Thursday, November 29, 2012

Zara aceitar lavar a roupa suja

O maior varejista de moda do mundo, o grupo têxtil Inditex, do qual a Zara faz parte, assumiu hoje o compromisso de eliminar todas as substâncias químicas perigosas de sua cadeia de produção, incluindo a de fornecedores, até 2020. A decisão é uma resposta à pressão pública que a Zara recebeu com a campanha Detox do Greenpeace Internacional. Como parte do compromisso, a Inditex exigirá que seus 20 fornecedores divulguem informações sobre as substâncias utilizadas já em março de 2013, fazendo com que aqueles que moram perto das fábricas finalmente tenham acesso às informações sobre os descartes de resíduos no ambiente. “O Greenpeace parabeniza a Zara pelo compromisso de fazer moda sem poluir. Se a maior varejista de moda do mundo pode mudar, não há desculpa para que as outras marcas não limpem suas cadeias de produção”, afirmou Martin Hojsik, Coordenador da Campanha Detox do Greenpeace Internacional. Ele ainda disse que “as pessoas se manifestaram em todo o mundo contra a moda tóxica e agora é o momento para que outras marcas, como a Esprit, Gap, Levi’s e a Victoria Secret ouçam seus clientes e se 'desintoxiquem' também”. O compromisso e a resposta da Zara vieram apenas oito dias depois de o Greenpeace ter lançado o relatório “Fios tóxicos: o grande remendo da indústria da moda”, em Pequim. Desde então, mais de 300 mil pessoas se juntaram à campanha, com dezenas de milhares de pessoas compartilhando a mensagem de que a Zara precisava limpar sua cadeia de produção no Facebook e no Twitter. Sem deixar de mencionar as mais de 700 pessoas que foram às ruas protestar nas fachadas das lojas da Zara em todo o mundo. A Zara é a oitava marca a se comprometer a eliminar o descarte de produtos químicos perigosos em toda sua cadeia de fornecimento e em seus produtos desde que o Greenpeace lançou a campanha Detox, em 2011. Além disso, a Zara exigirá que pelo menos 20 fornecedores comecem a divulgar os dados sobre poluição até o final de março de 2013 e pelo menos cem fornecedores até o final de 2013, incluindo informações sobre os corantes azóicos que são cancerígenos. “As pessoas têm o direito de saber com o que os seus rios estão sendo poluídos e quais são os produtos químicos perigosos em suas roupas. O compromisso da Zara de agir de forma mais transparente é um marco na maneira como as roupas são fabricadas e será a chave para forçar que mais marcas se comprometam com a poluição ‘zero’ por substâncias químicas perigosas até 2020”, disse Li Yifang, da campanha de Tóxicos do Greenpeace Sudeste Asiático. A campanha Detox do Greenpeace exige que as marcas de moda se comprometam a não descartar nenhum resíduo químico perigoso no ambiente até 2020 e que exijam que seus fornecedores divulguem todas as substâncias tóxicas descartadas nos rios para as comunidades locais.

Tuesday, November 27, 2012

Belo Monte receberá R$ 22,5 bilhões do BNDES

Mesmo que o desmatamento tenha caído entre agosto de 2011 e julho de 2012 para 4.656 km², questões de fundo colocam em risco a floresta amazônica. Um deles é o plano do governo de explorar o potencial energético dos rios amazônicos a qualquer custo. A última sinalização de que Brasília não vai desistir deste propósito veio por meio do BNDES, que ontem anunciou um empréstimo de R$ 22,5 bilhões para Belo Monte. Isto representa quase 80% do valor total do empreendimento, estimado em R$ 28,9 bilhões. O empenho dos burocratas do setor elétrico em levar Belo Monte adiante fica evidente: este é o maior investimento feito pelo banco em toda a sua história. E não nos devemos esquecer que os recursos do BNDES são públicos, ou seja, são meu, seu, nosso. Mas a nossa voz não é considerada. Ricardo Baitelo, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, observa que, se esse mesmo montante de recursos fosse aplicado em parques eólicos, se chegaria aos mesmos 4 mil megawatt médios de energia previstos para Belo Monte produzir. “Priorizar a produção de energia hidrelétrica na Amazônia é um erro estratégico. Atualmente há tecnologia e escala para se gerar energia a partir de fontes limpas e renováveis”, destaca. Estima-se que Belo Monte afetará 40 mil pessoas, entre ribeirinhos, indígenas e habitantes das cidades situadas no entorno da hidrelétrica. Grandes projetos de infraestrutura são historicamente grandes incentivadores da ocupação e do desmatamento irregulares da Amazônia. Quando o plano é feito sem cuidado com premissas socioambientais, e desnecessariamente, como neste caso, o estrago está feito. A usina é a ponta do iceberg dos planos oficiais, porém há cinco em construção ou em planejamento no momento: o governo federal planeja construir mais outras 23 em vários pontos da bacia amazônica. No total, essas 29 hidrelétricas representarão 38.292 MW.

Vai, Brasil: falta pouco para zerar o desmatamento

O governo federal anunciou, nesta terça-feira, a menor taxa de desmatamento já registrada na Amazônia: 4.600 quilômetros quadrados entre agosto de 2011 e julho de 2012, segundo o sistema oficial Prodes. O número é 27% menor que o do ano anterior e, com ele, este é o quarto ano consecutivo de redução da taxa. “A diminuição dos números nos últimos anos deixa claro que o fim do desmatamento não só é necessário como perfeitamente possível”, afirma Marcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace. “A principal força desse combate ao desmatamento vem de uma sociedade que não tolera mais a destruição das florestas. É isso que empurra ações tanto de governos quanto de mercados, como o da soja e da pecuária, para eliminar o desmatamento de sua cadeia produtiva." Prova disso é a aliança pelo projeto de lei de iniciativa popular do desmatamento zero, lançada este ano pelo Greenpeace e apoiado por diversas organizações e movimentos sociais. Em apenas oito meses, mais de 650 mil brasileiros já aderiram à proposta. Ao anunciar os números nesta terça, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira fez um lamento: “Arrisco dizer que foi a única notícia ambiental positiva que o planeta teve esse ano”. O Greenpeace é forçado a concordar. No Brasil, as piores notícias vieram do Congresso, com a redução de áreas protegidas e a desfiguração do Código Florestal, sacramentada em setembro. Além de premiar com anistia quem devastou a floresta, a nova lei abre brecha para que novas derrubadas se alastrem. “O sinal de alerta deve continuar aceso, pois ainda faltam 4.600 quilômetros quadrados pela frente. Essa é uma área ainda muito grande, ainda mais num país onde não precisamos mais desmatar nenhum hectare de floresta para nos desenvolver”, diz Astrini. “A lei do desmatamento zero nunca foi tão necessária. Ela é uma vacina contra os retrocessos ambientais que o Brasil tem assistido. Mas junto com ela, é necessário que haja uma governança permanente na Amazônia, e não só pontual.” O monitoramento por satélite também aponta que o problema ainda não está resolvido. Segundo o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) do Imazon, de agosto a outubro de 2012 (ou seja, após o período de registro do Prodes) houve um aumento de 125% nas derrubadas se comparado com o mesmo período do ano anterior. O sistema do governo (Deter) também aponta essa tendência de crescimento nos meses recentes. Criminosos ambientais continuam agindo sem freios pela região. No último mês, o Greenpeace entregou um pacote de denúncias ao Ministério Público Federal e ao Ministério do Meio Ambiente, mostrando total falta de controle inclusive no interior e arredores de áreas protegidas. Desmatamento e extração de madeira foram documentados em unidades de conservação como a Reserva Extrativista Verde para Sempre e a Floresta Nacional de Altamira, no Pará.

O carbono congelado no solo

Em meio à 18a Conferência do Clima das Nações Unidas, Kevin Schaefer, do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC), divulgou um relatório sobre o degelo do permafrost, solo permanentemente congelado que cobre quase um quarto do Hemisfério Norte e que está derretendo devido as mudanças climáticas. Atualmente, a camada de gelo, que chega a ter mais de dois metros de espessura, já vem apresentando uma diminuição de tamanho. Estima-se que de um a dois terços do permafrost desaparecerão nos próximos dois séculos liberando uma quantidade de carbono na atmosfera equivalente a metade do que já foi liberado desde o começo da era industrial. Segundo o estudo realizado pelo NSIDC, o permafrost contém 1700 gigatoneladas de CO2, duas vezes mais do que existe atualmente na atmosfera. O carbono do permafrost impactará não apenas no clima, mas também as estratégias internacionais para reduzir as mudanças climáticas, disse Schaefer. “Se nós queremos ter uma meta para as emissões de carbono, então precisamos reduzir muito mais as emissões de combustíveis fósseis do que calculamos anteriormente para que possamos compensar o carbono adicional do permafrost que não havia sido considerado no cálculo inicial”, afirmou o pesquisador. “Caso contrário, vamos acabar com a Terra ainda mais quente do que que queremos”.

As mudanças climáticas já são uma realidade

Começou, hoje, a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-18, em Doha, no Catar, que reúne representantes de 190 países para discutir as mudanças climáticas e assuntos como a redução da emissão de gases do efeito estufa. A expectativa é de que o principal debate será a extensão do Protocolo de Kyoto que está prestes a expirar para que o segundo período de vigência comece ainda em 2013. As mudanças climáticas já são uma realidade e os governos precisam encarar este fato e agir urgentemente para evitar a catástrofe do aquecimento global. Só em 2012, presenciamos tempestades devastadoras, secas e enchentes que causaram a morte de pessoas no Estados Unidos, na China, na Índia, na África e na Europa. Tais eventos deveriam ser vistos como um sinal e um teste para ver como os governos protegerão suas pessoas. “As mudanças climáticas não fazem mais parte de um futuro distante, já está presente. Ao final de um ano que viu os impactos das mudanças climáticas e a devastação de casas e de famílias em todo o mundo, a necessidade de ação é óbvia e urgente”, disse Martin Kaiser, da Campanha de Clima do Greenpeace. O futuro do Protocolo de Kyoto, o único documento legal sobre as emissões de gases estufa, é o que o está em jogo em Doha. O Greenpeace pede que um segundo período de vigência seja estabelecido, uma vez que o Protocolo expira no final deste ano. O problema das emissões de gases estufa vem se agravando. Nos últimos cinco anos, o aumento do uso de carvão causou o crescimento em mais de 60% das emissões globais de CO2, fazendo com que a quantidade de gases estufa emitidas tenha estabelecido um novo recorde. Recentemente, o Banco Mundial, a Agência Internacional de Energia e a UNEP alertaram sobre as consequências das mudanças climáticas. “A economia mundial não está apenas indo na direção errada, mas acelerando na direção errada. Em Doha, os governos devem concordar sobre a continuação do Protocolo de Kyoto e devem tomar decisões ambiciosas e imediatas para reduzir as emissões”, completou Kaiser. “ Essas decisões vão enviar sinais claros para os investidores sobre o futuro da economia de energia. Os líderes mundiais devem incentivar a revolução energética e mudar sua matriz de energia suja para lima. É hora de acordar e encarar a realidade”. Nas discussões em Durban, em 2011, os governos concordaram em assinar um acordo global jurídico e vinculante em 2015, comprometendo-se a reduzir as emissões para o período até que entre em vigor em 2020. Em Doha, eles devem mostrar um progresso real em direção ao acordo de 2015 e uma maior ambição em suas metas para 2020. “Proteger o restante das florestas tropicais mundiais é uma parte fundamental da solução para enfrentar a crise climática”, disse Roman Czebiniak, Conselheiro Político Sênior do Greenpeace Internacional. “Os governos devem assegurar que um financiamento para a proteção das florestas será estabelecida no âmbito do Fundo do Clima Verde para garantir o financiamento adequado que poderá deter a destruição das florestas nos países em desenvolvimento. As florestas do mundo devem ser uma das principais soluções para as mudanças climáticas”.

Revolta de manequins na Zara

Os manequins ganharam vida neste final de semana e se revoltaram contra o uso de substâncias químicas perigosas em roupas da marca Zara. Mais de 700 ativistas do Greenpeace, divididos em 80 cidades e 19 países, participaram da ação. De Bangkok a Berlim, eles protestaram nas ruas e na entrada de lojas. “Forçados por muitos anos a usar roupas com perigosas substâncias químicas, brincamos com a ideia de que os manequins da Zara finalmente decidiram que essa era a gota-d’água e começaram a sair das lojas”, conta Martin Hojsik, coordenador da campanha de Detox do Greenpeace Internacional. “Após presenciar os colegas da H&M, C&A, Marks & Spencer, Nike, Adidas, Puma e Li-Ning se libertando de seus empregos tóxicos, os manequins da Zara resolveram se revoltar.” Depois de apenas seis dias do lançamento, mais de 280 mil pessoas já aderiram à campanha que pede à maior varejista de moda do mundo que faça uma limpeza em sua cadeia de produção. Dezenas de milhares de ciberativistas agiram e ainda estão agindo no Facebook e Twitter para levar essa demanda adiante. Divulgado no dia 20 de novembro pelo Greenpeace Internacional, o relatório “Os fios tóxicos – o grande remendo da indústria da moda” expõe o uso de produtos químicos perigosos em roupas das 20 marcas de moda líderes de mercado. A Zara, porém, é a única avaliada que utiliza produtos disruptores de hormônios e capazes de causar câncer nos usuários. O Greenpeace pede às empresas de moda que se comprometam com o fim do uso de substâncias perigosas até 2020. Marcas como a H&M e M&S já alcançaram essa meta. Também pedimos aos fornecedores que informem comunidades próximas de cursos-d’água poluídos sobre as liberações de químicos tóxicos que ocorrerem em suas instalações. “Como maior varejista do mundo e pioneira da “moda rápida”, a marca consegue responder rapidamente a novas tendências e a solicitações de clientes, modificando suas roupas desde o projeto até as vitrines em poucas semanas”, disse Martin. A expectativa é que a Zara também responda a mais essa demanda de seus clientes com rapidez e prontidão.

Saturday, November 24, 2012

Protesto na Resex Verde para sempre

Na Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre, no Pará, não chegou energia elétrica. Tampouco chegaram velhas demandas da comunidade, como fomento às atividades produtivas, assistência técnica, acesso à tecnologia etc. Mas num piscar de olhos, o governo mandou para o local uma bateria de máquinas, caminhões e retroescavadeiras. Tudo para as obras de implantação das torres de transmissão de energia elétrica – que vão atender outras cidades do país, não a reserva. Às 6h da manhã da última terça-feira, lideranças de 20 comunidades da Resex protestaram e paralisaram as obras. A argumentação não poderia ser mais justa: enquanto as reinvindicações dos comunitários ficam anos paradas na gaveta do governo, as autoridades atendem de prontidão a outras demandas – que, nesse caso, passam literalmente por cima da unidade de conservação, e sem o aval dos moradores. “Esse tipo de operação não estava previsto no plano de operação licenciado pelos órgãos ambientais”, diz uma nota divulgada pelo Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz, município onde está localizada a Resex. Segundo o comitê, a manifestação só vai terminar quando o governo atender a antigas reivindicações das comunidades, como fomento às atividades produtivas, acesso a tecnologias aplicadas à produção familiar e implantação de sistemas de energia elétrica nas comunidades. Em abril deste ano, quando o Greenpeace atracou na região a bordo do navio Rainbow Warrior, 31 barcos de comunitários se uniram para fazer uma “assembleia”, denunciar as ameaças que vêm sofrendo e pedir ao governo federal apoio efetivo para que a reserva seja, de fato, implementada. As reclamações sobre a morosidade e ausência do governo foram recorrentes. Prova disso foi a denúncia que fizemos há um mês, quando balsas carregadas de madeira passavam por dentro da unidade.

Palavras não são suficientes

Nossa campanha pedindo para a Zara que se desintoxique começou há apenas 48 horas. Até agora, mais de 200 mil clientes preocupados, ativistas e fashionistas já assinaram, alertando a maior varejista do mundo que ela precisa criar moda sem poluir. Com essa enorme mobilização de pessoas pedindo à empresa que se responsabilize pela poluição causada na fabricação e lavagem de suas roupas, não é surpreendente que a Zara tenha decidido se pronunciar sobre a campanha Detox do Greenpeace. A empresa respondeu alguns de seus e-mails reiterando sua “boa vontade em tomar as atitudes necessárias para alcançar, no menor tempo possível, a meta geral de parar a poluição”. Isso é encorajador. O Greenpeace já está conversando com a marca sobre como eles pretendem transformar essas palavras em atitudes, porque palavras não são suficientes. Neste momento, ao redor do mundo, nossa água está sendo envenenada com perigosas substâncias químicas que vêm da indústria têxtil. Quando liberadas no meio ambiente essas substâncias podem se ‘quebrar’ e formar outras ainda mais prejudiciais, algumas delas cancerígenas e ainda outras capazes de alterar a forma como os hormônios naturais agem no corpo humano. Muitos desses elementos foram encontrados nos produtos da Zara que testamos em um laboratório independente. Isso significa que eles foram usados no processo de produção e depois liberados em rios e cursos-d’água ao redor do mundo. E quando uma marca produz colossais 850 milhões de peças de roupa por ano, como a Zara, isso tem um grande impacto tanto no meio ambiente quanto nas pessoas que utilizam essa água para consumo próprio. Foi por isso que escolhemos a Zara como a próxima marca para liderar a estrada em direção a um futuro livre de tóxicos. Seu tamanho e sua escala mostram que a empresa tem uma posição de liderança ideal para catalisar maiores mudanças dentro da indústria têxtil. Os fornecedores escutam marcas como a Zara porque elas oferecem muitas oportunidades de negócios. Como uma indústria líder, fica claro que outras marcas seguirão seus passos. Então o que exatamente estamos pedindo para a maior marca de roupas do mundo? Nós acreditamos que a Zara tem responsabilidade junto ao público e ao meio ambiente de acabar definitivamente com toda a liberação de produtos químicos perigosos dos seus processos de produção, e pedir a seus fornecedores que revelem quais substâncias estão sendo jogadas em nossos preciosos cursos-d’água. As pessoas que vivem próximas a essas fábricas e compram esses produtos têm o direito de saber o que está presente em suas peças de roupa e os efeitos prejudiciais dessas substâncias quando liberadas no meio ambiente. Alguns dos maiores concorrentes da Zara já estão mostrando como andar pela passarela da moda livre de tóxicos. Mark e Spencer, por exemplo, se comprometeram a revelar informações sobre a produção de cinco fornecedores até fevereiro de 2013. Considerando-se que a Zara é muito maior que a M&S, é razoável esperar que a empresa deva, no mínimo, tomar uma atitude parecida. Outro concorrente próximo, a H&M, deu uma data concreta para quando pretende acabar com o uso de PFCs – um dos grupos químicos mais perigosos usados pelo setor. A H&M diz que isso será possível até o dia 1º de janeiro de 2013. Então o que impede a Zara de fazer o mesmo com esse e outros produtos químicos que são usados na produção de suas roupas? A empresa aparentemente consegue projetar, produzir e entregar peças de roupas e tê-las em suas lojas em apenas 15 dias. Queremos vê-los usando sua velocidade para dar resposta à questão urgente da poluição e limpar a indústria da moda de vez. Afinal, a Zara sabe deste problema há muito tempo. Nosso primeiro relatório apontando a poluição de tóxicos causada pela produção têxtil foi publicado há quase 18 meses. Desde então a empresa fez muito pouco. Mas graças ao apoio, persistência e criatividade de pessoas como você nestes últimos dois dias, a Zara finalmente parece ter entendido a gravidade do problema. Continue compartilhando a campanha com seus amigos. Quanto mais pessoas participarem, mais os líderes dentro da empresa vão perceber que precisam tomar atitudes ambiciosas e imediatas para se desintoxicar. Sinta-se à vontade para ir ao mural da Zara no Facebook ou mandar uma mensagem via Twitter pedindo à marca que mostre a liderança e responsabilidade condizentes com a varejista número 1 do mundo.

Wednesday, November 21, 2012

Recorde nas emissões de gases estufa

Nos dias que antecedem a COP18, a Conferência do Clima das Nações Unidas, a notícia do Banco Mundial de que o planeta pode ficar até 4°C mais quente até o final do século veio como um sério alerta de que atitudes precisam ser tomadas urgentemente durante as reuniões dos líderes mundiais se o objetivo é impedir uma série de consequências catastróficas derivadas do aumento da temperatura global. Outra novidade alarmante foi o novo recorde de emissões de gases estufa divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em 2011, a liberação de CO2 atingiu 391 partes por milhão (ppm) quando o ideal deveria ser de 350 ppm para que o aumento de temperatura fosse no máximo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais. Ondas de calor extremo, diminuição dos estoques mundiais de alimentos, a elevação do nível do mar e o comprometimento de 90% dos recifes de corais são algumas das alterações globais decorrentes do aumento da temperatura do planeta. E a situação ainda pode piorar. Segundo o Banco Mundial mantida a inércia atual seria alcançado o nível de 800 ppm de CO2 até a metade do século. Parte da solução para este problema seria uma mudança no setor energético. A substituição das termelétricas abastecidas por carvão por energias mais limpas e renováveis, como a eólica e a solar, poderia ajudar a diminuir as emissões de gases estufa além de trazer outros benefícios como a geração de novos empregos verdes.

Tuesday, November 20, 2012

O conto tóxico por trás de sua roupa

O que você está vestindo hoje? Pare por alguns segundos e sinta o tecido. Você está tocando uma escolha de moda. Na verdade, é muito mais do que isso, você está tocando uma história. Cada peça de roupa - no seu guarda-roupa, no meu guarda-roupa, no guarda-roupa de todos - tem uma história. Neste exato momento, as marcas de moda estão escrevendo esta história para nós. Ela possui cursos-d’água públicos que estão sendo tratados como se fossem esgotos particulares. Também tem rios envenenados, produtos químicos perigosos que permanecem no ambiente e que alteram a forma como os hormônios naturais atuam no corpo humano e que podem causar sérios danos aos ecossistemas. Eu não sei se essa história agradou a alguém, mas nós do Greenpeace não gostamos dela. Nós amamos nossas roupas, elas são um meio que temos de nos expressar e de nos apresentarmos ao mundo. Mas nós estamos unidos por acreditar que a moda não deve custar literalmente o preço do planeta. Não, nossas roupas não tem que ser misturadas com produtos químicos tóxicos. Não têm de ser fabricadas sem transparência e causar a poluição tóxica da água. Elas não têm de ser feitas para se desgastarem mais rápido do que podemos comprar outras novas. Há uma outra maneira de tudo isso ser feito e são pessoas como você que vão realizá-la, afinal, as marcas que nos vestem vão nos ouvir. E você sabe porquê? Porque sem nós, elas não são nada. Isso mesmo: nada. E elas sabem disso. Individualmente, nós temos um poder incrível sobre as marcas, mas que é ainda maior quando estamos juntos. ´E o que nós chamamos de poder da sociedade civil. Este ano, a Campanha Detox do Greenpeace se aprofundou na lista de produtos químicos perigosos utilizados na produção da moda. Estamos expondo as relações entre instalações fabris têxteis que utilizam produtos químicos tóxicos e a poluição da água. Nossa investigação inclui 20 marcas de moda mundiais e testes em 141 produtos vendidos por marcas de moda de renome, como a Zara, Metersbonwe - marca chinesa de moda - Calvin Klein, Levi, Mango, Tommy Hilfiger e Vero Moda. Exigimos que essas marcas parem de poluir o ambiente com produtos químicos perigosos e a melhor maneira de fazer isso é substituí-los por alternativas mais seguras. E para mostrar que elas realmente querem se comprometer com esta causa, devem ser transparentes e divulgar o que cada um de seus fornecedores estão liberando no ambiente. Se as marcas que têm o poder de influenciar seus fornecedores a adotar alternativas seguras e que não poluem o ambiente optarem por acabar com a poluição, outras as seguirão. Se a sociedade civil continuar pressionando a indústria da moda, podemos alcançar mudanças globais e permanentes. Basta olhar para o que já conseguimos: sete grandes marcas internacionais (Puma, Nike, Adidas, H&M, M&S, C&A e Li-Ning) se comprometeram a mudar porque você as pressionou. Mas até agora marcas como a Zara permanecem em silêncio. Se você compartilha da nossa visão para o futuro, junte-se a nós e peça para a Zara se desintoxicar. Diga que não queremos substâncias químicas perigosas em nossas roupas e em nossos rios. Juntos, podemos controlar a história que as nossas roupas contam e torná-la melhor para todos nós.

Monday, November 19, 2012

Eles precisam fazer mais

Fabricantes globais de eletrônicos precisam fazer mais para acabar com o uso da energia suja responsável por mudanças climáticas em suas cadeias de produção e suprimento, de acordo com um estudo divulgado hoje pelo Greenpeace Internacional. Apesar de essas empresas terem progredido na remoção de substâncias químicas tóxicas de telefones celulares, computadores e tablets que produzem, suas estruturas de fabricação e abastecimento ainda são muito dependentes de fontes de energia sujas que contribuem para mudanças no clima. A 18ª versão do Guia de Eletrônicos Verdes montou um ranking de 16 empresas de eletrônicos baseado em seu comprometimento e progresso em três questões sobre o meio ambiente: Clima e Energia, Produtos Mais Verdes e Operações Sustentáveis. “O próximo desafio ambiental para companhias de bens eletrônicos de consumo é reduzir sua poluição de carbono”, disse o analista de TI do Greenpeace Internacional Casey Harrell. “Consumidores já afirmaram que querem eletrônicos mais ecológicos, o que significa aparelhos com bom funcionamento fabricadas e abastecidos por energias renováveis.” A maior parte da pegada de carbono associada a muitos dispositivos eletrônicos está ligada à sua cadeia de produção, onde eles são montados. Mais carbono é emitido na fabricação de alguns aparelhos, como tablets e smart phones, do que na eletricidade que eles consomem durante seu tempo de uso. “As empresas deveriam trabalhar com seus fornecedores para implementar processos de produção mais eficientes e para usar energias renováveis ao invés de combustíveis fósseis em sua cadeia de suprimentos, como eles acabaram de fazer para reduzir os materiais tóxicos em eletrônicos”, disse Harrell. À medida em que o uso de eletrônicos cresce no mundo, somente uma liderança ambiental corporativa pode prevenir o crescente desperdício de materiais e garantir que a indústria comece a usar energia limpa para fabricar seus produtos. Empresas de eletrônicos também ganharam poder político em muitos países, o que significa que sua defesa pela energia limpa pode impactar as políticas de diversos governos. A empresa de tecnologia indiana Wipro liderou o ranking em sua primeira aparição na versão internacional do Guia de Eletrônicos Verdes. A Wipro marcou mais pontos graças a seus esforços para abraçar energias renováveis e defender políticas de energia mais verdes na Índia. A empresa também conseguiu pontos pela coleta de lixo eletrônico pós-consumo, pela reciclagem e pela retirada gradual de substâncias perigosas de seus produtos. “A Wipro estabeleceu uma nova referência para a sustentabilidade, não apenas na Índia, mas em todo o globo, que terá um impacto de longo prazo na formação do debate da energia verde dentro da indústria de eletrônicos”, afirma o campaigner sênior do Greenpeace Índia Abhishek Pratap. “O restante do setor de eletrônicos deveria seguir os passos da liderança da Wipro na área de clima”. A HP caiu do 1º lugar na edição do ano passado do guia para a 2ª colocação. A Nokia subiu do 4º para o 3º. A fabricante taiwanesa de computadores Acer foi a empresa de maior evolução no guia, subindo 9 colocações e passando a ocupar o 4º lugar por se engajar com seus abastecedores para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, o uso de substâncias perigosas, minerais em áreas de conflito e o rastreamento da cadeia produtiva. A Dell caiu do nº 3 para o nº 5. A Apple teve uma ligeira queda da 5ª colocação no ano passado para a 6ª. A RIM, fabricante do Blackberry, não conseguiu melhorar seu 16º lugar no ranking, continuando como última do grupo. O Guia de Eletrônicos Verdes do Greenpeace, lançado em 2006, incentivou melhorias dentro da indústria de eletrônicos, incluindo a diminuição gradual de substâncias perigosas dos produtos. O guia é parte de uma campanha maior do Greenpeace para influenciar a indústria de TI a desenvolver as soluções necessárias para uma revolução global de energia limpa. O Greenpeace é uma organização global política e financeiramente independente que faz campanhas para mudar atitudes e comportamentos, proteger e conservar o meio ambiente e promover a paz. O Greenpeace apoia o reuso e reparo de produtos eletrônicos. Nós encorajamos as pessoas a estender a vida ativa de seus dispositivos, a comprar produtos usados quando possível e novos só quando for realmente necessário.

Wednesday, November 14, 2012

Bons ventos para o futuro

O Greenpeace Internacional e o Conselho Global de Energia Eólica lançam, hoje, o relatório bienal sobre o futuro da indústria eólica no mundo. A quarta edição do Cenário Mundial de Energia Eólica mostra que a energia eólica poderia fornecer até 12% de toda a eletricidade global até 2020, criando 1,4 milhão de novos trabalhos e reduzindo as emissões de CO2 em até 1,5 bilhão de toneladas por ano. Para 2030, o cenário é ainda mais positivo, 20% da demanda mundial de energia poderia ser atendida pelos ventos. Clique aqui e leia o relatório na íntegra (em inglês) O relatório traz um retrato com três futuros diferentes para a indústria de energia eólica para os anos de 2020, 2030 e para além de 2050 e compara esses cenários com duas diferentes projeções para o desenvolvimento da demanda de eletricidade: a primeira baseada no Cenário Mundial de Energia da Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês) e o segundo, em um modelo de futuro mais eficiente de energia desenvolvido pela consultoria ECOFYS e pesquisadores da Universidade de Utrecht. "Está claro que a energia eólica desempenhará um papel fundamental no futuro energético”, disse Steve Sawyer, Secretário Geral do Conselho Global de Energia Eólica. “Mas para que todo o potencial da energia eólica seja completamente aproveitado, os governos precisam agir rapidamente para solucionar a crise do clima, enquanto ainda há tempo.” No Brasil, o setor eólico vem crescendo consideravelmente e deve superar os 8 GW até 2016. Só no ano passado, foram adicionados 582 MW à matriz brasileira, capaz de atender uma cidade de aproximadamente 2 milhões de habitantes. “Apesar do Brasil ser um dos mercados mais promissores para energia eólica nos próximos cinco anos, este bom momento depende da manutenção de condições de competitividade e desenvolvimento da fonte que deem segurança aos investidores e à própria indústria de que a energia eólica continuará a crescer no país”, afirmou Ricardo Baitelo, coordenadora da campanha Clima e Energia do Greenpeace Brasil. A possibilidade da descontinuação de isenções fiscais para equipamentos aliada ao câmbio desfavorável para sua importação preocupam a indústria da energia eólica. Também, o atraso da conexão dos parques construídos às linhas de transmissão e a ausência de um leilão para a fonte em 2012 são questões que interferem na continuidade do setor. Hoje, a energia eólica é cada vez mais competitiva em diferentes mercados, mesmo quando compete com fontes de energia convencionais altamente subsidiadas. No Brasil, a fonte já vem mostrando competitividade mesmo em relação a térmicas, que costumavam dominar leilões de energia. “O ingrediente mais importante para o sucesso de longo prazo da indústria de energia eólica é a estabilidade, uma política de longo prazo, enviando um sinal claro aos investidores sobre a visão do governo para o alcance e potencial desta tecnologia”, disse Sven Teske, especialista sênior de energia do Greenpeace. “O Cenário Global de Energia Eólica mostra que a indústria eólica poderia empregar 2,1 milhão de pessoas até 2030, três vezes mais do que hoje, com uma política adequada de apoio a esta fonte.”

Tuesday, November 13, 2012

Os desafios do setor elétrico brasileiro

Foi relançado, hoje, o relatório “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21 – Oportunidades e Desafios” que traz artigos de um grupo de pesquisadores e especialistas do setor elétrico brasileiro, entre eles, Ricardo Baitelo, coordenador da campanha Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Eficiência energética, perdas no sistema de transmissão, as premissas adotadas pelo governo ao definir cenários futuros de demanda energética, a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia Legal e seus impactos socioambientais são alguns dos temas discutidos nos artigos presentes no relatório. Segundo Ricardo, “o que ainda falta para que a energia eólica e a solar ampliem a participação na matriz energética do país são politica e planejamento contínuos que permitam que essas fontes cresçam no médio e longo prazo.” “Energias renováveis: eólica e solar”, escrito por Ricardo, analisa o estado atual dessas duas fontes de energia na matriz energética brasileira, aponta os benefícios, oportunidades e os fatores que limitam o crescimento das indústrias eólica e solar no Brasil. Com uma orientação política clara e consciente, o Brasil tem todas as condições para se tornar a primeira grande potência energética de matriz quase 100% limpa. Estima-se que a energia solar sozinha seria capaz de atender cerca de dez vezes toda a demanda energética do país e a eólica poderia atender o triplo da atual demanda de eletricidade. O argumento de que essas fontes não são economicamente competitivas no mercado quando comparadas a outras já não é mais real. Cada vez mais estas tecnologias têm se tornado viáveis, mesmo quando comparadas com fontes de energia convencionais que recebem subsídios. Além disso, possuem a vantagem de terem baixas emissões de gases estufa e de criar empregos verdes.

Nova denúncia, velho problema

Às margens da rodovia BR-163, a Floresta Nacional de Altamira continua com seus 689 mil hectares na mira de madeireiros e sem controle do poder público. Os sistemas de Alerta do Desmatamento do Inpe (Deter) e do Imazon (SAD) detectaram, nos meses de julho, agosto e setembro novas áreas degradadas e desmatadas na unidade. Em sobrevoo, o Greenpeace documentou as áreas, além de outras derrubadas que os sistemas de monitoramento sequer detectaram. Segundo interpretação visual de imagens de satélite pelo Laboratório de Geoprocessamento do Greenpeace, pelo menos 2200 hectares de floresta impactadas. O ritmo de destruição colocou a Flona de Altamira na liderança das unidades de conservação mais desmatadas no mês de setembro, de acordo com o Imazon. Mas ela não foi a única: dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento em áreas protegidas segue em curso. Em 132 unidades de conservação observadas por satélite, o desmatamento aumentou cerca de 132% entre 2000 e 2012. Prestes a completar 15 anos de existência, não é de hoje que a Flona de Altamira amargura uma posição entre unidades que mais sofrem pressão de madeireiros e do agronegócio na Amazônia. Criada para, com outras áreas protegidas, formar uma espécie de cinturão verde para frear o avanço do desmatamento na zona de influência da BR-163, pouca coisa mudou. “Do alto, dá para ver estradas cortando a floresta, toras de madeira no chão, grandes e novos desmatamentos e boi pastando à vontade. Há anos denunciamos os crimes que ocorrem no entorno da Flona de Altamira e o desrespeito à política de unidades de conservação. O desmatamento está lá, acontecendo à luz do dia, para quem quiser ver. E infelizmente não é um caso isolado,” diz Marcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace. O desmatamento na Amazônia, aliás, aumentou não só nas áreas protegidas, mas de um modo geral. No último mês de setembro, o sistema de alerta de desmatamento do Imazon (SAD) detectou 431 km2 desmatados: um valor 154% maior que do mesmo período do ano passado. Em agosto, o monitoramento do governo feito pelo Inpe também já mostrava um aumento nas derrubadas de mais de 200% comparado ao mesmo mês de 2011. Região de crimes Na última quinta-feira, o Greenpeace já havia denunciado mais uma vez a crônica falta de governança ao longo da BR-163: um fazendeiro com crimes ambientais e trabalhistas no currículo foi beneficiado pelo programa do governo Terra Legal, tendo sua fazenda regularizada apesar das infrações. Nesta sexta, entregamos nova denúncia ao Ministério Público e ao Ministério do Meio Ambiente, pedindo a apuração, a identificação e a autuação dos responsáveis pelos desmatamentos no interior da Flona de Altamira, bem como a implementação de um plano de fiscalização que impeça novos desmatamentos nesta e nas demais unidades de conservação da Amazônia. Os crimes e a impunidade por ali não são de hoje e remontam à retomada das obras da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), há oito anos. Na época, a expectativa do aumento do desmatamento, grilagem e violência levou à elaboração do Plano BR-163 Sustentável, com uma série de medidas para prevenir e impedir o avanço das derrubadas ao longo da estrada – fato muito comum na região. Os desmatamento frequentes na Flona de Altamira e em outras áreas protegidas que estão nas proximidades da rodovia denunciam que o plano não foi para frente. As unidades de conservação criadas no entorno da rodovia – como a Flona –, parte do projeto da BR-163, ainda não foram implementadas – apenas quatro das 12 criadas têm plano de manejo. Segundo um levantamento do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) com dados do governo, apenas 43% das ações prometidas foram cumpridas. Em março de 2012, o Greenpeace foi a Santarém com o navio Rainbow Warrior. A bordo da embarcação, organizações e movimentos sociais assinaram e divulgaram manifesto contra a baixa execução do Plano BR-163 Sustentável, pedindo providências do governo. “Esses e outros desmatamentos que ocorrem diariamente na Amazônia não se justificam do ponto de vista ambiental, econômico ou social. Podemos desenvolver a região e o país sem derrubar mais nenhum hectare de floresta, usando o que temos de terras já abertas e subutilizadas”, finaliza Astrini.

Mais legal que isso, impossível

Há dois meses, chegava à Justiça Federal de Santarém, no Pará, um pedido de prisão de Eleandro Perin. A carta vinha do Ministério Público Federal. Dias antes, durante a operação Labareda na região, o Ibama havia responsabilizado o fazendeiro por dois crimes: desmatamento ilegal e uso de trabalho análogo ao escravo. As acusações, porém, não eram as únicas em seu histórico: antes disso, ela já havia sido autuado duas vezes pelo Ibama – também por exploração ilegal de floresta – e teve sua propriedade embargada. Apesar disso, em 2009, Eleandro teve sua fazenda Vitória, que ocupa 1.122 hectares em Altamira (PA) e que, portanto, não faz dele um pequeno agricultor, regularizada pelo programa Terra Legal. O programa estabelece que o limite das áreas para titulação seja de até 15 módulos fiscais. Eleandro possui uma de 14,95 módulos. Capitaneado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Terra Legal veio ao mundo após a aprovação, em 2009, da Medida Provisória 458, que ficou conhecida como MP da Grilagem. O objetivo anunciado era o de regularizar antigas ocupações legítimas na Amazônia, dando prioridade a pequenos produtores e a comunidades locais. Mas, como já havia sido previsto por movimentos sociais e ONGs, o programa está também beneficiando criminosos ambientais. “Estão usando a justa causa dos pequenos agricultores e da agricultura familiar para beneficiar aqueles que desmatam a floresta apostando na impunidade.”, diz Marcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace. “Não vieram para legalizar as terras dos agricultores familiares, mas dos latifundiários”, afirmou Raimundo de Lima Mesquita, coordenador Regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará. (Fetagri) sem se surpreender com o fato de o programa beneficiar quem desrespeita a lei: “Aqui, ninguém perde nada por ter desmatado”. Denúncia O caso de Eleandro não deve ser o único. Por isso, o Greenpeace encaminhou na quinta-feira uma denúncia ao Ministério Público Federal pedindo uma auditoria imediata sobre todos os beneficiados do Terra Legal com mais de 10 módulos rurais – cerca de 1000 hectares – na região. A falta de governança é tanta que os órgaos públicos não trocam informações sobre o caso, e o Ibama sequer sabia que Eleandro Perin era um beneficiário do programa. “Na Amazônia, a falta de governanca e ações descoordenadas dos órgãos oficiais causam situações como a denunciada. Neste ambiente, programas como o Terra Legal e o novo Código Florestal – que concede anistia a quem desmatou – seguirão a mesma receita, de premiar quem vem, há anos, destruindo as florestas brasileiras”, diz Astrini. Nos últimos dois meses, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer, se comparado com o mesmo período do ano passado. Só em agosto, houve um aumento de mais de 200% nas derrubadas. Não é à toa que, em poucos meses, mais de 600 mil brasileiros assinaram pelo projeto de lei de iniciativa popular do desmatamento zero. A sociedade está cansada de ver o governo passando a mão na cabeça de quem destrói nosso maior patrimônio ambiental. No último mês de março, o Greenpeace e outras organizações lançaram uma aliança nacional pela lei de iniciativa popular do desmatamento zero. A exemplo da Lei da Ficha Limpa, a ideia é coletar o maior número de assinaturas possível para enviar a proposta ao Congresso.

Friday, November 9, 2012

Longo caminho para o futuro que precisamos

quinta-feira, 8 de novembro de 2012 Em Brasília para a 15a Conferência Internacional Anti-corrupção, o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, cobrou ambição e urgência do governo brasileiro (©Greenpeace). “Estamos muito longe de alcançar o que precisamos”, sentenciou mais uma vez Kumi Naidoo. O diretor-executivo do Greenpeace Internacional esteve presente à 15a Conferência Internacional Anti-corrupção, realizada em Brasília. Em mesa que contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Kumi explicou porquê considerou a Rio+20 um “fracasso épico”, ressaltando a falta de ambição do documento final produzido pelo Brasil. Enquanto a ministra considerava que a Rio+20 foi “um marco, a maior conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável”, Kumi criticava a postura da presidente Dilma Rousseff, reforçando que a população brasileira é carente de esforços por parte do governo no que concerne às questões ambientais. “Antes de avaliarmos a Rio+20 devemos pensar no que realmente alcançamos desde a Eco-92. Mas veremos um nível extremamente baixo de cumprimento de metas e, na verdade, um grande retrocesso em muitos dos temas mais críticos. Queremos que haja uma sinergia entre economia, ecologia e igualdade, e que um pilar não se sobreponha ao outro. Mas quando lemos o documento da Rio+20 não vemos nenhuma especificidade, nenhuma urgência. Não quer dizer que não houve nenhum ponto positivo, mas não foi suficiente”, disse ele. Em contrapartida, mas de certa forma concordando com o argumento de que foi produzido um documento fraco, Izabella Teixeira afirmou que o resultado da Rio+20 foi “de linha de base, e não de topo de cadeia”. Respondendo à ministra, Kumi ressaltou que, assim como no debate do Código Florestal, houve um hiato entre a posição do governo e a de seus eleitores. “Nós sabemos que a presidente Dilma tentou não deixar o Código Florestal tão ruim quanto estava, mas eu acredito que, quando o movimento da sociedade civil propõe uma lei, como a do Desmatamento Zero, que já possui mais de 600 mil assinaturas, é dever do Congresso Nacional debater e ao governo como um todo prestar mais atenção à questão.” Também presente na mesa, Manish Bapna, presidente da organização World Resources Institute, frisou a importância de investimentos em tecnologia. “Tecnologia é transparência. Nós que trabalhamos com meio ambiente sabemos que esse é um fator muito importante para nos aperfeiçoarmos e melhorarmos o que fizemos no passado, para lutar contra o corte de madeira ilegal, contra as invasões de áreas protegidas, etc. Além disso, governança também está na base do problema”, completou.

Wednesday, November 7, 2012

Transportes: falta prioridades, sobram emissões

Cerca de quatro anos depois do estabelecimento das metas de redução das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, a maioria dos planos setoriais previstos no Plano Nacional de Mudanças Climáticas ainda não foi elaborada, e os que já existem são pouco ambiciosos, segundo Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace. Em audiência pública no Senado, a representante do Ministério dos Transportes, Kátia Matsumoto Tancon, apresentou uma proposta para o Plano Nacional de Logísticas e Transportes. De acordo com ela, o Ministério tem investido fortemente no meio ferroviário para buscar o equilíbrio nos transportes, levando à utilização de modelos mais eficientes. Hoje, o meio fluvial (aquaviário) ocupa apenas 3% dos transportes, o ferroviario 8% e o rodoviário, o mais poluente, 89%. Ainda segundo o Ministério, a projeção de emissões para 2020, de acordo com a proposta do Plano, é de 101 megatoneladas de CO2. O número parece baixo, mas não se engane. Essa conta não considera as chamadas cargas cativas, que correspondem a combustíveis como o gás, o petróleo e o minério de ferro, os maiores emissores da cadeia. Veja abaixo a opinião de Sérgio Leitão sobre o assunto: Qual é a postura que o governo deveria ter diante do tema da eficiência energética em transportes, e qual é a que ele assume na realidade? Sérgio Leitão – A grande preocupação do Greenpeace é que o Brasil está perdendo o senso de urgência das questões climáticas. Nosso governo não está mais conseguindo dar a mesma atenção e priorização que deu em 2009, quando assumimos nossas metas de redução das emissões. Em tempos de furacões Sandy, de secas no Nordeste e enchentes no Norte e Sudeste, temos que estar atentos ao que já está batendo à nossa porta. O Brasil vai investir no plano decenal R$ 749 bilhões em exploração de petróleo, um combustível fóssil, que emite CO2, para viabilizar a exploração do pré-sal. Isso significa um aumento de R$ 63 milhões relativo ao Plano Decenal anterior. O Ministério dos transportes se diz preocupado com biocombustível, mas reduz de R$ 97 para R$ 67 bilhões os investimentos nesse recurso. O setor de transportes hoje em dia já é a segunda maior fonte de emissões no Brasil. E só cresce. O governo, enquanto isso, não exije padrões de eficiência das montadoras ou monitoramento da poluição nas cidades. Uma pesquisa realizada em São Paulo indica que 77% dos casos de internações nos hospitais da cidade se devem à poluição. Não temos hoje regras obrigatórias, nem planos setoriais. O Ministério dos Transportes não fez, o da Saúde tampouco, e o de Minas e Enegia fez um Plano pobre em ambição. E onde ele se mostra ambicioso é também destrutivo, pois se abraça ao passado, que é a energia hidrelétrica. O que é mais urgente para o cumprimento das metas de redução de emissões no setor de transportes? SL – Uma política de padrões obrigatórios de eficiência energética dos motores nos carros de passeio, e o forte incentivo ao uso de transporte público que utilize combustíveis renováveis. As projeções do governo são de que, em 2020, o transporte individual ocupe 64% do transporte brasileiro. Ou seja, a tendência é que se configure um cenário de calamidade total, seja do ponto de vista do engarrafamento, seja por conta das emissões de gases estufa. Quais questões principais você gostaria de ver contempladas no plano setorial de transportes? SL – Em primeiro lugar, o estabelecimento de metas ambientais para redução do consumo de energia; redução das emissão dos poluentes locais, questão mais diretamente vinculada com a melhoria da qualidade do ar; e a redução dos gases de efeito estufa. 2- Estabelecimento das metas de participação do transporte público e não motorizado na matriz de deslocamentos (mais investimento em metrôs, veículos leves sobre trilhos, etc). 3- Promoção da articulação das fontes de financiamento de infraestrutura e veículos de transporte coletivo. 4- Integração entre o plano de transportes com a Política Nacional de Mobilidade Urbana e o Plano Brasil Maior, que trata da política industrial. 5- Atualização dos padrões de qualidade do ar adotados pelo Brasil, que datam de 1990. 6- Implantar um sistema nacional de monitoramento da qualidade do ar, pois a maioria das cidades não possui. 7- Elaboração e divulgação anual de relatórios nacionais de qualidade do ar. 8- Abertura de inquérito epidemiológico para investigar os custos no sistema público de saúde gerados pela poluição do ar, produzida por veículos nas grandes cidades brasileiras. 9- Exigência de padrões obrigatórios de eficiência energética de motores nos carros de passeio no Brasil. 10- Etiquetagem obrigatória da eficiência energética de motores nos carros de passeio para orientar o consumidor na hora da compra (similar ao selo da linha branca de eletrodomésticos).

Onde abundam alternativas, vigora desperdício

Foi realizado nesta terça-feira (6), na Câmara dos Deputados, o VI Simpósio Amazônia: Desenvolvimento Regional Sustentável. Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace, alertou os presentes para o desperdício de potencial energético no Brasil, um país que abunda em recursos alternativos. “A Amazônia possui um potencial de bioeletricidade que é completamente desperdiçado. Vira fumaça nas madeireiras o que poderia virar energia. Além disso, o Brasil é o país do sol e do vento, principalmente na região nordeste. Outro exemplo são os lixões a céu aberto. Temos mais de 20 milhões de habitantes na Amazônia que poderiam ser beneficiados com o aproveitamento dos lixões para produção de energia, também com geração de crédito de carbono. Mas o governo não conseguiu ainda transformar isso em política pública”, afirmou. Segundo estudo da Agência Internacional de Energia, citado no Seminário, o Brasil possui o segundo pior desempenho em termos de economia de energia dos países do G-20, ficando à frente apenas da Arábia Saudita. O país conquistou tal colocação, pois reduziu apenas 22,7% a sua intensidade energética. Em comparação, a China, primeira colocada no ranking, teve uma redução de 66%. “As prioridades do Plano Energético vão para onde se investe o dinheiro. E o dinheiro vai para o petróleo. Mas que política é essa que o governo não consegue dizer se é viável, se vai dar retorno? Vamos gastar 749 bilhões no pré-sal. Estamos destinando todo o recurso do país para investir num combustível do passado, enquanto o país tem alternativas possíveis. Mas novos paradigmas não são considerados. Vamos discutir se ferrovia é uma alternativa viável? Não, isso não interessa”, contestou Sérgio Leitão. Outro ponto criticado foi a flexibilização, por parte do governo federal, das normas de licenciamento para liberação de empreendimentos de infraestrutura. De acordo com o diretor do Greenpeace, o Plano Decenal de Energia do Ministério das Minas e Energia para o período de 2011 a 2021 prevê que uma área de 6.456km2 será inundada para viabilizar o fornecimento de energia para as 34 novas usinas hidrelétricas no país. Segundo ele, isso equivale ao somatório dos territórios de dez capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Maceió. “Grandes reservatórios inundam as terras onde vivem milhares de pessoas, destruindo suas vidas, seus projetos de futuro. O Brasil vive um paradoxo. É na democracia que se destrói a lei, porque não se tem a capacidade para fazê-la ser cumprida. Assim foi com o Código Florestal, e assim será com o licenciamento de grandes empreendimentos”, completou Sérgio Leitão.

Alguns Obstáculos na Rota para o Ártico.

Nós encontramos mais provas de que a Shell está extremamente preocupada com nossa campanha para salvar o Ártico. No mês passado, em Bruxelas, na Bélgica, o consultor sênior sobre Ártico da Shell, Robert Blaauw, apresentou o planejamento da empresa em uma conferência chamada de “O futuro do Ártico”. Primeiro, ele mencionou o quão cansativo foi ter que lidar com um “comitê de recepção onde quer que a Shell aparecesse publicamente”. Ele estava falando de você e de nós, agindo em todos os lugares do mundo. Depois, e talvez ainda mais interessante do que a declaração, foi a apresentação do slide abaixo sobre os principais desafios que a Shell enfrenta na exploração de petróleo no Ártico. É possível ver o site do Greenpeace ‘Salve o Ártico’, um dos principais obstáculos que se colocam no caminho da imprudente aventura da Shell no Ártico. Com mais de dois milhões de pessoas nos apoiando, nossa campanha se tornou uma das principais vozes no debate sobre o Ártico. A Shell sabe que pessoas apaixonadas, que se importam com o meio ambiente e que querem proteger o Ártico e a vida animal local, como você, são uma verdadeira ameaça aos seus planos de explorar petróleo na região e é por esse motivo que os advogados da empresa estão fazendo tudo que está ao seu alcance para nos silenciar. Pequenas coisas como estas mostram que nossa campanha está no caminho certo. No próximo ano, queremos que o Sr. Blaauw fale sobre nós mais uma vez, mas como uma razão para que a Shell tenha decidido deixar o Ártico em paz, de uma vez por todas. Para isso, precisamos que você continue nos apoiando. Assine e compartilhe a petição que prevê a criação de um santuário global no Ártico. *James Turner é Coordenador da Comunicação da Campanha do Ártico

Thursday, November 1, 2012

Livros Interessantes

Para quem gosta de espiritualismo, música e política, alguns livros que podem interessar. Aprenda teoria musical e guitarra: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-444287581-livro-toque-guitarra-rock-_JM Romance espiritualista: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-444289045-livro-onde-esta-teresa -zibia-gasparetto-_JM Auto-ajuda e espiritualismo: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-444291315-livro-atitude-luiz- antonio-gasparetto-_JM Fenômenos mediúnicos: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-444292142-livro-renoir-e-voc- autografado-luiz-antonio-gasparetto-_JM Auto-ajuda e espiritualismo: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-444292725-livro-conserto-para- uma-alma-so-luiz-antnio-gasparetto-_JM Política, religião e história: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-444293780-livro-o-vigario-rolf- rochhuth-_JM

O Meio Ambiente não tem Fronteiras

Estar no acampamento em Spessart, no sudoeste da Alemanha, e ter a chance de trabalhar pela proteção das florestas alemãs têm sido uma experiência importante pessoal e profissionalmente. Tenho trabalhado com o grupo que está nas florestas buscando e medindo as árvores para encontrar as que têm mais de 50 centímetros de diâmetro. Uma vez que percorremos uma determinada área e identificamos quais são as que pertencem à faia europeia, um segundo grupo utiliza um equipamento de GPS para marcar sua exata localização. Nós medimos as árvores para poder reconhecer as espécies e também tentamos identificar se há ou não a possibilidade da árvore abrigar pássaros ou outros animais. Tem sido ótimo trabalhar com o mapeamento das florestas, possibilitar a criação de mapas que mostram onde estão as árvores antigas e ajudar na preservação dessas áreas. A importâcia do que o grupo tem feito aqui é mostrar a importância destas áreas para a biodiversidade da região e para o combate do aquecimento global uma vez que estas árvores mais antigas conseguem estocar mais CO2, um dos principais gases do efeito estufa, do que as mais novas. A rotina no acampamento não varia muito. Acordamos cedo todos os dias, tomamos o café da manhã e nos reunimos para decidir qual área será marcada e para dividir os grupos que medem as árvores e os que seguem com o GPS para marcar os locais onde as espécies que procuramos foram encontradas. Fazemos uma pausa para o almoço que temos que preparar durante o café da manhã já que perderíamos muito tempo se voltássemos ao acampamento para comer. Geralmente, marcamos um ponto de encontro para o almoço e a refeição é feita na própria floresta. Retornamos ao acampamento às 17 horas e engana-se quem pensa que o trabalho acaba aí, ainda temos as tarefas de limpeza. Todos no acampamento podem colocar seu nome em um quadro de tarefas que indica quem vai limpar o chão, os banheiros, os chuveiros e lavar as louças. Jantamos e ainda temos mais uma reunião para discutirmos tudo o que foi feito durante o dia. O tempo tem mudado bastante. Passamos de dias nublados com temperaturas entre 10°C e 16°C para dias chuvosos entre 2°C e 9°C. Hoje, tivemos neve e a temperatura oscilando entre - 6°C e 0°C, o que dificulta um pouco o trabalho na floresta. Tudo que tenho feito aqui, junto com outras pessoas da Alemanha, Canadá, Finlândia e Rússia, só me faz ter certeza de que a luta pela proteção das florestas e do meio ambiente não têm fronteiras. Essa é uma luta global da qual todos podem participar, não importando em qual lugar do mundo estão uma vez que todos sentirão as consequências das mudanças climáticas. Além disso, tenho certeza de quando voltar ao Brasil poderei usar o que aprendi aqui para defender o Desmatamento Zero da Amazônia. *Adriano Augusto é do Greenpeace Brasil