Tuesday, August 12, 2014

Nova chance para fazer justiça

O julgamento que havia absolvido o acusado de ser mandante do assassinato do casal de extrativistas Zé Claudio e Maria foi anulado hoje em Belém


O casal de extrativistas que lutava pela preservação da floresta (©Greenpeace/Felipe Milanez)


O Tribunal de Justiça de Belém julgou, na manhã de hoje, a apelação do Ministério Público contra a decisão do Tribunal do Júri de Marabá, que havia absolvido o fazendeiro José Rodrigues, acusado de ser o mandante do assassinato de Zé Claudio e Maria. Também foi decretada a prisão preventiva do réu, que ainda não foi localizado pela Justiça.
O casal de extrativistas foi assassinado em 2011, em Nova Ipixuna (PA), por lutar contra a grilagem e o roubo de madeira no assentamento em que viviam. Na época, o juiz criminalizou a luta das vítimas para defender a floresta, considerando que o casal teria contribuído para o crime, em razão de seu comportamento. Agora, o Tribunal de Justiça de Belém reavaliou a sentença e decidiu anular o julgamento.
“Foi uma vitória muito significativa pra nós. Não consigo nem descrever a felicidade, a sensação de justiça sendo feita. Agora vamos lutar para que o próximo júri seja realizado na capital do Pará, em Belém, pois em Marabá seria o mesmo que voltar à estaca zero. ”, disse Clara Santos, sobrinha de Zé Claudio.
Impunidade no campo
De acordo com Josep Iborra, conhecido como Zezinho, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entre os principais motivos dos assassinatos na Amazônia, estão a grilagem de terras, a extração de madeira ilegal e de minérios: “Isso gera enfrentamento entre grupos vindos do Sul, interessados em explorar estas riquezas, com as  populações locais originais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Tem também os pequenos agricultores que estão em busca de sobreviver na região, aproveitando o que a floresta oferece, e lutam pela preservação dessas áreas. Por isso, acabam se chocando com esses grupos cuja única preocupação é extrair a madeira e se apropriar da terra”.
“A falta de condenações contribui para o silêncio dos ativistas e da população que sofre com atividades econômicas ilegais. E, quanto mais importante o papel de defesa do meio ambiente se torna, mais ameaçadas essas pessoas se encontram”, disse Claudia Caliari, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Quando se trata de madeira ilegal, as consequências de um sistema de controle florestal falho e fraudulento – como é o caso do sistema que controle a extração e o comércio de madeira – são enormes. Os danos vão muito além das estimativas oficias. Envolvem a perda de biodiversidade, a degradação do bioma, as emissões de carbono e, principalmente, a vida das comunidades e populações que habitam a floresta.

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