Saturday, May 18, 2019

Gelo vira instrumentos musicais no Ártico

por Thaís Herrero
 Assista à apresentação dos músicos que tocaram instrumentos de gelo para chamar a atenção para a fragilidade do Ártico diante das mudanças climáticas e para a necessidade de protegermos os oceanos

Qual é o som do gelo? Depende de como você tocar o seu instrumento musical. Pode ser que ele tenha o som de um violoncelo ou de um berrante. Ou você pode fazer um xilofone de gelo e chamá-lo de “gelofone”.


Pedaços que se soltaram de uma geleira em Svalbard, na Noruega, foram a matéria-prima dos instrumentos de um grupo de quatro músicos e um escultor especialista em gelo. Eles foram até o meio do Oceano Ártico, em parceria com o Greenpeace, para dar “voz” ao gelo e destacar a fragilidade dessa região, que está sob ameaça das mudanças climáticas.
Eles realizaram o que foi o show mais ao norte já feito no planeta. A temperatura era de -12 graus Celsius. A música “Ocean Memories” (ou, “Memórias do Oceano”, em português) foi composta exclusivamente para a ocasião. Mas o concerto, por pouco não aconteceu porque os instrumentos começaram a derreter antes mesmo de serem finalizados.

Em Svalbard, onde nossos ativistas estão a bordo do navio Arctic Sunrise, registrou temperaturas 8 graus acima da média no mês de abril. O time demorou mais de uma semana pesquisando como manter os instrumentos de gelo a salvo e aguardaram as condições climáticas ideais para fazer o concerto. Isso tudo onde deveria ser um dos locais mais frios do planeta.
Música pelos oceanos

violoncelo de gelo
Violoncelo de gelo. Músicos e um escultor criaram instrumentos musicais de gelo para chamar atenção sobre as mudanças climáticas. © Denis Sinyakov / Greenpeace
O som dos sinos, do gelofone, da percussão, um violoncelo e dois berrantes se misturaram em uma melodia que passou a mensagem da necessidade de protegermos pelo menos 30% dos oceanos até 2030.
Um oceano livre de ameaças e saudável nos protege das mudanças climáticas. O carbono, que encontramos no ar da atmosfera é naturalmente absorvido por plantas e animais marinhos. Está nos corpos de criaturas, como baleias e peixes, e pode ser estocado no fundo do mar quando eles morrem. Sem oceanos saudáveis, vai sobrar muito mais carbono na atmosfera e, logo, uma intensificação do aquecimento global.
O Ártico coberto de gelo funciona como um ar condicionado para o planeta. Mas à medida que o gelo derrete, está contribuindo para a aceleração do colapso climático. O que acontece nesse frágil canto do planeta afeta a todos nós.
Uma viagem pelos oceanos

Essa é apenas a primeira parada de nossa viagem pelos oceanos que vai do Ártico até a Antártida, passando pelos Corais da Amazônia. Durante um ano, nossos ativistas e marinheiros irão fazer pesquisas sobre os oceanos, mostrar as ameaças que eles enfrentam e as belezas que abrigam.  Tudo isso vai ser crucial para pressionar os líderes mundiais que estão discutindo um Tratado Global que poderá proteger os oceanos.
“Você tem que tratar o gelo com respeito, senão ele se quebra. Devemos fazer o mesmo com a natureza”, disse o músico Terje Isungset quando a performance no gelo terminou com sucesso. O gelo durou durante a performance. Mas até quando vai aguentar as mudanças climáticas?
Entre no abaixo-assinado para proteger o Ártico e todos os oceanos do planeta.

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