeridos incluem áreas que registraram muitos focos de calor, grandes desmatamentos e invasão de UCs e TIs, que deveriam estar protegidas. O Pará é o estado com maior índice de desmatamento desde 2006. Somente em 2020, 35% dos focos de calor na Amazônia ocorreram ali.
A rota inclui Áreas Protegidas como o Parque Nacional e FLONA Jamanxim, APA Triunfo do Xingu, ESEC Terra do Meio e Terra Indígena Cachoeira Seca, que sofrem com um alto índice de desmatamento e outras atividades ilegais, como garimpo, além de um trajeto ao longo da BR-163, onde a floresta é frequentemente destruída e queimada para virar pasto. Imagens de sobrevoos do Greenpeace registraram a destruição no local (confira imagens aqui
Já no Amazonas, estado brasileiro que abriga a maior área da floresta conservada, a situação também é extremamente grave. O sul do estado está sob grande pressão de desmatamento vindo dos estados de Mato Grosso e Rondônia. A rota sugerida pelo Greenpeace passa pelos municípios de Lábrea, Apuí, Novo Aripuanã e divisa com Rondônia, em Porto Velho, incluindo as proximidades de UCs e TIs. O documento alerta ainda que até porções mais conservadas estão em risco, a partir da reconstrução da rodovia BR-319.
Desmatamento e fogo
De acordo com a Política Nacional de Mudanças Climáticas, até 2020 a taxa de desmatamento deveria ser reduzida para 3.925km². Porém, segundo alertas de desmatamento do DETER / INPE, a taxa esperada para 2020 pode ser até três vezes maior que a meta estabelecida para o ano. Somente entre agosto de 2019 e julho de 2020, os alertas do DETER registraram 30.352 hectares desmatados dentro de Terras Indígenas e 118.931 ha em Unidades de Conservação.
Quando olhamos para os incêndios na região, a situação também é profundamente preocupante. Em 22 de outubro, o número de focos de incêndio na Amazônia superou todo o ano de 2019. Entre janeiro e 29 de outubro, foram 92.541 focos de calor na Amazônia, concentrados, principalmente, na área entre os estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas.
A destruição de florestas libera milhões de toneladas de CO2, acelerando as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e aumentando o risco de futuras pandemias. A atual política antiambiental adotada pelo governo Bolsonaro vai contra os esforços necessários para lidar com a emergência climática e a crise da biodiversidade. As ações do governo brasileiro contra o meio ambiente também aumentam o risco de desmatamento associado aos produtos brasileiros.
Leia a carta e a rota proposta pelo Greenpeace na íntegra aqui
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