Tuesday, April 30, 2013

Um encontro energético

Chegamos à comunidade do Morro dos Macacos na manhã do sábado e lá estavam os jovens nos esperando ansiosamente. Para descontrair, começamos o dia com uma dinâmica bem divertida pra motivar a garotada Este foi o primeiro dia de capacitação. Apresentamos a história do Greenpeace e falamos mais sobre a energia no Brasil e os benefícios que a energia solar pode proporcionar em nossas vidas, gerando um grande interesse e curiosidade em nosso jovem público. É encantador como o viés social impulsiona a luta e fortalece o discurso ambiental que tanto defendemos. Quando se trabalha diretamente com crianças de comunidades menos favorecidas, é nítida a carência de informação e a vontade que esses jovens têm de aprender e colaborar com o futuro do planeta. Durante o sábado, os jovens ficaram mais à vontade e foram se entrosando. Tivemos até direito a rimas e rap "ambientais" criados pelos próprios jovens durante o intervalo para o lanche. O resultado positivo que a energia solar pode vir a trazer para nossa realidade realmente emociona e inspira. Aguardem mais novidades sobre a juventude solar. * Amanda Estefan é voluntária do grupo do Rio de Janeiro do Greenpeace e faz parte do projeto Juventude Solare deixá-los bem à vontade.

Saturday, April 27, 2013

A triste história de Annya (e de muitos outros)

Desde 1986, o dia 26 de abril não passa em branco graças ao desastre nuclear em Chernobyl, na Ucrânia. Há 27 anos, os operadores da usina nuclear realizaram um experimento mal sucedido, acarretando no superaquecimento e na explosão de um dos reatores. Este que foi um dos piores desastres nucleares já presenciados pela humanidade atingiu a Ucrânia, a Bielorrússia, a Rússia e outros locais na Europa, matando e contaminando milhares de pessoas. Hoje, quase três décadas depois, muitos ainda sofrem com as consequências do acidente nuclear. É o caso de Annya, cujos pais moravam numa cidade próxima à Chernobyl. Aos quatro anos, ela foi diagnosticada com câncer de cérebro e luta até hoje para tentar levar uma vida normal.Chernobyl deveria ter sido o último acidente nuclear no mundo. Muitos já afirmaram que não querem presenciar mais desastres, mas aqueles que tem dinheiro e poder para decidir proteger as pessoas continuam preferindo pensar nos lucros. “E como se o que aconteceu na Ucrânia não fosse argumento suficiente para que o mundo abandonasse a energia nuclear, ainda tivemos o desastre de Fukushima, em março de 2011”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace. Ele ainda conclui que “dessa forma, fica claro que os avisos que temos dado não têm sido escutados e que quem paga os prejuízos são as pessoas, não as indústrias.” Não vamos esquecer daqueles que ainda sofrem com as consequências dos acidentes nucleares. É por isso que o Greenpeace pede que os governos revejam a legislação sobre responsabilidade nuclear para que as operadoras e empresas sejam totalmente responsáveis pelos acidentes e não mais a população.

Juntos pelo Tapajós livre

Mundurukus fizeram passeata hoje em Jacareacanga (PA) contra planos de instalação de sete megahidrelétricas na bacia do Tapajós. Governo faltou a reunião agendada para escutar opinião dos índios, mas mantém a Força Nacional na região para garantir a realizacão dos estudos para os projetos. (©Greenpeace/Eliza Capai) “Wuygeycug” é a palavra que define o sentimento do povo Munduruku nesse momento. O significado dela não é guerra nem confronto, mas tristeza. Reunidos durante três dias na aldeia Sai Cinza, lideranças do baixo, médio e alto Tapajós juntaram suas vozes para que sua mensagem seja ouvida: “Nós não queremos barragem”. Guerreiros por natureza, os Munduruku não se resignam ao silêncio do governo. Sem diálogo ou consulta prévia por parte das autoridades, os indígenas saíram às ruas para reivindicar o seu direito à terra e ao rio que os alimenta. Eles não pedem muito. Apenas que o curso da vida possa continuar correndo livre.“Queremos o Tapajós limpo. Queremos os peixes vivos. Queremos a terra sempre boa para que nossos filhos vivam bem. Não permitimos degredar ou sujar o nosso rio. Estamos mostrando nossa recusa diante do governo. Não queremos perder nada da floresta. Se ela acabar, o que vamos comer? Só o gado sobrevive de capim. Estamos juntos para mostrar nossa força até o final. Não queremos as obras do governo. Nossa riqueza é de todos os brasileiros, inclusive os não-índios”, defendeu o cacique-geral do povo Munduruku, Arnaldo Kaba. A passeata aconteceu nesta manhã no município de Jacareacanga (PA), que fica a exatos 12 quilômetros – ou 45 minutos de voadeira – da aldeia Sai Cinza. O grupo de cerca de 150 pessoas partiu da sede da Associação Pusuru, organização que representa todos os 13 mil indígenas do povo Munduruku distribuídos por 118 aldeias ao longo do rio Tapajós. A intenção era chamar a atenção dos representantes do governo e da Força Nacional, que voltaram a ocupar a cidade desde o dia 24 para a Operação Tapajós, mas não se apresentaram para a reunião com as lideranças.Tradicionalmente os Munduruku são divididos em dois clãs, o vermelho e o branco. Eles contam que o primeiro tem uma relação direta com o fogo e representa a força e o fervor de luta do povo. Já o branco significa transparência e tenacidade. A junção dos dois é o que traz o equilíbrio às comunidades. Simbolicamente separados no plano mítico, no mundo terreno eles vivem segundo o lema da associação Pusuru: “Soat Pugtagma”, ou “caminhando juntos”. “Se aceitarmos o dinheiro que o governo quer oferecer como compensação à barragem, não teremos mais vida. Não queremos o dinheiro. O dinheiro um dia acaba, mas não podemos deixar que acabe a nossa água. Se isso acontecer, não teremos mais peixe, a floresta vai acabar. Não somos acostumados a comprar peixe, a natureza nos dá de graça. Como os primeiros habitantes do Brasil, o governo deveria cuidar de nós, nos ajudar, mas agora ele quer tomar nossas terras. Os nossos antepassados estão no rio. E é aqui que nós queremos ficar”, disse Cândido Waro, presidente da Pusuru. O Tapajós é hoje uma das últimas grandes frentes de expansão – e também de resistência – do projeto energético planejado para a Amazônia, e que prevê a construção de pelo menos sete mega hidrelétricas na região. Enquanto o governo o vê apenas como uma via de execução para seus empreendimentos, povos tradicionais como os Munduruku têm nele a sua fonte de subsistência e parte indissociável da sua cultura. “O governo quer impor seu projeto mesmo sem nos consultar. Deixamos nossos parentes doentes em outras aldeias para ouvir o que as autoridades têm a nos dizer. Mas eles não vieram. Estamos nos sentimos humilhados, mas ainda estamos esperando. O rio Tapajós guarda coisas sagradas para nós. Se a barragem chegar, acaba a nossa história. Não queremos ameaça nem confronto, queremos que eles venham falar conosco e nos ouvir. O rio é nossa vida, e nossa vida não tem preço. O governo não pode nos comprar. Deixem nosso rio em paz, é isso que pedimos”, frisou o cacique Juarez Saw. Como resultado dos três dias de reunião, os Munduruku prepararam três cartas, a serem entregues ao governo federal, demonstrando sua indignação pelo não comparecimento das autoridades à aldeia Sai Cinza para a plenária que os aguardava, demonstrando sua recusa em aceitar a barragem do Tapajós, e levando um pedido para verificação de sítios arqueológicos pertencentes aos seus antepassados na cachoeira das Sete Quedas, no rio Teles Pires. Este último foi palco, em novembro, do assassinato de um indígena, durante operação da Força Nacional. A mesma força bruta volta agora a invadir o território Munduruku para fazer passar, a qualquer custo, os estudos de impacto ambiental da hidrelétrica São Luís do Tapajós.

Friday, April 26, 2013

No nosso aniversário, o presente é de todos

O primeiro Rainbow Warrior chega ao Rio de Janeiro para a Eco-92 (©Greenpeace/Morgan) Hoje, dia 26 de abril, o Greenpeace completa 21 anos de presença no Brasil. E na hora de assoprar as velinhas, nosso pedido não é nenhum segredo: queremos um Brasil com floresta em pé. Você pode ajudar a tornar realidade esse pedido: assine a petição do Desmatamento Zero e ajude-nos a levar esse projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso Nacional. Se você já assinou, compartilhe nas redes sociais, faça o download da petição e leve ao seu condomínio, escola e trabalho. Esse é o maior presente que você pode oferecer ao Greenpeace em mais esse ano de vida. Aliás, um presente que não é para o Greenpeace, mas para todos nós. Há exatos 21 anos, a tripulação do do primeiro Rainbow Warrior, navio símbolo do Greenpeace, desembarcou em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Com o protesto para rememorar o trágico acidente de Chernobyl, no qual 800 cruzes foram afixadas no pátio da usina nuclear, o Greenpeace Brasil era oficialmente fundado. Em mais de duas décadas de história, o Greenpeace trabalhou pela proteção das florestas e da Amazônia, combateu os gases estufa e as mudanças climáticas, propôs um cenário energético mais limpo pedindo mais investimentos em energias renováveis. Tivemos avanços e vitórias, mas os desafios ainda existem. Apesar dos níveis de desmatamento terem diminuído, as taxas ainda são alarmantes. É por isso que a organização defende o Desmatamento Zero, lei de iniciativa popular que que visa zerar o desmatamento das florestas brasileiras e preservar uma das maiores riquezas do país. O Greenpeace Brasil também continua acreditando que o Brasil pode ser uma das primeiras economias a ter uma matriz energética 100% limpa e renovável e trabalha para que isso se torne uma realidade.

Thursday, April 25, 2013

Juventude cheia de energia

Durante apresentação do Projeto Juventude Solar, jovens de Vila Isabel tiveram o primeiro contato com a energia solar e puderem ver placas e lanternas solares. O grupo de voluntários do Rio de Janeiro está envolvido no projeto. (© Mariana Stolze / Greenpeace) Fiquei muito feliz quando notei, no primeiro encontro com os voluntários do Centro Comunitário Lídia dos Santos, no Rio de Janeiro, todos aqueles jovens entusiasmados e surpresos com a presença da nossa equipe, munida de pequenas placas solares que atraíram olhares curiosos. Mas não é nenhuma surpresa tamanha animação: estamos levando muitas novidades, além de informações valiosas que mostram a capacidade de energia que o Sol pode gerar e seus benefícios quando comparada com outras fontes de energia. Acredito que nem todos têm noção exata do que esta fonte pode nos oferecer e como essa energia pode passar a fazer parte do nosso dia-a-dia. A energia solar é uma realidade muito distante para os moradores de Vila Isabel. Apesar de estar mudando aos poucos, muitos ainda estão acostumando a usar energia através de “gatos”. Minha expectativa enquanto voluntário é a de contribuir com a formação desses jovens – e também aprender com eles - mostrando que eles têm um papel fundamental na sociedade e que podem pressionar o governo e instituições a adotar o uso das energias renováveis mais limpas. É preciso que fique claro que o Brasil tem capacidade para investir no potencial solar, cuja fonte é abundante e inesgotável, favorecendo assim a produção descentralizada da energia elétrica e investindo num futuro limpo. Isso sem falar nos empregos verdes que virão por aí e na multiplicação de conhecimentos que incentivamos! Rafael Gomes* Rafael Gomes é voluntário do grupo do Rio de Janeiro do Greenpeace desde 2009 e faz parte do projeto Juventude Solar.

Ursos polares vão para cadeia em Moscou

Três ativistas do Greenpeace vestidos como ursos polares protesto do lado de fora do escritório Statoil de Moscou. (© Denis Sinyakov / Greenpeace) Três ursos polares se acorrentaram em barris de petróleo em frente ao escritório da Statoil, empresa petrolífera norueguesa, na praça Pavaletsky, na Rússia. O protesto dos ativistas do Greenpeace tem como objetivo denunciar perfurações da empresa na região do Ártico, que já teve três quartos de sua superfície derretidos, colocando em risco o ecossistema local e inferindo diretamente nas mudanças climáticas. Acorrentados em barris com os dizeres “O Ártico vale mais do que o petróleo” e “Somos reféns de sua ganância”, os ursos atraíram a atenção de quem passava pelo local, irritando a companhia petrolífera, que resolveu chamar a polícia. Foi necessário 1 hora para desacorrentar os ursos dos barris, que foram encaminhados ao departamento de polícia. Países como a Noruega não permitem a exploração de petróleo em áreas marítimas cobertas de gelo em seu país, assim como os Estados Unidos impõem diversas medidas cautelares para se explorar o mar do Alasca. Entretanto, a Statoil, se aproveitando da falta de regulamentação dos mares russos, pretende iniciar suas perfurações na região ártica, já severamente atingida pelas petroleiras que exploram a região. É interessante ressaltar que em parceria com a Statoil, está a líder de produção de petróleo da Rússia, a empresa Rosneft. Com 69,5% das ações pertencentes ao estado, a Rosneft está concorrendo para entrar no Guinness World Record como empresa que tem mais vazamentos de óleo – 10 mil por ano. O Greenpeace luta pela preservação do Ártico, a fim de torná-lo um santuário natural. Seja conciente, ajude-nos a impedir que essas grandes empresas petrolíferas destruam ainda mais o nosso planeta.

Wednesday, April 24, 2013

Violência contra Xavantes persiste no MT

Ministro-Chefe da secretaria geral da presidência da república, Gilberto Carvalho e representante dos Xavante, em evento que celebrou a restituição do território aos indígenas. (Foto: Clarissa Tavares/Funai) Os 50 anos de luta dos índios Xavante pelo direito de retorno à sua terra natal, localizada no nordeste do Mato Grosso, tem ganhado novos e preocupantes capítulos. Fontes locais e os próprios indígenas afirmam que cerca de 40 a 50 posseiros montaram acampamento nas proximidades da área, mais especificamente nas beiradas da BR 158, altura do Posto da Mata. Desde então, mesmo com menos de 20 dias da última visita oficial do poder público, acompanhado de comitiva oficial ao local, já existem diversos registros de violência, ameaças e novas invasões sendo cometidas de forma sistemática por fazendeiros e pecuaristas da região. As autoridades já foram acionadas. O Ministério Público já pediu o imediato reestabelecimento da ordem judicial de desocupação da Terra Indígena pelos posseiros, mas a Polícia Federal, por sua vez, só poderá agir na retirada dos invasores quando a justiça determinar, ao menos em primeira instância, a reintegração de posse. Ontem, representantes da etnia foram até Brasília, em posse de um dossiê que contempla não somente os eventos recentes, mas o longo histórico de violações aos direitos humanos sofridos pelos índios que conseguiram retornar à região, inúmeras e frequentes ameaças além de invasões persistentes de terras já reconhecidas e delimitadas. Eles foram recebidos por Maria Rita Kehl, presidente da Comissão da Verdade, que prometeu investigar os crimes cometidos pelos militares na década de 60, que deslocaram os Xavantes da área em aviões da FAB para o sul do estado, à época.Ainda no início do mês, a secretaria geral da presidência da república divulgou nota oficial na qual celebra a restituição do território e renova o compromisso do governo federal com a comunidade indígena. O Ministro-Chefe da secretaria, Gilberto Carvalho, esteve presente no evento e ouviu pessoalmente os relatos de violência sofridos pelos Xavantes. E se comprometeu a trabalhar no sentido de criar alternativas para protegê-los até que a Polícia Federal tenha legalidade jurídica para intervir e retirar os invasores da área. Histórico Apesar das decisões favoráveis tomadas ainda em 1.992, quando a FUNAI reconheceu o território como Xavante e em 98, quando um decreto presidencial homologou por fim a Terra indígena Marãiwatsédé, pecuaristas e fazendeiros da região optaram por resistir à decisão do governo mantendo sob seus domínios praticamente 25% da área delimitada, que totaliza cerca de 800 mil hectares.

Tuesday, April 23, 2013

O Sol vai nascer em Vila Isabel

Durante apresentação do Projeto Juventude Solar, jovens de Vila Isabel conheceram melhor a energia solar e seus benefícios. (© Mariana Stolze / Greenpeace) O primeiro contato com os jovens que se voluntariaram para participar do Projeto Juventude Solar, junto ao Centro Comunitário Lídia dos Santos, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, foi empolgante. O projeto tem como objetivo instalar placas solares no Centro Comunitário para aproximar os brasileiros de uma fonte de energia limpa e renovável, abundante em nosso país e muitas vezes ainda desconhecida. Além de gerar energia limpa para a comunidade, ainda capacitará 16 jovens de Vila Isabel que instalarão as placas. A ideia é que esses jovens possam passar o conhecimento que aprenderão adiante e, inclusive, que o projeto gere novos empregos verdes. Esses são apenas alguns dos resultados que esperamos gerar, além de Megawatts renováveis, é claro. Sinto-me honrada e muito feliz por poder coordenar esse projeto e por estar em contato com esses jovens. Durante nosso primeiro encontro, pude notar em cada rosto uma curiosidade sem tamanho, já que a maior parte dos voluntários desconhecia tanto o Greenpeace quanto o que seria a energia solar e seus benefícios. Ao longo da nossa conversa, percebi a curiosidade crescer na mesma medida da alegria, ao tocarem uma placa solar pela primeira vez em suas vidas. Momentos depois, sorrisos largos quando a luz solar colocou uma lanterna e um carrinho em funcionamento. As vezes até eu ainda me surpreendo com o que a energia vinda do Sol pode fazer.Dos dezesseis jovens presentes, que já participam de diversos projetos sociais promovidos pelo Centro Comunitário, todos têm hoje uma vaga garantida nas capacitações que começaremos a promover à partir do dia 27 de abril. Desejamos conseguir chegar ao final do projeto com no mínimo dezesseis novos defensores do uso da energia solar, cujas características a tornam uma sólida opção para uma verdadeira revolução social e energética no Brasil. Acompanhem no blog mais notícias sobre o Projeto, as capacitações e a Juventude Solar. * Vânia Stolze é coordenadora do projeto Juventude Solar

A morte e a morte dos Awá-Guajá

Quando uma árvore tomba na Amazônia maranhense, o impacto chega duplamente para os indígenas Awa-Guajá. Caçadores e coletores, esse povo depende inteiramente da floresta durante a vida. Mas também após ela. “O mundo para os Awa não se encerra na Terra. Tem outro mundo espiritual onde todos os Awa vão viver depois que morrer”, explica o antropólogo da Unicamp, Uirá Garcia. “Esses seres vêm à Terra pegar três coisas que só a floresta pode dar: caça, mel e água”. Com o desmatamento, diz, os Awa morrem duas vezes. Em entrevista ao Greenpeace, concedida na Terra Indígena Caru – uma ilha de floresta no Maranhão, onde os Awa vivem cercados por desmatamento – Uirá conta porque a mata é fundamental para esse povo. Qual o significado da floresta para os Awá? Uirá - Os Awá são um povo que radicalizou: escolheu viver inteiramente da floresta. Tudo o que sempre produziram veio da floresta: historicamente, toda subsistência deles está na caça e na coleta. E além disso, tem a importância simbólica e cultural. Quando eles elaboram sobre o que é uma boa vida, o que é viver bem, eles sempre falam da floresta, que também sempre foi um espaço de troca, de convivência. Isso faz deles um povo que conhece profundamente esse ambiente... Uirá - Eles sabem todas espécies vegetais usadas pelos animais. É como se tivessem um inventário inteiro de cada lugar na floresta. Eles sabem sobre cada pau, cada folha, inclusive seus usos medicinais. Quando um trator arrasta uma árvore, você não tem ideia de quantas farmácias vão embora junto. Quando um madeireiro derruba uma determinada árvore, os Awa sabem que uma anta ou uma paca nao vão mais aparecer por ali. Eles nunca tiveram problema de extinção de espécies. Mas agora, as espécies estão sumindo, com a chegada dos invasores. O que significa o desmatamento para os Awá? Uirá - É o fim da vida. Porque toda a vida deles está completamente relacionada com a floresta. É um povo que não tem a possibilidade de viver sem ela. E isso tanto a vida humana quanto a sobrehumana, porque o mundo para os Awá não se encerra aqui na Terra. Tem outro mundo espiritual onde todos os Awá vão viver depois que morrer, e sua relação nesse mundo é com seres que também habitam a floresta. Esses seres vêm à Terra pra pegar três coisas que só a floresta pode dar: caça, mel e água. A floresta é o elo de ligação entre esses dois mundos. Com o desmatamento, esses seres vão morrer de fome. É como aquele livro “A morte e a morte de Quincas Berro d’agua”, sabe? É a morte e a morte dos Awá. É exagero dizer que os Awá são um dos povos mais ameaçados do mundo? Uirá - Os Awá tem uma população muito reduzida [hoje, não alcança os 400 indivíduos], o que já os coloca em vulnerabilidade muito grande. É um povo de recente contato com o estado brasileiro, que não domina o português, a agricultura e mal conhece dinheiro. O fato de serem tão dependentes da floresta os coloca como um povo muito vulnerável, principalmente por viverem numa ilha de floresta, cercada por desmatamento e em um estado que não tem a menor sensibilidade para as questões indígena e ambiental. Eles estão num completo cerco. Os Awá na Terra Indígena Caru, no Maranhão: o desmatamento afeta direta e profundamente suas vidas. (©Greenpeace/Eliza Capai)

Monday, April 22, 2013

Hoje é Dia da Terra

Olá a todos. Hoje, sendo dia da terra, qual a melhor forma de comemorar do que fazendo pouco que seja, que na verdade, é muito, para proteger o nosso planeta preservando nossas florestas, nossa flora, nossa fauna e nossa rica biodiversidade. Vamos começar hoje, se já não fizemos, antes que seja tarde e tenhamos que viver num planeta pior, além de prejudicar várias espécies de seres, mas se já fazemos, sempre tentar melhorar e fazer mais ainda de acordo com nossas forças e condições. É isso. Agradecemos a todos. Sempre que puderem, divulguem nossa causa e sempre que possível, façam sua parte. Não deixem para os outros, nem para o amanhã. Hi, everybody. Today is Earth's day. What is the best way to celebrate than doing our best for our planet? It could be a little thing, but actually is a lot. Let's do the best to protect our planet preserving our florests, our flora, our fauna and our very rich biodiversity. Let's begin today, if we aren't done already, before is too late and we have to live in a very worst planet, besides prejudice a lot of species, but if we already do it, we must always try to get better and better according to our forces and conditions. That's it. We thanks to everybody. Always you could, propagate our cause and do your part. Don't let to the others, nor to the tomorrow.

Dê uma mão ao planeta Terra

Você sabia que hoje é comemorado o dia do planeta Terra? Hoje, é o dia de comemorarmos que nosso Planeta Azul existe e nos abriga. E o melhor jeito de comemorar esse dia é protegendo-o. O desmatamento afeta a vida no planeta de diversas formas, por isso queremos proteger a Terra desse vilão. No Brasil, as florestas são responsáveis por grande parte das chuvas que irrigam as plantações e abastecem nossos reservatórios. O Greenpeace tem trabalhado com o projeto de lei popular do Desmatamento Zero para proteger as florestas brasileiras e o Planeta Terra para que ele vire realidade precisamos da sua ajuda.Juntos, podemos levar para o Congresso uma lei popular pelo fim da destruição das florestas. Entre na Liga das Florestas. Assine, compartilhe, ajude a salvar a flora e a fauna nacionais e participe da construção de um futuro mais verde para o Brasil.

Saturday, April 20, 2013

Amor pelo Ártico

Atividade do Greenpeace no Rio pede proteção a um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Ação aconteceu simultaneamente em 36 países. Voluntários brasileiros se reúnem na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, e se juntam ao Dia Mundial de ação para proteger o Ártico. (© Ivo Gonzalez / Greenpeace) O Rio de Janeiro foi uma das 280 cidades, em 36 países, que participou, neste sábado, de um ato do Greenpeace em defesa do Ártico, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta devido aos efeitos do aquecimento global. Mais de 20 voluntários usaram seus próprios corpos para formar, nas areias de Botafogo, a mensagem I love Arctic (Eu amo o Ártico) – mote da ação que envolveu mais de mil pessoas em todo o mundo. A campanha do Greenpeace em proteção ao Ártico foi lançada em junho de 2012, durante a Rio+20. A organização defende a criação de um santuário mundial na área em torno do polo norte, que seria dedicado exclusivamente à pesquisa. Pela proposta, a exploração de petróleo em alto mar e a pesca predatória seriam banidas. A pesca intensiva em lugares antes congelados prejudica comunidades nativas da região que sobrevivem dessa atividade, além de causar desequilíbrios ao ecossistema marítimo. Além disso, a exploração de petróleo em um local inóspito e frio como o Ártico torna a operação altamente arriscada. Um vazamento de óleo ali teria efeitos devastadores e irreversíveis. De acordo com Cristine Rosa, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, a intenção da atividade deste sábado foi ressaltar a importância que a população tem em apoiar a campanha e pedir que seus governantes ajudem a levar a discussão à Assembleia Geral da ONU. “O Ártico está derretendo a um ritmo nunca antes visto e seu desaparecimento vai acelerar ainda mais o aquecimento global e as mudanças climáticas”, disse Rosa. “Por isso, proteger o Ártico é proteger a todos nós”, concluiu.

Friday, April 19, 2013

"Nós existimos”

Encurralados numa das últimas ilhas de floresta do Maranhão, o povo indígena Awá-Guajá resiste, apesar do avanço dos madeireiros. "Nós existimos", diz a mensagem na língua Awá (©Greenpeace/Eliza Capai). Com uma criança num braço e um macaco no ombro – disputando atenção e leite materno – a indígena Inameá Awá conta com voz serena sua história: “Meu pai morreu aqui perto, vítima dos madeireiros. Eles acabaram com a gente, destruíram nossa floresta, acabaram com nossa comida”. Isso já faz uns 20 anos. Os relatos que ecoam na aldeia Awá, porém, parecem ter parado no tempo. “Estamos preocupados”, repetiu uma liderança nesta quinta-feira, véspera do Dia do Índio. “Os madeireiros vão acabar com nossa terra”.Wiramixixarokara – ou ‘madeireiro’, na língua Awá – é uma das palavras que mais se ouve quando ao pisar na Terra Indígena Caru, no Maranhão. Não à toa: ali está uma das últimas áreas de floresta que ficaram de pé numa parte da Amazônia já arrasada pela motosserra. E justamente onde vivem os Awá-Guajá, um dos povos indígenas mais ameaçados de que se tem notícia. “Historicamente, toda a subsistência deles está na caça e na coleta. Eles dependem diretamente da floresta para viver”, explica o antropólogo e professor da Unicamp, Uirá Garcia, que estuda esse povo há mais de dez anos. Para ele, desmatamento é sinônimo de tragédia: “É o fim da vida”, definiu Garcia.Não faz mais de seis décadas que a vida dos Awá se tornou uma encruzilhada. Pelos anos 50 e 60, começaram a chegar as primeiras fazendas à região. E com elas, estradas e a ferrovia do Projeto Grande Carajás – encabeçado pela Vale. Num processo aceleradíssimo, o verde da floresta foi dando lugar ao negro das carvoarias e das queimadas. A população dos Awá, que era estimada em 600 indígenas, caiu quase pela metade. E as pressões nunca mais cessaram. Na Terra Indígena Caru, aproximadamente 11% da floresta já foi devastada. E mais de 30% da mata foi para o chão na vizinha Terra Indígena Awá. Os dois territórios formam um corredor que abriga boa parte dos menos de 400 Awá que atualmente resistem à pressão da motosserra. E abrigam também muitos conflitos.“O processo de desmatamento só tem se intensificado”, denuncia Madalena Pinheiro, que há 12 anos acompanha esse povo pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário). “Os Awá são uma das populações mais reduzidas do Brasil, e até hoje há uma disputa política pela terra. Eles foram ficando encurralados”, diz.O governo no banco dos réus Desde 2002, caminha a passos lentos na Justiça uma ação do MPF (Ministério Público Federal) que pede a retirada dos não-índios da terra Awá. Como réu, está a União. Fazendeiros e madeireiros resistem, e o município de Zé Doca – que abriga uma parte do território indígena – entrou com recurso judicial contra a ação do MPF. Em 2010, o prefeito da cidade chegou a declarar publicamente que os Awá não existem. Eles revidaram: acamparam em frente à prefeitura da cidade e foram a Brasília para dizer: “Nós existimos”. Mas enquanto a batalha judicial se arrasta, a realidade vai consumindo os dias dos Awá. “Parece piada de mal gosto: quem tem o dever constitucional de proteger os indígenas vira réu na Justiça. O estado brasileiro está de braços cruzados, assistindo todo um povo caminhando para a extinção”, critica Danicley de Aguiar, da campanha Amazônia do Greenpeace. “O governo federal precisa apresentar com urgência uma estratégia para defender os Awá ou a história da indígena Inameá Awá vai continuar se repetindo."

1 Dia do Índio, 364 dias de retrocesso

Nsa semana do Dia do Índio, centenas de indígenas ocuparam Brasília. Não para celebrar, mas para se defender do ataque a seus direitos (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados). Hoje, 19 de abril, o Brasil comemora o Dia do Índio. Mas... comemora? Não há exatamente o que celebrar quando ainda é necessário resistir e lutar para ser ouvido, para sobreviver. Desde a aprovação da Constituição de 1988, nunca os direitos indígenas estiveram tão ameaçados no país. No dia em que seus antepassados, suas culturas e suas histórias são lembradas, o que vêm à memória e ao coração é dor, suor e sangue. Nesse Dia do Índio, as pinturas e os adereços corporais não são para festa, mas para a guerra. Centenas de índígenas de diferentes povos e regiões ocuparam o Congresso Nacional nessa semana pedindo respeito aos seus direitos adquiridos. Sua vinda foi definida por eles como “um grito de socorro”, um pedido de ajuda para defender suas populações “daqueles que querem saquear o país”. Fizeram História cenas como a dos deputados fugindo quando o plenário da Câmara foi ocupado em protesto contra a PEC-215, que põe em risco a demarcação de suas terras. Mas o que eles querem não é ganhar espaço no noticiário nacional, e sim conquistar seu lugar ao sol. Eles reivindicam apenas o que lhes é de direito: o devido respeito e reconhecimento pela sua importância na preservação da maior riqueza do país: a floresta e seus habitantes. “O modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil é retrógrado e representa uma visão de mundo há muito superada. O país pode ser a maior potência econômica e ambiental do globo. Para isso, precisa preservar o que tem de mais precioso: suas florestas e sua biodiversidade”, afirma Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Os povos indígenas têm um papel de destaque no processo de manutenção dos recursos naturais e sua atuação precisa ser reconhecida e promovida como um bem para a humanidade. Mas ao contrário disso, o prêmio que recebem por preservar a natureza é a expropriação de suas terras”, complementa. Segundo levantamento do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), correm em tramitação hoje, sob a égide do projeto desenvolvimentista do governo, nada menos do que 452 empreendimentos, muitos deles previstos no PAC, que impactam diretamente pelo menos 201 Terras Indígenas Brasil afora. Em paralelo, uma média de 50 assassinatos de indígenas ocorre anualmente no país. Só no Mato Grosso, um dos Estados líderes do desmatamento, a média é de quatro mortes por mês. De 2003 a 2012, foram 315 lideranças assassinadas. O nome disso eles sabem de cor: genocídio.Histórico de desrespeito A história brasileira – cultural e ambiental – foi dizimada por séculos. Antes, eram os estrangeiros que queriam colonizar esse gigante coberto de área verde. Hoje, esse ataque persiste, mas as configurações mudaram. As vítimas continuam as mesmas, já os vilões adquiriram nova face: são os próprios brasileiros, sucessores dos antigos senhores de terras e representantes de um modelo ultrapassado de desenvolvimento que querem destruir o que resta de tradicional no país. Não bastasse acabar com a cobertura florestal de quase metade do território nacional (44%), agora até as Terras Indígenas, que protegem 13% de todo o país, estão sob forte ameaça no Congresso Nacional. Chovem Projetos de Lei, Emendas à Constituição, Decretos Presidenciais e Portarias que têm como principal intuito a destituição dos territórios tradicionais dos povos indígenas e, por consequência, a transformação do pouco que sobrou de floresta nativa no país em pastos, campos de soja e canteiros de obras para grandes projetos de infraestrutura.Ao longo de seus 513 anos, o Brasil cresceu e apareceu, e reivindicou seu lugar entre as dez maiores economias do mundo. Dentre todas elas, o país possui um diferencial de peso: em seu território está localizada a maior floresta tropical do planeta. A responsabilidade sobre ela é inversamente proporcional ao seu tamanho. Isso significa que, quanto mais a mata diminui, mais aumenta o dever do governo e da população brasileira de protegê-la. Nessa tarefa árdua, em que já se perdeu 18% de área florestal, os povos indígenas são peças fundamentais.Sua única arma: a palavra Cacique Damião, Xavante de Mãrãiwatsédé, tem a fala truncada de quem não domina o português, mas traz no tom de voz a força de um líder. “Eu não tenho estudo nem formação, mas também não tenho vergonha. Muitos parentes estão indo estudar nas cidades para conseguir dialogar com a comunidade branca de igual para igual, e podermos mostrar a sabedoria de nossa cultura”, diz ele. Mas esse equilíbrio será sempre uma luta vencida quando se tem um parlamento cuja maioria age para defender seus próprios interesses obscuros, em detrimento do bem maior da nação. Para os indígenas, o que está em jogo é a própria vida e a herança que o Brasil vai deixar para as futuras gerações. “Estamos sendo covardemente atacados por propostas que querem nos limar da História do Brasil. Estão permitindo que a Constituição seja rasgada, como foi rasgado o Código Florestal. Enquanto existir um indígena em pé, existirá a luta para defender as florestas em pé”, bradou o cacique Ninawá, do povo Huni Kui, do Acre.Enquanto isso, no Maranhão, o Greenpeace visitou a Terra Indígena Caru, do povo Awá-Guajá. A mensagem deles fala por todos: "Nós existimos!"

Novo pico de desmatamento na Amazônia

Desmatamento e queimadas em áreas protegidas no norte do Mato Grosso e sul do Pará. (©Alberto Cesar Araujo/Greenpeace) Ao contrário do discurso oficial do governo de que o desmatamento da Amazônia está sob controle, dados publicados nesta semana pela ONG Imazon(Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) mostram um novo pico de derrubada da floresta em março. Utilizando dados do sistema SAD, o Imazon detectou um desmatamento de 80 quilômetros quadrados na Amazônia Legal em março deste ano. Essa cifra foi detectada mesmo com condições climáticas adversas – no período, 60% da área estudada estava coberta por nuvens. Esse resultado representa um aumento do desmatamento de 50%, comparado com o mesmo período do ano anterior, quando o desmatamento foi de 53 quilômetros quadrados e a cobertura de nuvens, de 74%. Os Estados que mais desmataram no período foram Mato Grosso (56%), seguido por Rondônia (28%), Pará (9%), Roraima (3%), Acre (2%) e Amazonas (2%). O desmatamento acumulado de agosto de 2012 a março de 2013, segundo os dados do Imazon, foi de 1.430 quilômetros quadrados –aumento de 88% comparado com o ano anterior.

Wednesday, April 17, 2013

A corrida das renováveis

Em menos de uma década, as energias renováveis se consolidaram no mercado mundial e deixaram de ser consideradas energias do futuro para serem energias do presente. Em 2012, o setor das energias renováveis recebeu cinco vezes mais investimentos do que em 2004, provando que estas conseguiram conquistar seu espaço nas matrizes energéticas, mesmo que lentamente em muitos casos.O relatório publicado, hoje, pela PEW, (leia a versão em inglês) aponta que apesar da queda de 11% nos investimentos, o setor atingiu o recorde de novos 88 GW instalados no mundo, resistindo à retirada de incentivos e iniciativas prioritárias por parte dos governos. Outra novidade é a transição geográfica e tecnológica: as energias renováveis estão se movendo da Europa e dos EUA para focarem nas economias emergentes e, além disso, há uma forte transição da energia eólica para a solar. O Brasil segue como um dos protagonistas das energias renováveis, ocupando o 8o lugar de capacidade instalada entre os países do G20. Outro relatório que traz um panorama positivo para o Brasil é o do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC).Mais gigawatts no ar O Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) publicou hoje (leia a versão em inglês) os dados atualizados de energia eólica referentes ao ano de 2012. Embora a crise econômica traga incertezas sobre os principais mercados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a fonte continuou crescendo graças à manutenção de fortes mercados na China, Índia e Brasil. A publicação ainda destaca o surgimento de outros países na América Latina, África e no resto da Ásia com potencial para liderar o crescimento da fonte eólica no mundo.A China, o maior mercado do mundo, pretende aumentar 18 GW de instalações em 2013, pouco mais do que a capacidade instalada da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Enquanto isso, o mercado latino-americano continuou sendo liderado pelo Brasil que acrescentou 1 GW de energia eólica à sua matriz e 15 mil novos empregos verdes serem criados para atender a indústria eólica no país.Este cenário ainda tende a melhorar para o Brasil. Estima-se que, em 2013, o Brasil alcançará a marca de 5 GW de energia eólica, tornando-se o 10o maior mercado no mundo. O relatório aponta o país como um dos mercados mais promissores, podendo ultrapassar 2 GW de instalações anuais, mas para isso precisa de condições estáveis de incentivos, financiamento e regras de contratação, para garantir a sustentabilidade da indústria. “A energia eólica pode ser intermitente, mas a maior ameaça ao crescimento estável da indústria é a imprevisibilidade dos políticos responsáveis por estabelecer marcos para o setor da energia”, afirmou Steve Sawyer, secretário-geral do Conselho. Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, complementa que "é necessário que as garantias de regras constantes e isonômicas entre fontes renováveis sejam mantidas nos leilões de energia, para que não apenas mantenhamos a evolução da energia eólica, mas também abramos espaço para a energia solar e recuperemos o desenvolvimento de usinas de cogeração a biomassa e PCHs, que contribuirão para a segurança energética do país nos próximos anos."

Indígenas ocupam o Congresso em protesto

Indígenas lotaram plenário da Câmara dos Deputados em ato político contra o avanço da bancada ruralista em seus territórios (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados). O chamado Abril Indígena, uma série de atividades em homenagem ao Dia do Índio, que é comemorado nesta sexta-feira, 19, tem colocado os indígenas e parlamentares frente a frente. Em manifestação inédita na Câmara dos Deputados, centenas de indígenas de vários povos e regiões do país ocuparam o plenário principal em protesto contra a PEC-215, emenda constitucional que transfere ao Legislativo o poder de demarcar Terras Indígenas. A persistência foi tal que eles conseguiram um avanço nas negociações: o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, se comprometeu a adiar por seis meses a escolha dos membros da Comissão Especial criada para analisar a matéria. Enquanto isso, Eduardo Alves criou uma comissão negociadora, formada por deputados, representantes indígenas e do governo, para discutir todas as questões relacionadas aos povos indígenas que tramitam na Casa. As lideranças indíegnas consideraram uma vitória dentro de uma guerra maior contra todos os desrespeitos aos direitos adquiridos pelos povos tradicionais. Álvaro Tucano, do Amazonas, afirmou em ato público nesta manhã que projetos anti-indígenas como a PEC-215 representam um crime de genocídio contra as populações tradicionais do Brasil. “Esse projeto vai dar espaço ao boi, à soja, ao desmatamento, diluindo todos os direitos conquistados pelos indígenas. Quando nós retiramos madeireiros, mineradores e outros que afrontam nossas terras é para defender a riqueza da nossa floresta. Hoje, pelo menos 13% do território nacional está protegido por Terras Indígenas, que são terras verdes por causa dos índios. Nós somos responsáveis por cuidar da natureza e temos feito isso, mas querem tirar isso de nós”, afirmou Álvaro Tucano. Nesta tarde, Eduardo Alves estará reunido com deputados para definir a composição da comissão negociadora. Os indígenas prometeram persistir na luta e ocupar a Câmara até terem uma sinalização de que seu espaço nas negociações estará garantido, contra o trator da bancada ruralista.

Operação Tapajós suspensa – até quando?

Na semana do Dia do Índio, povo Munduruku ganha um descanso com suspensão da Operação Tapajós, mas luta continua (Foto: Instituto Humanitas). Na semana em que se comemora o Dia do Índio e às vésperas da reunião entre lideranças do povo Munduruku e representantes do governo, o Tribunal Regional Federal, em Brasília, determinou a suspensão da Operação Tapajós, que tinha como objetivo levar em frente, a todo custo, os estudos de impacto ambiental da usina hidrelétrica São Luís do Tapajós na Terra Indígena Munduruku, no oeste do Pará. O pedido de suspensão veio do Ministério Público Federal. Além de determinar a suspensão da operação, o TRF proibiu a realização de quaisquer medidas relacionadas à construção da usina. O contingente da Operação Tapajós estava na área desde o dia 25 de março e conta com integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Forças Armadas. Para o tribunal, antes da realização de estudos que demandem o ingresso de técnicos em territórios indígenas e de populações tradicionais deve haver a consulta livre, prévia e informada, como manda a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A suspensão foi decidida de forma estratégica, enquanto mais de 300 indígenas de diferentes povos do país ocupam a Câmara dos Deputados em repúdio à PEC-215, que transfere ao Congresso Nacional a competência de demarcar Terras Indígenas, que hoje é feita pela Funai. Só não se sabe até quando essa decisão irá durar. Nos próximos dias 23, 24 e 25, lideranças Munduruku e organizações socioambientais, inclusive o Greenpeace, estarão reunidos com representantes do governo federal para debater o processo de consulta pública nos estudos ambientais das hidrelétricas do Tapajós.

A vaca foi pro brejo

Fazenda de gado localizada em Figueirópolis d´Oeste (MT). (©Ricardo Funari/Lineair/Greenpeace) A vida vai ficar mais difícil para alguns frigoríficos do norte do país que insistem num modelo de produção baseado na destruição da floresta, violação dos direitos indígenas e trabalhistas. O Ibama, o Ministério do Trabalho, o Ministério Público Federal dos Estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, além do Ministério Público do Amazonas e Rondônia processaram 26 frigoríficos pela compra de gado de fazendas envolvidas em ilegalidades. Nas ações, pede-se um total de R$ 556.990.000,00 aos frigoríficos. Entre os frigoríficos processados, está a gigante de alimentos Brasil Foods, autuada por comprar carne de seis fazendas em áreas embargadas pelo Ibama, segundo o Ministério Publico Federal. A situação ocorrida com os frigoríficos demonstra que eles não tem um sistema de controle eficiente que garanta uma cadeia de produção limpa, sem crimes sociais e ambientaisDesde 2009, os três maiores frigoríficos brasileiros assumiram o compromisso pelo desmatamento zero, pela erradicação do trabalho escravo e pelo fim de invasão de terras indígenas e de unidades de conservação na cadeia produtiva da pecuária na Amazônia. Esses 26 frigoríficos processados e todos os demais deveriam seguir o mesmo exemplo aderindo ao desmatamento zero, afinal o consumidor não quer mais saber de carne com “gosto de desmatamento” em seu prato.

Monday, April 15, 2013

Sob uma bandeira, Ártico é declarado santuário

Os jovens embaixadores Ezra Miller, Renny Bijoux, Josefina Skerk e Kiera Kolson, descem a cápsula do tempo e a bandeira até o leito marinho. (© Christian Åslund / Greenpeace) Este domingo, 14 de abril, marcou uma data histórica para aqueles que lutam pela proteção do Ártico. A equipe Aurora finalmente chegou a seu destino e plantou a capsula do tempo, com as assinaturas de mais de 2.5 milhões de pessoas, no leito marinho, a 4 km da superfície gelada do polo norte. O local escolhido para esse ritual foi o mesmo onde no ano de 2007 um submarino russo plantou uma bandeira reclamando a região para Moscou. A “Flag for the Future” veio para declarar o Ártico um santuário global, patrimônio de todos os habitantes do planeta terra. Este ano o Ártico se viu livre da exploração da Shell, o que não significa que a região está plenamente protegida. Além da companhia holandesa, a Gazprom e outras empresas estão se movimentando para explorar petróleo na região. O Greenpeace se mantém ao lado da população nativa e demanda um Ártico livre da exploração das petroleiras, da pesca predatória e da ganância das nações que enxergam no degelo da região uma oportunidade de lucro. Ajude você também a salvar a região, assine a petição:

Friday, April 12, 2013

Madeira é apreendida na Verde para Sempre

Extração de madeira ilegal é interceptada na Reserva Extrativista Verde para Sempre (©Greenpeace/Karla Gachet). O roubo de madeira na Reserva Extrativista Verde para Sempre ainda perdura, mas depois de uma série de denúncias, a fiscalização tem atuado de forma implacável desde outubro de 2012. Nesta sexta-feira, uma apreensão de peso foi realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: 34 mil m³ de madeira em tora que saíam da Reserva foram detidos. O material estava sendo transportado em três balsas sem a documentação de origem necessária. Ciente de que a unidade de conservação de uso sustentável é um dos pontos de extração ilegal de madeira, o ICMBio tem vistoriado todas as balsas que navegam pelo Jaruaçu, no trecho em que o rio atravessa a Resex. De acordo com o órgão, as maiores áreas de exploração madeireira estão localizadas fora dos limites das unidade, na região sul, mas o transporte acontece por dentro da reserva. A madeira apreendida foi doada à Prefeitura de Porto de Moz, que assumiu o compromisso de utilizar o material na construção de benfeitorias para as comunidades ribeirinhas. Além da madeira, foram apreendidos também mais de duas toneladas de pescado e apetrechos de pesca. Segundo o instituto, os infratores alegam que a madeira foi extraída da área de manejo florestal sustentável da Resex. Nas cidades grandes, o destino da madeira ilegal é a indústria de móveis e construção civil, além de seguir para exportação internacional. Antigos problemas Localizada no município de Porto de Moz, no Pará, a Verde para Sempre sofre com extração ilegal de madeira há anos. Criada em 2004, com apoio do Greenpeace, a Resex saiu do papel depois de muito enfrentamento entre as comunidades locais e madeireiros da região. Hoje, ela é uma das maiores unidades de uso sustentável da Amazônia, ocupando uma área de 1,3 milhão de hectares e habitada por cerca de 2,2 mil famílias. Em abril de 2012, o Greenpeace levou o navio Rainbow Warrior à região, e aproveitou para realizar uma assembleia com os comunitários. Trinta e um barcos se uniram para denunciar as ameaças que vêm sofrendo e pedir ao governo federal que leve adiante a regularização fundiária da reserva. Outra reunião em outubro de 2012 reuniu os comunitários da Resex, representantes do Greenpeace e do ICMBio. Na ocasião, o órgão se comprometeu a apressar os planos de manejo florestais já aprovados para algumas comunidades do interior da unidade, mas que ainda não foram postos em prática.

Dois heróis, muitos vilões

Líder indígena de Rondônia, Almir Suruí é escolhido Herói da Floresta para América Latina e Caribe em 2013 (Foto: reprodução Facebook. Em sua segunda edição, o prêmio Herói da Floresta, concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU), contemplou novamente um brasileiro. O líder indígena Almir Suruí foi o escolhido da vez para representar a América Latina e o Caribe. A cerimônia oficial de entrega está prevista para ser realizada na noite desta quarta-feira em Istambul, onde acontece o Fórum sobre Florestas da ONU, que reúne representantes de 197 países. Líder do povo Paiter Suruí, de Rondônia, uma das regiões mais devastadas da Amazônia, Almir é morador da Terra Indígena Sete de Setembro, e criou diversas iniciativas para preservá-la. Os projetos visam a valorizar a cultura de seu povo e combater o desmatamento ilegal em seu território. A partir de uma parceria com o Google e algumas organizações socioambientais, os Suruí disponibilizaram a usuários da internet um mapa com informações sobre sua cultura e história, além de denunciar a derrubada ilegal de floresta, fotografando os locais exatos dos crimes e enviando às autoridades competentes. No ano passado, o então diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, recebeu o mesmo prêmio por conta de seus mais de 20 anos de luta pela proteção das florestas. Junto com ele, o casal de extrativistas José Claudio e Maria do Espírito Santo, assassinados em 2011, também foi homenageado postumamente. Infeliz coincidência, a escolha de Almir este ano acontece no mesmo dia em que foi criada, na Câmara dos Deputados, uma Comissão Especial para avaliar a PEC 215, que passa ao Legislativo a competência de decidir sobre a criação e demarcação de Terras Indígenas. A portaria foi duramente criticada pelos povos indígenas, uma vez que demonstra mais um ato de desrespeito a seus direitos garantidos. A medida é uma das muitas manobras da bancada do agronegócio no Congresso Nacional que vão contra a preservação do meio ambiente e de seus povos tradicionais, afrontando a própria Constituição brasileira. A consulta aos povos indígenas sobre quaisquer atividades que os afetem é garantida pelas leis nacionais, além de outras convenções internacionais ratificadas pelo Brasil no âmbito das Nações Unidas. O objetivo da criação da Comissão Especial é agilizar o processo de votação da matéria. Assim, ela não precisa passar por todas as comissões permanentes que envolvem o tema. Depois de aprovada na Comissão Especial, a PEC seguirá direto para o plenário, depois para o Senado. A criação da Comissão foi um compromisso do atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, com a bancada ruralista. A gente já viu esse filme antes: foi a mesma estratégia adotada por eles para esquartejar o Código Florestal. Mas espere aí, desse jeito essa conta não vai fechar nunca. Dois heróis contra uma cambada, quer dizer... uma bancada inteira de vilões? “O prêmio da ONU deve servir para alertar o governo da presidente Dilma Rousseff de que, ao contrário da propaganda oficial de que tudo vai bem na área ambiental, temos uma imensa tarefa pela frente para proteger nossas florestas, seus povos ameaçados e a biodiversidade que elas contêm – e que eles ajudam a preservar. Afinal, se a floresta precisa de heróis é porque está correndo sério risco de vida”, afirmou Paulo Adario, que hoje cuida da estratégia de florestas do Greenpeace Internacional.

Wednesday, April 10, 2013

#Cadê o Plano de Mobilidade Urbana?

Banner de 10 metros de comprimento em passarela da Radial Leste, São Paulo, cobrou a implementação de corredor de ônibus no local (©Greenpeace/Otavio Almeida) Com protesto em diversos pontos de São Paulo, Greenpeace cobra início da elaboração do Plano de Mobilidade Urbana e soluções para o ir e vir na cidade Era só mais uma manhã de trânsito em São Paulo, mas ativistas do Greenpeace mudaram a rotina e chamaram a atenção da população para o tema da mobilidade urbana. Em um banner de dez metros de extensão estendido no Viaduto Guadalajara no sentido bairro-centro da Radial Leste, a mensagem “Cadê o corredor de ônibus que poderia estar aqui?” lembrou os pedestres e motoristas que há uma demanda antiga por um corredor nesse local. Na Avenida Paulista e na Praça da Sé, homens-placa sinalizaram a necessidade de melhorias na mobilidade da cidade: desde mais ciclovias, bicicletários, ônibus e calçadas sem buracos e atitudes por um trânsito melhor. Além desses locais, a campanha também relembrou outros pontos como a ciclovia na Avenida Eliseu de Almeida com entrega prevista para 2010, o corredor de ônibus da Vila Sônia (prometido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab e reiterado por Haddad) e áreas com ausência de faixa de pedestres, como no acesso à Ponte da Cidade Universitária, próximo à Marginal Pinheiros. “São pontos da cidade que já poderiam ter recebido atenção do governo, mas que continuam deixando o cidadão sem o que lhe é de direito”, afirma Iran Magno, Coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. O lançamento da campanha acontece no dia em que os prefeitos completam cem dias de gestão das cidades brasileiras. Relembrando a data, o Greenpeace endereçou hoje uma carta ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cobrando o compromisso do governo municipal com a elaboração de um plano democrático e consistente. Com o tema Cadê o Plano de Mobilidade Urbana? A campanha incentiva que os cidadãos acompanhem a elaboração do Plano de Mobilidade de suas cidades, reivindiquem transparência, participação e melhorias, e também revejam seus hábitos cotidianos. Para isso, o Greenpeace oferece a partir de hoje uma ferramenta ao cidadão: um site que contém, além de informações sobre o tema, um panorama de como estão sendo construídos os Planos de Mobilidade Urbana das capitais brasileiras. Fica também disponível um guia prático de como participar ativamente e como e cobrar ações efetivas.Os Planos de Mobilidade Urbana devem orientar e regulamentar o transporte e a mobilidade de uma cidade. Municípios com mais de 20 mil habitantes devem elaborar de forma participativa seus Planos de Mobilidade Urbana a partir de um diagnóstico realista sobre a cidade e integrado com os outras políticas. Os Planos devem garantir que todas as pessoas tenham as mesmas condições de locomoção, priorizando os transportes não-motorizados e coletivos. É necessário também que sejam contempladas metas a curto e longo prazo, promovendo a diversificação e integração dos meios de transporte e controle à poluição e emissões de gases do efeito estufa. Um bom plano deve ser planejado de forma participativa e transparente, proporcionando melhorias de ordem econômica, social, de saúde e ambiental. Hoje, o setor de transportes representa um quarto do total de consumo de energia global. O último inventário brasileiro de emissões de gases de efeito estufa mostra o setor como o segundo maior emissor do país. O governo federal estima que em 2020 se emita 60% a mais de CO2 do que em 2009. Investimentos para melhoria do transporte coletivo e incentivo ao uso de transporte não-motorizado são fundamentais para evitar o aumento da temperatura média global em mais do que 2 graus Celsius e, consequentemente, os impactos perigosos no planeta e para toda a sociedade.

Monday, April 8, 2013

Corpos gelados, corações aquecidos

Expedição pede a proteção do mar do Polo Norte, e tem como símbolo a ‘Bandeira para o futuro’, com assinaturas de 2,7 milhões de pessoas ao redor do mundo Grupo de dezesseis ativistas parte da base de Barneo, na Rússia, para encontro com Conselho do Ártico no Polo Norte (© Christian Åslund / Greenpeace) Sob condições adversas de clima e temperatura, ativistas do Greenpeace iniciaram hoje uma nova missão para proteger o Ártico. Um grupo de dezesseis pessoas, incluindo quatro jovens embaixadores internacionais – o ator Ezra Miller, dois representantes indígenas da região e um jovem da República das Seicheles, uma nação insular localizada no Oceano Índico –, planeja levar ao Polo Norte 2,7 milhões de assinaturas de pessoas ao redor do mundo que pedem a proteção de uma das regiões mais vulneráveis do planeta. O objetivo da expedição, que teve início a partir da base de Barneo, na Rússia, é pedir à comunidade internacional uma declaração e reconhecimento da região do Ártico como um santuário global, que deve ser preservado. Os ativistas levam consigo uma cápsula projetada especialmente para inflar uma bandeira no fundo do mar, a 4,3 km de água gelada sob o Polo Norte. As dificuldades da viagem serão recompensadas. Além de levar a voz de milhões de cidadãos mundo afora, o grupo de exploradores ainda será agraciado com um histórico e inesperado encontro com uma delegação de poderosos oficiais do Conselho do Ártico. Logo antes de partir, o grupo soube que o órgão, composto por ministros de Relações Exteriores e altos funcionários de Estados do Ártico, estará presente no Polo Norte esta semana. Uma das expedicionistas, Josefina Skerk, é uma jovem Sami da Suécia. Os Sami são os únicos povos indígenas do extremo norte da Europa reconhecidos e protegidos sob as convenções internacionais dos povos indígenas. Josefina tem 26 anos e é estudante de Direito na Universidade de Umeå, e membro do Parlamento Sami em seu país. Quando soube que o Conselho do Árctico terá uma reunião no Polo Norte esta semana, ela enviou uma carta a Gustaf Lind, presidente sueco dos Altos Funcionários do Conselho do Ártico, solicitando uma reunião com seus embaixadores. Sr. Lind aceitou o convite, e os grupos esperam encontrar-se no Polo Norte no final desta semana. “Nós estamos realmente animados com o encontro com o Sr. Lind e o resto do Conselho do Ártico. Estou acompanhada de jovens de várias partes do mundo e todos têm conexões com o Ártico. É uma grande honra poder entregar a nossa mensagem para o Conselho no lugar exato que todos nós desejamos proteger para as gerações futuras. Esta será uma expedição realmente cansativa e estamos todos um pouco nervosos agora. Mas esta é nossa grande oportunidade de conversar com as pessoas responsáveis ​​por proteger o Ártico e sabemos que todos que nos apoiam gostariam que nós a aproveitássemos”, afirmou Josefina, direto da base de Barneo. Em 2007, o explorador russo Artur Chilingarov plantou uma bandeira russa no fundo do mar do Polo Norte, reivindicando que o Ártico pertencesse a Moscou. Agora, seis anos depois, jovens exploradores desafiam essa reivindicação, levando a “Bandeira para o futuro”, que simboliza a unidade, a esperança e a paz mundial. O desenho da bandeira foi concebido por Sarah Batrisyia, uma menina de 13 anos da Malásia, que ganhou a competição internacional, co-organizada pelo Greenpeace e pela Associação Mundial das Guias e Escoteiras. A bandeira foi escolhida pelo ícone da moda Vivienne Westwood. Os ativistas carregam a mensagem de que nenhuma nação deve possuir o Ártico ou ter a permissão de explorar o derretimento do gelo, uma crise criada pela mudança do clima, para buscar mais dos mesmos combustíveis que causaram o derretimento num primeiro momento. Os manifestantes planejam agora usar o encontro com o Conselho do Árctico para desafiá-los e exigir que as áreas desabitadas ao redor do Polo Norte sejam declaradas um santuário global.

Friday, April 5, 2013

Não houve justiça, apenas impunidade

O Brasil e o mundo ficaram estarrecidos hoje com o show de impunidade que deu a marca ao julgamento de José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo (©Greenpeace/Felipe Milanez) Há 25 anos, Chico Mendes tombava em Xapuri por ter sido alvejado a tiros de escopeta. Há 8 anos, irmã Dorothy Stang também foi atingida por várias balas. Há quase dois anos, mais outros dois defensores da floresta, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, tiveram o mesmo destino de seus companheiros. Por que isto continua a se repetir com frequência na Amazônia? Porque o poder público nesta parte do país é conivente com violência no campo, desmatamento, grilagem de terras, trabalho escravo e, de quebra, dá as mãos à impunidade que grassa nestes rincões e põe em risco a vida de mais pessoas. O Brasil e o mundo hoje assistiram direto de Marabá, no Pará, como a justiça se esmerou em dar a liberdade ao mandante dos assassinatos do casal de extrativistas. A alegação para que tal absurdo ocorresse é que houve falta de provas que ligassem José Rodrigues Moreira aos crimes. O Ministério Público disse que recorrerá à sentença. Porém, um pistoleiro pegou 45 anos de cadeia e o outro, 42 anos e 8 meses. “Mais uma vez, os mandantes de assassinatos no campo na Amazônia são absolvidos. Este é um claro sinal de que o Judiciário sustenta o processo de impunidade no campo. Inclusive, o Judiciário fortalece o latifúndio, que vai continuar matando trabalhador na Amazônia”, preocupa-se o presidente da Fetagri do Pará, Francisco de Assis Solidade da Costa. Após as sentenças terem sido proferidas pelo juiz Murilo Lemos Simão, o clima no Tribunal do Júri de Marabá era de muita tensão e medo. Laísa Santos Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo, e uma das testemunhas de acusação, está sofrendo ameaças de morte. Com a soltura de Rodrigues, ela fica ainda mais vulnerável e teme por sua vida. Este julgamento é emblemático pois consolida um cenário ameaçador para Amazônia. Seus componentes são muitos e impactantes como a aprovação do Código Florestal e o preocupante retorno do aumento do desmatamento, que entre agosto de 2012 e fevereiro de 2013, arrasou 1.695 quilômetros quadrados de floresta. Enquanto isso, ruralistas e o próprio governo federal avançam sobre terras indígenas e unidades de conservação para levar na marra à região o desenvolvimento que apenas desmata, mata e exclue.

Thursday, April 4, 2013

“Não somos bandidos”

Carta do povo Munduruku denunciando o atropelo de seus direitos pelo governo. Ignorados como se fossem mera paisagem, o povo munduruku continua denunciando o atropelo a seus direitos, nas margens do rio Tapajós, no Pará. Desde a última semana, o governo enviou a Força Nacional à região, para garantir que os estudos de impacto ambiental da hidrelétrica no Tapajós sigam em frente, mesmo sem a consulta aos índios que vivem ali. “As Forças Armadas estão espalhadas sobre o rio Tapajós, sobre a Transamazônica e nossos territórios, intimidando e ameaçando as pessoas, impedindo de navegar pelos nossos rios e circularmos livremente pelas estradas nas terras e aldeias”, denunciou o povo em carta ao governo, nesta segunda-feira. Mas nada mudou. “As denúncias do povo munduruku sao gravíssimas. Isso viola não só a lei brasileira, mas tratados internacionais”, afirma o jurista e ex-presidente da Funai, Carlos Marés. O fato de os índios não terem sido ouvidos sobre o projeto hidrelétrico já motivou, inclusive, ação do Ministério Público Federal. “Temos uma ação desde o ano passado pedindo suspensão dos procedimentos da hidrelétrica como um todo, enquanto não forem feitas a avaliação ambiental integrada e a consulta aos povos indígenas”, diz o procurador Fernando Antonio Alves Junior. Para o jurista Carlos Marés, o uso das forças armadas nesse episódio remete a um tempo sombrio do país. “Se o exército fosse usado para fiscalizar as derrubadas, a caça de animais, poderia ser razoável. Agora, ter o exército ‘para manter a lei e a ordem’ é uma frase que arrepia a espinha dos que viveram em 1964”, diz. “O caso do povo munduruku é um exemplo claro de que o Brasil continua insistindo em um modelo de desenvolvimento ultrapassado, que atropela seus povos e suas florestas. Precisamos avançar para um novo tempo, em que o país cresça de modo equilibrado e valorizando nossos riquíssimos patrimônios ambiental e cultural”, defende Danicley de Aguiar, da campanha Amazônia do Greenpeace.

Justiça para Zé Cláudio e Maria

Começou hoje, em Marabá, julgamento dos assassinatos de José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. Os crimes repercutiram muito no Brasil e pelo mundo afora. (©Greenpeace/Felipe Milanez) Em Marabá, situada no Sudeste do Pará, palco de uma das disputas de terras mais ferrenhas da Amazônia, ocorre o julgamento dos três acusados de terem assassinado o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, em maio de 2011. Este crime teve uma repercussão grande dentro e fora do Brasil tal qual os casos de Chico Mendes e Dorothy Stang. O júri popular se estenderá até amanhã à noite. Estão sentados no banco dos réus José Rodrigues Moreira, apontado como o mandante, seu irmão Lindonjonson Silva, e um terceiro, Alberto Nascimento, estes dois últimos acusados de terem sido os autores dos disparos. Os três respondem por homicídio qualificado, sendo que cada um pode pegar até 60 anos de prisão, de acordo com o MPE-PA (Ministério Público Estadual do Pará), autor da denúncia. Zé Cláudio e Maria foram exterminados por denunciarem constantemente a ação de madeireiros, carvoeiros e grileiros no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, a 50 quilômetros de Nova Ipixuna, no Pará. No entanto, houve um episódio que agravou a situação que já era delicada. Certo dia Rodrigues comprou ilegalmente um lote na área, que por sinal era habitado por dois extrativistas. Começaram as intimidações para que a terra fosse desocupada à força. Cientes do que estava ocorrendo, o casal informou o Incra e a CPT (Comissão Pastoral da Terra) sobre as ameaças que esses agricultores estavam sofrendo assim como questionaram a compra de lote em assentamento de reforma agrária, prática ilegal muito comum na Amazônia. A partir daí, assinaram definitivamente sua sentença de morte. “A violência no campo na Amazônia está relacionada com a invasão de terras ocupadas historicamente por povos indígenas, populações tradicionais e agricultores familiares. A ponta de lança do ataque passa por desmatamento, extração ilegal de madeira e pecuária extensiva. Esse crime revela todo o atraso do modelo de desenvolvimento da região e a urgência de se construir outro, baseado na floresta em pé com desmatamento zero e no respeito a estas pessoas”, observa o coordenador da Campanha pelo Desmatamento Zero, Kenzo Jucá Ferreira.

Monday, April 1, 2013

Desafiando a fortaleza russa

Ativista vestido de urso polar em Moscou, na Rússia, protesta pela proteção do Ártico (©Denis Sinyakov/Greenpeace) Hoje até pode ser dia da mentira, mas o urso polar que estava navegando pelo rio Moskva não era uma ilusão, muito menos uma brincadeira. Diretamente do Ártico, um urso solitário estava à deriva no rio que corta a cidade Moscou, na Rússia, e em seu bloco de gelo e com um remo conseguiu se aproximar do Kremlim, sede do governo da Federação Russa, conhecida como fortaleza russa. Lá, ele desenrolou o banner que dizia “O Ártico não está a venda”.O urso foi forçado a deixar o Polo Norte para procurar ajuda. Empresas gananciosas estão promovendo uma corrida e disputa pelo petróleo que está embaixo do gelo ártico e parece que não desistirão até conseguir extrair a última gota de óleo. Este ano, duas gigantes estatais do petróleo, a Statoil e a Rosneft, planejam se unir para explorar no mar de Barents, em condições adversas com tempestades e calotas polares à deriva. A decisão ainda será confirmada na reunião de acionistas da Statoil, sendo a Noruega a principal acionista. A Rosfnet tem um passado manchado por mais de 10 mil vazamentos de petróleo por ano. Nos últimos anos, a empresa tornou-se uma das maiores participantes do monopólio do Ártico com mais de 20 concessões para a produção de petróleo em plataforma e com planos para perfura no gelo em breve. Já a Statoil é cuidadosa em manter limpo o mar norueguês, onde a legislação é muito restritiva, mas investe em empreendimentos arriscados em outros países. Na Rússia, por exemplo, pretender perfurar no gelo, algo que não é permitido na Noruega. Sem a tecnologia, os investimentos e a imagem positiva da Statoil, é muito improvável que a Rosneft consiga começar a perfurar no Ártico em um futuro próximo. Diante de todas essas ameaças, o Greenpeace pede que o Ártico seja considerado santuário internacional para que possa ser protegido.