Monday, November 14, 2022

Em outubro, desmatamento da Amazônia supera marca histórica do Deter

Greenpeace Brasil

Segundo dados do Deter/Inpe, em outubro foram detectados 903,86 km² com alertas de desmatamento na Amazônia, pior índice para o mês

Monitoramento de fogo e desmatamento na região entre Rondônia e sul do Amazonas, agosto de 2022 
. © Christian Braga / Greenpeace

Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje, revelam que de 1º a 31 de outubro foi registrada a maior área com alertas de desmatamento da série histórica para o mês. Foram 903,86 km² com alertas no mês, número maior (3%) do que o registrado em outubro de 2021, quando a área com alertas atingiu 876,56 km².

Gráfico traz série histórica anual do Programa DETER-B/INPE, com os acumulados de janeiro a dezembro. 

A destruição se concentrou no estado do Pará (48,12%), seguido de Mato Grosso (16,61%), Amazonas (15,76%) e Rondônia (7,59%). No acumulado de janeiro e outubro de 2022, houve recorde da série histórica: uma área total destruída de 9.494 km², superando o registrado nos outros anos inteiros da série, mantendo o padrão Bolsonaro de destruição.

Nesse período, dos cinco municípios que lideraram os alertas de desmatamento na Amazônia, três fazem parte da AMACRO, região entre o sul do Amazonas, norte de Rondônia e Acre, que vem se destacando nos últimos anos pelo rápido e violento avanço do desmatamento.

“Apesar de uma perspectiva mais otimista com o fim da política claramente antiambiental de Bolsonaro, as ações e omissões do governo ainda produzirão danos diretos e indiretos para a Amazônia e seus povos por algum tempo”, afirma o coordenador de Amazônia do Greenpeace Brasil, André Freitas.

Municípios com maior área com alertas de desmatamento entre janeiro e outubro de 2022. (Deter/Inpe)

O resultado final desta política para o Brasil e para o mundo deverá se confirmar definitivamente nos próximos dias, com a divulgação dos dados do Prodes (Inpe), que mede a taxa oficial de desmatamento na Amazônia e Cerrado em um ano, no período de agosto de um ano até julho do ano seguinte. 

“Será um enorme desafio reverter a situação atual, mas se o Brasil realmente quiser voltar a ser uma liderança no debate climático, esse é um caminho inevitável, e essa agenda tem pressa”, completa Freitas.

Este mês, acontece a 27ª Conferência das Partes, a COP27, e todo o mundo quer saber o que o Brasil fará daqui em diante para reverter o caos ambiental em que se afundou e como os países poderão trabalhar, juntos, para proteger a floresta e seus povos, com renda e dignidade para todos os brasileiros e brasileiras. Nós também queremos saber e vamos acompanhar de perto. 

Vai ter COPA. Quer dizer, COP!

 Jaqueline Sordi 

 Começa neste domingo (6/11) a maior conferência anual do clima, e o Greenpeace está com um time de craques no aquecimento para acompanhar as negociações

Logo logo vai ter COPA. Mas antes, não esqueça: Vai ter COP!

A partir deste domingo (6/11), o balneário de Sharm El-Sheikh, no Egito, será o palco da 27ª Conferência das Partes, a COP27, o principal encontro anual sobre clima que reúne, desde 1995, líderes de praticamente todos os países para discutir estratégias para lidar com a crise climática. E o Greenpeace Brasil está levando um timaço para acompanhar de perto as negociações deste campeonato onde só há um vencedor: o planeta Terra!

Neste ano, quatro itens fundamentais para o progresso do combate à crise climática estarão em jogo:

  • (i) o aumento da ambição e a implementação das metas de redução de emissão de gases de efeito estufa;
  • (ii) a criação de um mecanismo próprio de financiamento às perdas e danos climáticos;
  • (iii) a discussão de uma meta global de adaptação à mudança do clima; e
  • (iv) o aumento dos compromissos dos países ricos de fornecer dinheiro para ação climática nos países mais pobres.

No entanto, um conceito que deve estar muito presente em todas as negociações é o de Justiça Climática. Você sabia que nas regiões mais vulneráveis à crise climática, como países do Sul Global, o número de mortes por secas e enchentes foi 15 vezes maior na última década do que nas regiões menos vulneráveis? Pois é, e são os povos dessas regiões os que menos contribuíram para chegarmos a esse cenário.

Quando o que está em jogo é o futuro do planeta, as comunidades em situação de vulnerabilidade não podem mais ficar no banco de reservas. Não é aceitável que a voz de populações que vivem um processo histórico de segregação e exclusão como jovens, negros e negras, povos indígenas, mulheres e o Sul global sejam tangenciadas e fiquem de fora da mesa de decisão.

A COP27 é uma oportunidade para pressionar os tomadores de decisão a ouvir essas vozes, para que suas histórias sejam contadas e para que essas populações participem mais ativamente nos acordos multilaterais de enfrentamento a essa crise.

A convite do Greenpeace Brasil, os ativistas climáticos Marcelo Rocha, diretor executivo do Instituto AYÍKA, e Amanda Costa, fundadora do coletivo Perifa Sustentável, estão embarcando para o Egito neste final de semana para acompanhar as principais jogadas deste grande campeonato.

Para a Amanda, “essa COP, que vai acontecer em um país africano, é bem estratégica para abordar o tema de Justiça Climática e enfrentamento ao racismo ambiental. Trazer a Justiça Climática para o centro das negociações não é apenas mais uma pauta, mas é a pauta central, que precisa reverberar para além das conferências”.

Já o Marcelo entende que nessa conferência “teremos mais uma oportunidade de discutir Justiça Climática, principalmente porque o novo presidente da República eleito já aceitou o convite de estar lá e articular junto à sociedade civil. Vai ser uma COP de unificação, que pode abrir portas para o Sul Global estar dentro dos processos e espaços de negociação”.

Durante as duas semanas da conferência, o Marcelo, a Amanda e mais um time do Greenpeace estarão acompanhando todos os detalhes e bastidores das negociações, além de levar a voz de jovens periféricos dos quatro cantos do Brasil para o centro das tomadas de decisão.

Quer entrar para esse time de craques da Justiça Climática e acompanhar tudo o que vai acontecer no campeonato, quer dizer, na conferência? Siga as nossas redes, curta e compartilhe!

Outubro registra 13.911 focos de queimadas na Amazônia

Rosana Villar  

Faltando dois dias para encerrar o mês, foi atingida a marca de 100 mil focos de queimadas no acumulado do ano, número 33% maior do que foi registrado em todo 2021

Em outubro de 2022, os maiores números de focos foram registrados no estado do Pará.
Em outubro de 2022, os maiores números de focos foram registrados no estado do Pará. © Fábio Nascimento / Greenpeace

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta terça-feira (1º) revelam que o mês de outubro, de 1º a 31 de outubro, registrou 13.911 focos de queimadas no bioma Amazônia, um aumento de 20,4% em relação ao mesmo mês de 2021. 

Os maiores números de focos foram registrados no estado do Pará com 7.469 (54% do total), seguido pelo Amazonas com 1.503 (11% do total), Maranhão que registrou 1.269 (9% do total), Acre com 1.127 (8% do total) e Mato Grosso com 903 (6%). Já no acumulado do ano, até o dia 31 de outubro, foram 101.215 focos de queimadas registrados.

Para Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, os números são mais um reflexo do “padrão Bolsonaro” de destruição, resultado de uma visão retrógrada de desenvolvimento que acredita no usufruto dos recursos naturais de forma predatória e que não conversa com a necessidade de frear o desmatamento na Amazônia para conter a crise climática.

“É icônico que um dia antes do 2° turno das eleições foram atingidos mais de 100.000 focos de calor na Amazônia. Isso é o reflexo de todo o descaso do atual governo com a floresta e seus povos. Agora com um novo governo eleito continuaremos trabalhando e cobrando, como fizemos durante todos os governos anteriores, para que a Amazônia, nossa maior riqueza seja protegida, seus povos respeitados e que a paz seja soberana na floresta.””

A nova gestão que estará à frente do país a partir de 1º de janeiro de 2023, terá como um de seus desafios, desfazer os retrocessos vistos como nunca na gestão Bolsonaro. A Amazônia precisa de desmatamento zero, de projetos que detenham a grilagem de terras públicas e que tragam um real desenvolvimento econômico que beneficie e defenda os povos da floresta.