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Tuesday, November 27, 2012
Vai, Brasil: falta pouco para zerar o desmatamento
O governo federal anunciou, nesta terça-feira, a menor taxa de desmatamento já registrada na Amazônia: 4.600 quilômetros quadrados entre agosto de 2011 e julho de 2012, segundo o sistema oficial Prodes. O número é 27% menor que o do ano anterior e, com ele, este é o quarto ano consecutivo de redução da taxa.
“A diminuição dos números nos últimos anos deixa claro que o fim do desmatamento não só é necessário como perfeitamente possível”, afirma Marcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace. “A principal força desse combate ao desmatamento vem de uma sociedade que não tolera mais a destruição das florestas. É isso que empurra ações tanto de governos quanto de mercados, como o da soja e da pecuária, para eliminar o desmatamento de sua cadeia produtiva."
Prova disso é a aliança pelo projeto de lei de iniciativa popular do desmatamento zero, lançada este ano pelo Greenpeace e apoiado por diversas organizações e movimentos sociais. Em apenas oito meses, mais de 650 mil brasileiros já aderiram à proposta.
Ao anunciar os números nesta terça, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira fez um lamento: “Arrisco dizer que foi a única notícia ambiental positiva que o planeta teve esse ano”. O Greenpeace é forçado a concordar. No Brasil, as piores notícias vieram do Congresso, com a redução de áreas protegidas e a desfiguração do Código Florestal, sacramentada em setembro. Além de premiar com anistia quem devastou a floresta, a nova lei abre brecha para que novas derrubadas se alastrem.
“O sinal de alerta deve continuar aceso, pois ainda faltam 4.600 quilômetros quadrados pela frente. Essa é uma área ainda muito grande, ainda mais num país onde não precisamos mais desmatar nenhum hectare de floresta para nos desenvolver”, diz Astrini. “A lei do desmatamento zero nunca foi tão necessária. Ela é uma vacina contra os retrocessos ambientais que o Brasil tem assistido. Mas junto com ela, é necessário que haja uma governança permanente na Amazônia, e não só pontual.”
O monitoramento por satélite também aponta que o problema ainda não está resolvido. Segundo o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) do Imazon, de agosto a outubro de 2012 (ou seja, após o período de registro do Prodes) houve um aumento de 125% nas derrubadas se comparado com o mesmo período do ano anterior. O sistema do governo (Deter) também aponta essa tendência de crescimento nos meses recentes.
Criminosos ambientais continuam agindo sem freios pela região. No último mês, o Greenpeace entregou um pacote de denúncias ao Ministério Público Federal e ao Ministério do Meio Ambiente, mostrando total falta de controle inclusive no interior e arredores de áreas protegidas. Desmatamento e extração de madeira foram documentados em unidades de conservação como a Reserva Extrativista Verde para Sempre e a Floresta Nacional de Altamira, no Pará.
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