Equipe do Greenpeace está em Brumadinho documentando o crime ambiental e cobrando justiça para as pessoas e o meio ambiente

O mar de lama tóxica em Córrego dos Feijões: tragédia humana e ambiental. © Fernanda Ligabue / Greenpeace
Uma equipe do Greenpeace chegou a Brumadinho um dia após o rompimento da barragem para documentar a catástrofe e ajudar a garantir transparência sobre o que está acontecendo aqui. Viemos cobrar justiça e testemunhar a extensão da tragédia humana e ambiental causada pelo desastre, dando voz aos atingidos. Nossa intenção é também fortalecer a mobilização local e nacional pela apuração do crime e reparação das vítimas.
Os relatos de pessoas que perderam familiares, casa, acesso à água e tantas outras coisas, por conta de mais esse crime da Vale e descaso do poder público, emocionam muito. Brumadinho é uma cidade pequena, daquelas em que quase todos se relacionam. Então é difícil encontrar alguém que não conheça alguma vítima direta da tragédia.

Dona Irani, sobrevivente do desastre em Brumadinho. Ela escapou por pouco. © Nilmar Lage / Greenpeace
Já em Córrego dos Feijões, a cerca de 3 quilômetros da barragem da Vale, encontrei Dona Irani, moradora que se salvou por pouco. Ela havia passado pelo local poucos minutos antes da lama passar destruindo tudo. “Depois que parou, deu um pranto, choro, que não calava de jeito nenhum”, ela me contou enquanto caminhava com suas filhas e netas para a casa que em breve será evacuada, sem saber ainda o que aconteceria com a família a partir de agora.

Veículo de remoção de corpos deixa local onde familiares e imprensa aguardam notícias. © Nilmar Lage / Greenpeace
Assim como o Pico do Cauê retratado nos poemas do mineiro Carlos Drummond de Andrade não existe mais, Córrego do Feijão desapareceu do mapa. O que há em comum entre uma montanha que virou cratera e uma comunidade soterrada por lama tóxica não é apenas a mineração, mas também a ganância.
Os impactos do crime ambiental cometido pela Vale em Brumadinho ainda estão se desenrolando. Há a probabilidade de que a lama se estenda até 220 quilômetros do local, e que possa ser retida na Usina Hidrelétrica (UHE) de Retiro Baixo, entre Curvelo e Pompéu. Caso contrário, ela pode chegar ao Rio São Francisco. Embora ainda não seja possível saber o impacto total, já se identifica uma grande mortandade de peixes. Os rejeitos da Vale já destruíram a porção do Rio Paraopeba que corta a Terra Indígena Pataxó Hã-hã-hãe. Para entender a dimensão dos impactos e as formas de mitigá-los serão necessárias muitas pesquisas, como as que o Greenpeace ajudou a realizar em Mariana.
Este é um texto que eu não gostaria de estar escrevendo. Essa não é a Brumadinho que eu gostaria de estar retratando. Mas enquanto houver casos de impunidade e injustiça social, seguiremos denunciando e fazendo pressão para que os culpados sejam devidamente punidos e as vítimas, reparadas. E para que o meio ambiente seja, de uma vez por todas, respeitado.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.