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Monday, May 7, 2012
Os problemas da Apple
O primeiro passo para resolver a maioria dos problemas é admitir que você tem um. A Apple tem um problema cada vez maior relacionado ao uso do carvão em sua matriz energética e, assim que a empresa assumi-lo, poderá começar a procurar soluções renováveis e limpas para a questão. Infelizmente, a Apple tem sido menos do que clara sobre suas fontes energéticas e sobre a quantidade de energia que será necessária para alimentar a iCloud.
O Greenpeace encontrou novas evidências – um pedido de licença e uma autorização (veja os documentos originais em inglês) - que mostram claramente que os problemas da companhia em relação ao uso do carvão são maiores do que ela está disposta a assumir.
Há duas semanas, o Greenpeace Internacional publicou o relatório “How Clean is Your Cloud?” (O quão limpa é a sua nuvem?, em português) que avaliou a Apple e outras treze empresas de tecnologia sobre as medidas que estão adotando para reduzir o uso de energia suja utilizada para alimentar seus datacenters. Algumas companhias, como o Google e o Yahoo, mostraram comprometimento com a energia limpa, mas a Apple recebeu notas baixas em todas as categorias, incluindo transparência sobre as energias utilizadas em suas instalações e em investimentos e construção de datacenters que são abastecidos principalmente pela queima do carvão.
Como a Apple e muitas outras empresas não são claras sobre a quantidade de energia que seus datacenters usam, o relatório baseou-se em estimativas de energia utilizada em indústrias tradicionais. Dessa forma, o Greenpeace estimou que o novo datacenter da Apple, em Maiden, precisaria de 100 MW para usar toda sua capacidade, sendo que a maior parte dessa energia seria proveniente da Duke Energy. Essa estimativa é baseada, principalmente, no US$ 1 bilhão que a Apple vai investir no datacenter e na área de 500 mil m2 da instalação.
As estimativas foram apresentadas à Apple durante a produção do relatório, mas a empresa recusou-se em fornecer suas próprias informações sobre sua demanda energética. No entanto, depois de publicado o relatório, a Apple imediatamente começou a tentar diminuir a quantidade de energia que comprará da Duke Energy e afirmou publicamente que a capacidade máxima do datacenter de Maiden será de apenas 20 MW, muito abaixo do que os 100 MW estimados pelo Greenpeace. Ainda disse que 60% da energia utilizada seria proveniente de energias renováveis, fazendo deste o datacenter mais limpo de todos.
Todos os datacenters precisam de geradores de diesel como uma forma de segurança para que continuem funcionando em casos de apagões e falta de energia. A Apple solicitou e recebeu autorização para ter 24 geradores de diesel para poder manter suas instalações funcionando em caso de imprevistos. Quando a Apple pediu essas licenças, antecipou a demanda de energia para a instalação de 75% da capacidade dos geradores, o equivalente a 41 MW, quase o dobro da quantidade de energia que a Apple anunciou ser necessária no datacenter em Maiden.
Também sabemos que 41 MW não é o limite do plano de expansão da Apple na Carolina do Norte. Quando a empresa se comprometeu a construir o datacenter de Maiden, foi relatado que uma segunda instalação idêntica era parte do plano de longo prazo da Apple no local, e que, na verdade, o contrato que a Apple negociou com a cidade de Maiden e o Condado de Catawaba, também na Carolina do Norte, permite que a Apple invista mais de US$ 1 bilhão. Isso significa que a Apple potencialmente poderia construir um outro datacenter que também seria alimentado pelo carvão da Duke Energy.
Soluções para a energia da iCloud
A Apple deveria ser mais transparente sobre seus planos na Carolina do Norte e sobre como pretende resolver seu problema de abastecimento energético, cada vez mais proveniente da queima de carvão. Felizmente, já existem bons exemplos para a Apple seguir. A Rackspace, por exemplo, é outra empresa de computação que utiliza a tecnologia da nuvem, e divulga a quantidade de energia que utiliza atualmente em seus datacenters e quais são as projeções futuras.
Existem inúmeras soluções para que a Apple comece a tomar medidas reais e se afaste do carvão. A Apple, como uma das maiores empresas de tecnologia da informação no mundo, pode usar seu poder de influência para pressionar a Duke Energy a providenciar opções de energia limpa e parar de usar carvão. Também poderia seguir os passos do Facebook, que se comprometeu com uma política para construir futuros datacenters em locais que têm acesso à energia renovável.
A Apple, sinônimo de inovação, pode e deve liderar o setor de tecnologia de uma forma como só ela pode fazer. Mas, para isso, precisa apresentar uma solução para o problema do carvão em sua matriz energética.
Fonte;Greenpeace
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