Saturday, November 30, 2013

Ordem do dia: mudar o mundo

Greenpeace na ONG Brasil 2013 (©Greenpeace) 

Imagine um lugar frequentado por pessoas que trabalham para preservar a natureza, salvar os animais, ajudar pobres e carentes – seja dando assistência médica, seja oferecendo condições básicas de moradia – e oferecer inclusão social aos deficientes. Essa é a ONG Brasil, a maior feira nacional do terceiro setor, que oferece espaço para organizações independentes promoverem seu trabalho e angariarem suporte da sociedade civil.
Em seu segundo ano de feira, o Greenpeace levou um tema muito sério: o Ártico sob ameaça das petroleiras, da pesca exploratória e do degelo. Mas o tiro das autoridades russas, que prenderam vinte e oito ativistas do Greenpeace – entre eles a brasileira Ana Paula Maciel – e dois jornalistas em setembro, saiu pela culatra: hoje o assunto é digno de horário nobre e virou até capa de jornal.
A integração com as outras ONGs foi natural, o que agregou muito no resultado do evento. O Greenpeace, como grande referência do terceiro setor, acredita cumprir um importante papel trocando experiências com organizações que compartilham nossos valores.
“A ONG Brasil é importante para o Greenpeace para nós podermos divulgar as campanhas, aproximando esses assuntos do cotidiano da pessoas. Além disso, consideramos muito importante divulgar a filantropia no Brasil: fazer com que o cidadão apoie mais e participe mais.” explica André Bogsan, Diretor de Marketing e Captação de Recursos do Greenpeace Brasil.
O evento, instalado no Expo Center Norte, termina amanhã, dia 30 de novembro. Para mais informações, acesse o site da ONG Brasil.

Thursday, November 28, 2013

Leilão sem regulação

ANP leiloa 72 de 240 blocos com a possibilidade de exploração não convencional, mas sem ter instrumento legal que garanta segurança da atividade

Exploração de gás de xisto na Pensilvânia, nos Estados Unidos (©Les Stone/Greenpeace) 

Sem regras bem definidas para a exploração do gás de xisto – gás natural encontrado em rochas de folhelho – a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) concluiu a 12a Rodada de Licitações. Dos 240 blocos ofertados, apenas 72 foram arrematados no leilão, principalmente nas Bacias de Sergipe-Alagoas e do Recôncavo Baiano.
“A ANP tentou aprovar às pressas uma regulação para a exploração de gás de xisto, mas não obteve sucesso. Diante da ausência de regras bem estabelecidas para a produção de gás não convencional, o Ministério Público Federal, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, membros do Ibama e do Ministério de Meio Ambiente se pronunciaram contra o início das atividades, mas isso não impediu a Agência de seguir em frente com seus planos”, afirmou Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
A exploração de gás de xisto pode ser extremamente danosa ao meio ambiente. Os lençóis freáticos podem ser contaminados durante o fraturamento hidráulico – técnica que quebra as rochas de folhelho e que permitem a extração do gás – uma vez que são injetadas mais de 600 substâncias químicas no subsolo. Outros possíveis impactos são o uso intensivo de água, que uma vez contaminada deve ser remanejada de forma apropriada, e possíveis tremores de terra.
“A maioria dos setores leiloados apresentam a possibilidade de exploração de gás não convencional. Sergipe-Alagoas, Parnaíba, Paraná e algumas regiões do Recôncavo correm o risco de serem contaminadas e de terem sérios problemas de conflitos para o uso da água, uma vez que os aquíferos abastecem muitos municípios brasileiros”, continuou Baitelo.
Não bastassem os questionamentos sobre a “pressa” com que a ANP realizou as consultas públicas para a definição das regras, pela ausência de um marco regulatório, por colocar em ameaça o meio ambiente e importantes aquíferos brasileiros, há também falta de transparência e de diálogo com  as populações de terras indígenas que se sobrepõe às áreas licitadas. Estas populações não foram consultadas sobre a instalação destes empreendimentos em seus territórios, podendo gerar conflitos socioambientais devido à cadeia de petróleo e gás.
“Estamos colocando muito em risco sem ter a tecnologia adequada para a exploração não convencional e sem saber ao certo quais podem ser os reais impactos socioambientais que teremos que enfrentar. O gás convencional brasileiro é mais do que suficiente para abastecer o aumento de 40% de gás na matriz brasileira previsto pelo governo”, concluiu Baitelo.

Colin Russell tem fiança garantida

Em apelação, Justiça russa garante liberdade sob fiança a Colin Russell, último ativista do Greenpeace que permanece preso

O ativista australiano Colin Russell, em audiência realizada semana passada em corte de São Petersburgo (©Dmitri Sharomov/Greenpeace) 


Em audiência de apelação realizada hoje em uma corte de São Petersburgo, na Rússia, o ativista australiano do Greenpeace, Colin Russell, teve garantida sua liberdade mediante o pagamento de fiança. Na semana passada, Russell foi o único do grupo dos 30 do Ártico a ter a fiança negada. Todos os demais já saíram da prisão e aguardam a conclusão das investigações em liberdade.
Assim como os outros, Russell será liberado mediante o pagamento de 2 milhões de rublos — aproximadamente R$ 140 mil reais. De acordo com o Greenpeace Internacional, a fiança deverá ser paga ainda hoje, e Russell deve ganhar as ruas antes do fim de semana.
“Um novo capítulo desta história começa hoje. Estes 28 ativistas e dois jornalistas foram finalmente libertados da prisão e poderão se reunir com seus amigos e familiares. Mas a história ainda não acabou. Eles continuam sendo acusados por um crime o qual não cometeram”, disse Ben Ayliffe, do Greenpeace Internacional.
“Eles agiram por todos nós em protesto contra a destrutiva perfuração de petróleo no Ártico. Acusá-los de vandalismo é um insulto e nenhum de nós vai verdadeiramente celebrar até que eles possam retornar a casa e as acusações contra eles sejam derrubadas.”
Embora a acusação de pirataria não tenha sido retirada formalmente, ficou claro durante as últimas audiências que o Comitê de Investigação não pretende mais processá-los por este suposto crime. Mesmo assim, os 28 ativistas e dois jornalistas continuam sendo investigados por vandalismo, um crime que pode render até sete anos de prisão. Também não está claro quando eles poderão deixar a Rússia.

Deputados e MPF pedem retirada de xisto

Gasodutos na Pensilvânia, nos Estados Unidos, construídos para a exploração de gás de xisto (©Les Stone/Greenpeace)

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou hoje, por unanimidade, requerimento que pede que a ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural) exclua o gás de xisto da consulta pública que será realizada nos próximos dois dias.
Serão leiloados 240 blocos com potencial exploratório de petróleo e gás natural. O edital da 12a Rodada de Concessão prevê o exercício das atividades de exploração convencionais que também podem evoluir para produção de recursos não convencionais, também conhecidos no Brasil como gás de xisto.
Trata-se de um gás natural encontrado em formações de folhelho – xisto - e que para ser extraído precisa que as rochas sejam fraturadas. O processo utiliza mais de 600 produtos químicos, areia e outros elementos pouco testados – como bário e arsênio. Além de precisar de uso intensivo de água cujo destino final, após ter entrado em contato com os químicos, ainda é desconhecido.
A Comissão pediu uma moratória de cinco anos devido aos riscos que essa técnica apresenta ao meio ambiente e para que, dessa forma, os impactos socioambientais possas ser estudados. Segundo o deputado Sarney Filho, o gás de xisto reconhecidamente produz poluição nos aquíferos e fazer um leilão sem que se tenha noção dos estudos realizados é perigoso.
O Ministério Público Federal também manifestou suas preocupações à ANP. Em parecer técnico afirmou que existem áreas a serem licitadas que atravessam reservas indígenas, áreas próximas à mananciais de água e reservas florestais. O MPF ressaltou a necessidade de que seja feita uma Avaliação Ambiental Estratégica para que sejam esclarecidos os riscos e impactos ambientais relacionados à exploração de gás de xisto.
Diante de tantas dúvidas a maior e que permanece é: diante de tantos pedidos para que a exploração de gás de xisto seja, ao menos, adiada no país, o que será que a ANP fará?

Mobilização Nacional pelo Desmatamento Zero


Em novembro, o governo anunciou o aumento de 28% do desmatamento. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto vemos nossas florestas sendo destruídas, ano após ano. Já passou da hora de nos mobilizarmos para exigir o fim do desmatamento e seus impactos socioambientais. O Movimento Nacional pelo Desmatamento Zero vai às ruas no sábado, dia 7 de dezembro, informar os brasileiros sobre essa realidade e coletar assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular pelo Desmatamento Zero, que será submetido ao Congresso Nacional.
Você também pode fazer parte dessa história organizando uma atividade para o dia de mobilização pelo Desmatamento Zero. Imagine quantas pessoas poderá alertar e quantas assinaturas poderá conseguir. Se você tem vontade de lutar por um mundo melhor, junte-se a nós e contribua para despertar milhares de brasileiros.

Confira também o evento do Facebook e nos ajude a divulgar compartilhando, curtindo e comentando o evento.

Tuesday, November 26, 2013

Disputa pela pior atuação socioambiental

Começa hoje a votação online para a escolha da empresa com a pior atuação socioambiental de 2014. O Public Eye Award é o prêmio anual tradicionalmente anunciado no Fórum Econômico Mundial, no qual são entregues dois prêmios às corporações com os piores desempenhos: um escolhido por um júri e outro por voto popular no mundo todo.
O prêmio que existe desde 1999 é uma chance de criticar práticas irresponsáveis como violações de direitos humanos e trabalhistas, destruição do meio ambiente ou corrupção. Trata-se de um lembrete ao mundo corporativo de que suas práticas afetam pessoas, meio ambiente e também a reputação da empresa.
Entre os dez finalistas que disputam o troféu pelos casos mais graves do planeta está a petroleira russa Gazprom, a FIFA, HSBC, Eskom e Gap. Se você quer saber os motivos pelos quais estas empresas foram indicadas, conhecer o júri do prêmio.

Monday, November 25, 2013

Dia de reencontro

Ana com a sobrinha e a mãe, no aeroporto de São Petersburgo. Foto: Greenpeace/Dmitri Sharomov 

Foram 13 mil quilômetros percorridos e quase 24 horas dentro de um avião. Rosangela Maciel, mãe da ativista brasileira Ana Paula, deixou Porto Alegre neste sábado, rumo a São Petersburgo, na Rússia. Chegou no fim da tarde de um domingo frio e chuvoso, pra um abraço que já esperava por dois meses – o tempo que a filha ficou presa após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.
No reencontro, nada de bronca de mãe. “É a minha mesma menina de sempre: forte, guerreira e que me dá muito orgulho”, disse dona Rosangela, que foi acompanhada de Alessandra Maciel, 18 anos, sobrinha da ativista. Em seus primeiros dias longe das minúsculas celas, Ana tem aproveitado para finalmente caminhar ao ar livre. E no lugar do rosto apreensivo que se via quando ela estava trás das grades, agora ela é só sorrisos.
Nos próximos dias, a ativista vai aproveitar o tempo ao lado da família. Apesar de já estar com o passaporte em mãos, ela ainda não tem autorização para deixar o país.  Mesmo com os contratempos, Ana faz questão de ressaltar que não tem nada do que se arrepender. Pelo contrário. “Me sinto honrada de ter feito parte de tudo isso. Embora tenham sido os dois meses mais difíceis da minha vida, eu sei que não foram em vão”.

Saturday, November 23, 2013

COP-19 termina com total falta de ambição

Com grande impasse em torno dos principais temas, rodada de negociações acaba com resultados baixos e desapontamento por parte da sociedade civil

Organizações da sociedade civil abandonam as negociações da 19a Conferência do Clima, em Varsóvia (© Bogusz Bilewski / Greenpeace). 


Após grande impasse, principalmente quanto a questões como “perdas e danos” e finanças, a 19a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Varsóvia, encerrou seus trabalhos na noite deste sábado (23). A COP-19, que deveria criar os fundamentos básicos para a construção de um novo acordo global a ser assinado em 2015, em Paris, e que irá substituir o Protocolo de Kyoto e vigorar a partir de 2020, terminou por superar as baixas expectativas das quase 200 nações presentes.
“Era para termos visto um aumento de ambição e cortes de emissões, mas o que presenciamos foi o contrário – o Japão baixando suas metas, a Austrália revertendo sua legislação climática e o Brasil anunciando um aumento de 28% no desmatamento na Amazônia. Vimos o completo fracasso dos países ricos em cumprir as promessas existentes quanto ao financiamento de longo prazo, colocando as nações mais vulneráveis ​​ainda mais em risco. Os resultados de Varsóvia mostram que o Greenpeace e outras ONGs fizeram a coisa certa ao deixar esta conferência”, disse Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
As principais discordâncias giraram em torno de três aspectos: as metas para cortes de emissões, o financiamento climático e um "mecanismo" para ajudar países mais pobres a lidar com as perdas e danos causados pelo aquecimento global. Apesar de ínfimo, os últimos minutos da conferência trouxeram um avanço em termos de financiamento. Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça concordaram em contribuir com 100 milhões de dólares para o Fundo de Adaptação, para ajudar países em desenvolvimento.
Outra medida concreta que saiu da reunião foi um acordo sobre novas regras para a proteção das florestas tropicais, o chamado REDD+, que foi precedida por um compromisso conjunto dos Estados Unidos, Noruega e Reino Unido de doarem US$ 280 milhões para ações de combate ao desmatamento.
Após três anos na agenda de debates, as nações aprovaram o estabelecimento de regras, uma espécie de pacote técnico, para o funcionamento do mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. A decisão era um dos principais objetivos do Brasil para essa COP. Entretanto, a questão mais controversa, conhecida como offsetting, foi adiada. Ponto que o Brasil é consideravelmente contra, trata-se de uma espécie de troca entre o carbono emitido pelo carbono não jogado na atmosfera pela contenção do desmatamento.
De volta ao processo
As organizações da sociedade civil deixaram a conferência por estarem cansadas de ver os países serem guiados por interesses das indústrias dos combustíveis fósseis. “Saímos dessa reunião desapontados, mas continuamos absolutamente empenhados em alcançar a cooperação internacional no âmbito das Nações Unidas, para proteger os cidadãos do mundo contra os impactos devastadores das mudanças climáticas. Nós voltaremos em Lima, no ano que vem, com esperança de ver mudanças urgentes de postura”, frisou Kumi Naidoo.
Do lado brasileiro, a proposta sobre o princípio das responsabilidades históricas colocou a equidade no centro do debate, mas falhou em vir isolada de outros elementos essenciais. “Responsabilidades históricas é importante, mas não deve ser desculpa para que países abandonem suas responsabilidades sobre as emissões atuais e futuras. Economias emergentes como Brasil e China e os velhos responsáveis por aumentar a temperatura do planeta, como os Estados Unidos, têm que se comprometer com ações de redução de emissões concretas já e não ficar só no discurso. Isso é irresponsabilidade e vai contra a urgência das mudanças climáticas”, defendeu Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.

Friday, November 22, 2013

Dúvidas sobre fraturamento e xisto

ANP permitirá uso da técnica de fraturamento em 12a Rodada de Licitações sem ter regulamentação ambiental

Estima-se que a construção de gasodutos nos Estados Unidos dobrou na Pensilvânia, Estados Unidos, devido aos investimentos na exploração do gás de xisto (©Les Stone/Greenpeace) 


Terminou ontem a consulta pública realizada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para a resolução que estabelece os critérios para perfuração de poços seguida do emprego do fraturamento hidráulico não convencional. A técnica que consiste na perfuração de rochas de folhelho – mais conhecido como ‘xisto’ – para a extração de gás natural poderá ser utilizada pelas empresas que ganharem a 12a Rodada de Licitações. Mas o que está sendo pouco discutido é que esta tecnologia envolve riscos ambientais sem que haja uma regulamentação ambiental para o tema.
A ASIBAMA (Associação dos Servidores do Ibama), SINDIPETRO (Sindicato dos Petroleiros) e FIST (Frente Internacional dos Sem-Teto) denunciaram os impactos da fraturação, cobraram mais transparência da ANP e pediram diálogo sobre o tema com a sociedade civil. A audiência aconteceu às vésperas da 12a Rodada que acontecerá nos dias 28 e 29 de novembro.
Serão ofertados 240 blocos exploratórios localizados em 13 bacias sedimentares diferentes que poderão ter seus recursos naturais convencionais e não convencionais explorados. Segundo a própria ANP, a resolução “tem como objetivo permitir que a atividade seja realizada de forma segura, resguardando o meio ambiente, sobretudo as formações hídricas.”
No entanto, diversas organizações ambientais, entre elas o Greenpeace, identificaram problemas tanto no processo do leilão quanto no uso da tecnologia que será utilizada. “Embora as primeiras experiências com fracking datem da década de 1940, o uso em larga escala desta tecnologia ocorreu apenas nos anos 2000 e seus impactos ainda foram pouco estudados”, afirmou Ricardo Baitelo, coordenadora da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
As técnicas utilizadas têm resultado na contaminação de lençóis freáticos devido às substâncias químicas utilizadas – mais de 600 produtos químicos, areia e outros elementos pouco testados – como bário e arsênio. Além do uso intensivo de água, há também questões relacionadas à proximidade dos blocos exploratórios a conjuntos significativos de territórios tradicionais, indígenas, quilombolas e campesinos.
“Estas populações não foram consultadas sobre a instalação destes empreendimentos em seus territórios, agravando os conflitos socioambientais que já existem devido à cadeia de petróleo e gás”, disse Baitelo. Há que se considerar também que a exploração do gás de xisto permite vazamento do gás metano, colaborando para o aumento das emissões de gases estufa e contribuindo para o aquecimento global.
O Plano Decenal de Energia publicado prevê o aumento em 40% do gás natural na matriz energética para abastecer as termelétricas. “O gás convencional seria mais do que suficiente para abastecer a matriz nacional e não há a necessidade de investir em fraturamento, uma tecnologia insegura, desconhecida e que não conta com regulamentação”, concluiu Baitelo.

Tribunal do Mar pede liberdade aos 30 do Ártico

Mediante pagamento de caução de 3,6 milhões de euros, Tribunal Internacional do Mar pede que Federação Russa liberte os 30 presos e o navio Arctic Sunrise

Tribunal Internacional sobre Direito do Mar pediu a liberação do navio Arctic Sunrise, detido na Rússia (©Dmitri Sharomov/Greenpeace) 


O Tribunal Internacional para o Direito do Mar ordenou a libertação do navio Arctic Sunrise e dos 28 ativistas e dois jornalistas presos na Rússia desde 19 de setembro. A decisão do Tribunal pede que a Federação Russa liberte-os mediante o pagamento de uma caução de 3,6 milhões de euros.
“Hoje é um dia histórico. Os direitos fundamentais de 30 pessoas foram defendidos pelo Tribunal Internacional. Estes homens e mulheres foram presos porque protestaram pacificamente, defenderam o Ártico da exploração de petróleo e querem evitar os impactos devastadores das mudanças climáticas”, afirmou Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
Esta semana, 29 ativistas deixaram os centros de detenção onde estavam presos, em São Petersburgo, após pagamento de fiança. O australiano Colin Russell foi o único que teve a prisão preventiva estendida por mais três meses. A ativista brasileira Ana Paula Maciel foi a primeira a ganhar liberdade na quarta-feira.
“Vinte e nove libertações mediante pagamento de fianças já haviam sido concedidas pelos tribunais russos, mas isso não é suficiente. O Tribunal Internacional afirma claramente que todos os 30 devem ter a liberdade de deixar a Rússia até que o processo arbitral seja concluído”, disse Naidoo.
A própria Constituição russa afirma que o direito internacional é parte integrante do sistema legal russo e que os tribunais russos são obrigados a implementar a ordem. “O Greenpeace espera que a Rússia respeite o Tribunal Internacional e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar como já fez anteriormente”, afirmou Jasper Teulings, conselheiro geral do Greenpeace Internacional.
Ainda segundo Teulings, “o Greenpeace agradece o governo holandês que se posicionou fortemente em relação à legislação internacional e à defesa do direito de protesto pacífico. Acreditamos no direito internacional, afinal um dos objetivos primários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar é o de proteger o ambiente marinho.”

Clube do Carbono

As dez maiores empresas responsáveis pelas mudanças climáticas e o quanto emitiram desde 1964. 

Enquanto a COP-19 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) chega ao fim em Varsóvia e não se vê compromisso por parte dos países para que se definam metas ambiciosas que possam mitigar as mudanças climáticas, o jornal Climatic Change publicou a pesquisa “Rastreando as emissões de CO2 e de metano dos produtores de cimento e dos combustíveis fósseis (1854-2010)”. (clique aqui para ler em inglês)
O cientista Richard Heede pesquisou a acumulação histórica das emissões de carbono dos 90 maiores emissores, entre eles empresas multinacionais e estatais de petróleo, carvão, gás natural e cimento. Ele descobriu que o principal responsável pelas mudanças climáticas não são as atuais emissões, mas o que foi acumulado desde a Revolução Industrial.
Desde 1864, as 90 empresas emitiram 914 bilhões de toneladas de CO2 e de metano, o equivalente a 63% das emissões industriais em todo o mundo. Apesar de ter se industrializado muito mais recentemente que os países europeus, o Brasil figura na lista. A estatal Petrobras aparece entre os 30 maiores vilões do clima sendo responsável por 6 Gton (gigatoneladas) de emissões.
As empresas de óleo e gás são o grupo que mais emitiram sendo responsáveis por nada menos que 77,5% de todas as emissões acumuladas e formam um verdadeiro “Clube do Carbono”. Além dessa notícia ruim, há uma ainda pior: como se não bastassem todas as emissões acumuladas historicamente, as grandes petrolíferas são ambiciosas e pretendem perfurar em fronteiras inóspitas.
É o caso da anglo-holandesa Shell e da russa Gazprom que juntas já emitiram 4% do total global. Ambas pretendem explorar petróleo no frágil ecossistema Ártico mesmo que não possuam tecnologia para isso e sabendo que se houver um acidente na região, as consequências podem ser irreversíveis. Foi para proteger o Ártico que 28 ativistas e 2 jornalistas foram presos na Rússia após protesto pacífico em plataforma da Gazprom.
Desde de 18 de setembro, eles foram detidos pela guarda costeira russa e estão sendo acusados de pirataria e de vandalismo. Esta semana Colin Russell teve sua prisão estendida por mais três meses e 29 foram liberados após pagamento de fiança. “Eles aguardam os julgamentos em liberdade, mas ainda precisamos que as acusações sejam retiradas”, afirmou Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.


Thursday, November 21, 2013

Organizações abandonam Conferência do Clima

Em ato simbólico inédito, representantes da sociedade civil deixaram em conjunto o centro de conferência, em Varsóvia

Faixa no Palácio da Ciência e Cultura, em Varsóvia, de frente para o Estádio Nacional, onde acontece a COP-19, dizia: “Salve o Ártico – Libertem nossos ativistas” (© Bogusz Bilewski / Greenpeace). 

 Organizações da sociedade civil de várias partes do mundo, entre elas o Greenpeace, cansaram do esvaziamento da 19a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontece em Varsóvia, Polônia, e abandonaram as negociações na tarde desta quinta-feira (21). Em ato simbólico inédito, cerca de 800 pessoas vestiram camisetas brancas com as frases “Poluidores debatem, nós vamos embora” e “Nós voltaremos”, e deixaram em conjunto o Estádio Nacional, onde acontece o evento.  
“O governo polonês fez o seu melhor para transformar essas conversas em uma vitrine para a indústria do carvão. Junto com o retrocesso adotado pelo Japão, Austrália e Canadá, e da falta de liderança significativa de outros países, os governos aqui deram um tapa na cara daqueles que sofrem com os perigosos impactos das mudanças climáticas. A União Europeia está sendo algemada pelo governo polonês e seus amigos da indústria fóssil. Mas se os países querem entregar um novo tratado com ações e metas verdadeiramente concretas, devem retomar já a liderança na agenda climática”, afirmou Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.


O ato acontece no momento em que as negociações encontram-se em um impasse. Durante a semana que contempla as negociações de “alto nível”, ou seja, quando os chefes de Estado chegam à conferência, Japão e Austrália decidem voltar atrás em seus compromissos e se retirar da segunda fase do Protocolo de Kyoto. Além disso, na manhã de ontem, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, destituiu o ministro de Meio Ambiente, Marcin Korolec, em meio às negociações que ele próprio liderava, dando mais um indício de que nada sairá dessa conferência.
A crítica também se estende aos Estados Unidos, que se recusa a participar do processo multilateral da ONU, à falta de ambição por parte da União Europeia, à falta de vontade política em assumir mais responsabilidade por parte do grupo dos países em desenvolvimento, e também ao financiamento, que continua esvaziando o Fundo Verde para o Clima.
“Acreditamos neste processo. Nós nunca vamos desistir dele, porque as pessoas ao redor do mundo precisam desesperadamente de um tratado global que contenha o aumento da temperatura do planeta. Mas um novo tratado também deve ser significativo. As negociações em Varsóvia, apesar de ainda não terem finalizado, simplesmente não foram boas o suficiente. Mas a sociedade civil estará de volta no próximo ano com ainda mais vozes, mais determinação e mais ambição. Esperamos que os governos façam o mesmo”, defendeu Naidoo.
Do lado de fora, protesto lembra ativistas do Ártico
Enquanto as pessoas se retiravam do centro de conferências, cerca de 20 ativistas protestavam em frente ao Palácio da Ciência e Cultura, no centro de Varsóvia, para exigir ações urgentes para libertar aqueles que nada mais fizeram do que defender o clima, conhecidos como os 30 ativistas do Ártico.
Uma grande faixa foi pendurada na lateral do Palácio, de frente para o Estádio Nacional, onde acontece a COP-19, que dizia: “Salve o Ártico – Libertem nossos ativistas”. “O tufão Haiyan, que assolou as Filipinas, lembrou ao mundo que devemos agir sem demora, mas os governos de países como Austrália, Japão, Polônia e Canadá estão servindo à indústria do petróleo e do carvão, condenando muitos mais em todo o mundo ao sofrimento. As negociações sobre o clima são mantidos reféns por esses lobbies, igualmente aos nossos bravos e verdadeiros defensores do clima”, lembrou Kumi Naidoo.

1 milhão de likes, 1 milhão de histórias

Muito obrigado! Hoje, completamos 1 milhão de likes em nossa página do Facebook e cada um deles fez e faz parte da história do Greenpeace Brasil.

Você assistiu alguns dos momentos marcantes de nossa história. O protesto pacífico realizado no Cristo Redentor, em 2006, foi feito para chamar a atenção dos governos para a alarmante perda de biodiversidade do planeta e os riscos para a segurança ambiental representada pelos transgênicos.
A vinda do navio Rainbow Warrior ao Brasil foi um marco importante, pois foi em 2012 que lançamos a campanha pelo Desmatamento Zero, uma campanha de grande importância para a preservação das florestas brasileiras. O navio percorreu de Norte a Sudeste do Brasil, participou da Conferência em Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a Rio+20, divulgando nossas campanhas e expondo crimes ambientais.
Mais recentemente tivemos um projeto chamado Juventude Solar, no Rio de Janeiro, que trouxe energia solar ao Centro Comunitário Lídia dos Santos. Jovens foram treinados para instalar os painéis solares e aprenderam sobre energias renováveis e eficiência energética.
Ainda em 2013, começamos a trabalhar com o tema da mobilidade urbana. Em abril, lançamos o #Cadê?, campanha que visa auxiliar no planejamento da mobilidade urbana das cidades brasileiras e que acompanha a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana das capitais.
Por mais distante que o Ártico possa parecer do Brasil, trabalhamos para evitar a exploração de petróleo neste frágil ecossistema, responsável pela regulação do clima no mundo. Foi tentando proteger o Ártico e o clima mundial que os tripulantes do navio Arctic Sunrise foram presos e injustamente acusados de pirataria e vandalismo. No momento mais de 2 milhões de pessoas já enviaram e-mails às embaixadas russa ao redor mundo pedindo a libertação deles.
E a nossa história continua. Graças a você que nos apoiou e que continua ao nosso lado. Queremos que cada vez mais você faça parte do nosso trabalho, se você já nos apoia, torne-se um colaborador do Greenpeace. Somos uma organização independente, que não aceita dinheiro de empresas e de partidos políticos, ajude-nos a continuar nosso trabalho.

Wednesday, November 20, 2013

Ana Paula deixa a prisão

Após pagamento de fiança, a bióloga gaúcha ganha liberdade provisória. Ela foi a primeira do grupo a deixar o Centro de Detenções em São Petersburgo.
A ativista brasileira Ana Paula Maciel acaba de deixar o Centro de Detenções em que estava presa, em São Petersburgo. Ela foi a primeiro do grupo de 28 ativistas e dois jornalistas a ganhar a liberdade após pagamento de fiança. Ainda não foram divulgados pela Justiça russa os detalhes sobre as condições e restrições impostas àqueles que ganharem liberdade provisória. Não se sabe, portanto, se Ana Paula poderá deixar o país ou receber visitas. Essas informações devem ser esclarecidas nos próximos dias.
Rosangela Maciel, mãe de Ana Paula, comemorou a notícia, mas ressaltou que a história ainda não chegou ao fim. “Meu coração de mãe sempre me disse para eu manter a fé. Mal posso esperar para ter minha amada filha nos meus braços e de volta a casa. Sabemos que o caso ainda não terminou, mas minha filha é uma guerreira e superará tudo isso no final”.
“As imagens da nossa querida amiga Ana Paula saindo do Centro de Detenções é algo que milhões de pessoas ao redor do mundo vão receber como sinal de esperança. Esperamos que os outros 29 guerreiros tenham o mesmo destino, que possam voltar para suas famílias e que sua mensagem pelo Ártico alcance as pessoas”, afirmou o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo. “Porém, nenhum de nossos amigos estará, de fato, em liberdade enquanto as acusações continuarem de pé e enquanto eles não puderem voltar para suas casas”.
Até o momento, a Justiça russa consentiu a liberdade provisória, sob fiança, a 18 pessoas do grupo – contando com Ana Paula. O pagamento de cada um está sendo providenciado pelos advogados. Onze pessoas ainda aguardam suas audiências. E um deles, o australiano Colin Russell, teve a prisão estendida por três meses.
A expressão de alegria de Ana Paula, ao deixar a prisão. Foto: Greenpeace/Dmitri Sharomov

Governo exalta Código Florestal na COP-19

Em evento paralelo realizado durante a COP-19, em Varsóvia, Ministério do Meio Ambiente anuncia nova plataforma de monitoramento de emissões de gases-estufa.
A segunda semana das negociações climáticas inicia em falta. Falta de esperança, falta de ambição, falta de dinheiro e de autoridades – em todos os sentidos. A presença dos ministros de estado tem sido parca. A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, chegou na noite de ontem e já vai embora nesta quarta-feira (20). Mas sua presença não passou em branco. Em evento paralelo à COP-19, ela exaltou o novo Código Florestal brasileiro, que trouxe instrumentos de controle como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), mas que nem sequer saiu do papel.
“É impossível negar que o Brasil tem uma postura estratégica no cenário geopolítico internacional, que une produção e proteção florestal. Queremos proteger, mas precisamos entender quais as demandas sociais e econômicas da nossa sociedade, que se encontra em pleno crescimento. É importante ter os números, os diferentes panoramas e ter os diferentes atores mobilizados.”
Ignorando o motivo que a fez voltar mais cedo para casa – o aumento de quase 30% nos dados recentes de desmatamento na Amazônia Legal, apresentados na última semana –, a ministra disse ainda que o novo Código “está agora sendo plenamente adotado por produtores em todo o Brasil”. “É preciso ter licença para desmatar e os projetos precisam estar de acordo com a legislação.”
“A ‘licença para desmatar’ foi dada quando o novo Código foi aprovado. Vemos aqui o governo promover um mundo de fantasia, que não coincide com a realidade. Eles elogiam uma legislação que anistiou desmatadores e abriu precedentes para mais desmatamento, que ainda é uma das principais causa de emissões de gases-estufa em todo o mundo. Além disso, eles mencionam o CAR, que deveria mostrar quem está desmatando e onde, mas até agora não foi implementado, portanto não funciona na prática”, frisou Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace.
Deliberadamente optando por um modelo de desenvolvimento que quer o crescimento econômico a todo custo, baseado na expansão da fronteira agrícola, em grandes projetos de infraestrutura na Amazônia, que passam por cima da floresta e de suas comunidades tradicionais, o Brasil não segue o papel de líder ambiental que se espera de um país com sua magnitude e relevância internacional.
“Para aparecer bem internacionalmente, o governo finge ignorar as mais de 400 propostas de lei que tentam retirar ainda mais a proteção florestal de áreas protegidas, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Seguindo a aprovação do novo Código, a bancada ruralista ganhou força e vem tentando moldar a legislação brasileira segundo seus próprios interesses econômicos. Nesse contexto, o desmatamento está longe de ser o único problema. Agregado a ele vêm os conflitos fundiários, a violência no campo e o trabalho escravo”, lembrou Renata Camargo.
A conversão de áreas para agropecuária, que tem se mostrado o setor que mais tem emitido gases-estufa no Brasil, tampouco são feitas apropriadamente. Áreas abertas para pasto não são recuperadas, mas apenas abandonadas. Estudos científicos já mostraram que, com a quantidade de áreas abertas que temos na Amazônia, podemos dobrar nossa produção sem derrubar mais um hectare de floresta.
Monitorando as emissões nacionais
No evento, o governo também apresentou um novo sistema de monitoramento de emissões que deve abarcar todos os setores da economia. Carlos Klink, secretário de mudanças climáticas do MMA, presente na mesa, ressantou que o novo Código abarca todas as mais de 5 milhões de propriedades rurais no país, e que esse novo sistema deveria fazer o mesmo.
“Temos o desafio de trazer essa nova ferramenta como algo que capte toda essa dimensão rural do Brasil, e ela deverá estar ligada ao CAR. Estamos investindo um grande montante de dinheiro em sistemas de monitoramento para todo o país, em conformidade com o Código Florestal, a fim de combinar produção e proteção floestal”, defendeu.

Tuesday, November 19, 2013

Conscientização ambiental

Boa noite a todos. A todos os brasileiros, sul-americanos, norte-americanos, europeus etc... gostaríamos de pedir a todos que façam sua parte. Se cada um de nós o fizer, o mundo se tornará bem melhor independentemente do país onde moremos, pois o planeta precisa de nossa ajuda. E o que estamos fazendo por ele? Poluindo e desmatando. Por isso, devemos e precisamos fazer algo hoje mesmo. Não apenas pelas florestas e animais, mas por nós mesmos.

Obrigada.
Atenciosamente, Jorge e Laura.

Ana Paula ganha liberdade provisória

Brasileira foi a primeira que não é de nacionalidade russa a ter pedido de fiança aceito para acompanhar as investigações em liberdade. Acusações, porém, permanecem.

Ana Paula, na audiência de ontem. Foto: © Vladimir Baryshev / Greenpeace 

A Justiça russa decidiu, nesta terça-feira, conceder liberdade provisória à ativista brasileira Ana Paula Maciel. A gaúcha foi a quarta pessoa, dentre os 30 presos, a ter o pedido de fiança aceito, e a primeira que não é de nacionalidade russa. Ontem, o fotógrafo freelancer Denis Sinyakov, a médica Ekaterina Zaspa e o ativista Andrey Allakhverdov – todos russos – também ganharam liberdade. O tripulante australiano Colin Rusell teve a prisão preventiva estendida por mais 3 meses. Todos, porém, continuam sob as acusações de vandalismo e pirataria. O grupo foi preso no dia 19 de setembro, após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.
“Esta é a mais bela notícia que eu recebo nos últimos dois meses, mas a Justiça só será feita quando todas as acusações absurdas forem derrubadas”, afirmou Rosangela Maciel, mãe de Ana Paula, ao receber a notícia. “Uma pessoa que só faz o bem pelo planeta, como minha filha, precisa ser reconhecida pelos seus atos, não acusada injustamente. Somente assim podemos ter fé no futuro”.
Anunciadas as decisões, a Justiça russa ainda não divulgou, porém, quais serão as restrições para quem estiver em liberdade provisória. Ainda não se sabe, portanto, se Ana Paula poderá deixar o país ou receber visitas. Os detalhes devem ser esclarecidos nos próximos dias. As autoridades também não justificaram o porque de apenas alguns integrantes do grupo terem a liberdade concedida.
Enquanto isso, as audiências que vão determinar sobre a possível extensão do prazo de prisão preventiva dos demais ativistas continuam acontecendo durante esta semana. Nelas, o Comitê de Investigação russo pede o prolongamento das prisões por mais três meses, enquanto as investigações prosseguem.
“O pedido de fiança ter sido aceito para alguns de nossos amigos foi uma ótima notícia. Mas só vamos celebrar quando todos estiverem livres para voltar para casa e quando suas acusações forem retiradas”, disse Mads Christensen, do Greenpeace Internacional. “Mesmo em liberdade, eles continuam suspeitos de vandalismo, e a acusação de pirataria ainda não foi retirada oficialmente. Ainda que seja óbvio que nenhum deles é pirata ou vândalo, todos ainda têm a possibilidade de passar 20 anos numa cadeia”.
Até o final da semana, a Justiça deve decidir sobre o destino de todo o grupo de 28 ativistas e dois jornalistas.


Monday, November 18, 2013

Sob fiança, três ativistas ganham liberdade

Em audiência realizada hoje, Justiça russa concede pedido de liberdade sob fiança os ativistas Ekaterina Zaspa, Andrey Allakhyerdov e Denis Sinyakova. Decisão sobre Ana Paula sai amanhã.

A médica russa Ekaterina Zaspa foi liberada sob fiança. Ela foi a primeira dos 30 tripulantes do Arctic Sunrise. (© Igor Podgorny/Greenpeace) 


A Justiça russa decidiu libertar a médica russa Ekaterina Zaspa, 31, o fotógrafo Denis Sinyakova e o ativista Andrey Allakhyerdov. Em audiência realizada hoje para decidir sobre o pedido do comitê russo de investigação de estender a prisão provisória por mais três meses, o juiz acatou apelo do Greenpeace para a liberdade dos ativistas. Eles são os primeiros do grupo de 30 pessoas a ganhar a liberdade.
Já o ativista australiano Colin Russel, cuja audiência aconteceu mais cedo, teve a prisão provisória estendida até dia 24 de fevereiro, sem direito a fiança. O Greenpeace vai apelar da decisão.
A brasileira Ana Paula também passou por audiência hoje. A promotoria não se opôs ao pedido do advogado de libertá-la sob fiança. Porém, a decisão do juiz só será divulgada na manhã desta terça-feira.
“Claro que esta é uma notícia positiva, mas não significa que seja o final. Os ativistas e o fotógrafo que foram libertados permanecem sob suspeita de vandalismo, além de pirataria, acusação que ainda não foi oficialmente retirada, e podem pegar 20 anos de prisão por um crime que não cometeram. Além disso, nosso amigo Colin teve a fiança negada e foi mandado de volta à prisão por mais três meses”, disse Mads Christensen, do Greenpeace Internacional.
“O caso contra os 30 do Ártico se transformou numa farsa. Um ativista australiano sem passaporte teve fiança recusada sob o argumento de que ele poderia deixar o país ou interferir na investigação, enquanto outras ativistas, nas mesmas circunstâncias, deixaram a prisão. Todos eles deveriam ser libertados. Faremos todo o possível para tirar nossos amigos da prisão.”
Na audiência de hoje, os promotores buscaram estender as prisões apenas para vandalismo e não para pirataria – o primeiro crime pelo qual o grupo de 30 pessoas foi acusado. Entretanto, a acusação de pirataria ainda não foi retirada oficialmente, apesar dos anúncios públicos do comitê de investigação. O protesto pacífico foi realizado em águas internacionais. O crime de vandalismo só se aplica a atos praticados em território russo.
Até o final da semana, a Justiça deve decidir sobre o destino de todo o grupo de 28 ativistas e dois jornalistas detidos desde o dia 19 de setembro, após protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.

Leilão sem Sol

No primeiro leilão de energia no qual a energia solar participou, nenhum MW foi contratado para a fonte devido ao baixo preço

Laboratório de Células Solares do Núcleo Tecnológico de Energia Solar da PUC-RS, em Porto Alegre (RS). (©RogérioReis/Tyba) 

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) promoveu hoje o primeiro leilão de energia no qual empreendimentos de energia solar foram incluídos. O que poderia significar um avanço para a fonte que mais tem potencial para crescer no país até 2050, no entanto apenas reforçou a necessidade que a energia solar tem de receber incentivos para que consiga se consolidar na matriz energética.
“A excelente decisão do governo de ter permitido pela primeira vez a entrada da energia solar na competição foi neutralizada com o inexplicavelmente baixo preço-teto por MWh. Isso inviabilizou totalmente a competitividade dos projetos inscritos”, afirmou Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Ainda que o resultado do leilão tenha sido positivo para a fonte eólica e para o desenvolvimento de sua indústria, o mesmo não pode ser dito para as outras fontes. Também participaram do leilão as fontes eólica, hidrelétricas e termelétricas a biomassa e gás natural sendo que no total, foram contratados 876,6 MW apenas para energia eólica.
Para a energia solar, foram inscritos 3 mil MW em projetos interessados, mas que não saíram do papel devido ao baixo preço. ­O Brasil tem um potencial enorme em termos de radiação solar, mas ainda não consegue aproveitá-lo por falta de coordenação, direcionamento dos incentivos e ações coordenadas e claras do governo que poderiam impulsionar seu desenvolvimento.
Ao contrário do que acontecia no passado, os preços para as energias renováveis – em especial a solar fotovoltaica e eólica – são cada vez mais competitivos no mercado e ainda utilizam recursos locais e criam mais empregos. Segundo A EPE (Empresa de Pesquisa Energética), em 2012, o MWh de energia solar custava entre R$300 e R$400, enquanto que outras projeções dão conta de preços na faixa de R$180 nos próximos 5 anos.
“A iniciativa do governo foi confusa. Se o governo quer abrir caminho para o desenvolvimento da fonte no país, porque deu um sinal contrário e colocou um preço que não apenas é inviável para energia solar como para boa parte das demais fontes?”, afirmou Baitelo. “O crescimento da energia solar só é possível a partir da sinalização do Brasil de que quer desenvolver essa indústria e este sinal não foi dado neste leilão.”

Pelo fim da era fóssil

No mesmo momento em que ocorrem as negociações climáticas da ONU, a Cúpula Mundial sobre Carvão recebe representantes da indústria fóssil

Protesto do Greenpeace no Ministério da Economia, em Varsóvia, onde acontece a Cúpula Mundial sobre Carvão (©Greenpeace/Konrad Konstantynowicz).

Ativistas do Greenpeace de mais de 20 países protestaram hoje no telhado do Ministério da Economia, em Varsóvia, contra a Cúpula Mundial sobre Carvão, organizada pelo primeiro-ministro polonês e que acontece simultaneamente com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-19. Os ativistas penduraram uma grande faixa, com a pergunta: “Quem governa o mundo? As indústrias de combustíveis fósseis ou as pessoas?” No telhado foram exibidas bandeiras dos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Brasil e muitos outros países que acompanham as negociações.
“Sediar um evento oficial do governo polonês para a indústria do carvão durante uma conferência climática é um tapa na cara de todas as pessoas que sofrem com os efeitos catastróficos das mudanças climáticas. Novos investimentos em combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, precisam ser interrompidos e transferidos para as energias renováveis”, disse Martin Kaiser, chefe da delegação do Greenpeace International na COP-19.
“Como os principais produtores e usuários de combustíveis fósseis, os países ricos têm a obrigação moral de ajudar aqueles que, como as Filipinas, sofrem com os impactos do que é queimado em lugares como a Polônia. Nesta conferência, é absolutamente necessário fazer um plano para ajudar aqueles que são vítimas de nossa dependência de combustíveis fósseis”, acrescentou Kaiser.
A segunda bandeira trazia outra questão: “Quem governa a Polônia? As indústria do carvão ou as pessoas?”, em referência a uma pesquisa publicada em 12 de novembro pelo Centro de Pesquisa de Opinião Pública, que mostra que 89% dos cidadãos polacos são a favor de aumentar a produção de energias renováveis no país, enquanto o governo os ignora.
“Os políticos são eleitos para defender a vontade do povo, não para os interesses financeiros da velha indústria suja do carvão. O primeiro-ministro deve escutar as pessoas e iniciar uma mudança urgente para as energias renováveis”, afirmou Maciej Muskat, diretor do Greenpeace Polônia.
Representantes de 194 países estão reunidos em Varsóvia para a segunda semana de negociações, que pretende encontrar soluções para lidar com as mudanças do clima. O recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês) foi muito claro no que precisa ser feito para tanto: a era dos combustíveis fósseis deve ser deixada para trás e as emissões de carbono devem ser eliminadas até meados deste século.
A primeira semana de negociações sobre o clima foi ofuscada por um retrocesso de países como o Japão e a Austrália. Na última sexta-feira, o Japão anunciou um enorme rebaixamento em sua meta para 2020, da diminuição de 25% em relação aos níveis de 1990 ele foi para um aumento de 3%, o que é muito pior do que a meta assumida pelo país no Protocolo de Kyoto, de 2008 a 2012.
Isso indica que o Japão planeja não fazer nada sobre o clima nos próximos sete anos. Ainda pior, o governo australiano apresentou na última quarta-feira uma nova lei revogando o seu preço de carbono, removendo o apoio às energias renováveis e desfazendo o suporte para uma meta de longo prazo de redução das emissões em 80% até 2050. Num tipo de solidariedade ao revés, o primeiro-ministro do Canadá foi rápido em parabenizar a Austrália por seus esforços.
No Brasil, também é necessário reverter a política de estímulo ao uso do carvão como fonte de energia, por essa ser uma energia altamente poluidora, com impactos diretos na qualidade do ar e nas emissões de gases de efeito estufa. “O carvão é a energia mais suja de todas as energias. Ele emite 84 vezes mais CO2 do que a energia eólica e 22 vezes mais que a energia solar. Nesta COP, os países têm a change de iniciar o processo de decisão pelo fim da era dos combustíveis fósseis. Enquanto isso, o governo brasileiro aumenta as emissões do setor de energia com o retorno do carvão para os leilões, o que é um grande retrocesso”, afirmou Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.

Saturday, November 16, 2013

Marcha pelo clima toma as ruas de Varsóvia

Marcha do Clima em Varsóvia, Polônia, traz imagens dos ativistas presos na Rússia (©Greenpeace/Bogusz Bilewski). 

Cerca de 3 mil pessoas se reuniram neste sábado em Varsóvia para a Marcha pela Justiça Climática. Poloneses e estrangeiros que estão na cidade para acompanhar as negociações da 19a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-19) enfrentaram o frio de menos de 5 graus Celsius e percorreram cerca de 4km nas ruas da capital pedindo ações mais urgentes e efetivas para evitar os efeitos das mudanças climáticas.
Erguendo cartazes com frases como “Sua decisão, nosso futuro” e “O tempo acabou”, a manifestação teve início a partir do Palácio da Cultura e da Ciência e seguiu até o Estádio Nacional, onde ocorre a conferência.
Ativistas do Greenpeace também se juntaram à passeata, como parte do dia de ação global pela libertação dos 28 ativistas e dois jornalistas presos há quase dois meses na Rússia. Eles enfrentam acusações graves de vandalismo e pirataria, após protestarem pacificamente contra a exploração de petróleo no Ártico.
O ato em solidariedade aos ativistas tomou as ruas de 265 cidades de 45 países do mundo neste sábado. No Brasil, a atividade aconteceu em Porto Alegre, cidade natal da ativista brasileira Ana Paula Maciel, também detida.

Dia de ação global pelos 30 do Ártico

Milhares de pessoas em todo o mundo saíram às ruas para pedir a liberdade dos ativistas. No Brasil, atividade aconteceu em Porto Alegre, cidade natal de Ana Paula Maciel

Rosangela Maciel, mãe da ativista Ana Paula Maciel, presa há dois meses na Rússia com mais 29 pessoas, participa de atividade em Porto Alegre pelo Dia de Ação Global. (©Greenpeace/Marco Antonio Filho) 


Prestes a completar dois meses da prisão dos 28 ativistas e dois jornalistas na Rússia, um ato de solidariedade global tomou neste sábado, 16, as ruas de 265 cidades de 45 países do mundo.
No Brasil, a atividade aconteceu em Porto Alegre, cidade natal da ativista brasileira Ana Paula Maciel, que faz parte do grupo detido após protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.
No Parque da Redenção, região central da capital gaúcha e um dos preferidos de Ana Paula, ativistas do Greenpeace montaram uma cela para mostrar o absurdo das prisões. As pessoas da rua se algemaram dentro da cela em solidariedade aos 30 presos. Rosangela Maciel, mãe da ativista brasileira, também participou da atividade.
“Quero agradecer o apoio das pessoas de Porto Alegre que vieram aqui hoje, em pleno feriado prolongado, mostrar solidariedade a minha filha. Essas pessoas sabem que Ana Paula estava lutando pelo futuro do planeta, pelo futuro de todos nós”, disse Rosangela.

Esta é uma semana decisiva para os 30 do Ártico. Ontem, o Comitê de investigação russo pediu a extensão da prisão preventiva do grupo por mais três meses, mas o pedido ainda precisa ser aceito por um juiz em audiências que deverão ocorrer ao longo da próxima semana. O Greenpeace vai questionar o pedido, solicitando a liberdade mediante fiança. Eles estão sendo acusados de vandalismo e pirataria, crimes que podem render até sete e 15 anos de prisão respectivamente.
“Esses 30 homens e mulheres não são vândalos, nem piratas. Eles estavam defendendo de forma pacífica o Ártico da exploração irresponsável de petróleo. Os crimes pelos quais eles estão sendo acusados simplesmente não existem e eles devem ser libertados”, disse Fabiana Alves, da campanha de clima e energia do Greenpeace. “Os eventos de hoje são importantes porque mostram que milhares de pessoas em todo o mundo querem a proteção do Ártico e liberdade de expressão.”

Friday, November 15, 2013

‘Desmatamento não afetará negociações'

Na primeira coletiva de imprensa em Varsóvia (Polônia) após o anúncio do novo aumento no desmatamento da Amazônia, o embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, chefe da delegação do Brasil na COP-19, reforçou a mensagem passada ontem pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Segundo ele, os dados são de fato alarmantes, mas não afetarão as negociações climáticas, já que foi um compromisso assumido voluntariamente pelo governo brasileiro.
“É inegavel que [o desmatamento] é um assunto preocupante, mas ainda é o segundo menor índice histórico registrado, desde que as medições tiveram início, em 1988. O país tem feito qualquer ação possível para reverter o desmatamento na Amazônia. E esse é não apenas o segndo menor número, mas ainda é também 78% abaixo da meta que nos comprometemos a alcançar”, afirmou.
Nesta semana, a revista Science divulgou um estudo que mostra que, em 12 anos, o planeta perdeu 2,3 milhões de quilômetros quadrados de floresta. Em termos comparativos, isso representa uma perda florestal de uma área do tamanho da Argentina.
A análise também mostra que o Brasil mostrou o maior declínio no período. Por outro lado, a Indonésia foi o país que mais derrubou floresta, dobrando o desmatamento, que passou de 10 mil para 20 mil quilômetros quadrados em uma década.
Entretanto, o Brasil já tem começado a ver esse bom resultado ser revertido. “Com o novo Código Florestal, não se sabe se essa tendência se manterá”, disse Peter Potapov, professor associado da Universidade de Maryland e um dos autores do estudo. “Mudanças no marco legal poderão reverter os mais de 10 anos de resultados positivos”, alertou. O aumento de quase 30% em apenas um ano é outro sinal claro dado pela nova legislação. 

Comitê russo quer estender prisões

O comitê de investigação russo pediu a extensão da prisão provisória por mais três meses dos 28 ativistas do Greenpeace e dois jornalistas

 
Ato de solidariedade pela liberdade dos 30 do Ártico realizado em São Paulo (©Greenpeace/Caio Eugenio) 


O comitê de investigação russo anunciou hoje que entrará com pedido de extensão por mais três meses da prisão provisória dos 28 ativistas do Greenpeace e dois jornalistas presos desde o dia 19 de setembro após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.
Até o momento, seis pedidos de extensão da prisão provisória foram oficialmente entregues à corte do distrito de Kalininskiy, em São Petersburgo. O restante dos pedidos deverão ser entregues entre o fim do dia de hoje e segunda-feira. A intenção do comitê de investigação é manter o grupo detido até a conclusão das investigações sobre os alegados crimes de pirataria e vandalismo. Todos os pedidos serão julgados até o dia 24 de novembro.
“As autoridades já levaram dois meses para investigar um crime imaginário pelo qual os supostos autores enviaram um comunicado de imprensa informando exatamente o que fariam antes e depois divulgaram um vídeo da ação real. Agora as autoridades precisam de mais três meses?”, questiona Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional. “Esta farsa precisa terminar agora. Todos sabem que esta não é uma verdadeira investigação criminal. Estes bravos homens e mulheres não estão presos por causa do que eles fizeram, mas por denunciar os perigos da exploração de petróleo no Ártico.”
O Greenpeace Internacional vai contestar os pedidos de extensão das prisões pedindo a liberdade dos 30 presos sob fiança enquanto as investigações prosseguem. Caso o juiz aceite o pedido do comitê de investigação, o Greenpeace vai apelar da decisão, solicitando novamente a liberdade sob fiança.
“Lutaremos pela liberdade dos 30 com tudo o que estiver a nosso alcance, mas não podemos fazê-lo sozinho. Precisamos do apoio do povo russo e de todo o mundo pela liberdade e pelo direito fundamental ao protesto pacífico”, conclui Naidoo.
Solidariedade internacional
Neste sábado, 16, o Greenpeace vai às ruas de mais de 260 cidades de 41 países em um ato pacífico em solidariedade aos 28 ativistas e dois jornalistas presos há dois meses na Rússia. No Brasil, o evento acontece das 10h às 16h em Porto Alegre, cidade natal de Ana Paula Maciel, que está entre os 30 detidos.
Ativistas do Greenpeace vão se trancar em uma jaula para denunciar o absurdo das prisões. O público está convidado a participar. A jaula será instalada ao lado do monumento aos expedicionários, no parque da Redenção, zona central da capital gaúcha.

É preciso fazer mais pelo clima

Análise da implementação da Política Nacional de Mudanças do Clima feita pelo Greenpeace mostra que país precisa e pode fazer mais para controlar o aquecimento global.

Plataforma de petróleo na bacia de Santos: país aumentou investimento em combustíveis fósseis (©Greenpeace/Rodrigo Paiva/RPCI) 


Cinco anos depois de anunciar planos para controlar suas emissões de gases estufa, que causam o aquecimento global, o Brasil mostra que realmente reduziu onde era urgente - caiu o desmatamento e as queimadas na Amazônia -, mas pelo caminho deixou uma trilha de minas enterradas que podem explodir a qualquer momento e colocar em risco os avanços obtidos.
Esse é o que se vê no relatório "As lições da Política Nacional de Mudanças Climáticas", que o Greenpeace lança hoje, com uma análise dos planos de mitigação de gases nos três setores que mais emitem (mudança de uso da terra, agropecuária e energia).
Em 2009, o país prometeu reduzir, voluntariamente, entre 36,1% e 38,9% das emissões projetadas para 2020, e já cumpriu dois terços dessa meta. É um bom caminho, mas majoritariamente dependente do controle da derrubada na Amazônia e de uma redução previamente atingida no cerrado. É neste campo que a maior fatia de corte de emissão se encontra.
O trabalho nesses dois biomas criou um colchão de excedente de emissão de gases estufa num primeiro momento que não vai se manter na próxima década. Energia será a principal fonte de emissão em 2020 (32% a 33% do total de emissões, dependendo da redução obtida), e os planos setoriais para "limpar" a geração e o uso de energia e o transporte são falhos e fracos.
Já o plano de mitigação para agropecuária, o Plano ABC, é um rascunho perto do potencial e da necessidade (o setor será o segundo maior emissor de gases estufa no Brasil em 2020, respondendo por 29% do total). Ele e seu braço financiador não incorporam a prioridade de preservação dada aos biomas Amazônia e cerrado, os principais palcos de avanço da fronteira de produção.

DESAFIOS
Ontem, o governo brasileiro divulgou que o desmatamento na Amazônia subiu 28% no último ano. É uma curva para cima após uma longa tendência de queda. Isso traz duas lições. Primeiro, acabar definitivamente com o desmatamento exige mais do que tem sido feito - as políticas estruturantes planejadas não somente ficaram paradas como sofreram reverses, o que pode ter um efeito negativo nas metas assumidas pelo país.
A segunda lição é que, por mais importante que seja manter florestas como caminho para o país reduzir a emissão de gases estufa, o trabalho não pode ser dependente de um único setor. "Para desenvolver uma verdadeira economia de baixo carbono, o Brasil precisa fazer mais. O governo deve mudar as regras do jogo: zerar o desmatamento, com políticas estruturantes de longo prazo; dar espaço para Sol, vento e biomassa como fontes de energia; e deve investir intensamente em transporte público limpo e de qualidade", afirma Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace Brasil. "O controle das mudanças climáticas precisa voltar a ser prioridade da agenda do governo, e não uma promessa feita ao vento."

DESTAQUES
Amazônia: as emissões de gases estufa decorrentes da redução da taxa de desmatamento na Amazônia já foram reduzidas em 76,17% em relação às emissões projetadas para 2020. Mas há pontas soltas em sua implementação que colocam em risco a sustentação da meta, em especial os planos de criação e consolidação de áreas protegidas, que deixam a desejar. Além disso, a mudança no Código Florestal deu uma indicação negativa sobre a preservação da floresta, ao premiar quem agiu fora da lei. E, no Congresso, a bancada ruralista mantém sua pressão para flexibilizar cada vez mais a legislação, sem que o Planalto segure suas ações.
Cerrado: uma das novidades foi a criação de uma meta para redução de desmatamento no cerrado, um dos biomas mais ameaçados do Brasil pela expansão da agricultura e da pecuária. A ideia era diminuir em 40% a taxa de desmatamento deste bioma em relação à média verificada entre 1999 e 2008. Só que o governo estabeleceu uma meta que já havia sido cumprida. Ou seja, a sobra virou "colchão de emissão" para o governo. Em 2012, apenas 30% das ações previstas para aquele ano foram executadas.
Agropecuária: o Plano ABC tem como objetivo reduzir de 133,9 milhões a 162,9 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) até 2020, e também pode suavizar a pressão do desmatamento em áreas sensíveis, como a Amazônia. Porém, o governo precisa juntar os pontos: o plano setorial para redução de emissões no setor agropecuário precisa ter sinergia com o PPCDAm e o PPCerrado, com mecanismos que ampliem desembolsos para projetos nestes biomas. Isso seguindo as premissas ambientais rigorosas - que ainda não foram incorporadas pelo plano agropecuário e muito menos pelo Programa ABC, seu braço financiador.
Energia: o setor energético nacional apresenta atualmente o maior crescimento em emissões e será a principal fonte de até 2020, ao lado do setor agropecuário. Mas o Plano Decenal de Energia (PDE), que faz as vezes de plano setorial, incentiva mais emissões do que ações de mitigação, estabelecendo mais de 70% do investimento nos próximos dez anos para petróleo e gás. O setor espera atingir a meta setorial proposta, de 680 MtCO2e, mas não leva em consideração que ela está muito abaixo do que é necessário e do que seria possível com investimento em fontes renováveis.
Transporte: a meta é de abater 4,9 milhões de toneladas por meio de “soluções infraestruturais e logísticas”. Além de ser muito baixa, é baseada em obras do PAC e da Copa, que foram pouco executadas. Há também uma meta de redução de emissão pela substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis (que está computada no plano setorial de energia, o PDE). Mas, além de não receber incentivos oficiais, a proposta não ataca o cerne do problema: o corte de gases estufa no setor deve ser consequência da transferência de modal, para desafogar as ruas e as estradas com transporte público e de carga de qualidade e menor impacto ambiental.
Processo de revisão: o Plano Nacional de Mudanças do Clima deveria passar por revisões periódicas. Mas não é o que aconteceu.  A última, realizada em 2013, nem pode ser chamada de revisão propriamente dita. Além de manter a sociedade civil distante de todo o processo (apesar das promessas de transparência feitas), o governo apenas atualizou alguns dados e planos setoriais que chegaram atrasados, sem consertar desvios (como a meta já cumprida para o cerrado) ou fraquezas (como o plano de mobilidade urbana, que está muito aquém do que é esperado pela população).
Para ler o relatório "As lições da Política Nacional de Mudanças do Clima", clique aqui

Thursday, November 14, 2013

A conta da aliança ruralista

Após quatro anos de queda consecutiva, e um ano após aprovação do novo Código Florestal, o desmatamento na Amazônia retoma com força ritmo de aumento

Desmatamento identificado na Terra Indígena Tenharim (sul do Estado do AM), nas margens da rodovia Transamazônica (©Greenpeace/Marizilda Cruppe) 

A curva do desmatamento na Amazônia mudou de rumo. E voltou a subir com força. Em anúncio realizado hoje em Brasília, coube à ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira anunciar a primeira medição do desmatamento depois do novo Código Florestal: após quatro anos consecutivos de queda, 5.843 quilômetros quadrados de floresta foram perdidos entre agosto de 2012 a julho de 2013 - um valor 28% superior ao mesmo período do ano anterior. A mudança do uso da terra ainda é o principal fator que coloca o Brasil entre os dez países que mais emitem gases do efeito estufa.
Os números apenas confirmam tendência de aceleração da derrubada da floresta exposta ao longo do ano pelos alertas de desmatamento. Para Márcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, a situação é resultado direto das concessões que o governo vem fazendo ao lobby ruralista no Congresso, como no caso da aprovação do novo Código Florestal. Segundo ele, a situação só tende a piorar caso sejam aprovadas as mais de 400 propostas de emendas constitucionais, projetos e portarias que estão em tramitação no Congresso e que  atentam contra as terras indígenas e unidades de conservação.
“O clima de ‘já ganhou’ após as quedas consecutivas do desmatamento, somado à anistia trazida com a aprovação do novo Código Florestal, deu fôlego a quem lucra com a derrubada da floresta e alimentou a sanha ruralista, que vem tentando moldar a legislação brasileira de acordo com seus interesses econômicos”, diz Astrini. “Enquanto isso, o CAR [Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural], que ajudaria a revelar quem está desmatando e onde, ainda não saiu do papel.”
A pressão da sociedade civil ajudou a atingir uma redução histórica do desmatamento desde 2004, quando 27 mil quilômetros quadrados de floresta foram derrubados. A retomada do desmatamento pode colocar a perder uma década de esforços. Para evitar que isso ocorra, o Brasil precisa aprimorar medidas de comando e controle, além de adotar com urgência políticas estruturantes, como a regularização fundiária e criação e implementação de áreas protegidas.
“O desmatamento não atinge a Amazônia de forma isolada. Ele vem acompanhado de trabalho escravo, violência no campo e grilagem de terras. Além disso, a floresta presta serviços essenciais para o país, sendo responsável por grande parte das chuvas que irrigam nossas plantações e abastecem os reservatórios de água das grandes cidades. Portanto, o desmatamento não faz sentido, seja do ponto de vista social, ambiental ou econômico. Possuímos áreas abertas suficientes para dobrar nossa produção de alimentos sem desmatar mais nenhum hectare de floresta”, defende Astrini.
Ano passado, o Greenpeace e outras organizações da sociedade civil lançaram uma campanha por um projeto de lei de iniciativa popular pelo desmatamento zero. Mais de 930 mil pessoas já assinaram a petição, que será levada a Brasília
Corresponsabilidade
O aumento do desmatamento detectado neste ano reforça a importância de que mais setores da economia se comprometam com a preservação da floresta. As principais comercializadoras de soja do país e os três maiores frigoríferos brasileiros mantém atualmente propostas para que suas cadeias de produção estejam livres da destruição da Amazônia.
“O consumidor hoje em dia rechaça produtos que carregam o rastro da destruição da floresta ou de outros crimes. Ao assumir o compromisso do desmatamento zero, as empresas contribuem para a preservação do meio ambiente e para o aumento da governança na Amazônia”, finaliza Astrini.

Cegueira, fome e privação na COP-19

Delegação jovem em manifestação durante a COP-19, em Varsóvia (Foto: Push Europe). 

Apesar de ter coisas muita mais importantes para se ocupar, como trazer decisões definitivas para conter as mudanças climáticas e seus impactos devastadores, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) parece estar mais preocupada em preservar a sua própria reputação. Acontece que se os países membros continuarem cegos à necessidade urgente de tomar ações concretas para frear o aquecimento global, a convenção não vai conseguir salvar a sua imagem.
As palavras de Yeb Saño, negociador-chefe das Filipinas, na plenária de abertura da COP-19, tocaram o coração de muitas pessoas no centro de conferência em Varsóvia (Polônia). Ele reavivou a lembrança de que as cerca de 10 mil mortes causadas pelo tufão Haiyan, que devastou seu país nos últimos dias, foram resultado de 20 anos de inação dos homens e mulheres ali presentes.



Após a fala comovente, o presidente da mesa pediu um minuto de silêncio para demonstrar luto pelos afetados na tragédia. Do fundo da sala, membros da sociedade civil gritavam “Nós estamos com você”. Na saída, um grupo de jovens levantou cartazes de apoio. Entre as mensagens, a pergunta: “Quantas vidas mais?”. A faixa, entretanto, não possuía autorização e por isso os três jovens que a seguravam foram banidos da COP.
Saño está em greve de fome desde o primeiro dia da conferência, e deve permanecer até que alguma ação efetiva seja tomada. Cerca de cem membros da sociedade civil já se juntaram a ele no jejum, em solidariedade ao povo filipino.
A secretaria-executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, foi cobrada pelos demais jovens presentes sobre a expulsão dos companheiros. “Nós estamos do lado de vocês, mas vocês sabiam as regras e as quebraram por vontade própria”, disse ela. O protesto, no entanto, não foi uma ação premeditada, mas uma resposta rápida de apoio. “Durante a COP-18, em Doha, ela nos incitou a agir e não nos calar. Estamos apenas seguindo seu conselho”, afirmou um dos jovens.
Uns são expulsos definitivamente das negociações, outros, como os 28 ativistas do Greenpeace e dois jornalistas, seguem presos há cerca de dois meses pelo mesmo motivo. Atos como esses colocam em risco conquistas preciosas das sociedades democráticas, como o direito à livre expressão, à manifestação e ao protesto pacífico.
Enquanto ativistas são privados de demonstrar sua indignação, os governos mostram sua cegueira diante dos esforços desses cidadãos e das ameaças reais da mudança do clima, que batem à porta de todo o mundo todos os dias.

"A não-violência é parte do trabalho deles”

Paul McCartney em show no Rio de Janeiro, durante a turnê "Up and Coming". (© MPL Communications Ltd / MJ Kim) 

O ex-Beatle Paul McCartney publicou hoje carta que trocou com Vladimir Putin pedindo a libertação dos vinte oito ativistas do Greenpeace e dois jornalistas freelancers presos desde 18 de setembro na Rússia após protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico.
Em sua carta, Paul faz um apelo para que os presos possam voltar a ver suas famílias: “Há quarenta e cinco anos escrevi uma música sobre a Rússia para o Álbum Branco (‘White Album’), numa época em que os ingleses não se inclinavam tanto a elogiar seu país. Essa música tinha uma das passagens mais bonitas dos Beatles: ‘Been away so long I hardly knew the place, gee it’s good to be back home’ (ou ‘Estive longe por tanto tempo que mal reconhecia onde estava, nossa é bom estar de volta em casa’, em tradução livre). Você poderia realizar isso para os prisioneiros do Greenpeace?”.
Essa manhã, Paul postou no Twitter: “…O Embaixador Russo gentilmente respondeu que a situação dos presos ‘não está corretamente retratada pela mídia’…”. Então Paul escreveu: “Seria ótimo se esse mal-entendido pudesse ser resolvido e os ativistas pudessem ir para casa com suas famílias para o Natal. Vivemos na Esperança, Paul McCartney”.
O ex-Beatle é muito popular na Rússia – e com Vladimir Putin também. Em 2003 ele se apresentou para mais de 100 mil pessoas incluindo o presidente na Praça Vermelha, em Moscou. Antes do show, Paul foi levado a um tour pessoal com o presidente no Kremlin, e ouviu dele: “Você é amado aqui [na Rússia]”.
O tratamento é dado, inclusive, pelo primeiro nome: “Vladimir, milhões de pessoas de diversos países seriam enormemente gratos se você intervisse para trazer um fim à essa questão. Eu entendo, é claro, que a Justiça russa é separada da esfera presidencial. Mesmo assim, pergunto-me se você não poderia exercer sua influência para reunir os detentos com suas famílias?”
A carta foi escrita dia 14 de outubro, e Paul decidiu liberá-la um mês depois, alegando que escrevia para assegurar que o Greenpeace certamente não é uma organização anti-Rússia. “E, acima de tudo, eles são pacíficos. Na minha experiência, não-violência é parte essencial do trabalho deles”, afirma Paul McCartney.

Wednesday, November 13, 2013

Xisto: muitas dúvidas sobre sua exploração

Debate organizado por ONG's sobre exploração de gás de xisto e seus impactos socioambientais (©Greenpeace)
Às vésperas da 12a rodada de Concessão das atividades de Exploração de Petróleo e Gás Natural, Greenpeace, ISA, Ibase, Fase e CTI promoveram um debate sobre os impactos socioambientais da exploração do gás de xisto no Brasil. Apesar de estar ‘na moda’ nos Estados Unidos, o gás de xisto e a tecnologia para sua exploração ainda são desconhecidos no Brasil.
Jailson de Andrade, da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) foi o primeiro a falar. Diante da perspectiva de que um dos grandes desafios deste século é o setor energético, ele chamou a atenção para o fato de que apesar do xisto ser enxergado por muitos como uma solução, deve-se considerar todos os riscos envolvidos nesta atividade. “Para se explorar este tipo de gás, demanda-se uma enorme quantidade de água que após ser utilizada para fracionar as rochas fica contaminada com substâncias químicas como arsênio e bário. As perguntas que devem ser respondidas são: de onde virá a água? E para onde ela irá?”, questionou Andrade.
Além de abordar a questão ambiental, o debate ainda tratou da ausência de transparência na legislação brasileira que pode colocar em risco o fornecimento de água de muitos municípios e também da questão social.
Conrado Octavio, do Centro de Trabalho Indigenista, e Angel Matses, da Comunidad Nativa Matses no Peru, retomaram a história de como foi a exploração de petróleo nas décadas de 70 e 80 em regiões próximas às Terras Indígenas e as Reservas Extrativistas. “Houve muito conflito com os povos indígenas isolados, às vezes eram deixadas clareiras abertas no meio do roçado dos índios. Após tanto conflito, os trabalhos foram suspensos e agora querem retomar a agenda de óleo e gás na região, isso sem consultar os povos indígenas”, afirmou Conrado.
Muitos dos 240 blocos com potencial exploratório estão próximos à comunidades indígenas isoladas e em sobreposição com importantes aquíferos, como o do Paraná e o de Parecis. Ricardo Baitelo, do Greenpeace Brasil, disse que “precisamos de gás para nossa transição energética e para conseguir abandonar os combustíveis fósseis. Mas deve-se atentar que o xisto não é um gás convencional e que precisamos de algo que ainda não existe: critérios rígidos para a exploração.”