Friday, August 29, 2014

Alckmin proíbe máscaras em protestos


Manifestante do Greenpeace usa máscara para protestar contra energia nuclear. (©Greenpeace)

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sancionou nesta sexta-feira o projeto de lei que proíbe o uso de máscaras em protestos e manifestações civis. Em processo acelerado, o PL 2.405/2013 foi aprovado no início de julho pela Assembleia Legislativa de São Paulo, chegando às mãos do governador em 12 de agosto.
Ainda nessa semana, Alckmin informara que regulamentaria a iniciativa até o final do ano, dentro do prazo de 90 dias previsto em lei. O texto também estipula que as polícias Civil e Militar sejam avisadas previamente sobre a realização de protestos.
As máscaras são parte importante dos recursos lúdicos usados pelo Greenpeace e por diversos outros grupos em seus protestos. Foi, por exemplo, o recurso escolhido para uma atividade realizada em 2009, quando ativistas do Greenpeace usaram uma máscara com o rosto da Senadora Katia Abreu para denunciar os ataques da bancada ruralista contra o Código Florestal. A Senadora processou a ONG, pedindo indenização por danos morais, mas a Justiça entendeu que a atividade representava apenas o exercício do direito à livre manifestação, assegurado pela Constituição Brasileira.
“A lei parte do pressuposto de que todos são suspeitos e criminosos em potencial”, explica Pedro Telles, assessor de Políticas Públicas do Greenpeace. Para ele, o fato do governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin sancionar o PL mostra uma escalada no cerceamento de direitos básicos de livre expressão do cidadão.
O cidadão brasileiro foi e ainda vai às ruas demandar maior diálogo entre governo e sociedade civil. No entanto, a surdez dos governantes impera, criando leis que dificultam ainda mais fortalecimento do processo democrático.
Em nossas redes sociais, estamos pedindo às pessoas para se manifestarem contra o cerceamento da liberdade de expressão. Envie uma mensagem à página do governador no Facebook e comentários para seu Twitter. É preciso mostrar que a sociedade não concorda com medidas anti-democráticas, e está longe de querer rememorar tempos passados, onde a liberdade existia apenas para poucos.

Greenpeace quer responsáveis por mais de 200 vazamentos na Rússia

Leis frouxas e frágil regulamentação do governo tornam a região de Komi, na Rússia, cenário de vazamentos e despejo ilegal de petróleo

Voluntária do Greenpeace Rússia, que integra o Oil Spill Patrol, limpa área de vazamento em Komi. (© Denis Sinyakov / Greenpeace)

Ativistas do Greenpeace que integram o grupo Oil Spill Patrol, patrulha voluntária de detecção de vazamentos em terra na região de Komi (Rússia), identificou 204 pontos de vazamento de petróleo, sendo 20 desses recentes. A área total poluída é de 130 hectares.
Hoje, ambientalistas enviaram ao Rosprirodnadzor, agência federal de regulamentação ambiental e industrial da Rússia, uma queixa pedindo a responsabilização legal das companhias petrolíferas pelos vazamentos, além do compromisso da agência em recuperar as áreas afetadas.
Leia mais:
“O processo de extração e transporte de petróleo na Rússia é muito sujo. Muitas regulamentações são violadas, resultando na poluição das águas e das florestas locais”, diz Vladimir Chuprov, do Greenpeace Rússia. Para ele, o problema deve ser resolvido em nível federal, pois a frouxa regulamentação do governo incentiva a negligência das empresas.
A equipe do Oil Spill Patrol acaba de terminar uma patrulha de duas semanas em Usinsk e Kharyaga, onde inúmeros vazamentos foram achados.
A causa mais comum de poluição é o vazamento em oleodutos: foram contabilizados 148 casos desse tipo. A equipe também identificou outros vazamentos recorrentes do despejo ilegal de restos de petróleo, além do acúmulo de lixo industrial. O documento entregue ao Rosprirodnadzor contém a exata descrição geográfica desses pontos.
O Greenpeace já havia proposto anteriormente uma mudança na legislação federal para que o governo tenha mais controle sobre os vazamentos. Muitas das propostas foram apoiadas pelo ministro do meio ambiente de Komi e pelo secretário local do Rosprirodnadzor. Nas próximas semanas o ministro vai trabalhar junto ao Conselho do Estado de Komi para submeter as propostas ao parlamento federal.

Renováveis sobem para o topo da pauta eleitoral

Após anos de pressão da sociedade civil, vai ficando claro que candidatos à presidência já percebem que as energias renováveis são o único caminho viável.

Após um debate entre presidenciáveis que mostrou o peso de temas relacionados a meio ambiente e sustentabilidade nas eleições, duas notícias publicadas nesta sexta-feira (29) colocam energias renováveis no topo da pauta eleitoral.
O Globo traz em sua capa a informação de que a campanha de Marina Silva deixará o pré-sal em segundo plano e priorizará as energias eólica e solar. Já a Folha de São Paulo destaca que Eduardo Jorge defende “fazer uma revolução com as energias eólica e solar” e fechar usinas nucleares.
Como indicado no relatório Revolução Energética do Greenpeace, não falta potencial para o Brasil transformar radicalmente sua matriz e caminhar rumo ao desenvolvimento limpo. Após anos de pressão da sociedade civil, vai ficando claro que candidatos à presidência já percebem que esse é o único caminho viável.
Seguiremos firmes na nossa mensagem e nas demandas para todos os candidatos, para que nos próximos quatro anos o Brasil transforme oportunidade em realidade.

Hora de ouvir quem está com a vida sob risco

Exibição de filme em São Paulo e audiência pública em Brasília dão voz às vítimas de violências na Amazônia

“Será que eu vou ter que ser assassinado para que vocês acreditem e tomem providências?”, disse Josias Paulino de Castro, 54 anos, em audiência realizada no dia 5 de agosto com o ouvidor Agrário Nacional de Mato Grosso, desembargador Gercino José da Silva Filho. Apenas onze dias depois da oitiva, o líder comunitário e sua esposa, Ereni da Silva Castro, 35 anos, foram mortos em uma emboscada. Josias era presidente da Associação dos Produtores Rurais Nova União (Aspronu), do Assentamento Projeto Filinto Müller, e conhecido na região por denunciar madeireiros que atuam no estado. Ele e sua esposa são as mais recentes vítimas da violência e impunidade que imperam na Amazônia.
Uma realidade que faz com que cidadãos que buscam garantir seus direitos sobre a terra, o respeito à lei e a proteção da floresta, sofram grave risco de perder a vida. A sucessão de tragédias mostra que, por mais que alertem as autoridades, os ameaçados de morte não conseguem obter a proteção necessária. Pior: na maioria dos casos, os algozes permanecem impunes e prontos para reforçar a lei do mais forte sobre o Estado de Direito.
De acordo com um levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 1985 a 2013 foram registradas 981 tentativas de assassinato na Amazônia Legal. Nesse mesmo período, 699 mortes foram consumadas. De todos esses crimes, apenas 35 foram julgados, condenando 20 mandantes e 27 executores. “Nesse contexto, infelizmente, assistimos perplexos os moradores da região, muitos deles verdadeiros ativistas pelo meio ambiente, sair da lista de ameaçados e entrar na de assassinados. Além de Josias, Zé Claudio e outros tantos, quantos ainda vão ter que anunciar a própria morte?”, questiona Claudia Caliari, da Campanha Amazônia do Greenpeace. Ainda segundo a CPT, este ano já foram registrados 23 assassinatos em conflitos no campo, número superior ao de casos identificados no mesmo período de 2013, que somou 21 mortes.
Para chamar a atenção da opinião pública e ampliar o debate sobre a situação de insegurança em que vivem estes trabalhadores extrativistas, além buscar  soluções para o problema, a Comissão de Direitos Humanos do Senado realizará, nesta quarta-feira 3 de setembro, uma Audiência Pública com a presença de lideranças de comunidades afetadas pela exploração ilegal de madeira e a violência atrelada à atividade. O Greenpeace estará presente.
Entre os convidados estão a coordenadora da CPT, que atua em Boca do Acre (AM), Maria Darlene Braga Martins, autora de denúncias sobre irregularidades em Planos de Manejo Florestal e sobre a ação de fazendeiros e madeireiros no estado. Maria Darlene está ameaçada de morte desde 2011. Também participará da audiência Antônio Vasconcelos, liderança na Reserva Extrativista Ituxi (RESEX), localizada em Lábrea, no sul do Amazonas, ameaçado de morte desde 2001, por defender a criação e manutenção da RESEX em que vive.
Claudelice Santos, irmã caçula de José Claudio, assassinado em maio de 2011, no Pará, junto com sua esposa, Maria do Espírito Santo, é outra importante presença confirmada. Zé Claudio, assim como Josias, foi morto apenas alguns meses depois de denunciar publicamente que poderia perder  a vida a qualquer momento. Desde então sua irmã Claudelice luta para que os acusados do crime sejam condenados.
Antes do evento em Brasília, neste domingo 31, Claudelice passa por São Paulo para participar de um debate aberto ao público no Museu da Imagem e do Som (MIS). O debate sucede a exibição do documentário “Toxic Amazon: uma crônica de mortes anunciadas" (VICE, 2011), com entrada gratuita, e conta também com a participação do trabalhador rural  e agente pastoral da CPT, Cosme Capistano da Silva, que atua em Boca do Acre e vive sob ameaça de morte desde 2013.


O documentário “Toxic Amazon: uma crônica de mortes anunciadas" (VICE, 2011), será exibido neste domingo, no Museu da Imagem e do Som (MIS), com entrada gratuita (MIS - Avenida Europa, 158, Jardim Europa. RacioCine – Auditório LabMIS, 18h). Após a projeção acontecerá um bate-papo, com as presenças de Claudelice Santos, irmã caçula de José Claudio, e de Cosme Capistano da Silva, agente pastoral da CPT,

Shell insiste no erro

Após acidentes e multas, Shell anuncia novo plano de exploração do Ártico para o próximo ano, embora não defina os locais exatos


Plataforma de perfuração da Shell no Alaska, em 2013. (© Tim Aubry / Greenpeace)

A petrolífera anglo-holandesa Shell parece não se convencer, mesmo após péssimas experiências, de que explorar petróleo no Ártico pode ser uma grande roubada. Prova disso é o plano de exploração para 2015, entregue pela companhia ao governo norte americano essa semana tentando, uma vez mais, extrair petróleo da região.
Nos últimos anos, a Shell tem tido muitos problemas na região ártica do Alasca, onde abriu dois poços de exploração em 2012. Após lidar com vazamentos e o náufragio de uma plataforma, a empresa foi pressionada por grupos ambientalistas, entre eles o Greenpeace, a encerrar suas operações de alto risco na região. A Shell não chegou a apresentar um plano de contingência satisfatório para as condições árticas: águas extremamente geladas, icebergs, tempestades, escuridão e a presença de vida animal já ameaçada.
“A Shell vê isso [a entrega de um plano ao governo] apenas como uma formalidade, acreditando que poderá fazer o que bem entender na região. A companhia está ignorando diversos estudos de agências reguladoras e instituições ambientais, tudo por mais um pouco de petróleo”, defende John Deans, da campanha Salve o Ártico, referindo-se às reservas de petróleo da região, suficientes para abastecer o planeta por apenas mais 3 anos.
Segundo a empresa, o novo plano consiste em duas plataformas operando no Mar de Chukchi, região do Alasca que faz parte do Ártico, onde ela estima uma produção de 400 mil barris de petróleo por dia.
“Mais de US$ 6 bilhões já foram gastos até agora pela Shell, e tudo que eles têm a mostrar são águas contaminadas, uma plataforma naufragada e uma nota de imprensa sobre o desastre”, conclui Deans.

Vacilona da eficiência

Em Betim, Fiat é relembrada do desafio de produzir motores mais modernos. Eficiência dos veículos brasileiros não pode acabar em pizza.


Ativistas em protesto na sede da Fiat, em Betim, em Minas Gerais, pedem que a montadora líder de vendas no país se comprometa com eficiência energética. (©Paulo Pereira/Greenpeace)

Quase ninguém sabe que Turim, na Itália, foi capital do país entre 1861 e 1864, mas quase todo mundo sabe que esta é a  cidade-sede da Fiat, uma das maiores empresas automobilísticas do mundo e uma das líderes de vendas no Brasil. Líder de venda e de mercado no país, mas não de eficiência. O Greenpeace foi até a sede da empresa, em Betim, em Minas Gerais, para lembrá-la do desafio que foi lançado em abril deste ano que pede motores mais eficientes para os veículos brasileiros e que ela tem que deixar de vacilar.
A empresa foi surpreendida hoje pela manhã com ativistas que escalaram um dos portões de entrada e penduraram um banner que dizia ‘Não mate a Mama de desgosto’ e com um rolo de massa de seis metros que remetiam às tradicionais raízes italianas da marca. Também havia ativistas fantasiados de italianos com as mensagens “Carro moderno é carro eficiente” que pediam que a eficiência da Fiat não acabe em pizza, ou seja, que uma questão tão importante quanto a qualidade dos motores da empresa não seja ignorada.
Com o ‘lançamento do ano’, a organização colocou nas ruas, em abril, sua campanha por mais eficiência veicular e por incentivos à eletromobilidade. O carro da Idade da Pedra que circulou em São Paulo convidando o público a fazer um test-drive foi uma sátira que desafiava as três montadoras que mais vendem carros no país – Fiat, Chevrolet e Volskwagen – a adotarem tecnologia mais moderna em seus carros, para que eles consumam menos combustível e emitam menos gases de efeito estufa.
O estudo “Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa”, feito pela Coppe/UFRJ em parceria com a organização, propõe que a indústria brasileira se comprometa com as mesmas metas de eficiência energética que já estão em voga na União Europeia, até 2021. Ou seja, o Brasil precisaria aumentar em 41% a eficiência dos veículos brasileiros, se tomarmos como base as taxas de 2011.

Com tecnologia mais moderna, o Brasil teria, em 2030, emissões mais baixas que as de hoje, mesmo que a frota de veículos dobre, como é estimado, e os brasileiros economizariam cerca de R$287 bilhões até 2030 já que consumiriam menos combustível. Pensar a emissão do setor de transportes é fundamental para o país já que este é um dos maiores responsáveis pelas emissões de gases estufa no Brasil. De 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, o salto das emissões do setor foi de 143%, e continua aumentando.
Dois dias depois do lançamento da campanha e após milhares de mensagens direcionadas à empresa, a montadora respondeu ao Greenpeace. Em seu posicionamento, enviado por e-mail à quem assinou a petição, a Fiat numerou várias medidas que mostravam seu comprometimento com inovações que reduzem o impacto ambiental de seus veículos.
Citou um de seus novos carros que emitem menos CO2 que a média e destacou que 97,5% de seus automóveis são flex, podendo ser abastecidos com álcool, combustível renovável. No entanto, motores flex não significam ganhos em eficiência e existem impactos socioambientais relacionados à produção de biocombustíveis no Brasil.
“Apesar dessa resposta, o Greenpeace mantém sua posição e reforça o desafio à Fiat. Se a empresa já é capaz de aplicar inovações em alguns de seus automóveis, por que não se compromete com as mesmas metas de eficiência energética europeias?”, disse Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “A tecnologia existe, deve ser exigida nos veículos brasileiros e vamos pressionar a Fiat para que isso aconteça. Não aceitaremos respostas vazias”, concluiu Magno. 

Wednesday, August 27, 2014

Meio ambiente em alta por vias indiretas

O primeiro debate entre presidenciáveis para as Eleições de 2014, promovido pelo Grupo Bandeirantes ontem, terça-feira (26), deixou claro que questões relacionadas a meio ambiente e sustentabilidade estão em alta - ainda que de maneira indireta.

Limitações do atual modelo energético, propostas para a melhoria da mobilidade urbana (diretamente relacionada às emissões de gases de efeito estufa), demarcação de terras indígenas (que, assim como unidades de conservação, têm grande importância para a preservação das florestas), reforma agrária e agricultura familiar foram temas recorrentes no embate entre candidatos. Dessa forma, questões que estão na raíz dos problemas do desmatamento e das mudanças climáticas ocuparam importante espaço.

Seguiremos pressionando para que os candidatos apresentem propostas qualificadas e assumam compromissos concretos!

*Pedro Telles é Assessor de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil

Reconhecimento internacional

Ações do Greenpeace e esforços do MPF foram apontados como fundamentais para a redução do desmatamento no Brasil, em relatório da Union of Concerned Scientists (UCS)

Campo de Soja próximo a Santarém, no Pará, ao lado de trecho de floresta Amazônica. A Moratória da Soja, firmada em 2006, vem contribuindo para a preservação do bioma, graças ao comprometimento das empresas em não adquirir grãos produzidos em áreas desmatadas. (© Karla Gachet/Panos/Greenpeace)


Em sua mais recente publicação, sobre experiências de gestão ambiental que deram certo, a União dos Cientistas Preocupados (Union of Concerned Scientists - UCS) classificou a Moratória da Soja e do gado, a iniciativa pelo Desmatamento Zero, todas ações encabeçadas no Brasil pelo Greenpeace, com apoio de parceiros, e a atuação do Ministério Público Federal como os principais motivos para a redução do desmatamento na Amazônia brasileira nos últimos anos.
O documento,  “Histórias de Sucesso no Âmbito do Desmatamento – Nações Tropicais onde as políticas de proteção e reflorestamento deram certo”, traz como exemplo os avanços obtidos por países como Madagascar, El Salvador, Quênia, Vietnã, Moçambique e Brasil em deter o avanço da degradação ambiental e seus impactos, a partir de diferentes iniciativas, tanto de âmbito social como político.
Neste cenário, o avanço obtido pelo Brasil desde 2006 é considerado excepcional. De acordo com o levantamento, na década de 90 o Brasil foi um dos países que mais desmatou florestas tropicais no mundo, ocupando a 4º posição, logo à frente da Indonésia, no ranking de maiores emissores de CO2 do planeta.
Na virada do milênio, entretanto, o País levou um ‘choque de realidade’ e, apesar de a maioria dos setores terem mantido ou aumentado as emissões no período de 2001 a 2011, houve uma tendência geral de redução no Brasil, de 750 milhões de toneladas de CO2 ao ano, o que representa um corte de quase um terço do total jogado na atmosfera. Segundo a análise do grupo, esta redução só foi possível graças ao sucesso do País no quesito ‘mudanças de uso da terra’, onde as emissões despencarem 64%.
“A redução nas emissões do setor das mudanças de uso da terra teve essencialmente origem na diminuição do desmatamento na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Cerca de 60% da floresta amazônica pertence ao Brasil, e aproximadamente 80% da floresta original ainda sobrevive. Mas até somente uma década atrás, a floresta estava desaparecendo a passos rápidos, tornando o Brasil o líder em desmatamento em todo o mundo naquela época e a terceira maior fonte de emissões de gases que causam o aquecimento global, depois dos Estados Unidos e da China”, detalha o relatório.
De acordo com o grupo de cientistas, esta mudança “sem precedentes” começou a acontecer a partir de 2006, com o estabelecimento da Moratória da Soja, acordo motivado pelo relatório “Comendo a Amazônia”, publicado naquele ano pelo Greenpeace, que expunha as relações entre a indústria de soja e o desmatamento da Amazônia, com o aquecimento global, a poluição da água e o trabalho escravo.
Graças a pressão exercida pelo Greenpeace em duas grandes empresas, a Cargill, comerciante mundial de grãos e soja, e McDonald’s, maior cadeia de fast food no mundo, algumas semanas após a divulgação do relatório, a indústria nacional de soja,  por meio de suas duas principais associações comerciais, a Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais e a Associação Nacional de Exportadores de Cereais, que declararam uma moratória de desmatamento, comprometendo-se a não comprar nenhum grão de soja produzido nas terras da Amazônia após 24 de junho de 2006.
“Seis anos após a entrada em vigor da moratória da soja, estudos com base em imagens de satélite permitiram mostrar o seu sucesso. Rudorff et al. (2011) descobriram que até o ano-safra 2009–2010 apenas 0,25% de terras com cultura de soja tinham sido cultivadas em áreas desmatadas desde a implementação da moratória. Esses campos criados pelo desmatamento da Amazônia representaram apenas 0,04% da área total de soja no Brasil”,  esclarece o documento.
Os pesquisadores identificaram, ainda, que apenas um ano depois da entrada em vigor da moratória, a ligação entre o desmatamento e a produção de soja havia sido finalmente quebrada no Mato Grosso, Estado que atingiu então os menores níveis de derrubada de florestas até então.
Da mesma maneira, o relatório “Abatendo a Amazônia” (Slaughtering the Amazon), divulgado pelo Greenpeace em 2009, expondo a conexão entre a produção de gado na Amazônia com a degradação do bioma,  teve efeito imediato no mercado e entre produtores, que assumiram o compromisso de não adquirir mais gado produzido em fazendas envolvidas com ilícitos ambientais e sociais na região.
Outro “sucesso” do Greenpeace no País, segundo o documento da UCS, foi a defesa do Desmatamento Zero, “que se tornou uma força importante contra as grandes fazendas que tradicionalmente dominavam a Amazônia e os novos atores do desmatamento”.
Apesar do sucesso comprovado das iniciativas, a Moratória da Soja, por exemplo, teve sua extinção decretado para o final deste ano, sem que as empresas e governos tenham chegado a um consenso sobre um mecanismo que possa substituir, de maneira eficiente, o acordo.
“Essa ascensão indica que o progresso do Brasil na redução do desmatamento terminou? Ou é uma inversão temporária, similar àquela que ocorreu em 2008, seguindo-se de novo uma tendência decrescente? Neste momento, é simplesmente muito cedo para se prever. O Brasil inscreveu seu plano para reduzir o desmatamento em 80% em 2020 na lei nacional (Governo do Brasil, 2009), mas para que haja um progresso continuado será necessário redobrar os esforços para reduzir as emissões”, sentencia o relatório.
A UCS tem sede nos Estados Unidos da América, e reúne 400 mil cientistas, estudantes e pesquisadores, de diversas especialidades, de todo o mundo, que trabalham a partir de análises técnicas, políticas e cientificas, para propor inovações e soluções práticas para um mundo mais saudável e sustentável.

Tuesday, August 26, 2014

Um presente para o planeta - Festa Consciente


terça-feira, 26 de agosto de 2014 Um futuro para o planeta

O laço essencial que nos une é que todos habitamos este pequeno planeta. Todos respiramos o mesmo ar. Todos nos preocupamos com o futuro dos nossos filhos. E todos somos mortais.” - John Kennedy.
Com este pensamento em mente, vemos o quanto as pessoas precisam se conscientizar sobre o mundo que habitam. Hoje a população já tem a consciência de que o planeta está correndo grande perigo e que precisamos fazer algo.
Para ajudar o planeta você pode contribuir de muitas formas, partindo do ativismo de rua, protestando de forma pacífica, até o compartilhamento de petições que pedem projetos de lei para a proteção de nosso maior bem: o futuro do planeta.
Então, viemos mostrar para você mais uma maneira de deixar a sua marca positiva no nosso planeta e para as futuras gerações: a Festa Consciente.
Esta é uma plataforma online que oferece um jeito diferente de presentear as pessoas, e funciona através de vale-doações. Você escolhe os presentes que quer ganhar, a instituição que quer ajudar e a galera da organização Presente Consciente prepara os convites da sua festa. Seus convidados recebem um código para identificar a festa e, online, fazem a doação para a festa e para a instituição que você escolheu ajudar.
Até seus filhos podem ajudar, com a sua supervisão. Se você quer saber mais, clique aqui e confira o material que a Presente Consciente preparou sobre.
É claro que nós, do Greenpeace, também estamos nessa. Que tal fazer uma super festa ajudando o planeta?
Festa Consciente
 

Bem-vindos ao passado

Diante de resposta vazia da General Motors, ativistas do Greenpeace relembram a empresa que ela tem que se comprometer com melhores metas de eficiência


Em protesto na Chevrolet, em São Caetano do Sul, Greenpeace relembra uma das líderes de vendas no país que esta deve se modernizar e passar a produzir carros mais eficientes (©Paulo Pereira/Greenpeace)

Ir até a fábrica da Chevrolet, em São Caetano do Sul, em São Paulo, parece uma verdadeira volta ao passado. Da fachada em estilo colonial que remete a séculos passados aos veículos que ali são produzidos, tudo está mais do que antigo e defasado. O Greenpeace foi hoje até a entrada de um dos portões da Chevrolet para lembrar a empresa de que é hora de se modernizar e de investir na eficiência de seus veículos.
“Depois de uma resposta vazia às nossas demandas por maior eficiência energética, decidimos vir até a Chevrolet para relembrá-la do desafio de ter motores mais eficientes, e deixar claro que não vamos aceitar falta de diálogo e de compromisso por parte da empresa”, disse Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia.
Em abril de 2014, o Greenpeace lançou um desafio para as três maiores montadoras de veículos no país, entre elas a Chevrolet. Com base no estudo “Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa”, feito pela Coppe/UFRJ em parceria com a organização, a proposta lançada foi a de que a indústria brasileira tem que se comprometer com as mesmas metas de eficiência energética que já estão em voga na União Européia, até 2021.
Na prática, isso significaria aumentar em 41% a eficiência dos veículos brasileiros, se tomarmos como base as taxas de 2011. Se os carros aqui produzidos tivessem tecnologia mais moderna, consumiriam menos combustível – economia equivalente a R$287 bilhões até 2030 – e também significaria que, em 2030, o Brasil teria emissões mais baixas que as de hoje, mesmo que a frota de veículos do país dobre, como é estimado.

Vale lembrar que, hoje, o setor de transportes é um dos maiores emissores de gases estufa no Brasil. De 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, o salto de suas emissões foi de 143%, e continua aumentando.
Diante do pedido de modernização, a Chevrolet levou um mês para enviar uma resposta ao Greenpeace, mas foi como se não tivesse respondido. Na carta, a empresa mencionava acreditar já fazer sua parte e listava uma série de processos que adota em sua cadeia produtiva para mitigar impactos ambientais. No entanto, não havia nenhuma linha sobre como a empresa pretende melhorar a eficiência energética e reduzir o consumo de combustível dos veículos que saem de sua fábrica.
Com as mensagens “Bem-vindo ao passado” e “Carro moderno é carro eficiente”, ativistas ironizaram o fato de a Chevrolet ainda estar no passado quando o tema é eficiência. Além disso, motores – símbolo do que a empresa precisa transformar em sua cadeia de produção – foram deixados diante da entrada da fábrica. “A Chevrolet ouviu nossa demanda, mas não nos escutou de fato. Enquanto isso prosseguir, continuaremos pressionando a empresa para que ela se comprometa com os consumidores brasileiros e com o meio ambiente”, concluiu Magno.
Ajude-nos a pressionar as montadoras à se modernizarem. Assine e compartilhe a petição.

O vale tudo da política ruralista

Diálogo interceptado pela PF revelou a interferência indevida de ruralistas na tramitação da PEC 215, que passa para o Congresso Nacional a competência de aprovar a demarcação das Terras Indígenas


Em setembro de 2013 ativistas do Greenpeace realizaram uma ação na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em apoio à semana de Mobilização Nacional Indígena. O protesto pacífico buscava chamar atenção para o avanço de propostas no Congresso que tentam retalhar os direitos dos povos indígenas à terra, como a PEC 215 (© Greenpeace)

Uma ligação interceptada pela Polícia Federal, durante as investigações sobre uma organização criminosa especializada na grilagem de terras no Mato Grosso, identificou a interferência indevida de ruralistas na tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere para o Congresso Nacional o direito exclusivo de demarcar terras indígenas, bem como ratificar as terras já homologadas. Sua aprovação acarretaria na não demarcação de novas terras, já que isso dependeria de votação do Congresso, que é altamente influenciado pela bancada ruralista.
Na gravação, o líder da Associação de Produtores Rurais de Suiá-Missú (Aprossum), que fica no Mato Grosso, o ruralista Sebastião Ferreira Prado, pede contribuição para uma “vaquinha” de R$ 30 mil, que seria usada para pagar um advogado ligado a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que estava a frente da redação do relatório da PEC 215, na Comissão Especial que aprecia a matéria na Câmara dos Deputados, com a intenção de incluir pontos de “interesse” do grupo.
“O cara que é relator da PEC, o deputado federal, quem está fazendo para ele a relatoria é o Rudy, que é companheiro nosso, advogado da CNA. E nós temos que pagar uma assessoria para ele, para colocar as coisas de interesse nosso, e esse ‘trem’ custa R$ 30 (mil) conto. Precisamos arrumar R$ 20 (mil) conto até amanhã”, revela o trecho interceptado pela PF, apenas um dia antes de Sebastião Prado ter sua prisão preventiva decretada, do dia 7 deste mês.
Em seu pedido de prisão preventiva, o procurador da república Wilson Rocha Assis justifica a detenção de Prado pelo fato de o acusado estar “subvertendo a lógica democrática do processo legislativo”, ao propor o pagamento pela relatoria.
Segundo o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, quando uma PEC é proposta na casa é preciso criar uma Comissão Especial, que deve analisar e discutir seu conteúdo antes de emitir um parecer sobre sua viabilidade.  Neste caso, o relator escolhido para analisar o projeto foi o deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR).  O problema, segundo decisão do juiz federal Paulo Cezar Sodré, foi que este trabalho foi terceirizado para um advogado externo a comissão, que faria o serviço mediante pagamento.  Além disso o advogado está ligado à Confederação Nacional da Agricultura, a quem a PEC seria extremamente vantajosa.
Outro ponto destacado pelo juiz é o fato de que Sebastião seria diretamente beneficiado com a aprovação da PEC, já que isso lhe permitiria pedir a revisão da demarcação das terras Marãiwatsédé, local em que a Aprossum atua para impedir a reintegração de posse ao povo Xavante, promovendo atividades criminosas, como a depredação de bens públicos federais, cárcere privado de servidores públicos e ex-posseiros, obstrução de estradas, ameaças, furtos de bens da União e incêndios criminosos.
“O caso trazido a público pelo MPF/MT e pela PF traz luz sobre o tipo de política defendida pelos ruralistas e sobre sua maneira de agir para garantir que seus interesses sejam atendidos.  Para privilegiar seus interesses vale tudo,  desde passar por cima de direitos tradicionais  - já no cerne da PEC 215 - até o uso de ilegalidade no processo, como esse encontrado na intercepção telefônica”, ressalta Cristiane Mazzetti, da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Terra Indígena Marãiwatsédé e a luta dos Xavantes
Em 1966 um grupo de 400 Xavantes foi retirado de suas terras para permitir a expansão da fazenda Suia-Missú. Em 1992, no entanto, durante a Conferência Mundial do Meio-Ambiente (Rio 92) a empresa Agip Petróleo, que havia adquirido a área, comprometeu-se a devolve-la a seus donos originais.


Grupo de índios Xavantes realizaram uma ação, a bordo do Rainbow Warrior, em sua passagem pelo Brasil em 2012. Os indígenas pediam o reconhecimento de seus direitos, que vinham sendo negligenciados há 20 anos. (© Marizilda Cruppe/Greenpeace)

Em 1993 foi editada então a Portaria 363, do Ministério da Justiça, reconhecendo a TI Marãiwatsédé como de ocupação tradicional dos Xavante e garantindo sua demarcação. Mas, apesar de terem sido reconhecidos como os donos legais das terras, os Xavantes tiveram muitos problemas para regressar ao local. Desde então grupos organizados de posseiros  ingressaram com diversos pedidos na justiça solicitando a anulação da reintegração de posse e, mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal, estes grupos continuam agindo com violência e invadindo a área para impedir o retorno dos indígenas.
Em agosto de 2013, em uma das tentativas da Polícia Federal de desocupar a região, posseiros queimaram 60% da Terra Indígena para, segundo o procurador MPT/MT, “impedir os indígenas de usufruírem pacificamente de seu território”.  Neste cenário, a Aprossum, presidida por Sebastião Prado, é vista pela PF e pelo MPF como ponto central de uma organização criminosa inserida “em estruturas políticas e associativas locais, cujos líderes atuam cooptando e insuflando multidões utilizadas como massa de manobra, mobilizadas por discursos de ódio contra a população indígena”, relata o procurador Assis.
A ação aponta ainda que, entre as práticas desta organização, estão o pagamento de propina, incitação a violência, além de privação de liberdade, já que grileiros que demostravam intenção de sair das terras eram coagidos e mantidos á força no local, para “não enfraquecer o movimento”.
Infelizmente, o direito e  o destino de milhares de indígenas brasileiros estão ameaçados por este tipo de política, caso a PEC 215 seja aprovada no Congresso. O Greenpeace é contrário a este projeto e continuará trabalhando para tornar pública a exploração incondicional da Amazônia. 

Saturday, August 23, 2014

Mãos unidas contra o carvão


Milhares de pessoas de quase 30 países deram as mãos na fronteira entre Alemanha e Polônia simbolizando o pedido do fim da era do carvão (©Jakob Huber/Campact)

Mais de 7500 pessoas de quase 30 países deram as mãos, hoje, como um símbolo contra o que poderá ser a maior mina de carvão a céu aberto na Europa, e pediram a mudança para energias limpas.
Com oito quilômetros de extensão na fronteira entre Alemanha e Polônia, a corrente humana ligou as comunidades de Kerkwitz e de Grabice. As duas cidades, assim como outras localidades próximas, correm o risco de se tornarem vítimas da mina a céu aberto. A fronteira foi cruzada em Gross Gastrose, onde bombeiros entraram no rio Neisse e ajudaram a formar uma corrente ininterrupta.
“É muito inspirador ver que mais de 7500 pessoas dos mais diversos países do mundo se uniram hoje para pedir um futuro sem um combustível sujo como o carvão. Isso dará força para que as pessoas da região continuem lutando com coragem durante os próximos anos contra a instalação da mina”, disse Meri Pukarinen, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Polônia. “Nós não vamos desistir até que os políticos entendam que a maioria das pessoas não quer esta mina aqui”, concluiu Pukarinen.
Empresas de energia como Vattenfall e PGE planejam seis novas minas a céu aberto na região de Lusatia, na fronteira entre Alemanha e Polônia. Se estes planos forem concretizados, mais de 20 vilarejos serão destruídos e mais de 6 mil pessoas perderão suas residências – muitas delas contra suas vontades pessoais.
É válido ressaltar que tais minas seriam responsáveis por, pelo menos, 2 bilhões de tonelas de CO2 adicionais na atmosfera – mais do que o dobro das atuais emissões anuais da Alemanha. “Lusatia está para se tornar o palco de um dos maiores crimes ambientais europeus. Precisamos impedir que essas minas se instalem aqui ou não haverá chance para que a Europa consiga alcançar as metas climáticas que ela mesmo estipulou”, lembrou Pukarinen.
A idéia da corrente humana surgiu em grupos de resistência locais e apoiada por organizações como Greenpeace, Amigos da Terra, Climate Alliance, entre outras.

Friday, August 22, 2014

Artistas e políticos assinam pelo Ártico


Atriz Alice Braga. ©Reprodução 

A Declaração Internacional pelo Futuro do Ártico ganhou novas assinaturas essa semana. Alice Braga, Felipe Braga e Roberto Tripoli se posicionaram a favor da defesa do Ártico, assim como fizeram centenas de importantes figuras públicas do mundo inteiro.
O Ártico está se transformando diante de nossos olhos: a cada ano o gelo derrete mais e mais, e as empresas petrolíferas que visam explorar na região colocam em risco quatro milhões de pessoas que ali moram – sem contar a rica biodiversidade animal e vegetal que compõe o bioma ártico.
Atriz de um dos filmes mais famosos do circuito nacional, o consagrado “Cidade de Deus”, Alice Braga coloca seu nome na lista de defensores do Ártico. Ela também participou de outros sucessos internacionais, como os filmes “Na Estrada”, “Eu Sou a Lenda” e “Ensaio sobre a Cegueira”.
Também apoiam a iniciativa internacional o diretor e escritor Felipe Braga, conhecido por roteirizar a série de TV “Mandrake” e o filme “Latitudes”, e o vereador paulista e ativista do meio ambiente Roberto Tripoli.


Vereador Roberto Tripoli. ©Greenpeace

O diretor e escritor Felipe Braga. ©Greenpeace
 

Violência e impunidade: até quando?

Novos assassinatos de lideranças dos trabalhadores rurais mostram que a luta pela preservação da floresta e pelo direito à terra continua sendo respondida à bala.


Imagem da cena do crime, onde Paulino de Castro e sua esposa foram alvejados enquanto andavam de moto. Apenas em 2014, foram registrados 23 assassinatos no campo. (© OPantanalOnline / Divulgação)


A violência no campo segue fazendo vítimas na Amazônia.  No último sábado, dia 16, Josias Paulino de Castro, de 54 anos, e sua esposa  Ereni da Silva Castro, 35, foram assassinados no Mato Grosso, em Guariba, zona rural de Colniza. Josias era presidente da Associação dos Produtores Rurais Nova União (Aspronu) do Assentamento Projeto Filinto Müller. Cerca de uma semana antes, ele havia denunciado a extração ilegal de madeira na região, corrupção e emissão irregular de títulos de terra.
A CPT (Comissão Pastoral da Terra) divulgou uma nota denunciando e repudiando a onda violência no campo, que foi intensificada nos meses de julho e agosto desse ano.  “Mais uma vez são mortes anunciadas, sem que se tomem as devidas providências para evitá-las”, diz a nota.
No início de agosto, Josias havia participado de audiência com o ouvidor agrário nacional e autoridades do Estado do Mato Grosso, em Cuiabá. Na ocasião, denunciou políticos da região por extração ilegal de madeira. Também afirmou haver emissão irregular de títulos de terras.
Segundo a nota da CPT, ele havia dito que ele e outros agricultores estavam ameaçados: “Estamos morrendo, somos ameaçados, o governo de Mato Grosso é conivente, a PM de Guariba protege eles, o governo federal é omisso. Será que eu vou ter que ser assassinado para que vocês acreditem e tomem providências?”. Assim como Zé Claudio, assassinado em 2011, que afirmou em palestra que estava sofrendo graves ameaças, Josias anunciou a própria morte.
Ainda segundo os dados da CPT, ocorreram quatro mortes apenas na semana passada, além de outros sete assassinatos em julho. De acordo com os dados, em 2014 já foram registrados 23 assassinatos em conflitos no campo. No mesmo período de 2013, esse número também foi alto: 21.
Além do casal Castro, também foi assassinada a tiros, no último dia 13, a ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura de União do Sul, no Mato Grosso, Maria Lúcia do Nascimento, por conflitos agrários. Ela morava no assentamento Nova Conquista II e já havia registrado ameaças em Boletins de Ocorrência e em atas de denúncias feitas diretamente ao Ouvidor Agrário Nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho. Segundo a CPT, as ameaças foram testemunhadas, inclusive, por oficiais de justiça.
“Todos esses casos são conhecidos e já tinham sido denunciados. No entanto, as autoridades competentes se mantêm omissas e, por consequência, coniventes com essa barbaridade. Na Amazônia, a falta de governança e a impunidade só agravam a violência” disse Marina Lacôrte, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Queremos saber o que os candidatos vão fazer para dar um basta de uma vez por todas nessa situação”, completou ela.

Pará em chamas

Segundo dados do INPE o Estado apresentou um aumento de 363% nos focos de incêndio este ano. Em julho o Pará foi responsável pela maior área desmatada na Amazônia


Queimada em área previamente desmatada, para uso em pastagem, em região próxima a BR 163 (© Greenpeace/Rodrigo Baleia)

Com o início do período de seca na Amazônia, começa também a “limpeza” das terras, feita antes do plantio de lavouras e pastagens com o uso de queimadas, que causam enormes impactos ambientais. A prática, apesar de em alguns casos ser ilegal, é intensificada entre agosto e setembro. De janeiro a agosto deste ano o número de focos de calor no Brasil já é 93% maior que o registrado no mesmo período de 2013, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O bioma amazônico concentra o maior número de focos, com 87,5% do total registrado nos últimos dois dias pelo Inpe. De janeiro a agosto deste ano, segundo oa instituição, o número de focos de calor no Pará subiu 363%, comparado ao mesmo período de 2013. A situação é alarmante, especialmente no entorno da BR 163, nos municípios de Novo Progresso e Altamira.
“Alguns Estados criaram decretos recentes aumentando o rigor, mas a realidade mostra uma situação diferente. São milhares de focos acontecendo. Por trás de todos esses focos, há ação humana, de propósito ou descuido. Nada disso começa sozinho. Mas se a fiscalização for mais intensa, se queima menos”, observou o pesquisador Alberto Setzer,  responsável pelo monitoramento de queimadas por satélite no País, em entrevista à agência Amazônia Real.
“As queimadas destroem a vegetação do local e liberam dióxido de carbono, gás que contribui com o efeito estufa e consequentemente com as mudanças climáticas, colocando o Brasil na contramão de seu compromisso com a redução de emissões de gases do efeito estufa”, explica Cristiane Mazzetti, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Além de gerarem grande impacto no meio ambiente, as queimadas tem efeito também no cotidiano das cidades da região, que tiveram piora na qualidade do ar.  Segundo matéria do jornal Folha do Progresso, a cidade de Novo Progresso, no Pará,  “as ruas estão tomadas por poeira e a sensação é de mal estar, difícil até para respirar. A fumaça com a poeira torna-se um problema de saúde pública”, relata a reportagem.
Focos de incêndio no Pará
De acordo com análise do Greenpeace, baseada nos dados levantados pela NASA, Inpe, Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ibama, no Pará, os focos de calor concentram-se ao longo da BR 163, que liga o norte do Brasil, a partir de Santarém, ao Sul.
O processo de pavimentação da estrada está quase concluída, o que a tornará o novo corredor norte de exportação de grãos.  Os focos de incêndio nos arredores da BR-163 são  sinais de que a grilagem e a especulação de terra podem estar aumentando na região, já que as áreas próximas à estrada pavimentada tendem a ser valorizadas e diminuem o custo de transporte e de produção.
Infelizmente não são só os incendios que estão crescendo na  região, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que indica tendências e alertas de desflorestamento, o Pará já havia registrado no mês passado o maior índice de derrubada de florestas da região, contabilizando 57% do total desmatado na Amazônia legal.
A região teve, inclusive, áreas fiscalizadas e embargadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e que agora estão queimando. “Essas regiões são áreas de expansão da fronteira agrícola e muitas estão  dentro de Unidades de Conservação, como  as Florestas Nacionais do  Jamaxim, e de  Altamira,  e nos arredores de Terras Indígenas.  Outro fato relevante é que as detecções de desmatamento recentes estão coincidindo com áreas que apresentam focos de incêndio, o que mostra uma falha no controle de desmatamento”, afirma Mazzetti
O contexto político de flexibilização de leis ambientais somado aos holofotes voltados às eleições podem ter contribuído para o aumento dos focos de incêndio na região Amazônica. Não podemos nos esquecer que em 2012 foi aprovado um novo Código Florestal que anistiou  “desmatadores”, abrindo um precedente que incentiva o crime ambiental e já vimos no final de 2013 um aumento do desmatamento na Amazônia Legal – que vinha diminuindo desde 2004.
Somado a este cenário as inúmeras propostas de projeto de leis apresentadas pelos ruralistas para a diminuição dos limites das Unidades de Conservação também torna essas áreas frágeis e alvo de queimadas e desmatamento na esperança de que um dia abandonem o status de áreas protegidas, como ficou evidenciado no caso do Pará.
A região sofre, ainda, com a falta de governança e especulação de terras tendo uma  capacidade reduzida dos órgãos responsáveis pela fiscalização do desmatamento e todos estes fatores contribuem com a destruição da floresta.


No detalhe, a região centro-sul do Pará, no entorno da BR 163, vem sendo alvo de queimadas, utilizadas para a preparação do solo para início do plantio de lavouras e pastagens. Em alguns casos, os focos de queimada ocorrem dentro ou próximos de Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Thursday, August 21, 2014

Eduardo Jorge se compromete com propostas do Greenpeace

Candidato à presidência da República visita a organização e assume a meta de solarizar um milhão de casas, caso eleito.


Candidato Eduardo Jorge, do Partido Verde, assina Lei Popular pelo Desmatamento Zero. ©Greenpeace

 “O Brasil vai promover sua grande revolução energética quando der ao cidadão comum a possibilidade de produzir a energia elétrica que precisa para viver”, declarou Eduardo Jorge, candidato do Partido Verde à presidência da República, ao visitar a sede do Greenpeace em São Paulo na manhã da quarta-feira 21 de agosto.
Eduardo se comprometeu com a proposta que a organização faz a todos aos presidenciáveis: que o próximo presidente da República viabilize a implementação de painéis de energia solar em um milhão de casas brasileiras no período de quatro anos.
A meta é uma espécie de pontapé inicial para que esse tipo de energia passe a ganhar espaço no país. “É preciso começar já a mudar a matriz energética brasileira e acabar com a ideia de que energia elétrica só se faz com gigantescas hidrelétricas”, diz o candidato. “Com essa medida, além de quebrarmos o monopólio das grandes incorporadoras, beneficiaremos a economia, a saúde, os recursos naturais e o planeta”, completa.
O presidenciável também solicitou ao Greenpeace ajuda na coligação que pretende formar para pedir à presidente Dilma Rousseff o encerramento do contrato nuclear Brasil/Alemanha (responsável pelas usinas Angra I e II), que deve ser pedido em novembro deste ano.
“Para se ter uma ideia do potencial da energia solar no Brasil, se cobríssemos 5% da área urbanizada do Estado do Rio de Janeiro com placas solares, toda região estaria abastecida com energia elétrica. Mas infelizmente o país ainda não investe o suficiente no setor.”, acrescenta Marcio Astrini, do Greenpeace Brasil.
O candidato ainda assinou o projeto de lei popular Desmatamento Zero e aderiu à campanha Salve o Ártico.


Candidato Eduardo Jorge, do Partido Verde, é o mais novo signatário da Declaração Internacional do Ártico. ©Greenpeace


A organização estendeu a apresentação de suas propostas na área de energias renováveis a todos os candidatos. Luciana Genro, do PSOL, esteve em nossa sede em julho para ouvir o que a ONG tem a dizer.
O Greenpeace está pressionando os candidatos a assumirem compromissos e metas para incluir temas socioambientais entre as prioridades políticas do País. Saiba mais em www.pressioneverde.org.


Wednesday, August 20, 2014

Quando o calo aperta

Atividade do Greenpeace gera manifestações públicas de partidos políticos, no entanto, o tema mobilidade urbana ainda precisa ganhar espaço no debate.


Intervenção em ponto de ônibus próximo ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo, desafia governantes a assumir compromisso com mobilidade urbana de qualidade (©divulgação)

‘Não visou influenciar a votação e não configura crime eleitoral’. Essa foi a decisão do juiz Marcelo Coutinho Gordo, do Tribunal Região Eleitoral de São Paulo a respeito da intervenção urbana do Greenpeace há exatamente uma semana. A organização colocou em vários pontos de ônibus da cidade um anúncio conjunto da Presidente Dilma e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que informava que a extensão do metrô de São Paulo iria dobrar até o final do ano.
Na quarta-feira, os cartazes geraram um verdadeiro rebuliço – tanto pela promessa que parecia inalcançável quando pela união de Dilma e Alckmin – e no debate público, houve acusação de terrorismo eleitoral, gente achando que se tratava de caça à votos e partidos procurando culpados. A propaganda atingiu a coordenação das campanhas dos partidos envolvidos, que anunciaram ações na justiça eleitoral. O suspense se manteve até a quinta-feira de manhã, quando o Greenpeace revelou a assinatura do protesto.
O anúncio, que até então parecia algo impensável, foi na verdade uma maneira de chamar atenção para o fato de que mobilidade urbana é um dever de todos os candidatos e que os desafios que temos pela frente vão além de disputas partidárias e promessas eleitoreiras.
Mesmo depois da organização ter assumido a autoria da intervenção, o governador do Estado de São Paulo e candidato à reeleição Geraldo Alckmin condenou a atitude do Greenpeace. Em seu relato, Alckmin disse que a ação causava desinformação quando “toda lógica eleitoral é prestar informações, ser transparente, prestar contas”.
No entanto, o governador não comentou sobre a pauta de mobilidade, sugerida pelo Greenpeace, não comentou o que deixou de cumprir em seu atual mandato e nem deixou claro como pretende avançar melhorias em mobilidade urbana no estado, caso seja reeleito. No balanço dos últimos quatro anos, por exemplo, apenas 13% do que havia sido prometido de expansão do metrô virou realidade.
O Greenpeace reforça que esse erro não pode se repetir. Em ano eleitoral, a organização pede aos candidatos à Presidência que priorizem investimentos regulares na mobilidade urbana. Como só investimento não vira realidade, o governo federal precisa também se envolver com a capacitação e a implementação de projetos em nossas cidades.
Já os governadores de Estado não podem encarar as melhorias de mobilidade como carta eleitoreira – as mudanças e compromissos assumidos precisam começar já em 2015, evitando que, daqui há quatro anos, elas continuem na lista de promessas. O Brasil precisa de verdadeiro compromisso com melhorias em mobilidade urbana.

Tuesday, August 19, 2014

Governo omite informações sobre degradação na Amazônia

O mapeamento da degradação florestal dos últimos três anos já foi realizado pelo Inpe, mas os dados ainda não foram divulgados pelo governo. Essa omissão prejudica o monitoramento da extração ilegal de madeira na região


Extração predatória de madeira no Pará (©Greenpeace/Marizilda Cruppe)

O sistema Degrad, lançado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) em 2008, mapeia anualmente as áreas de floresta degradadas, ou seja, aquelas que são exploradas e estão em processo de desmatamento mas ainda não sofreram corte raso e por isso não tiveram a cobertura florestal totalmente removida.
A exploração madeireira é comum nesses locais e por isso o Degrad acaba sendo a melhor ferramenta que o governo federal tem em mãos para identificar também as áreas onde essa exploração é feita de forma predatória e ilegal.
A somatória das áreas mapeadas serve como um índice anual de degradação florestal. Esse índice foi anunciado regularmente pelo governo desde que o Degrad foi lançado até o ano de 2011, com os dados referentes à 2010, porém, desde então, nada mais foi divulgado a respeito.
Agora, o projeto “Mídia e Desmatamento na Amazônia”, da ANDI, revelou que o Inpe tem os dados do mapeamento da degradação da cobertura florestal na Amazônia referentes a 2011, 2012 e 2013, porém, eles ainda não foram divulgados.
Segundo a matéria veiculada no site do projeto, cabe ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), órgão ao qual o Inpe é diretamente ligado, e ao Ministério do Meio Ambiente decidir sobre a divulgação pública dos dados do Degrad, assim como de outros projetos de monitoramento.
“Nós estamos acompanhando o processo de produção de dados sobre o monitoramento que o Inpe faz da cobertura florestal na Amazônia e percebemos que eles estão menos transparentes: o Prodes, o Deter e o Degrad [ferramentas de monitoramento] estão com sua divulgação atrasada. Só que essas informações interessam à sociedade, elas não são monopólio do Ministério do Meio Ambiente”, disse Marco Gonçalves, editor do Mídia e Desmatamento na Amazônia.
O Degrad é capaz de “enxergar” áreas a partir de 6,25 hectares, muito menores do que as que o Prodes – o sistema oficial que analisa o desmatamento – consegue (25 hectares). Num contexto em que o desmatamento está mudando de perfil e busca áreas pequenas justamente para burlar os satélites, a divulgação desses dados seria essencial.
“Com esta absurda censura aos dados do Degrad, o governo tentar esconder que a floresta está sendo sistematicamente destruída pela exploração predatória e ilegal de madeira, que, como o Greenpeace mostrou na campanha Chega de Madeira Ilegal, acaba utilizando o próprio sistema de controle do governo para legalizar esse crime”, disse Marina Lacôrte, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
Se o governo não censurasse os dados, seria possível, por exemplo, a obtenção de um amplo levantamento de áreas protegidas onde ocorre exploração ilegal de madeira. A partir daí, haveria base para traçar análises e estratégias para combater frentes madeireiras que estão destruindo terras indígenas como a Cachoeira Seca, no Pará, a Caru, Awá e Alto Turiaçu, no Maranhão e Zoró, no Mato Grosso. Isso sem falar nas unidades de conservação Rebio Gurupi, também no Maranhão, e Resex Riozinho Anfrisio, no Pará – para citar apenas algumas que sofrem com o problema.
“O saque de madeira dentro de terras indígenas e unidades de conservação é grave, pois, além de acabar com a biodiversidade da floresta, gera violência e conflitos com as populações locais. No entanto, o governo prefere fechar os olhos: além de não controlar o setor madeireiro, ele está congelando a demarcação e a criação de terras indígenas e novas unidades de conservação e, pior, também não dá condições de implementação para as que já existem, permitindo o assédio dos madeireiros”, disse Marina.

Monday, August 18, 2014

MPF do PA propõe acordo sobre Soja

Com o fim anunciado da Moratória da Soja, o MPF do Pará tenta medida para evitar o crescimento desenfreado da cultura no Estado. Enquanto isso, soluções concretas ainda estão longe da realidade


Árvore solitária resiste em campo desmatado para o cultivo de Soja, ao sul de Santarém, no Pará. (© Daniel Beltrá/Greenpeace)

Compradores de soja que atuam no Pará assinaram, na noite de sexta-feira (15), o “Acordo Verde dos Grãos”, onde assumem junto ao Ministério Público Federal (MPF) do Estado o compromisso de não adquirir soja cultivada em áreas que sofreram desmatamento ilegal.
Mas apesar de extremamente louvável, a iniciativa traz uma alternativa mais flexível à Moratória da Soja, em funcionamento desde 2006, ao permitir a compra de fazendas com desmatamentos realizados até 2008, além de condicionar a aquisição regular ao uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) estadual do Pará, que apresenta problemas como sobreposições entre propriedades e até mesmo a existência de CAR dentro de Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
De acordo com o procurador Daniel Avelino, do MPF/PA, o texto foi baseado no documento assinado entre a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e o MPF no final do mês passado, o Acordo de Cooperação Técnica pela Pecuária Sustentável.
“Este é mais um importante passo para a indústria, apesar da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e seus associados já estarem comprometidos com a não comercialização de grãos vindos de área desmatadas desde de 2006, devido a Moratória da soja”, observa Rômulo Batista, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico o procurador Avelino afirma que o acordo chega para sanar “furos” contidos na moratória da Soja, assinada por tradings, produtores e organizações civis, com a defesa do Desmatamento Zero na Amazônia brasileira. "A gente via produtor signatário da Moratória 'esquentando' soja de origem ilegal...Alguns sojicultores de áreas embargadas vendiam para quem estava apto a comercializar", disse o procurador a reportagem do Valor.
“Infelizmente qualquer mecanismo está sujeito a ser burlado, ainda mais quando estamos falando de uma atividade tão lucrativa quanto a sojicultora”, ressalta Rômulo Batista.
Em janeiro deste ano o Grupo de Trabalho da Soja (GTS), formado por organizações da sociedade civil, o governo, as comercializadoras de soja, a Abiove e a Anec (Associação Nacional de Exportadores de Cereais), decidiu renovar o acordo da Moratória até 31 de dezembro de 2014.
As associações e empressas unilateralmente definiram que esta seria a última renovação. Até o momento, porém, nenhum mecanismo confiável que evite que o desmatamento contamine a cadeia produtiva da soja foi acertado. Assim como o Brasil também não mostrou avanços na implantação do Sicar (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural), ferramenta de regularização ambiental prevista no novo Código Florestal, aprovado em 2012.
“Para o Greenpeace é fundamental que a moratória continue ou que o novo sistema que venha a substituí-la tenha nos seus critérios um compromisso com o Desmatamento Zero, a continuidade do monitoramento da safra e um sistema de verificação que garanta que estes critérios estão sendo seguidos pela empresas”, conclui Batista.

Em uma semana, mais de cem vazamentos de petróleo

Oil Spill Patrol, grupo de voluntários do Greenpeace Rússia, identificou em apenas uma semana de trabalho 125 vazamentos de óleo na região de Usinsk, na Rússia

Voluntários do Oil Spill Patrol limpam vazamento de petróleo na região de Usinsk. (© Denis Sinyakov / Greenpeace)

Na República de Komi, na Rússia, a região de Usinsk é cenário de uma devastação silenciosa e velada. Após uma semana de trabalho do Oil Spill Patrol, grupo de voluntários do Greenpeace Rússia que patrulha vazamentos de petróleo em terra, mais de uma centena de derramamentos foram identificados, embora os responsáveis sejam ainda desconhecidos.
Dentre o total de 125 vazamentos constatados, alguns são recentes, outros completam décadas. O tamanho varia entre dezenas de metros e centenas de metros quadrados, impactando enormes áreas e seus habitantes. Os ativistas começaram a limpar um dos derramamentos para mostrar que é muito mais difícil eliminar as consequências de um vazamento do que se prevenir um. Mais de 50 toneladas de óleo foram coletadas pelos voluntários.
“Ao contrário de limpar e readequar o solo, como previsto em regulamento, as empresas petrolíferas não chegam nem a jogar areia sobre o petróleo vazado. Como resultado, temos a contaminação de centenas de hectares de terra e água subterrânea”, afirma Vasily Yablokov, líder do Oil Spill Patrol.

Voluntários do Oil Spill Patrol limpam vazamento de petróleo na região de Usinsk. (© Denis Sinyakov / Greenpeace)


O projeto nasceu de uma parceria entre o Greenpeace Rússia e o Comitê Salve Pechora – o Mar de Pechora, no norte da Rússia. O Oil Spill Patrol tem como objetivo chamar atenção a esse grande problema que corta o território russo, cuja solução passa longe dos ensejos do governo e das empresas de petróleo.
No dia 19 de agosto, uma mesa redonda em Usinsk, composta por grupos de regulamentação ambiental e empresas petrolíferas, debaterá recomendações feitas pelo Greenpeace para solucionar esse grave e recorrente problema.

Voluntários do Oil Spill Patrol limpam vazamento de petróleo na região de Usinsk. (© Denis Sinyakov / Greenpeace)
 

Friday, August 15, 2014

Um raio de Sol no fim do túnel

Regras de financiamento para projetos de sistemas fotovoltaicos são definidas pelo BNDES e são primeiro passo para incentivar energia solar


Projeto Juventude Solar, no Rio de Janeiro, instalou placas em Centro Comunitário (©Otávio Almeida/Greenpeace)

Depois de financiar Angra 3, grandes hidrelétricas na Amazônia e socorrer o rombo das distribuidoras de energia que vem pagando caro pela energia das termelétricas brasileiras, finalmente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) trouxe uma boa notícia: foi dado o primeiro passo para incentivar a geração de energia solar no Brasil.
Foram publicadas, nesta semana, as regras de financiamento para projetos de sistemas fotovoltaicos que participarão do leilão exclusivo para energia solar em 31 de outubro. A boa notícia foi a flexibilização do índice mínimo de nacionalização dos projetos fotovoltaicos. Geralmente, o índice fixo é de 60%, mas para este leilão específico quanto mais a empresa fabricar nacionalmente, melhores serão as condições de financiamento.
O financiamento, que prevê a cobertura de cerca de 70% do valor total dos projetos, terá como exigência básica que sejam produtos nacionais a moldura, os componentes elétricos e a montagem dos módulos. Já itens como fabricação de vidros, inversores e compostos de filme fino são opcionais, e a fabricação de células no país concede um bônus nas condições de financiamento.
Para entender o que esse passo significa, vale lembrar que a flexibilização das condições de financiamento foi determinante para o desenvolvimento da indústria eólica nacional. De 2009 até hoje, o Brasil teve um aumento expressivo de geração de eletricidade a parte dos ventos, saltou de 240 MW para 3750 MW e ainda deve superar os 16000 MW até 2020.
Mais pode ser feito pela energia solar
Depois desse passo importante do BNDES, espera-se que o governo siga apoiando a energia solar. Uma sinalização positiva seria garantir a contratação mínima de 500 a 1000 MW anuais em leilões específicos de energia, atraindo a indústria brasileira.
Outra forma de incentivar a fonte seria derrubando a tarifa do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) para equipamentos – como já acontece no Estado de São Paulo – e para a eletricidade proveniente de microgeração distribuída nas casas e empresas, como é o caso de Minas Gerais e Tocantins.
O maior banco de desenvolvimento do país pode e deve usar sua importância e relevância para articular, junto a outros bancos públicos e privados, a criação de linhas de crédito com juros baixos para a aquisição de sistemas fotovoltaicos de pequeno porte. Atualmente, as linhas de crédito disponíveis nessas instituições possuem condições desfavoráveis que inviabilizam a sua contratação pelos milhões de brasileiros que têm residências aptas a receber um sistema de microgeração.

Melhor mobilidade urbana tem que deixar de ser promessa

Em intervenção em pontos de ônibus na cidade de São Paulo, Greenpeace Brasil desafia governantes a assumir verdadeiro compromisso com transporte público de qualidade


Intervenção em ponto de ônibus próximo ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo, desafia governantes a assumir compromisso com mobilidade urbana de qualidade (©divulgação)

Os paulistanos acordaram nesta quarta-feira com uma surpresa:  cem pontos de ônibus das regiões da Vila Madalena, Avenida Paulista, Vila Mariana, entre outras, estampavam cartazes com a seguinte frase: “A espera acabou. Até o final de 2014 a extensão do metrô de São Paulo vai dobrar”. Os cartazes continham também uma foto-montagem de Geraldo Alckmin, atual governador do Estado de São Paulo, e de Dilma Rousseff, presidenta do Brasil. A união dos políticos de partidos diferentes também reforçava o estranhamento da “propaganda”.
A provocação realizada pelo Greenpeace Brasil tem o objetivo de pressionar os candidatos (Dilma é candidata à reeleição assim como Alckmin) a assumir verdadeiro compromisso com a melhoria do transporte público e com a mobilidade urbana para além de promessas eleitoreiras. A intervenção foi destaque na imprensa e provocou reações dos partidos dos candidatos. “Mas ninguém lembrou que o voto dos cidadãos é  sempre conquistado com promessas que depois não são cumpridas e que a população convive com condições indignas de transporte público”, afirma Barbara Rubim, da Campanha de Transporte do Greenpeace. “Isso tem que mudar”.
O planejamento inicial da atividade previa a revelação de seus objetivos e autoria no final da quarta-feira 13. Diante da comoção nacional e em respeito ao falecimento do candidato Eduardo Campos e equipe, o Greenpeace decidiu postergar a assinatura do protesto para hoje, quinta-feira.

Os cartazes continham também a hashtag #JuntosPelaMobilidade para incentivar a população a compartilhar a imagem e questionar o anúncio nas redes sociais. Esse objetivo foi atingido e o estranhamento alimentou inúmeras discussões na Internet, gerando respostas dos partidos envolvidos (PT e PSDB). A discussão de fundo, contudo - que trata exatamente da falta de compromisso dos governantes com a melhoria do transporte público e com a mobilidade urbana -, não recebeu a mesma atenção por parte das agremiações políticas. Resultado: mais uma vez a disputa partidária deixou em segundo plano o que realmente interessa à população.
No balanço dos últimos quatro anos do que foi feito no estado de São Paulo em relação ao investimento em transporte público, por exemplo, apenas 13% do que havia sido prometido de expansão do metrô virou realidade. O governo federal, por sua vez, repetiu o papel de transferir a responsabilidade. Limitou-se a acompanhar passivamente a incapacidade dos entes estaduais e municipais de não aplicar os recursos transferidos pela União para  desenvolver e executar os projetos de mobilidade urbana. Tanto é que, dos cerca de R$150 bilhões prometidos nos últimos anos, aproximadamente 30% foi de fato convertido em melhorias para a população.
O Greenpeace não quer que esse erro se repita. Por isso, desde 2013, desenvolve a Campanha de Transportes para pressionar os governantes a quebrar esse ciclo nocivo que compromete a qualidade de vida nas grandes cidades. Em ano eleitoral, a organização pede aos candidatos à Presidência que priorizem investimentos regulares na mobilidade urbana. Como só investimento não vira realidade, o governo federal precisa também se envolver com a capacitação e a implementação de projetos em nossas cidades. Os governadores não podem encarar as melhorias de mobilidade como carta eleitoreira – as mudanças e compromissos assumidos precisam começar já em 2015, evitando que, daqui há quatro anos, elas continuem na lista de promessas.
Confira abaixo algumas das promessas não-cumpridas pelo governo de São Paulo em relação à ampliação de sua rede metroviária:
  • Em 2010, ao ser eleito, o governador prometeu terminar a linha 4 do Metrô, criar o Expresso Guarulhos e a linha 6 do Metrô, que ligaria as regiões São Joaquim, Freguesia do Ó e Brasilândia. Nenhuma dessas se cumpriu;
  • Em 2012, prometeu entregar mais 126 km de malha metroviária para São Paulo até 2018;
  • No mesmo ano, disse que até 2014 a cidade teria mais 30 km de metrô. Desses 30 km, no entanto, somente 13% saiu do papel.
O Governo Federal também não deixa a desejar no quesito promessas que não saíram do papel:
  • Em junho de 2009 foi anunciado o trem-bala que, apesar de ser questionável, deveria ter sido entregue para a Copa do Mundo, e hoje está sem previsão de inauguração;
  • Em 2010 estava previsto investimento de R$11,6 bilhões (valor não corrigido pela inflação) para as obras de mobilidade que seriam o legado da Copa, ao final de 2013 o valor já havia caído para R$8,5 bilhões. Em números de projetos, chegamos a ter 67 obras prometidas, das quais somente 42 foram mantidas, a grande maioria delas, contudo, só ficará pronta entre 2015 e 2017, se não atrasarem de novo;
  • Somando-se o valor prometido para a mobilidade entre PACs e o Pacto da Mobilidade (anunciado em junho de 2013), chegamos à vultosa quantia de R$150 bilhões, contudo, cerca de 70% desse valor nunca saiu dos cofres do Governo Federal.

Wednesday, August 13, 2014

Greenpeace suspende programa Camarim dos Candidatos

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Em respeito ao falecimento do candidato à Presidência Eduardo Campos, em acidente aéreo nesta quarta 13 de agosto, em Santos, o Greenpeace tira do ar o programa Camarim dos Candidatos. O Greenpeace se solidariza à família, amigos e apoiadores de Eduardo Campos e lamenta profundamente a perda do ex-governador de Pernambuco.
O programa “Camarim dos Candidatos” foi criado como parte do Projeto de Eleições do Greenpeace deste ano, que inclui a plataforma Pressione Verde, na qual a organização apresenta suas propostas, incluindo estratégias e metas específicas, sobre temas como mudanças climáticas, proteção das florestas, investimento em novas fontes renováveis de energia e mobilidade urbana.

Tuesday, August 12, 2014

Vila Isabel conectada à rede

Jovens instalam placas solares no telhado do Centro Comunitário Lídia dos Santos, junto com voluntários do Greenpeace, em Vila Isabel - Rio de Janeiro/RJ. (©Otávio Almeida/Greenpeace)

Há pouco mais de um ano, o Greenpeace instalou um sistema fotovoltaico no Centro Comunitário Lídia dos Santos, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Após semanas de capacitação e treinamento, jovens da própria comunidade do Morro dos Macacos participaram da instalação das 20 placas fotovoltaicas.
Feita a instalação, o próximo passo foi o de regularizar o sistema gerador de eletricidade junto à Light, empresa distribuidora de energia no Rio de Janeiro. Isso porque, desde dezembro de 2012, quando foi editada a Resolução 482 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), qualquer pessoa pode gerar sua própria energia e descontar o valor da eletricidade gerada de sua conta de luz, ao final do mês. Dessa forma, passamos a pagar somente a diferença entre o gerado pelo sistema fotovoltaico e o consumido da rede elétrica.
O processo de regularização foi longo, em parte por causa de burocracia da própria concessionária, em parte por causa da situação atípica do Centro Comunitário, que não possuía um medidor próprio até instalarmos o sistema.
Apesar dos percalços, o sistema foi finalmente conectado à rede elétrica e, agora sim, o Centro Comunitário gera sua própria energia renovável e limpa, que, dentre outras coisas, é usada para iluminar o campo de futebol da comunidade e usada no próprio centro que dá aulas de informática, dança e reforços escolares aos jovens do Morro.
*Barbara Rubim é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil

Nova chance para fazer justiça

O julgamento que havia absolvido o acusado de ser mandante do assassinato do casal de extrativistas Zé Claudio e Maria foi anulado hoje em Belém


O casal de extrativistas que lutava pela preservação da floresta (©Greenpeace/Felipe Milanez)


O Tribunal de Justiça de Belém julgou, na manhã de hoje, a apelação do Ministério Público contra a decisão do Tribunal do Júri de Marabá, que havia absolvido o fazendeiro José Rodrigues, acusado de ser o mandante do assassinato de Zé Claudio e Maria. Também foi decretada a prisão preventiva do réu, que ainda não foi localizado pela Justiça.
O casal de extrativistas foi assassinado em 2011, em Nova Ipixuna (PA), por lutar contra a grilagem e o roubo de madeira no assentamento em que viviam. Na época, o juiz criminalizou a luta das vítimas para defender a floresta, considerando que o casal teria contribuído para o crime, em razão de seu comportamento. Agora, o Tribunal de Justiça de Belém reavaliou a sentença e decidiu anular o julgamento.
“Foi uma vitória muito significativa pra nós. Não consigo nem descrever a felicidade, a sensação de justiça sendo feita. Agora vamos lutar para que o próximo júri seja realizado na capital do Pará, em Belém, pois em Marabá seria o mesmo que voltar à estaca zero. ”, disse Clara Santos, sobrinha de Zé Claudio.
Impunidade no campo
De acordo com Josep Iborra, conhecido como Zezinho, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entre os principais motivos dos assassinatos na Amazônia, estão a grilagem de terras, a extração de madeira ilegal e de minérios: “Isso gera enfrentamento entre grupos vindos do Sul, interessados em explorar estas riquezas, com as  populações locais originais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Tem também os pequenos agricultores que estão em busca de sobreviver na região, aproveitando o que a floresta oferece, e lutam pela preservação dessas áreas. Por isso, acabam se chocando com esses grupos cuja única preocupação é extrair a madeira e se apropriar da terra”.
“A falta de condenações contribui para o silêncio dos ativistas e da população que sofre com atividades econômicas ilegais. E, quanto mais importante o papel de defesa do meio ambiente se torna, mais ameaçadas essas pessoas se encontram”, disse Claudia Caliari, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Quando se trata de madeira ilegal, as consequências de um sistema de controle florestal falho e fraudulento – como é o caso do sistema que controle a extração e o comércio de madeira – são enormes. Os danos vão muito além das estimativas oficias. Envolvem a perda de biodiversidade, a degradação do bioma, as emissões de carbono e, principalmente, a vida das comunidades e populações que habitam a floresta.

Chega de blá blá blá

Greenpeace põe no ar o site Pressione Verde para combater a inércia eleitoral com propostas para os principais desafios socioambientais do Brasil



Mais uma eleição, muito mais ladainha. A corrida presidencial é tempo de políticos prometerem o que quase nunca cumprem, assumindo compromissos desalinhados com as necessidades do cidadão. Por isso cobrá-los é mais que um dever da sociedade: é o caminho para se construir um País mais justo para todos.
A plataforma Pressione Verde, que vai ao ar nesta terça-feira 12, é uma ferramenta da sociedade civil para que todos possam participar do processo eleitoral, contribuindo para fomentar os debates e ideias que encaram de frente os grandes desafios socioambientais que o Brasil tem diante de si.
Nessa nova plataforma online estão as propostas do Greenpeace para o próximo governo, e as pessoas podem enviá-las diretamente aos candidatos.  São seis frentes de trabalho: proteção das florestas brasileiras, clima, energia, mobilidade urbana e transportes, madeira ilegal e agronegócio. Ainda no Pressione Verde, você encontra os episódios do “Camarim dos Candidatos”, nossa sátira bem humorada dos programas eleitorais dos candidatos à Presidência.
Acesse www.pressioneverde.org.br e aumente a pressão pra cima dos candidatos!

Monday, August 11, 2014

Manaus: gerando energia solar

Greenpeace instala placas solares em seu escritório em Manaus e será o primeiro sistema fotovoltaico do Amazonas conectado a rede 
 
O Brasil acaba de ganhar mais uma instalação solar: o escritório do Greenpeace em Manaus. Com 48 placas fotovoltaicas e capacidade média de 11,52 kWp, a expectativa é a de que – além do Sol brilhar e iluminar muito esse telhado – sejam gerados cerca de 1000kWh/mês pelo sistema. Este será o primeiro sistema do Estado a estar conectado a rede, sob a resolução 482 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que permite descontos na conta de luz a partir da micro e minigeração de energia.
  • Quer instalar um sistema fotovoltaico em casa? Saiba como.
Além de demonstrar que a energia solar já é uma realidade no Brasil, com essa instalação a organização quer apresentar os inúmeros benefícios dessa fonte renovável. “Trata-se de uma energia renovável e limpa, com baixa emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Segundo Baitelo, “há ainda outras vantagens como baixos impactos socioambientais, geração de empregos verdes e, com a resolução da Aneel, economia na conta de luz dos brasileiros.”
Há mais de um ano, os brasileiros deixaram de ser apenas consumidores de energia para passarem a ser também geradores com a resolução que estabeleceu as condições gerais para a geração renovável de pequeno porte permitindo na prática descontos na conta de luz. 

O Brasil tem um potencial renovável e solar muito elevado e deveria apostar nessa fonte para gerar energia em grande escala, criando as condições necessárias para que mais pessoas possam instalar em suas residências. “Há duas questões cruciais que precisam ser resolvidas para que a geração solar possa ganhar mais espaço no Brasil: a falta de conhecimento sobre a fonte e políticas públicas e linhas de financiamento adequadas”, disse Baitelo. 
Em pesquisa desenvolvida pela Market Analysis em conjunto com o Greenpeace,  foi identificado que apenas três em cada 10 brasileiros conheciam energia solar e a resolução da Aneel. No entanto, apesar do desconhecimento, quase 90% da população entrevistada afirmou ter interesse em saber mais sobre microgeração e que consideram que produzir sua própria energia é importante e, caso houvesse linhas de crédito com juros baixos, adotariam sistemas residenciais de energia.
O Brasil pode e deve diversificar sua matriz elétrica para além de hidrelétricas e térmicas,  opções caras ou com altos impactos socioambientais. . Para se ter uma ideia, a solarização de 250 mil casas por ano – ou seja, menos de 0,5% das unidades consumidoras residenciais do país – permitiria ao Governo, ao se atingir o número de 1 milhão de casas, reduzir o valor hoje gasto na compra de energia térmica - cerca de R$1,3bi ao ano. “Espero que o exemplo do escritório de Manaus ilumine os caminhos para a energia solar e que ela possa ter cada vez mais espaço entre os brasileiros”, concluiu Baitelo.

Ártico ganha novos aliados

Novos adeptos`a campanha

A declaração do Ártico continua circulando pelos corredores do Congresso, e mais nove políticos entraram para o nosso time.  A ideia de tornar o ecossistema um santuário vem ganhando cada vez mais força entre políticos, artistas, acadêmicos e empresários, que estão aderindo a essa causa.
Os novos signatários são os deputados: Alessandro Molon, Arnaldo Jardim, Arnaldo Jordy, Chico Alencar, Dr. Paulo Cesar, Ivan Valente, Penna, Ricardo Tripoli e Sarney Filho. Independente do partido político, a adesão de novos signatários reforça a campanha e mostra que pessoas de diferentes profissões, religiões e valores estão se juntando pela mesma causa: Salvar o Ártico.
O Ártico continua ameaçado por grandes companhias de petróleo como a Gazprom e a Shell, que buscam, de qualquer jeito, perfurar a região. É de extrema importância o envolvimento de novas figuras públicas com a campanha, independente de sua área de atuação. Quanto mais gente a favor da causa, melhor.
Outras importantes lideranças políticas do mundo todo também assinaram, como Yeb Saño (ONU), o arcebispo Desmond Tutu (Nobel da Paz) e Marina Silva, vice candidata `a presidência da república. A lista completa de signatários pode ser vista aqui e a Declaração, no site arcticdeclaration.org.
Você também pode ajudar: clique aqui e entre nessa corrente pela preservação do Ártico!