A Semana do Clima, como reunião preparatória, não depende que seja no mesmo país que sediará a Conferência porque as discussões tratadas são regionais – no caso América Latina e Caribe, dentro de um contexto global. Ela antecede as negociações sobre mudanças climáticas referentes ao Acordo de Paris e é um espaço de encontro entre a sociedade civil, a ciência e os distintos governos dos vários países, com o objetivo de preparar o terreno, por meio do diálogo conjunto, para que a as grandes Conferências da ONU sejam um local receptivo e convergente com a opinião da população e suas lideranças e, assim, serem bem sucedidas. Não recepcionar esse evento significa recusar-se a esse diálogo com a sociedade e estar à margem das decisões na agenda de clima. É mais um passo na perda de relevância estratégica na geopolítica mundial.
Mais grave, a recusa do governo em receber a Semana do Clima demonstra ainda o negligenciamento do governo quanto a enfrentar de fato esse desafio. Enquanto jovens do mundo todo saem às ruas para pedir aos governantes que ajam agora para conter o aquecimento global, o governo brasileiro dá exemplo contrário. Só indo às ruas é que teremos ações justas pelo direito das pessoas a ter mais segurança, saúde, bem-estar e, mais crucial, viver?
O desequilíbrio do clima já está trazendo consequências para os brasileiros, estejam eles nas cidades ou no meio rural, como mostramos no web-documentário O Amanhã é Hoje. Em vez de organizar ações para conter o desmatamento, estimular a mobilidade urbana e investir em energias renováveis, medidas que diminuem as emissões de gases de efeito estufa que esquentam o planeta, o governo paralisou 82% dos R$ 437 milhões previstos para enfrentar o aquecimento global.
Infelizmente, medida como esta não se trata de “economia” como o Governo quer fazer parecer, mas sim uma conta dura que já está começa a ser paga pelos mais pobres e vulneráveis, mas que terá impacto para todos.
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