Walmart, Unilever, Nestlé, McDonald's e Carrefour, entre outras,
declararam apoiar o Manifesto do Cerrado, lançado por organizações
ambientalistas
Vista aérea do município de Balsas, Maranhão, na região do MATOPIBA.
Nesta quarta-feira, 23 companhias globais - entre elas Walmart, Unilever, Nestlé, McDonald's e Carrefour - anunciaram apoio ao Manifesto do Cerrado, lançado em setembro por mais de 40 organizações ambientalistas, entre elas o Greenpeace. Em carta conjunta,
as empresas declaram que “apoiam os objetivos definidos no Manifesto do
Cerrado e comprometem-se trabalhar com as partes interessadas locais e
internacionais para cessar o desmatamento e a perda de vegetação no
Cerrado”.
Na avaliação de Cristiane Mazzetti, da campanha de florestas do
Greenpeace Brasil, as empresas deram um importante passo ao apoiar o
pleito da sociedade civil expresso no Manifesto. "Trata-se de uma clara
sinalização que essas empresas dão ao seus fornecedores de que o mercado
não aceitará mais produtos com origem no desmatamento, seja na Amazônia
ou no Cerrado. Esperamos que o próximo passo seja o anúncio de
políticas concretas de compra alinhadas com o critério do desmatamento
zero no Cerrado", comenta.Em apenas dois anos, entre 2013 e 2015, o Brasil destruiu 18.962 km² de Cerrado. A situação é tão séria que, por mais de dez anos, as taxas de desmatamento no Cerrado superaram as da Amazônia, tornando esse ecossistema um dos mais ameaçados do planeta.
O simples cumprimento da legislação não garantirá a proteção do Cerrado, já que cerca de 40 milhões de hectares ainda podem ser legalmente desmatados. Considerando que a principal causa da destruição do bioma é a expansão do agronegócio sobre a vegetação nativa, é fundamental o compromisso das empresas que compram soja e gado produzidos no Cerrado com o fim do desmatamento.
Para Tiago Reis, pesquisador de políticas ambientais do IPAM, retirar a cobertura vegetal coloca em risco o equilíbrio do sistema e afeta diretamente todos os biomas interligados, como a Amazônia e a caatinga. “Além disso, esse desmatamento ameaça o equilíbrio ambiental que garante a produção agrícola no Brasil, uma vez que a perda de vegetação nativa do Cerrado compromete a formação de chuvas por evapotranspiração”, explica Reis.
Edegar Rosa, coordenador do programa Agricultura e Alimentos do WWF-Brasil, reforça a importância do Cerrado para a regulação climática e hídrica, além de ser a savana com maior biodiversidade do planeta. “Partindo de referências de sucesso na Amazônia, um maior compromisso da iniciativa privada será chave para a proteção do bioma”, explica.
No manifesto lançado em setembro, as organizações também cobram que o governo cumpra os compromissos internacionais assumidos no Acordo de Paris, crie áreas protegidas e garanta o direito à terra para comunidades tradicionais, povos indígenas e pequenos agricultores.
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